Artigos
Quarto dos Fundos
Multimídia
André Fraga admite dificuldade para mobilizar politicamente a militância ambiental na Bahia
Entrevistas
"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador
abandono
Tráfico de drogas, assaltos, abandono, medo. Essas são algumas das situações que os moradores do Canela, bairro nobre do Centro de Salvador, estão convivendo nos últimos meses.
“O Canela virou rota de fuga de criminosos transportando droga e produtos roubados”, denunciou Artur Barachisio Lisboa, síndico do Condomínio Coletânea Vale do Canela. Ele informa que o cenário piorou desde o final do ano passado, quando seguidos incêndios causados por roubo de fios aumentaram de intensidade.
“Entre dezembro e janeiro aconteceram três incêndios de grandes proporções. Um deles por pouco não causa uma tragédia, já que as labaredas chegaram perto do depósito de gás de um dos condomínios”, relatou Artur.
Além da insegurança, outra queixa dos moradores é a falta de infraestrutura. “O bairro não tem um equipamento público de lazer. A prefeitura infelizmente não passou aqui”, reclamou o síndico.
?? Moradores do Canela denunciam violência e abandono do bairro
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) April 26, 2024
Confira ??https://t.co/KE2ja6k92u pic.twitter.com/XRSb5JCgVq
Com o objetivo de chamar atenção para o problema, um grupo de moradores organiza uma manifestação para sábado (27), às 8h30, na praça localizada abaixo do Viaduto da Gabriela.
Em nota, a Polícia Militar informou que o policiamento na região é realizado pelo 18º BPM, mediante o emprego de viaturas que realizam rondas diuturnamente, com o apoio de equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT – BTS).
A corporação acrescentou ainda que a localidade conta com o apoio de diversas unidades especializadas como BPFRC (Batalhão Gêmeos) com o apoio de policiais do BPFRV (Batalhão Apolo), BPEO e BEPTUR.
A PM frisa que é importante salientar que o cidadão deve registrar as ocorrências na delegacia, pois a PM trabalha a partir dos dados estatísticos de cada área.
Procurada pela reportagem, a Fundação Mário Leal Ferreira, órgão responsável pelo planejamento urbano e projetos de áreas públicas na capital baiana, informou que o Canela está no planejamento para 2025. "Na época estaremos fazendo reuniões com os moradores e comerciantes para entender as demandas do bairro. Nesse momento estamos com o projeto de melhoria do Vale do Canela", comunicou a autarquia. (Atualizada com a resposta da FMLF às 13h40).
Um feto foi encontrado morto na lixeira de um shopping em Camaçari, nesta segunda-feira (19). Segundo a Polícia Civil, uma mulher teria abortado a gestação e deixado o feto no local.
O feto foi socorrido e encaminhado a uma unidade hospitalar, mas não resistiu. A Polícia não divulgou o nome do estabelecimento. A mulher responsável pelo feto ainda não foi identificada.
A Polícia Civil realizou oitivas no local e expediu as guias de exames periciais. A 18ª Delegacia Territorial (DT) de Camaçari instaurou um inquérito policial para apurar o caso.
Um bebê recém nascido abandonado foi resgatado por policiais militares, nesta sexta-feira (01), ainda com o cordão umbilical, no bairro de Papagaio, em Feira de Santana. Segundo os agentes, o bebê foi encontrado dentro de uma sacola plástica, ainda sujo de sangue.
O comandante da 66ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), Major Lessa, revelou ao site Acorda Cidade, parceiro do Bahia Notícias, que a informação chegou aos PMs através de uma denúncia. Ao chegarem ao local indicado, os policiais confirmaram a informação.
O bebê foi socorrido para o Hospital Estadual da Criança (HEC) onde foi atendido e recebeu os cuidados necessários. Os agentes também registraram uma ocorrência na delegacia, com a presença da solicitante.
A situação de abandono de um prédio que sediava a unidade da Faculdade Ruy Barbosa, no bairro do Rio Vermelho, vem causando preocupação nos vizinhos do imóvel.
Moradores com residências próximas ao local denunciam que estão sofrendo com uma quantidade absurda de vetores de doenças. Segundo eles, são inúmeros ratos, baratas, pombos e moscas. Além disso, mosquitos como o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela urbana, encontram o ambiente perfeito para reprodução com as poças de água parada dentro da edificação.
“Começaram a demolição do local, porém não finalizaram. Parece até cena de filme de guerra, tamanho é o absurdo que está o local”, disse, indignado, Michel Torres, advogado da Associação dos Moradores do Nordeste de Amaralina.
Moradores denunciam que demolição do prédio não foi concluída. Foto: Leitor Bahia Notícias
Em nota enviada ao Bahia Notícias, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) informou que durante uma ação de fiscalização, realizada no último dia 5, notificou o responsável pelo imóvel para limpar, capinar e drenar o terreno.
“De acordo com o Código de Polícia Administrativa de Salvador, Lei nº 5503/99 é de dever do proprietário do terreno e do imóvel zelar pela unidade imobiliária, por meio de capinação, varrição, drenagem e, até mesmo, murando ou cercando os imóveis, caso necessário”, detalha a pasta.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que uma equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) acompanhou a fiscalização realizada pela Sedur na semana passada, e procedeu com o trabalho de inspeção.
De acordo com a SMS, após vistoria completa, os agentes de endemias fizeram a aplicação espacial de inseticida, visando diminuir a circulação de insetos e eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti. Os riscos sanitários do local e as orientações de controle que devem ser adotadas foram apresentadas ao representante jurídico do imóvel que estava presente e acompanhou o trabalho. A equipe retornará ao local para nova avaliação.
Por sua vez, a Wyden se posicionou informando que o "Centro Universitário era locatário do espaço e que entregou o imóvel ao proprietário há alguns anos, não sendo da instituição de ensino a responsabilidade sobre a manutenção do local.”
As três estudantes que hostilizaram uma universitária de 45 anos por conta de sua idade abandonaram o curso de Biomedicina em uma universidade particular de São Paulo. A informação foi confirmada na manhã desta quinta-feira (16) pela própria instituição Unisagrado, após a instituição abrir um processo disciplinar para apurar a conduta das três jovens.
De acordo com o G1, por conta do abandono de Giovana Cassalatti, Beatriz Pontes e Bárbara Calixto no curso, a investigação e tomada de providências da universidade sobre a hostilização “perdeu o objeto e por isso foi finalizado".
O CASO
Na terça-feira (14), um vídeo de um grupo de jovens zombando da idade de sua colega repercutiu nas redes sociais. Na publicação, elas afirmam que ela deveria estar “aposentada” (relembre aqui).
Veja o vídeo:
???? Estudantes de Biomedicina em universidade de São Paulo zombam colega por ter 40 anos:
— POPTime (@siteptbr) March 11, 2023
"Como que desmatricula? Era para estar aposentada". pic.twitter.com/AMInylT9Tq
Preocupada com a degradação do Centro Técnico Audiovisual (CTAV), localizado na cidade do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Cineastas (Abraci) começou a enviar cartas endereçadas a autoridades para denunciar o que considera “abandono criminoso” do governo federal.
De acordo com informações da coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, a entidade enviou o documento às presidências do Senado e da Câmara Federal, às lideranças dos partidos políticos no Congresso Nacional, ao Judiciário, ao governo do Estado e à prefeitura do Rio. Na carta, a Abraci relata “riscos de alagamentos, curtos elétricos e outros problemas”, além de infestação de ratos no prédio que guarda um acervo histórico do cinema nacional.
A carta trata ainda da importância do material guardado no prédio. "Acolhe e guarda há muitas décadas um acervo espetacular, com toda a produção do Instituto Nacional do Cinema Educativo, centenas de obras audiovisuais independentes, documentários, curtas, matrizes de obras únicas, desde a fase de Humberto Mauro (1897-1983), fundador do moderno cinema brasileiro”.
Segundo a coluna, no documento a associação menciona ainda que desde agosto deste ano funcionários do Centro Técnico reivindicam apoio do governo Bolsonaro para resolver problemas de insalubridade e manutenção, mas seguem sem qualquer resposta. Um estudo técnico foi realizado pelo CTAV, que há meses alertou o governo sobre os riscos de incêndio e desabamento (saiba mais).
O Centro Técnico Audiovisual é ligado à Secretaria Especial da Cultura, que por sua vez, integra o Ministério do Turismo.
No próximo dia 11 de agosto ficará disponível no canal O Baile, no Youtube, o documentário "Todos nós cinco milhões", de Alexandre Mortágua. Filho da ex-modelo Christina Mortágua e do ex-jogador Edmundo, o jovem diretor de 23 anos vai tratar no novo projeto sobre o abandono paterno. De acordo com Extra, apesar de ter sofrido o que conta no próprio documentário, Alexandre garante que não será personagem na história.
"Não fiz esse filme para discutir a minha vida. Qualquer individualização em torno de um assunto tão sério é ruim. Fiz o filme para discutir coisas. Se você sentar numa roda com dez pessoas, pelo menos cinco delas vão dizer que têm uma relação estranha com o pai. Não foi difícil achar essas pessoas que foram abandonadas pelo pai", contou Alexandre.
O diretor baseou o documentário conforme dados oficiais de 2013 divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça. Na época, foram contabilizados que 5,5 milhões de crianças e jovens não possui paternidade reconhecida. Alexandre, no entanto, esclarece que o longa vai além de apenas tratar do meio jurídico e documentações que firmam reconhecimento. O que ele pretende trazer em “Todos nós cinco milhões” é muito mais centrado ao carinho familiar e o que surge no lugar da ausência de um pai.
"A gente não é próximo nem se fala. Como nunca foi próximo nem nunca se falou”, disse em referência ao pai Edmundo. “O que fiquei pensando desde o início do filme é que não existe vácuo no universo, um buraco vai ser preenchido por alguma coisa. O documentário fala disso. Não fala tanto dessa figura que vai embora, fala mais de quem fica, de quem se agrega. Discutir esse dado é falar também da mulher e do feminino. Em quase todos os casos, essa ausência é preenchida por mulheres", completou.
Um monumento em homenagem ao educador Edgar Santos, erguido pelo governo da Bahia, em 1978, no bairro do Cabula, em Salvador, sofre com o abandono. De acordo com informações do jornal A Tarde, o busto de autoria do artista plástico Juarez Paraíso está degradado, é abrigo para animais e moradores de rua, alvo de pichações e vandalismo. Ainda segundo a publicação, prefeitura de Salvador e governo da Bahia divergem quanto à responsabilidade de dar manutenção ao equipamento. A diretora do Patrimônio e Humanidades da Fundacao Gregório de Mattos (FGM), Milena Tavares, informou ao jornal que o órgão realizou vistoria e pesquisa sobre o monumento, tendo identificado o governo, por meio do Instituto do Patrimonio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), como responsável pela restauração. O instituto, por sua vez, alega que a obra não é tombada, não cabendo ao órgão a responsabilidade.
Fruto das inquietações de um professor e do escasso material de estudo sobre dramaturgia contemporânea na América Latina, a versão brasileira do espetáculo “A Persistência das Últimas Coisas”, dirigida por Celso Junior, estreia nesta quinta-feira (28) e segue temporada até 8 de outubro, no Teatro Vila Velha. O texto original, do jovem argentino Juan Ignacio Crespo, é sobre o fim de um romance entre dois rapazes e a dificuldade de lidar com as memórias e a perda. Tanto a temática, como a forma de contar esta história, conquistaram o brasileiro, de cara, durante uma viagem a Buenos Aires. “Eu saí com a ideia de 'eu preciso desse texto pra usar em sala de aula’, porque é um bom exemplo de dramaturgia contemporânea latino-americana”, lembrou Celso Junior. “Só pra você ter uma ideia, dos autores das peças latino-americanas que a gente estuda nas aulas, a mais recente era de 1976. Então, eu tinha um texto de 2013, 2014, que foi escrito agora e fala de temas universais, não só geograficamente, porque são questões humanas de qualquer pessoa”, revela o diretor baiano, contando que inicialmente não pensava em montar o espetáculo, mas apenas traduzir e usar em suas aulas.
A ideia de levar sua versão de “A Persistência das Últimas Coisas” aos palcos veio em 2016, por um motivo especial: a celebração de um marco em sua trajetória profissional. “Como estou comemorando 30 anos de carreira, pensei: ‘vou dirigir uma peça, vou atuar numa peça e vou fazer um recital de poesias’. Essa era minha ideia inicial. Aí, como não consegui dinheiro pra nada, eu disse: ‘vou montar a peça’. O dinheiro que eu gastaria numa festa, eu estou montando o espetáculo”, diz o diretor, aos risos. O primeiro passo foi fazer a tradução literal, com o objetivo de transpor para o português a ideia original do autor. Neste processo, Celso conta que passou por algo que chamou de uma “dificuldade ótima”. “Como o texto é muito contemporâneo, os diálogos tem muito palavrão, gíria local. Então precisei entender o que essas expressões significavam para o argentino de hoje e comecei a transpor”, explica. Dentro desta ideia, ele não mudou quase nada, exceto um ou outro termo, a exemplo de “boliche”, usado na Argentina e alguns países sul-americanos, e que no Brasil poderia ser substituído por “balada” ou “reggae”, no “baianês”. “Fiz uma tradução que se preocupa em não transliterar, mas dar ao ouvido brasileiro uma noção clara do que o texto está dizendo lá”, resumiu Celso Junior.
Celso Junior destaca que procurou "não baianizar" a peça, cuja história poderia se passar em qualquer cidade contemporânea | Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias
Para contar sua versão desta história de sentimentos universais, ele pontuou, no entanto, que se preocupou em “não baianizar” demais a peça. “Ela não se passa no Pelourinho, não se passa na Pituba. Se passa em um lugar qualquer, numa cidade qualquer, como Buenos Aires, como Salvador, como qualquer outra”. Com texto em mãos, foi o momento de escalar o elenco, que conta com três atores já conhecidos do diretor: Igor Epifânio, Vinicius Bustani e Paula Lice, esta última, conta Celso, veio logo à sua cabeça no momento em que viu o espetáculo original. “Que bonito, numa montagem brasileira, Paula Lice seria a pessoa ideal, porque ela traz uma loucura e um humor muito específico para a personagem”, lembra ele, que em seguida fez o convite. Paula viverá uma mulher sem nome, amiga e confidente de Federico, personagem principal, interpretado por Bustani. “Ele terminou um relacionamento de dez meses e não está conseguindo se livrar disso. Ele está muito apegado, e aí entra numa esfera da loucura, contrata um detetive para seguir o ex, fica muito ciumento, procura até uma cigana para fazer uma amarração para o cara voltar, quer dizer, ele está muito apegado a isso”, narra Celso Junior. “Ele se dá conta no meio do caminho, que quando eles começaram o namoro, eles inventaram para os amigos versões diferentes de como eles começaram, para glamourizar e romantizar o início. Ele não lembra mais a versão verdadeira. A peça reconta essas versões, e o que a gente vai percebendo é que ele só vai conseguir vencer essa separação quando ele se lembrar exatamente como foi que eles começaram”, explica o diretor, que de certa forma acabou traçando um paralelo para sua própria vida, apesar de já estar na casa dos 50, enquanto os personagens vivem os dilemas dos 30 anos.
Versão brasileira do espetáculo "A Persistência das Últimas Coisas" tem Igor Epifânio, Vinicius Bustani e Paula Lice no elenco | Foto: Divulgação
Neste sentido, Celso lembra que a peça fala muito sobre memória e o modo como as pessoas a acionam para reinventar sua própria história. “Apesar da peça falar especificamente de uma relação amorosa, eu acho que nesse momento eu estou falando também sobre a minha carreira, essa coisa de reinventar as pequenas histórias, as pequenas coisas, 'as últimas coisas'”, diz, sem deixar, entretanto, de diferenciar as inquietudes de cada geração, já que, para ele, essa angústia de fim de relacionamento não reflete sua atual fase. “Não passo mais por essa crise. Essa é uma crise muito das pessoas que estão se aproximando dos 30 anos, que acho que é quando elas começam a se dar conta da sua mortalidade. Então, cada final de relacionamento é como se fosse uma notícia de que você está se aproximando mais do fim da sua vida”, explica. Dito isto, ele se questionou sobre os motivos que o atraíram tanto na montagem e acabou encontrando a resposta: “Eu estou fazendo 30 anos de carreira e cada final de temporada é um final de carreira. Cada peça que termina e não volta mais a cartaz, eu me despeço dela como se fosse um relacionamento que acabou e que agora virou uma história”, conclui o diretor, que diante do momento vivido no Brasil e no mundo, para 2018 já decidiu acessar outras memórias, montando um espetáculo de Nelson Rodrigues. “É uma onda mais careta que está em momento de expansão. Ano que vem eu estava em dúvida do que fazer, mas já tomei a decisão. Vou montar uma peça que foi escrita e foi escândalo 60 anos atrás, para fazer escândalo 60 anos depois: ‘Os Sete Gatinhos’”, provoca.
SERVIÇO
O QUÊ: Espetáculo “A persistência das últimas coisas”
QUANDO: 28 de setembro a 8 de outubro. Quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h
ONDE: Teatro Vila Velha – Salvador (BA)
VALOR: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), nas compras até 27 de setembro, no internet (clique aqui) | R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), na bilheteria, nos dias de espetáculo
Discípulo de Mário Cravo Júnior, o artista plástico Tatti Moreno ficou decepcionado ao ver o estado de degradação do espaço dedicado ao modernista baiano, no Parque Metropolitano de Pituaçu, em Salvador (clique aqui e saiba mais). “Estive lá com Mário, fui fazer uma visita a ele e o susto e a tristeza foi muito grande. Só o que me alegrou foi ver o meu professor, nosso grande artista, já com 96 anos, ainda pintando, cheio de vida. Mas o telhado está podre, pode cair a qualquer momento em cima dele, está tudo abandonado”, contou ao Bahia Notícias. “Infelizmente, é uma tristeza você ver o abandono em um espaço que foi criado no governo passado, por nosso então governador Antônio Carlos Magalhães, que sempre prestigiou a cultura. Um espaço cultural feito com tanto carinho pela Conder, na época, à altura de Mário, como um artista internacional, que levou o nome da Bahia para o mundo. Mário é um dos ícones da escultura brasileira, um homem que se tornou internacionalmente conhecido e que eu tive o maior orgulho de ser aluno”, acrescentou Tatti Moreno, revelando que a classe artística se prepara para uma mobilização em defesa da obra de Cravo, através de uma exposição a ser realizada em dezembro, na Galeria de Arte Paulo Darzé.
Com mais de 90 anos, Mário Cravo Jr. segue trabalhando, mesmo em um local degradado no Parque de Pituaçu | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
Forte crítico do grupo político à frente da gestão federal, considerado por ele um “governo maléfico”, o artista demonstra descrença nas promessas feitas até agora pelo governo do Estado, a exemplo das intervenções no Parque de Pituaçu, anunciadas por Geraldo Reis, titular da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema), com a previsão de investimento de R$ 17 milhões (clique aqui e saiba mais). “Me perdoe, mas a Secretaria de Cultura já me dizia que ia receber R$ 20 milhões, que ia fazer uma restauração, ia fazer um movimento cultural na Bahia. E sempre é assim, na hora que você procura e dá um grito, eles dizem que vão fazer e no final nada, é tudo blábláblá, como a gente está acostumado”, disse ele. “Infelizmente, a cultura é assim. Fazer é fácil, agora, manutenção que é bom nada. Depois é tudo abandonado, como sempre”, pontuou o artista, que há dez anos já falava da importância de conservar a arte e a cultura (clique aqui).
Tatti Moreno vê com descrença as promessas de reformas no Espaço Mário Cravo | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
Apesar do tom incisivo, Tatti Moreno tem uma boa avaliação do atual secretário de Cultura da Bahia, Jorge Portugal. “Ele eu acho que tem uma boa intenção, mas, infelizmente, também fica à deriva, porque o governo federal promete os repasses, mas esses repasses não chegam. Chega onde? Os repasses de Cultura, da Saúde, a gente sabe pra onde é que estão indo. Você está vendo aí toda hora. É uma vergonha o que nós estamos passando, pela destruição da dignidade dos políticos, que se tornam hoje uma vergonha pro povo brasileiro”, disse ele. “Às vezes têm pessoas bem intencionadas, como é o caso de Jorge Portugal, que eu já estive da última vez conversando sobre o Espaço Mário Cravo. Ele estava esperando verba, mas eles desviam as verbas só aos interesses particulares, em propaganda das grandes obras”, concluiu artista, autor de importantes obras, como os Orixás, no Dique do Tororó, e a escultura de Jorge Amado e Zélia Gattai, no Rio Vermelho, em Salvador.
Cartões de visita do Parque Metropolitano de Pituaçu, o Espaço Mário Cravo e o Parque das Esculturas estão em processo avançado de deterioração. Criadas por Mário Cravo Júnior, último modernista baiano vivo, as poucas obras ali dispostas estão abandonadas. Em 2016, veio a promessa do governo estadual, que, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult), se comprometeu a catalogar, preservar e manter o acervo no local, além de reformar o espaço. Na ocasião, durante uma reunião com o filho do artista, Ivan Cravo, o secretário Jorge Portugal chegou a dizer que o poder público iria dar a Mário Cravo “o tratamento que ele merece” e que não é Mário Cravo quem deve à Bahia, “mas a Bahia é que deve a ele”. O encontro foi registrado pela Secult, que em seu site publicou a notícia: "Obras de Mário Cravo serão mantidas no espaço dedicado ao artista, em Pituaçu" (clique aqui e confira). Também presente na reunião, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) - órgão vinculado à Secretaria de Cultura - , por sua vez, deveria dar apoio jurídico e iniciar o inventário das peças que foram doadas ao Estado em 1994. Hoje, apenas esta parte do acordo foi cumprida, garantindo que centenas de obras fossem transferidas à reserva técnica do Palacete das Artes, onde ficam preservadas. O Termo de Responsabilidade Técnica pela guarda de tais obras, referente ao Processo de N° 0607160027551, foi publicado no início deste mês no Diário Oficial do Estado, contando com as assinaturas de Ivan Cravo e de João Carlos Cruz de Oliveira, Diretor Geral do Ipac.
“Em um acordo entre o Ipac, se decidiu que o melhor era retirar [as obras], porque senão, no estado que ia andando isso, ia deteriorar”, disse o filho do artista ao Bahia Notícias, destacando que, apesar das promessas, o Espaço Mario Cravo permanece fechado e rodeado de tapumes, tendo sido inclusive alvo de roubos no início deste ano. Sem parte do teto, e, portanto, sujeito a intempéries climáticas, o local põe em risco peças importantes do acervo do artista plástico baiano, como a Via Crucis, esculturas realizadas nos anos 1980, com madeiras restauradas após incêndio do Mercado Modelo, em 1969. “Não se recebe mais ninguém, não entra mais nada. Você viu o estado, está desmoronando. Nos últimos três ou quatro anos acabou, não tem mais nada”, acrescentou ele, que já foi presidente da Fundação Mario Cravo, instituição atualmente extinta, por falta de orçamento.
Confira a situação do local:
Hoje, aos 94 anos, Mário Cravo Júnior trabalha em um atelier montado ao lado de um prédio anexo, cuja estrutura também está comprometida. Com muitas infiltrações, parte do teto caiu, e o escritório improvisado tem apenas armários velhos, onde a família tenta preservar algumas obras, além de um computador, comprado pelo próprio Ivan Cravo. “A Sema cuidava dos funcionários e disso aqui. Foram demitidos quatro funcionários, que eram os artesãos. Hoje o motorista pessoal de meu pai que ajuda, carrega tinta, auxilia no trabalho pesado. Isso aqui é mantido pela família por si só, e se precisar restaurar uma obra eu tenho que contratar pessoalmente um funcionário ou dois daqueles que eu ainda tenho contato”, contou Ivan, acrescentando que hoje o Estado só se responsabiliza pela conta de luz. “Porque nem oxigênio, nem metal, nem tinta, eles ajudam. Água é de um tanque que tem aqui. Até telefone que tinha éramos nós que pagávamos, e nós tiramos. O Estado aqui não faz nada, reparo nunca teve, e esse teto está para cair há sete ou nove anos, assim como lá embaixo. Não se investe um real aqui há muitos e muitos anos. Esse prédio mesmo que foi prometido pelo governo que iriam restaurar, nada foi feito”, denunciou.
O Bahia Notícias entrou em contato com a Secult diversas vezes ao longo da apuração. A assessoria de comunicação, que não se posicionou oficialmente até o fechamento da matéria, afirmou que não houve, por parte da secretaria, a promessa de reformar as instalações onde encontram-se as obras de Mário Cravo. A ascom destacou ainda que a Secult não seria o órgão responsável por executar tais obras. Vinculado à Secretaria de Meio Ambiente (Sema), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), órgão responsável pela administração do Parque Metropolitano de Pituaçu, foi questionado sobre quem deveria fazer a manutenção dos espaços, mas também não enviou resposta.
Assista ao depoimento de Ivan Cravo e veja as condições dos espaços dedicados ao artista baiano:
Gaga falou também que uma das coisas que a fez melhorar foi assumir o rumo de sua carreira. “Comecei a dizer não. Não vou tirar essa foto, não vou a esse evento. Não vou representar algo que não acredito. Lentamente vou me lembrando de quem sou. Então vou para casa, me olho no espelho e penso: ‘Sim, posso ir pra cama com você todas as noites’. Pois conheço essa pessoa. Essa pessoa tem coragem, é íntegra, tem opinião e não aceita tudo”, falou.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.