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Artigos

Paulett Furacão
Quarto dos Fundos
Foto: Maísa Amaral / Divulgação

Quarto dos Fundos

Toda a tragédia que foi velejada pelos mares do Atlântico, ancorou erroneamente nas águas da ambição para construir um modelo de país que decidiu projetar um futuro de expugnação exclusiva, buscando através da escravidão das raças o seu principal atrativo. Após a bem-sucedida invasão do patriarcado europeu a poderosa fonte inesgotável de riquezas, chamada Pindorama, mais tarde rebatizada pelos invasores de Brasil, dizimou os povos originários, sequestrou as realezas africanas e perpetuou um sistema capitalista e higienista que perdura hodiernamente.

Multimídia

“É uma estratégia do PT”, afirma Luciano Simões sobre a ‘pulverização’ de candidaturas em Salvador

“É uma estratégia do PT”, afirma Luciano Simões sobre a ‘pulverização’ de candidaturas em Salvador
Em entrevista ao Projeto Prisma, nesta segunda-feira (15), o presidente do União Brasil em Salvador e deputado estadual, Luciano Simões Filho, afirma que a redução no número de candidaturas na capital é “uma estratégia do PT”, que há 20 anos busca estratégias para se eleger no município. Este ano, o PT buscou uma articulação da base em torno do vice-governador e candidato emedebista, Geraldo. 

Entrevistas

"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador

"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador
Foto: Reprodução / Instagram / Pedro Tourinho
Salvador se prepara para receber mais uma vez as celebrações do 2 de Julho, data que marca a luta pela independência do Brasil na Bahia, que em 2024 tem como tema "Povo Independente". Na semana passada o Bahia Notícias conversou com o secretário de Cultura e Turismo da capital baiana, Pedro Tourinho, para esquentar o clima dos festejos desta terça-feira. Para o titular da Secult, o povo de Salvador tem a independência forjada em seu DNA.

blocos afro

"Foi um grande prazer", diz Jau sobre puxar bloco Os Mascarados na abertura do Carnaval
Fotos: Rodrigo Castro / Bahia Notícias

O cantor Jau foi uma das atrações do tradicional Os Mascarados, que desfilou na abertura do Carnaval na quinta-feira (8), no Circuito Dodô (Barra-Ondina). Ao Bahia Notícias, o artista falou sobre a experiência de ter puxado o bloco, que contou também com Margareth Menezes e as rainhas Nanda Costa e Lan Lanh.


"Foi sensacional porque teve aquele primeiro momento dos Mascarados que Lenine lá atrás tocou, mas ainda não era esse Mascarados que é hoje. Então depois dessa virada, e eu ter sido o primeiro homem a ser convidado a fazer parte do cortejo, cantar para a galera dos Mascarados, foi um grande prazer. Ao lado da nossa querida Margareth Menezes, ao lado das nossas rainhas Lan Lan e Nanda Costa, foi muito bom e foi um desfile lindo", comentou.


Na ocasião, Jau também falou sobre sua trajetória dentro do Olodum e a importância dos blocos afro na sua formação musical. "Eu sou produto do útero Olodum. A minha base musical é o tambor. Eu comecei no Olodum, viajei o mundo inteiro com o Olodum. Então eu sou, naturalmente, afro. Aí depois de viajar muito e conhecer, ver muitos shows, ter muitas experiências, eu saí do Olodum e comecei a criar as minhas coisas, mas sempre ligadas ao tambor. Então são 50 anos dos blocos afro, 50 anos também de todos os percussionistas, 50 anos também de todos os cantores de tambor. E eu me considero um cantor de tambor, então me sinto privilegiado e homenageado também nesse momento", afirmou.

 

Moreno Veloso conta sobre inspirações com o Ilê Aiyê e revela novo álbum inspirado no bloco
Foto: Eduarda Pinto / Bahia Notícias

O músico Moreno Veloso, filho do cantor e compositor Caetano Veloso, foi uma das personalidades que acompanharam a saída do Ilê Aiyê na noite deste sábado (10), no bairro do Curuzu, em Salvador. Ao Bahia Notícias, o artista contou sobre as influências que teve através do bloco.

 

“O Ilê está presente na minha vida desde que eu nasci. A minha primeira música foi para o Ilê Aiyê. A última música que eu lancei, ano passado, foi para o Ilê Aiyê. O próximo álbum  novo é em homenagem ao Ilê Aiyê, se chama “Mundo Paralelo", que é exatamente essa situação que a gente está agora, de maravilha, de graça. Eu devo muita coisa ao Ilê e continuo devendo”, declarou.
 

Em celebração aos 50 anos dos Blocos Afro, Bruno Monteiro reforça a importância para o empoderamento
Foto: Fred Pontes / Bahia Notícias

Presente na saída do Ilê Aiyê na noite deste sábado (10), o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, reforçou, em entrevista ao Bahia Notícias, a importância dos Blocos Afro como ferramenta de empoderamento do povo negro. 

 

“É uma marca histórica, a celebração dos 50 anos dos Blocos Afro para Bahia, especialmente, porque o que os Blocos Afro fizeram aqui, a partir da experiência dos 50 anos, foi uma nova forma de arte com caráter pedagógico, com caráter educativo, de inclusão. Então, foi uma grande união que vem cada vez mais servindo de instrumento para empoderamento do povo negro. É muito especial tudo isso, e essa celebração vem para ressaltar essa contribuição dos Blocos Afro para nossa formação cultural”, afirmou.
 

Caetano Veloso marca presença na saída do bloco Ilê Aiyê
Fotos: Fred Pontes / Bahia Notícias

O cantor e compositor Caetano Veloso marcou presença na saída do Ilê Aiyê na noite desta sábado (10), na sede do bloco, localizada no bairro do Curuzu. Em entrevista ao Bahia Notícias, o músico falou sobre o sentimento de, após alguns anos afastado, estar revisitando.

 

 


“O Ilê Aiyê faz 50 anos, aí eu subi a ladeira. Fazia uns anos que eu não vinha. Antigamente eu vinha todos os anos, tenho uns anos sem vir e hoje eu subi a ladeira e tô feliz por isso”, celebrou.

 


 

Pedro Tourinho define Ilê Aiyê como pilar da cultura baiana e destaca obras realizadas na sede no bloco
Foto: Eduarda Pinto / Bahia Notícias

O secretário Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, é uma das autoridades presentes na noite deste sábado (10) na sede do Ilê Aiyê, no bairro do Curuzu, em Salvador. O bloco é uma das atrações do terceiro dia de Carnaval da capital baiana, que irá desfilar no no Circuito Osmar (Campo Grande). 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, o secretário destacou a importância do bloco para a cultura baiana e apontou ações da Prefeitura de Salvador realizadas para auxiliar na infraestrutura da sede.

 

“Como eu digo sempre, Carnaval é consequência do trabalho do ano inteiro. Então, a gente vem aqui hoje, é uma festa de 50 anos do Ilê Aiyê, que é basicamente também a nossa grande intenção da cidade, que é celebrar o Ilê, celebrar a cultura negra, celebrar as raízes da cidade. E hoje, com a Prefeitura também cada vez mais próxima, a gente anunciou recentemente toda a reforma da sede, de climatização, uma reforma de escola. Quer dizer, já fizemos anteriormente a reforma aqui da rua, aqui do Ilê, foi feita uma grande obra de reestruturação. Então, o Ilê é uma estrela de nossa cidade, é um pilar da nossa cultura, e está presente aqui hoje e o ano inteiro é fundamental”, afirmou Tourinho. 

Professora destaca importância do bloco Ilê Aiyê como ferramenta de educação
Foto: Eduarda Pinto / Bahia Notícias

O Ilê Aiyê é uma das atrações deste sábado (10), terceiro dia do Carnaval em Salvador, no Circuito Osmar (Campo Grande). Ao Bahia Notícias, a professora Régia Ribeiro destacou a importância do bloco enquanto ferramenta de educação.

 

 


“O Ilê Aiyê é uma reverência para a cidadania de qualquer afro-brasileiro por conta do que eles criaram, a história criada com o Vovô [do Ilê], a história não só da questão cultural, mas da própria questão religiosa. Todo esse legado perpassa sobre a questão do entretenimento, mas ajuda na formação da cidadania das pessoas enquanto esse papel de valorizar a identidade negra. É um trabalho educativo há 50 anos. E as expressões, sejam as expressões que acontecem no Carnaval, seja o cotidiano da educação, tem que estar unidos para que a gente possa fortalecer o discurso do Ilê Aiyê, criado há 50 anos”, salientou. 
 

Bruno Reis anuncia isenção definitiva para blocos afro no Carnaval de Salvador em 2024
Foto: Jefferson Peixoto/ Secom-PMS

Os blocos Afros terão isenção definitiva no Carnaval de Salvador em 2024. A novidade foi anunciada pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) durante a cerimônia de abertura da Expo Carnaval Brazil 2023, realizada no Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio.

 

De acordo com o gestor municipal, a medida, além de uma forma de auxiliar os blocos de matriz africana, reconhece a importância deles para a formação da cultura local. 

 

“Vai ter isenção definitiva. Bloco Afro vai desfilar em Salvador e não vai precisar pagar um real de nenhuma taxa, não tem nenhum tributo. Isso é compreender a importância cultural, da história do povo negro para a realização deste grande evento”, afirmou.

 

Além desta medida, o prefeito anunciou ainda 40% de desconto no IPTU para o setor hoteleiro, remissão dos débitos e isenção de taxas para os recicladores e catadores. “Tenho certeza que esse ano vamos fazer um Carnaval especial”.

Bruno Reis diz que desfile de blocos afro em novembro será "prévia" para o Carnaval de 2024
Foto: Jefferson Peixoto / Secom-PMS

O prefeito Bruno Reis classificou os desfiles dos blocos afro em novembro como uma "prévia" do Carnaval de 2024. Na manhã desta quinta-feira (31), o gestor anunciou a programação do “Novembro Salvador Capital Afro”, iniciativa que contará com uma série de eventos na cidade em celebração ao mês da Consciência Negra. 

 

No último sábado do mês, os principais blocos afro da cidade farão o percurso entre o Campo Grande e Praça Castro Alves, mesmo trajeto do tradicional Circuito Osmar durante a festa momesca. 

 

"Nós vamos ter no dia 25 de novembro um evento onde todos os blocos afros vão se apresentar. Aqueles que saem do Pelourinho, ou aqueles que saem do Campo Grande e vão se encontrar todos na Praça Castro Alves, com isso teremos uma prévia do que será o desfile dos blocos afro no Carnaval de 2024", disse Reis durante conversa com a imprensa.

 

"Não são só eventos de natureza musical, vamos ter muito conteúdo da cultura africana. Pessoas do Brasil e do mundo que quiserem conhecer como a população começou as suas origens, poderão vir a Salvador que encontrarão aqui muito conteúdo e muita informação", acrescentou o prefeito. 

 

Ao longo de todo o mês, a capital baiana será palco de festivais de música e cinema negro, atrações nacionais e internacionais, apresentações de afoxés e blocos Afro, desfiles de moda e exposições em museus. 

Blocos afro irão desfilar em circuito tradicional do Carnaval no mês da Consciência Negra
Foto: Divulgação/GOVBA

Mais uma data deve entrar no calendário de festas de Salvador a partir de 2023. Para celebrar o mês da Consciência Negra, prefeitura da capital baiana organiza um dia de desfile em novembro com os principais blocos afro da cidade no percurso entre o Campo Grande e Praça Castro Alves, o mesmo trajeto do tradicional Circuito Osmar durante o Carnaval. 

 

A novidade foi apresentada na manhã desta quinta-feira (31), durante evento que marcou o anúncio da programação do “Novembro Salvador Capital Afro”. Segundo o presidente da Saltur, Isaac Edington, a ideia é de que novembro passe a ser um mês extraordinário de oportunidades. 

 

"Vamos ter um dia inteiro dedicado aos blocos afro e as principais entidades de matriz africana da nossa cidade. Vamos ter um desfile no Centro, do Campo Grande até a Praça Castro Alves. A ideia é que dentro dessa programação de novembro, todo o ano a gene tenha essa atividade na cidade. Com essa programação do Salvador Capital Afro estaremos posicionando Salvador como destino do afro turismo nacional e ao mesmo tempo fortalecendo nossa cultura de matriz africana", destacou Edington.

 

Durante a apresentação, o secretário municipal de Cultura, Pedro Tourinho, anunciou que os desfiles vão acontecer todos os anos sempre no último sábado do mês. Entre os blocos já confirmados estão Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê e Didá.

 

A capital baiana terá, ao longo de todo o mês, festivais de música e cinema negro, atrações nacionais e internacionais, apresentações de afoxés e blocos Afro, desfiles de moda e exposições em museus. (Atualizada às 10h48)

Prestes a "deixar" Olodum, João Jorge quer reconstruir Fundação Palmares: "Ideal é R$ 250 milhões, nós temos R$ 24 milhões".
Foto: Waltemy Brandão / Bahia Notícias

Com a posse como presidente da Fundação Palmares prevista pra março, João Jorge se prepara para deixar as funções administrativas do Olodum. A despedida do Carnaval, por exemplo, acontecerá nesta terça-feira (21). Mas os planos para reconstruir a instituição federal já estão a todo vapor.


A ideia, segundo ele, é "iluminar a Fundação Palmares e fazer coisas criativas e novas", buscando parcerias com empresas, estatais e privadas, nacionais e internacionais, para financiar a cultura afrobrasileira. Para João Jorge, que esteve nesta segunda-feira (20) no Camarote Brahma, apesar da Fundação ter um orçamento maior este ano, ainda não é o suficiente: "O ideal é R$ 250 milhões, nós temos R$ 24 milhões".

 

A situação se complica por causa do desmonte sofrido durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro, que avaliava como exagero muitas pautas defendidas no órgão. "Na Fundação Palmares, a situação é pior. Porque a instituição que todo governo anterior atacou diariamente. Foi uma tentativa de sepultar uma experiência prazerosa dos afrobrasileiros. Então agora Margareth, eu, Zulu [Araújo] e outros vamos ter que reconstruir o sistema", avaliou o futuro presidente.

 

"A Palmares é importante porque é uma instituição criada em 1988 para cuidar de quilombos, terreiros de candomblé, patrimônio afro-religioso, e também ter uma noção de civilização. Nós precisamos ser civilizados. O que a gestão anterior fez: apagar nomes de personalidades como Gil, Leci Brandão, Milton Nascimento; trocar o símbolo da Fundação... Não fez nenhum projeto interessante. Ou seja: foram quatro anos perdidos", reforçou.

 

O presidente do Olodum falou ainda sobre a discussão da dificuldade de financiamento dos blocos afro na Bahia. "A queixa tem recorrência histórica e apenas algumas empresas ajudaram no Carnaval. Então fica o ônus pra prefeitura e pro governo do Estado muito duro. Fora o Olodum, o Ilê e o Gandhy, a maioria dos blocos afro não teve patrocínio. E eles são parte desse sistema. Aliás, a parte mais interessante desse sistema. É preciso corrigir isso, que é uma distorção do Carnaval de Salvador, do Rio, de Belo Horizonte...".

Descapitalizados, blocos afro se reinventam para superar pandemia sem shows e Carnaval
Foto: Naiara Barros / Odú Comunicação

Cidade com vocação turística, cuja cultura é um dos seus maiores atrativos, Salvador já está há cerca de dez meses sob decretos oficiais que proíbem aglomerações e grandes eventos. O objetivo é cumprir protocolos sanitários necessários para conter o avanço do novo coronavírus (clique aqui e aqui). 

 

Enquanto espera a liberação da vacina e a consequente contenção da pandemia, o setor de eventos da capital baiana vive momentos dramáticos. Se em tempos pré-Covid a esta altura do ano a cidade já fervilhava de ensaios e estava preparada para receber os visitantes para o Carnaval no mês de fevereiro - só em 2020, de acordo com dados da prefeitura, 16,5 milhões de pessoas circularam pelas ruas de Salvador neste período -, em 2021, artistas, produtores, população, turistas e até governos trabalham com a incerteza e calculam o prejuízo causado pelo cancelamento da festa. Para se ter uma ideia, a última edição da folia momesca teve um retorno divulgado de cerca de R$ 1,8 bilhão. 

 

Diante do contexto, o secretário do Turismo da Bahia, Fausto Franco, estimou a perda de mais de R$ 1 bilhão em receitas pela não realização do Carnaval (saiba mais). O número é o mesmo calculado por Jairo da Mata, atual presidente do Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar). “Não tenho como mensurar em números exatos globalmente, mas são milhões de reais perdidos nesse sentido. Na verdade, acredito que seja quase R$ 1 bilhão, até porque existe o pré e pós-Carnaval”, diz o dirigente.

 

Jairo da Mata - Foto: Divulgação/Comcar

 

Mata destacou ainda que o impacto negativo do cancelamento da festa se estende tanto do ponto de vista econômico, quanto cultural. “A perda econômica é muito grande, pois sabemos que a cadeia produtiva é forte, já que passa por camarotes, blocos até ambulantes e cordeiros. Tudo isso envolve a economia da cidade. Além disso, temos o impacto lúdico, pois, além de ser uma festa de atrativo cultural marcante, é também o momento - sobretudo das classes menos favorecidas - de desaguar as mágoas; é como se fosse uma terapia coletiva que nos traz um certo conforto espiritual. É sem dúvida a maior festa popular do Brasil e a Bahia tem o maior Carnaval do país”, avalia, lembrando que todo o Brasil sofre com a paralisação dos grandes eventos, especialmente Salvador, por ser uma cidade de serviço. “A não realização impacta na gastronomia, hotelaria, transporte, setor musical etc”, pontua.

 

À frente da Saltur, Empresa de Turismo vinculada à prefeitura de Salvador, Isaac Edington explica que a decisão de abortar o Carnaval se dá para “preservar a vida das pessoas”, sem desmerecer a importância do evento. “Infelizmente, a nossa maior festa, tão importante para nossa cultura, nossas tradições e, sobretudo, para nossa economia, não poderá ser realizada até que tenhamos a população vacinada. Dessa forma, por consequência, todas as ações previstas estão canceladas”, disse o presidente da Saltur, descartando a possibilidade de manter os editais e apoios do Executivo municipal específicos para a realização da festa este ano. 

 

Isaac Edington - Foto: Paulo Victor Nadal/Bahia Notícias

 

“Todo esforço da prefeitura está bastante voltado para assistência à saúde, assistência social, bem como iniciativas de combate à disseminação da pandemia e, também, do retorno responsável e gradual das atividades econômicas, sobretudo retomar o calendário de eventos, com toda segurança”, explica.

 

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por sua vez, informou por meio de nota que “diante da suspensão da realização do Carnaval em fevereiro 2021, os apoios destinados às programações artísticas/culturais ficam interrompidas até a nova definição” e estabeleceu que “as modalidades de apoio serão definidas depois que o novo modelo da festa for decidido”.


SITUAÇÃO DOS ARTISTAS

Para driblar as adversidades, o ambiente digital acabou sendo uma das alternativas paliativas de muitos artistas em 2020, mas nem todos conseguiram atrair uma audiência suficiente para monetizar o trabalho e tampouco apoios importantes da iniciativa privada. O mesmo se reflete agora no período do Carnaval. 

 

Se, por um lado, nomes como Ivete Sangalo e Claudia Leitte, dois dos maiores expoentes comerciais da música baiana, já se uniram para apresentar um show no dia 13 de fevereiro (veja aqui), assim como Léo Santana, Harmonia do Samba e Parangolé, que repetirão o projeto “O Encontro”, focados na festa do momo (veja aqui), e Bell Marques com o evento virtual no domingo de Carnaval (veja aqui), os Filhos de Gandhy, por exemplo, ainda não sabem sequer se colocarão o bloco na rua virtualmente por falta de patrocínio. 

 

“Pra Bell, pra Ivete, pra vários, eles já têm um nome, um marketing que banca. O que é o Filhos de Gandhy? É um afoxé. E o que é um afoxé? É um candomblé, é igual a casa religiosa pra se manter. Então, se a gente não tem apoio, não tem recurso próprio para fazer. A gente está conjecturando fazer uma live no domingo ou terça de Carnaval, mas pra isso a gente precisa de pelo menos um mínimo pra poder pensar em executar. Infelizmente, bloco de matriz africana sofre muito, existe uma grande discriminação”, lamenta o presidente do bloco, Gilsoney de Oliveira.

 

Gilsoney de Oliveira - Foto: André Frutuôso/Secult

 

Em 2020 o grupo tentou fazer um evento online, mas não conseguiu apoio para custear sequer os requisitos técnicos de som, iluminação e internet. E segundo o dirigente, sem a ajuda anual do governo do estado e da prefeitura, dificilmente os blocos afro e afoxés conseguiriam desfilar nos carnavais.

 

Gilsoney conta que os meses parados por conta da pandemia atingiram em cheio o bloco, que deixou de realizar mais de uma dezena de eventos de seu calendário religioso e atualmente aguarda as orientações do poder público para se preparar - ou não - para o Carnaval, seja no segundo semestre de 2021 ou apenas em 2022.

 

“Todo mês a gente tem uma responsabilidade religiosa em paralelo ao Carnaval. E quando chega no segundo semestre aí que começamos a contatar com relação às fantasias, porque o Gandhy não tem um abadá que você coloca camisa e pronto. Ele tem uma fantasia que vai do pé à cabeça, são muitos ítens. E começa no segundo semestre a construir essa questão do Carnaval. A gente tem aí evento de Santa Luzia, Santa Bárbara, Rio Vermelho, Festa de Oxossi, tem muito evento, mas parou tudo, e aí acumulou e nós não podemos fazer nada, temos que aguardar, de fato, se restabelecer essa questão do surto”, declarou Oliveira. 

 

Ele garantiu ainda que, caso até março haja alguma definição sobre a possibilidade da festa acontecer no segundo semestre, os Filhos de Gandhy estarão à postos para desfilar. Do contrário, não haveria tempo hábil para a organização.

 

O Ilê Aiyê, por sua vez, vive um momento ainda mais delicado, já que, além de lidar com os problemas da pandemia que acomete a todos, ainda precisa sanar uma dívida trabalhista de R$ 400 mil que pode fazê-lo perder a Senzala do Barro Preto, sede do bloco localizada no bairro do Curuzu, em Salvador (clique aqui e saiba mais). 

 

Com os decretos que proíbem as aglomerações, não só as atividades artísticas do Ilê foram impactadas, mas também todo o trabalho social promovido pela entidade. “A sede está parada, não tem como arcar com salários. É a maior dificuldade um espaço daqueles com conta de água, de luz... Foram suspensas as aulas da Escola Mãe Hilda, a gente tem até proposta de curso profissionalizante, mas não pode levar nada em frente, por causa da pandemia. Mas estou esperançoso, levando muita fé que isso vai passar”, declara Antônio Carlos dos Santos (Vovô), presidente do bloco. 

 

Vovô do Ilê - Foto: André Frutuôso/Secult

 

“É um impacto muito grande em tudo, nas fantasias, nos ensaios. Também para a comunidade que vem sofrendo, as pessoas que trabalham nessa época, o porteiro, seguranças, costureiras... E a gente deixa também de arrecadar com os eventos, a Noite da Beleza Negra, os shows que fazíamos durante o ano”, acrescenta, lembrando que em 2020 o Ilê teve duas apresentações nos Estados Unidos - em Washington e Chicago - canceladas, além da suspensão de uma turnê nacional que circularia por sete capitais com patrocínio da Petrobras.

 

Esperançoso, apesar de desacreditar na possibilidade de ainda este ano ocorrer a festa momesca, Vovô contou que atualmente o Ilê prepara um festival de música virtual, com apoio da Lei Aldir Blanc, e não descarta a realização de uma live no sábado de Carnaval. 

 

Com este propósito e para outros projetos, além de pagar a dívida trabalhista, ele diz que segue em constante atividade. “Está devagar, mas caminhando, não paramos de nos movimentar aqui no Brasil e fora, para que as pessoas que têm condição, para o próprio governo e a prefeitura, façam parcerias com a gente e nos ajudem”, conta Vovô, lembrando que a campanha virtual voltada para arrecadar fundos e evitar o despejo permanece aberta para colaboradores. “Efetivamente temos muito pouco, conseguimos arrecadar R$ 150 mil até agora, mas a campanha segue e nós vamos conseguir”, disse o dirigente. 

 

Enquanto o Ilê trabalha com foco na esperança, para o Cortejo Afro a palavra é planejamento. Ainda em março de 2020, o bloco percebeu os perigos da pandemia e se preparou, mantendo um lastro que lhe permite “respirar” até meados deste ano. 

 

“Antes do Carnaval [de 2020], todos sabiam que isso [a pandemia] ia chegar no Brasil. Se em outros países da Europa estava na situação que estava, quando chegasse aqui seria um estrago, como está sendo. Porque também sabíamos que não contaríamos com um governo que fosse aliado ao povo, com relação à luta contra o Covid”, lembra o presidente do bloco, Alberto Pitta. “Mensuramos [os prejuízos da pandemia e da ausência do Carnaval], o Cortejo se organizou nessa direção, fazendo frente aos seus compromissos com os credores, grupo artístico e fornecedores, e, por isso, não devemos absolutamente nada a ninguém”, frisa. Garantiu ainda que quitou por um ano as responsabilidades mensais com internet, água, luz e aluguel do espaço onde guarda o material do bloco.

 

Destacando o “impacto emocional” além do econômico gerados pelo cancelamento do Carnaval convencional, Pitta conta que o Cortejo está preparado para todos os cenários. “Os blocos afro, que sempre têm dificuldade de fazer o Carnaval, sabem como ninguém como ir para o Carnaval, mesmo com as dificuldades. Partindo dessa premissa, estou querendo dizer que é um impacto muito grande para além do financeiro. Ele se resume a um outro compromisso que nós temos com a nossa comunidade, do trabalho que é realizado junto a crianças e adolescentes nos bairros afastados dessa cidade, através dessas organizações, e que culminam no Carnaval. Ele na verdade é uma culminância de tudo isso, das ações cotidianas”, explica, classificando como “péssimo” não ter a festa, mas também admitindo que não há “a menor condição” dela ser realizada em meio à pandemia.  

 

Alberto Pitta - Foto: Betto Jr/Secom

 

Caso as autoridades venham a dar sinal verde para a folia de rua acontecer no segundo semestre, o dirigente reitera que o bloco prontamente irá trabalhar para captar recursos e desfilar. “Estamos de olho nisso, se acontecer, o Cortejo vai, mas vai bem menor. Vai como uma cerimônia de candomblé num deslocamento estético terreiro - rua, como os antigos afoxés, com o tema Asas da Liberdade”, conta, explicando que o mote se dá pela urgência por liberdade. “É o que precisamos. Estamos em tempos de cárcere, literalmente falando. Cárceres por conta da pandemia e cárceres por conta de um Brasil sombrio no dia D e na hora H”, disse ele, ironizando uma fala do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (relembre). Por outro lado, se permanecerem os decretos que determinam a proibição das aglomerações, a alternativa será partir para o ambiente online. 

 

“O Cortejo está buscando organizar o que nós chamamos de Carnaval virtual, que é o Carnaval em tempos de ‘cárcere’. Estamos organizando, provavelmente no domingo de Carnaval, cada um em sua caverna. E as pessoas vão mandar vídeos com as fantasias do Cortejo Afro de anos anteriores. Mas também estamos trabalhando em cima de um projeto, e isso depende muito de apoio, de captação, onde cada convidado do Cortejo - e aí serão poucos - irá receber um corte do tecido e fazer em casa a sua fantasia e mandar pra nós. Vamos ver uma forma de publicizar isso”, detalha Alberto Pitta, sobre as iniciativas em audiovisual, que não serão ao vivo, mas devem sair no período que aconteceria o evento. 

 

Antes da festa momesca, o Cortejo Afro prepara uma live em homenagem à Revolta dos Malês, no dia 25 de janeiro. Paralelo a isso, o bloco executará um projeto contemplado pelo Prêmio das Artes Jorge Portugal, dentro do programa Aldir Blanc, e também foi selecionado em um edital da Sepromi, através do qual realizará a Feira da Economia do Sagrado. “São atividades online que dão essa capilaridade e garantem que as pessoas estejam atuando, trabalhando e sendo remuneradas por tal”, resume o dirigente.

 

Assim como o Cortejo, o Olodum também vem se reinventando para atravessar as turbulências. O grupo já anunciou a realização de uma live no Carnaval (clique aqui) e vem investindo no online e em parcerias para se manter em funcionamento. 

 

“As organizações [afro-brasileiras da cultura] não tinham estrutura financeira, um capital que permita investir em dois, três anos, sem voltar a ter atividades. Mesmo assim, nós fizemos alternativas de fazer várias lives durante esse período, investimos muito na música digital e estamos aguardando para ver se o Carnaval deste ano pode ser feito em julho, mas tudo indica que talvez não tenha. Então, vamos fazer uma live no Carnaval e vamos continuar brigando para existir com a música digital, com as apresentações para o mundo inteiro na forma de lives”, resume João Jorge Rodrigues, presidente da instituição.

 

João Jorge Rodrigues - Foto: Reprodução/Twitter @joaojorgeAkan

 

Para atrair o interesse do público e de investidores, o Olodum tem explorado seu acervo, oferecendo conteúdo especial sobre temas, como a história do bloco e do Carnaval, a vivência no Pelourinho, além de suas músicas. “Começamos a fazer disso um motivo de lives de debates e musicais. A do aniversário do Olodum foi um sucesso em vários lugares do mundo, depois a gente passou quase que mensalmente fazendo uma live pra contar a história da nossa música e da nossa cultura. E foi bom porque ela substituiu um pouco os shows presenciais. Assim a gente manteve o Olodum funcionando todos os dias, todos os meses, com coisas novas, com invenções de assuntos diferentes”, revela João Jorge, destacando que “vender música digital” foi essencial para o equilíbrio financeiro. 

 

“A gente tem muitos discos, músicas, muitas coisas, e também tem a questão da marca. Nós tivemos um apoio importante do TikTok para a Escola Olodum, que nos ajudou bastante. A gente foi buscando alternativas aqui e acolá, para que pudéssemos chegar agora em janeiro de 2021 com atualidade”, conta o presidente, segundo o qual, o segredo da organização é “um conjunto de coisas”, desde se adaptar ao meio digital, explorar o vasto acervo - como já citado -, até buscar apoio junto à iniciativa privada e governos, através de políticas públicas como a Lei Aldir Blanc. “Não dá pra ficar reclamando, dizendo ‘não tem apoio’, tem que ir à luta, então estamos indo à luta”, declara o gestor, que aguarda o sinal verde para que o som dos tambores e de seu samba-reggae possa voltar a soar livremente - e com segurança - nas ruas de Salvador e do mundo. 

Bando de Teatro Olodum e blocos afro farão abertura do Novembro Negro nesta sexta
Foto: Divulgação

Com a chegada do Mês da Consciência Negra, nesta sexta-feira (1º), o Teatro Castro Alves (TCA) dá início à sua programação para o "Novembro Negro". O evento, que destaca a luta pelos direitos da população negra por meio de atividades culturais, terá como atração principal a encenação do espetáculo “Tempos Negros: a legítima viagem”, do Bando de Teatro Olodum, às 19h.

 

Mas além deles, o evento também vai contar com as participações especiais da cantora Majur, dos blocos afro Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê, Bankoma, Os Negões, Banda Erê e Banda Didá. Os ingressos para a celebração serão vendidos a preço popular, com o custo de R$ 1 (inteira) e 0,50 (meia-entrada).

 

Ao longo do mês, o Governo do Estado, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e demais órgãos estaduais, realiza e apoia diversas atividades, tendo como ponto alto o 20 de novembro, instituído como Dia Nacional da Consciência Negra. A programação do mês inclui seminários, eventos culturais, rodas de diálogo, campanhas e outras ações.

No mês da Consciência Negra, blocos afro revivem incertezas e o drama da falta de apoio 
Foto: Rosilda Cruz / Secult

Nesta terça-feira (20), Dia da Consciência Negra, um incidente marcou negativamente a data, pondo em evidência as dificuldades pelas quais passam os blocos afro de Salvador, ano após ano. A tradicional Caminhada da Liberdade, organizada pelo Fórum de Entidades Negras da Bahia, foi cancelada por falta de patrocínio (clique aqui e saiba mais). “São 18 anos de Caminhada, mas nós não tínhamos como fazer esse ano sem ter grana suficiente na mão. Tinha estrutura de trio, de lanche, de água, mas não tinha o dinheiro para poder pagar o pessoal. E aí aparece uma discriminação que nós negros tanto combatemos. São mais de 50 músicos, tem o pessoal da corda que protege eles, tem a segurança, e tudo isso é um custo, equivalente a R$ 30 mil, e a gente não conseguiu algumas parcerias com os órgãos públicos, então esse foi o resultado”, disse Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, presidente do Ilê Ayiê e integrante do Fórum.

 

Coincidentemente, também nesta semana, o Diário Oficial do Município estampou atos que tornam sem efeito diversos contratos de patrocínio referentes ao Carnaval de 2018, firmados entre blocos afro e a Empresa Salvador Turismo (Saltur), vinculada à prefeitura de Salvador. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, trata-se apenas de uma adequação às leis federais já que, para fechar o caixa, os projetos com problemas de documentação tiveram que ter seus contratos cancelados. 

 

“Foi feito um cancelamento e foi substituído por outra ação. Não foi feito o cancelamento por falta de documentação, não. O ato administrativo não afetou em nada o que nós tínhamos combinado”, afirma João Jorge, presidente do Olodum, destacando que o principal ponto a ser discutido com relação à cultura no momento é, na verdade, o incidente da última terça. “Dia da Consciência Negra na cidade com a maior população negra do país, o evento não foi realizado por falta de patrocínio privado e público”, critica o dirigente, apontando um futuro nebuloso para os blocos afro. “No Carnaval que vem, no verão que vem, será um drama. Porque há menos recursos da prefeitura, governo do Estado, do Brasil, das empresas, e há a necessidade de se financiar o Carnaval, o verão, isso e aquilo outro. Vai ser muitas vezes mais difícil do que o Carnaval desse ano, e do que o cancelamento de ato administrativo”, destaca.

 


João Jorge destacou ainda o papel do Olodum para promover a Bahia no mundo | Foto: Divulgação

 

Citando a crise do turismo em Salvador, que culminou no fechamento de hotéis tradicionais, João Jorge alerta para o possível colapso de grande parte da atividade econômica na cidade. “Salvador é uma cidade que vive de turismo, da cultura e dos serviços. Se esses setores não entenderem que precisa fazer o recurso circular, nós teremos mais hotéis fechados no verão, mais restaurantes fechados, menos táxis circulando, menos notícias pra dar. O que está havendo, e não é de agora, tem mais de 20 anos, é um modelo em que o recurso circula pouco. O patrocínio vem basicamente de São Paulo e Rio e sempre é direcionado para alguns setores. E os setores mais populares, que não podem aumentar preço, terminam não tendo como se financiar”, avalia o presidente do Olodum, que também tenta sensibilizar os empresários para a importância de apoiar as manifestações culturais. “Não é somente governo do Estado, governo federal e a prefeitura que têm que financiar cultura ou Carnaval, festas, eventos, ou atos históricos”, defende. “O que há com as empresas que estão instaladas na Bahia, em relação a patrocinar eventos, a patrocinar cultura? Uma pergunta: aqui tem bancos? Aqui tem shoppings? Aqui tem empresa de telefone? Aqui tem empresa que vende absorvente, leite em pó, palito de dente, sabonete, shampoos? Quem é que consome esses produtos?”, questiona, lembrando que mesmo diante do horizonte crítico, o Olodum segue suas atividades, promovendo shows e ensaios, além de se prepara para o Carnaval. "Estamos enfrentando dificuldade e ainda assim estamos indo à luta", afirma.

 

Diante da realidade cada vez mais dramática, o presidente do Afoxé Filhos de Gandhy, Gilsonei de Oliveira, no entanto, demonstra impaciência e incredulidade com relação ao apoio das empresas, mas diz estar confiante na parceria com os governos. “Deixa eu te falar, por que eu tenho que dar essa informação pra imprensa, se recebeu ou deixou de receber? Não, a gente resolveu, a gente está resolvido com a prefeitura”, disse ele, sobre o patrocínio referente ao “Do Cais do Porto para o Mundo”, ação que está entre os projetos que tiveram o contrato tornado sem efeito pela Saltur.  “Eu acho que a iniciativa privada está muito voltada pro axé, na questão da visibilidade de Ivete [Sangalo], de Bell [Marques], nos horários que eles saem. Eu nunca vi essa iniciativa privada olhar pela gente. Tirando a cervejaria Schincariol que já é nossa parceira há 17 anos, eu não tenho expectativa mais nenhuma. É a única que ainda tem a sensibilidade com nossa cultura, pra um olhar de apoio”, afirma, sem esconder a preocupação com o futuro do bloco, que vai completar 70 anos em 2019. “Os bancos não estão patrocinando, a gente não sabe como é que vai ficar essa mudança de governo, tem essa crise que já se arrasta há muito tempo, mas a gente está confiando que o governo do estado e a prefeitura venham dar esse suporte, principalmente para os blocos afro, pela necessidade que a gente tem em dar continuidade à nossa existência. Os Filhos de Gandhy, como sendo o pioneiro, têm uma expectativa muito grande de receber ajuda dos dois governos”, reitera.

 


Presidente dos Filhos de Gandhy não acredita que o o setor privado vá dar apoio aos blocos afros e aposta na parceria com a prefeitura de Salvador e o governo da Bahia | Foto: Marcelo Guedes / Ag. Haack / Bahia Notícias

 

Alberto Pitta, presidente do Cortejo Afro, que figura entre os blocos que também tiveram contratos tornados sem efeito pela Saltur, informou que o problema com a prefeitura foi solucionado. “Já foi resolvido, no caso do Cortejo sim, os demais eu não sei. Eu não sei nem porque saiu isso. Eu não tenho problema nenhum. Por isso que eu digo que está resolvido. Não foi cancelado nada. A prefeitura não deve nada ao Cortejo Afro”, afirma o dirigente, que disse estar cansado de falar sobre a falta de patrocínio. “Esse ano eu não quero falar sobre isso. Eu vou deixar pra Vovô continuar falando, e pra João Jorge também. Eu não vou falar sobre o que todo mundo sabe. O que eu vou fazer é o que faço sempre, vou atrás de patrocínio, do dinheiro, buscar viabilizar, como faço há 20 anos, a saída do Cortejo Afro”, diz ele, sugerindo que agora parta dos veículos de comunicação uma crítica contundente. “Não adianta ficar chorando. Eu acho que poderia partir de vocês, da imprensa, a partir de uma análise e de tudo que vocês já têm aí durante anos. Porque todo ano a gente recebe esse telefonema, e eu já disse em reuniões de blocos afro que eu não quero mais falar sobre isso”, diz Pitta. “Se parte um editorial da parte de vocês, talvez seja melhor. Faz uma análise e alguém escreve um artigo sobre. Eu acho que é melhor do que Vovô continuar chorando, se lamentando e se angustiando”, explica.

Carnaval: Afródromo desfilará no domingo, segunda e terça, às 18h30; Confira programação
Foto: Divulgação
A prefeitura divulgou nesta sexta-feira (21) a programação oficial do Afródromo, projeto que concentrará, no circuito Osmar (Campo Grande), o desfile dos blocos afro do Carnaval de Salvador. As apresentações acontecem no domingo (2), segunda (3) e terça-feira (4), sempre às 18h. De acordo com comunicado divulgado pela gestão municipal, os dias e horários foram escolhidos estrategicamente para “dar maior visibilidade à iniciativa, especialmente para o folião-pipoca”. Em 2013, o desfile dos grupos de matriz africana foi reservado ao turno da manhã, período considerado pouco atraente para a Liga dos Blocos Afro da Bahia, entidade que representa os artistas. Entre as principais atrações que integram a grade de 2014, estão Filhos de Gandhy, Muzenza, Ilê Aiyê, Malê Debalê e Cortejo Afro.

Confira a programação completa:

Domingo (2)
Filhos de Gandhy
Comanche - Viola de Doze/Filosofia de Quintal
Muzenza
Comboio Afródromo - Participação Carlinhos Brown com bateria do Apaches do Tororó
 
Segunda (3)
Ilê Aiyê
Muzenza
Malê
Okambi
Comboio Africano
 
Terça (4)
Cortejo Afro
Filhos de Gandhy
Filhas de Ghandy
Ilê Aiyê
Muzenza
Comboio Africano
Pesquisador Nelson Cadena lança livro sobre história do Carnaval da Bahia nesta quinta-feira
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
O pesquisador e jornalista Nelson Varón Cadena lança, nesta quinta-feira (13), no Red River Café (Rio Vermelho), o livro “História do Carnaval da Bahia - 130 Anos do Carnaval de Salvador”. A noite de autógrafos será das 18h30 às 21h. De acordo com Cadena, a obra de 280 páginas remonta as origens do Carnaval da Bahia (fincadas nos séculos XVI e XVII) e percorre os elementos rituais de raízes que mais tarde influenciaram o surgimento de blocos e batucadas; faz uma incursão pelo entrudo de rua e entrudo de salão; registra os primeiros bailes de máscaras e as músicas de época de influência eslava, portuguesa e italiana e conta o papel da mídia como agente repressor do carnaval espontâneo de rua.
 
O autor também sinaliza na obra as proibições do poder público aos grupos de origens afros; destaca o surgimento do carnaval dito “civilizado” inspirado nos carnavais da Europa, a partir de 1884, por decreto e daí por diante o surgimento dos clubes carnavalescos com enredos temáticos e dos afoxés a partir de 1895. O livro lista cerca de 50 clubes carnavalescos apenas no século XIX. Cadena faz uma incursão pela estética e a discografia específica de Carnaval e narra o processo que resultou no Axé Music e no modelo atual do carnaval das estrelas.
Última edição do concerto cênico-musical 'Pérolas Mistas' acontece nesta sexta-feira
Foto: Divulgação
A última apresentação do concerto "Pérolas Mistas", prévia do que acontecerá durante o desfile do Afródromo na avenida, acontece nesta sexta-feira (14), às 20h, no Museu du Ritmo (Comércio). Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). No espetáculo cênico-musical, música de terreiro e percussão são executadas por grande elenco de artistas, como Carlinhos Brown, Lazzo, Quésia Luz e Orquestra de Câmara de Salvador. Com influências que passam por importantes músicas da década de 1970 e por nomes como Mirian Makeba e Tony Osanah, o espetáculo traz no repertório  pontos de candomblé e clássicos da música afro-baiana.
 
O segundo momento do show é marcado pela apresentação da Cacicada. Idealizado por Carlinhos Brown, o grupo de cordas e percussão que tem Aloísio Menezes nos vocais traz o samba de exaltação e o cancioneiro dos blocos de índio e escolas de samba para o palco do Museu.
 
O patrimônio cultural das entidades afros será representado pelas apresentações do Cortejo Afro e do Malê Debalê. Convidado especial da noite, Tatau (Araketu) se apresenta ao lado do Cortejo. A cantora e pesquisadora Inaicyra Falcão também participa da apresentação. As apresentações anteriores contaram com as participações de Ilê Aiyê, Muzenza e Filhos de Gandhy, além dos cantores Ellen Oléria e Toni Garrido.
Prévia do Afródromo, espetáculo cênico-musical Pérolas Mistas acontece nesta sexta-feira
Foto: Reprodução/Facebook
A segunda apresentação do espetáculo cênico-musical Pérolas Mistas acontece nesta sexta-feira (7), às 20h, no Museu du Ritmo. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Com conceito geral de Carlinhos Brown, o espetáculo faz uma viagem pela música afro-baiana ao aliar percussão e grande elenco de artistas. Carlinhos Brown, Lazzo Matumbi, Quésia Luz, Cacicada, Orquestra de Câmara de Salvador, Muzenza e Filhos de Gandhy se apresentam ao lado de Toni Garrido, convidado especial da noite. O roteiro artístico é assinado pro Brown, Elísio Lopes Jr. (também diretor artístico) e pelo maestro Angelo Rafael (que também assina a direção musical ao lado de Gerson Silva). As próximas edições do Pérolas Mistas acontece nos dias 14 e 21 de fevereiro. No último evento, os blocos Cortejo Afro, Filhos de Gandhy, Muzenza e Malê Debalê se reúnem numa grande celebração da música afro-baiana e do patrimônio cultural construído por essas instituições.
Daniela Mercury encerra Réveillon de Salvador com Pôr do Som
Fotos: Maz Haack/ Agecom
Em mais uma edição do projeto Pôr do Som, desta vez na Praça Cayru, no Comércio, a cantora Daniela Mercury encerrou os festejos do Réveillon de Salvador. Com um repertório recheado de sucessos de carnavais passados, a cantora fez uma grande celebração ao samba-reggae, que marcou a sua carreira, e convidou as bandas Didá, Ilê Aiyê e Olodum. Ao lado dos convidados, Daniela apresentou uma das novidades do show, que começou às 18h45: a música "Três Vozes", gravada em parceria com o Olodum e o Ilê. 
Comemorando 15 anos de existência, o evento homenageou também o aniversário dos blocos afro e o ex-presidente sul-africano e prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, morto em dezembro último. O músico Dorival Caymmi foi lembrado pelo seu centenário, comemorado em abril de 2014. 
Após duras críticas, presidente do Olodum ‘vibra’ com propostas para o carnaval
Firme opositor dos rumos que o carnaval vinha tomando nos últimos anos, João Jorge Rodrigues, presidente do Olodum, abandonou o tom pessimista e “vibrou”, nesta quarta-feira (27), durante o anúncio da prefeitura sobre as mudanças no Carnaval de 2014. Segundo o presidente, o até então vazio slogan “É diferente, é carnaval de Salvador” se alinhou ao ano de comemoração dos blocos afro no tempo recorde de dois dias. “Foram 48 horas para propor um tema real”, acusou em entrevista ao Bahia Notícias. “Foi uma decisão inteligente. Salvador foi a primeira a ganhar com as mudanças, depois o folião pipoca, os blocos afro, os compositores e por aí vai. A partir de agora, vários segmentos passam a estar representados”, continuou. No início do ano, durante a folia momesca, o presidente do Olodum criticou de maneira muito firme a proposta e a estreia do circuito destinado exclusivamente ao desfile dos blocos afro. Segundo ele, diferente do que propagavam a prefeitura e Carlinhos Brown, grande incentivador da ideia, o Afródromo viria a enfraquecer e extinguir os poucos blocos ainda existentes, a exemplo do próprio Olodum, do Ilê Aiyê e dos Filhos de Gandhy. Em 2014, os desfiles do Afródromo acontecerão no já tradicional circuito Osmar (Centro) – sem o deslocamento para a região do Comércio, como fora cogitado – durante o horário nobre – as apresentações começarão a partir das 18h do domingo, segunda e terça-feira. “Isso pode significar uma mudança na visibilidade, um apoio maior para esses setores até então pouco contemplados e, ao mesmo tempo, a possibilidade de a cidade se reencontrar consigo mesma. São 40 anos do Ilê Aiyê, 35 do Olodum, 35 do Malê, 34 do Araketu, 32 do Muzenza; uma cidade que tem isso não podia desprezar esse tema como o tema do carnaval”, finalizou.

Carnaval de Salvador ganha mais um circuito, o 'Afródromo'
O Carnaval de Salvador 2013 ganhará um novo circuito, intitulado Afródromo, e localizado no bairro do Comércio – entre o Mercado Modelo e a Feira de São Joaquim, totalizando 2,5 km. Na programação do circuito, atrações que já desfilavam no circuito tradicional, como Ilê Aiyê, Cortejo Afro, Muzenza, Filhos de Gandhy e Malê Debalê, além de entidades de matriz africana e outros convidados, como a Timbalada.
 
A abertura oficial ficará por conta de Carlinhos Brown no domingo de carnaval, com o novo bloco, “Desembarque Fascinante” e o bloco “Universidade Baixa” que levará ao Afródromo atrações de rock. Os desfiles estão previstos para começar a partir das 18h, considerado horário nobre na programação. Segundo o Vovô do Ilê Aiyê, a ideia do novo circuito é dar mais visibilidade aos blocos afros que só conseguiam sair de madrugada, apertados com outros blocos.
 
O anúncio da criação do Afródromo criou uma polêmica, em setembro deste ano, entre produtores culturais e artistas, que viram na medida uma forma de “apartheid”, de segregação dos blocos afros. 

Curtas do Poder

Ilustração de uma cobra verde vestindo um elegante terno azul, gravata escura e língua para fora
Descobri que a Ceasa tem dono e que ninguém toma. Mas algo que ainda me surpreende é pesquisa. Imagina perder tanta noite de sono pra não crescer nem mais do que a margem de erro? Mas nem por isso o Ferragamo tem o que comemorar. O que perdeu de cabelo, ganhou de pança. Mas na política tudo que vai, volta. Que o digam os nem-nem de Serrinha: nem amigos, nem inimigos. Saiba mais!
Marca Metropoles

Pérolas do Dia

Luciano Simões

Luciano Simões
Foto: Gabriel Lopes / Bahia Notícias

"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".

 

Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis. 

Podcast

Projeto Prisma entrevista deputado estadual Luciano Simões Filho nesta segunda-feira

Projeto Prisma entrevista deputado estadual Luciano Simões Filho nesta segunda-feira
O deputado estadual Luciano Simões Filho (União) é o entrevistado do Projeto Prisma nesta segunda-feira (15). O podcast é transmitido ao vivo a partir das 16h no YouTube do Bahia Notícias.

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