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O presidente do afoxé Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, defendeu a adoção do verde e do amarelo na fantasia de 2023 do bloco. A escolha da direção vem sendo criticada por associados, que reclamam a exclusividade dos tradicionais azul e branco na mortalha. Para o dirigente, a reclamação é natural, mas não foge das tradições ligadas ao candomblé.
“Eu não avalio como crítica. A polêmica é importante porque cria conteúdo, cria mídia. Nós temos um entendimento religioso, onde as cores são pertinentes aos nossos temas, aos que nós pensamos e à leitura de todo um trabalho, todo um projeto. Neste ano, colocamos o verde e o amarelo porque estamos homenageando o caboclo. É o verde e o amarelo do Brasil, da esperança, da alegria de voltarmos depois de uma pandemia. As cores fazem parte do sagrado”, afirmou Gilsoney, em entrevista ao Bahia Notícias.
Tradicionalmente, a cor principal do Gandhy é o branco, em homenagem a Oxalá. Entretanto, com o passar do tempo, para variar as fantasias a cada ano, o azul também foi adotado, fazendo uma referência a outro orixá: Ogum.
Em 2019, porém, uma grande polêmica foi instaurada, com uma fantasia branca, azul e amarela, sendo a última cor uma homenagem à orixá Oxum. Muitos associados reclamaram, afirmando que a adoção de uma terceira cor estaria descaracterizando o afoxé.
Em 2023, as cores verde e amarelo se somaram ao branco e azul da fantasia, gerando novas críticas dos associados. A escolha foi feita em homenagem a entidades do candomblé de caboclo, popular no Recôncavo da Bahia, e da umbanda. Até este ano, as temáticas anuais do Gandhy faziam referência às tradições candomblecistas dos terreiros mais antigos de Salvador, que cultuam apenas entidades iorubás.
Foto: Diogenes Neghet / Filhos de Gandhy
“Temos uma marca, que temos que respeitar: Mahatma Gandhi era ecumênico. Nós respeitamos todos. Somos afrodescendentes, temos a questão do candomblé, mas o Gandhy é um bloco ecumênico, respeita todas as religiões e todo entendimento religioso”, defendeu o presidente do Gandhy.
Gilsoney ainda lembrou que, neste momento, saudar os caboclos possui um simbolismo importante para o Brasil, que enfrenta uma crise humanitária envolvendo a etnia yanomami, da região norte do país.
“Essa questão dos indígenas, todos nós precisamos nos envolver na campanha. Porque olha o que está acontecendo com os yanomamis! Os indígenas fazem parte do início da nossa história. Os caboclos e os encourados fazem parte da religião. O Gandhy é para aglutinar, para aproximar e queremos o entendimento religioso, o entendimento sexual, de todas as vertentes. O Gandhy é contemporâneo e se obriga a levantar a bandeira da paz”, concluiu Gilsoney.
Com o objetivo de retratar historicamente as narrativas do Afoxé Filhas de Gandhy, ao longo dos seus 41 anos, através de posts marcados com os elementos do universo feminino, acontece na terça-feira (30), às 18h, o lançamento do projeto "Mulheres de fé".
A iniciativa, que vai destacar aspectos relacionados à mulher, como o empoderamento, os ideais da paz, as vozes femininas, entre outros aspectos característicos dessa trajetória, poderá ser vista pelo público através do perfil do projeto no Instragram.
"Mulheres de Fé" é um projeto de valorização, difusão e salvaguarda do Afoxé Filhas de Gandhy. Ao mesmo tempo que o público poderá acompanhar esse relato de forma virtual, através de posts que serão lançados pelo Instagram, também estará sendo fixado nas paredes da sede do afoxé dois painéis fotográficos. Um com imagens que retratam o encontro de gerações que por ali passam e criam laços; e o outro mostrará os elementos representativos do Afoxé Filhas de Gandhy durante os carnavais em Salvador.
A culminância desse projeto tem também o cunho simbólico de homenagear os 41 anos do Afoxé Filhas de Gandhy, e para isso serão confeccionadas camisas e bolsas para presentear esse coletivo de mulheres empoderadas. O lançamento dos posts no Instagram do Afoxé Filhas de Gandhy trará diálogos sobre a consolidação desse coletivo feminino e o modo como se deu a construção dos posts O evento terá a participação de três integrantes do afoxé: Franciane Simplício (Produtora Cultural), Cherry Almeida (Diretora de Finanças) e Maristela Souza (Pesquisadora e Percussionista).
Franciane Simplício destaca que “ao narrar a historicidade do Afoxé Filhas de Gandhy através da memória oral, escrita e visual, servirá como fonte de pesquisa para os estudiosos, turistas e a sociedade civil em geral, contribuindo para a valorização de uma cultura afro-brasileira.”
Entrevistado nesta sexta-feira (7), no programa de rádio “Isso É Bahia”, parceria da A Tarde FM e Bahia Notícias, o presidente do Afoxé Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, destacou as dificuldades da agremiação e questionou a forma pela qual os tradicionais blocos são contratados pelo poder público.
“Pra você ter ideia, pra sair no Carnaval pagamos uma média de R$ 200 mil de impostos, a cartilha. Pelo uso do solo, quantidade de pessoas, é uma infraestrutura muito grande... Então, você vê e quando vai fazer essa conta é complicado a gente não ter esse apoio... Quer dizer, só temos o apoio hoje do shopping, do governo e da prefeitura, e concorrermos a um edital”, detalhou Gilsoney, que propõe uma provocação ao governo. “Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, blocos que têm mais de 20 anos, não devem participar de edital, devem ter contratação por notoriedade e inexigibilidade”, avalia o presidente afoxé, em referência ao Carnaval Ouro Negro, edital do qual o Ilê ficou de fora por problemas na documentação exigida (clique aqui e saiba mais).
Gilsoney de Oliveira usa o exemplo de artistas populares para pedir uma atenção também aos blocos tradicionais. “Ivete, Bel, o gigante Léo Santana, eles não fazem, eles não passam por uma questão licitatória, eles são contratados por empresas, por produtoras. Eu estou provocando, porque eu acho que nós temos que ser também contratados”, defendeu o presidente dos Filhos de Gandhy. “E isso não é culpa da Secretaria de Cultura, eu vejo que a secretária Arany Santana é muito competente, mas eu acho que tem que ir na mesma régua”, acrescentou.
Em entrevista ao Bahia Notícias, no entanto, a Secult informou que o apoio da pasta se dá apenas por edital e que as demais contratações são feitas por meio de outras secretarias, como a de Turismo, através da Bahiatursa, que em 2017 patrocinou o desfile do Ilê Aiyê e do Olodum no Carnaval.
Inscrições: http://afoxebafilhosdocon.wix.com/acrafg, pelo e-mail [email protected] ou na Sorveteria Quentes e Gelados, na Boca da Mata
Na terça-feira (18), o Afoxé Badauê, nascido no bairro Engenho Velho de Brotas, dá continuidade aos seus 35 anos de criação. O espetáculo gratuito “Para continuar te lembrando do Badauê” também acontece no Largo Pedro Archanjo, às 20h. Para o ensaio-show do Pelourinho, os anfitriões da festa Jorjão Bafafé e Moa do Katendê, que comandam o projeto 'Memória do Afoxé em Movimento - Pra Te Lembrar do Badauê' vão relembrar os festivais realizados pelo Badauê na década de 1980. Além disso, vários compositores mostrarão novas canções em homenagem ao afoxé. Os convidados da noite serão Tonho Matéria e Tote Gira, antigos parceiros do Badauê, além dos Filhos de Gandhy, Filhos do Congo e Filhos de Ogum de Ronda.
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Wilson Witzel
"O presidente Jair Bolsonaro deve ter se confundido e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos, seja por confusão mental, diante de suas inúmeras preocupações, seja por acreditar que eu faria o que hoje se está verificando com a Abin e a Polícia Federal. No meu governo, a Polícia Civil e a Militar sempre tiveram total independência".
Disse o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, ao negar que manteve qualquer tipo de relação, seja profissional ou pessoal, com o juiz Flávio Itabaiana, responsável pelo caso de Flavio Bolsonaro (PL), e jamais ofereceu qualquer tipo de auxílio a qualquer pessoa durante seu governo, após vazementos de áudios atribuidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).