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O desfecho da possível federação entre o Progressistas, o Republicanos e o União Brasil deve ter uma condicionante para ocorrer. A resolução do processo partidário pode sofrer influência da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, ajustada para o início de 2025.
Lideranças partidárias na Bahia indicaram ao BN que a federação deve avançar mediante "caminhar" do debate sobre a reeleição na Câmara dos Deputados. O movimento vive de forma colateral à disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP), que teria como um dos trunfos na disputa, justamente, a federação das legendas. A articulação multipartidária faria parte das tratativas de Lira para conseguir eleger um nome ligado ao seu grupo: Elmar Nascimento (União).
Apesar de fazer parte de um “projeto maior”, a federação já tem tirado o sono de algumas lideranças municipais, que vão às urnas, neste ano. Um dos exemplos claros é Salvador, onde as três legendas possuem 15 vereadores, dificultando a reeleição da totalidade de edis. Informações de bastidores apontam que o próprio prefeito da capital, Bruno Reis (União) estaria tentando "contornar" o momento desta federação, ressaltando a importância de que ocorra somente após o pleito.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União) indicou recentemente que as conversas estariam “bem avançadas” e a federação “praticamente certa” para acontecer. A dúvida que paira é em relação a quando o movimento será concretizado. “Se ela ocorrer depois das eleições, cada partido poderá lançar 44 candidatos. Eles estão mais ou menos formados, falta só um fortalecimento final de cada um deles e eu vou me dedicar para cuidar disso pessoalmente em março”, garantiu.
Ao BN, algumas lideranças do PP no estado indicaram que as negociações ainda são iniciais, podendo não ocorrer em 2024. "É a vontade dele. Ele pode até falar pelo União. Pelo Progressistas falamos nós", indicou uma liderança do PP no estado ao Bahia Notícias. O entendimento da legenda é de tentar "segurar" o movimento, em razão dos interesses no estado. "Conversa fiada. É mais um desejo do União do que do Progressistas. Para acontecer os dois precisam querer", completou outra liderança do partido.
VISITA À BAHIA
Um café da manhã com o governador Jerônimo Rodrigues, no Palácio de Ondina, foi um dos eventos que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) teve, quando veio a Salvador, durante o carnaval. O encontro escancarou a disputa entre Elmar Nascimento (União), nome de Lira para a disputa, com o também baiano Antônio Brito, líder do PSD na Câmara, também presente no café.
O governador Jerônimo Rodrigues fez um balanço das ações do Executivo Estadual no Carnaval de Salvador e comentou o “inusitado” encontro. Na visão de Jerônimo, o fato de Lira e os pré-candidatos à presidência da Câmara Baixa do Congresso Nacional terem dividido a mesma mesa só reforça o clima de “civilidade” em que o evento ocorreu.
A partir de 2025, trinta anos após o último baiano assumir a presidência da Câmara dos Deputados, podemos ver o cenário se repetindo. O possível embate entre Elmar Nascimento (União) e Antônio Brito (PSD) vem tomando corpo, e Brito teria um "trunfo" para a disputa.
A avaliação feita por políticos próximos a Brito ao Bahia Notícias é que o político conta com uma "ingerência" do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, frente ao atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Tradicional apoiador das candidaturas de Lira, o PSD poderia ajustar o revezamento no apoio com a candidatura do baiano ao posto com o endosso de Lira.
Mesmo com a possibilidade de ser um nome na disputa pela prefeitura de Salvador (veja mais), integrantes do PSD esperam que haja um enfraquecimento do grupo de Lira nos próximos anos, o que favoreceria Brito. Aliado de primeira hora do atual presidente da Câmara também sofreria o impacto. Segundo o colunista Guilherme Amado, existiriam dois motivos: o fim do orçamento secreto e as investigações da Polícia Federal (PF) que miram o entorno do presidente da Câmara.
Principal aliado de Lira, sendo "fiador" de acordos na Câmara, Elmar também tem reforçado o arco de apoios. Elmar representaria uma "continuidade" de Lira na condução da Câmara, onde um parlamentar com o mesmo perfil permaneceria no comando. A ideia de Elmar na presidência seria também um pedido de boa parte dos integrantes do novo "blocão" criado por Lira (veja mais aqui). Outro fator seria a manutenção de um nome que não seria "subordinado ao governo".
Além disso, existe uma desconfiança da confirmação do nome de Elmar por Lira (veja mais). O nome de Elmar enfrenta resistência da bancada evangélica, liderada pelo Republicanos, e também de cúpulas do PT, partido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Aliado de Nascimento, o deputado Arthur Maia (União) apontou "favoritismo" do correligionário na disputa (veja aqui).
BAIANOS NA PRESIDÊNCIA
A história da Câmara dos Deputados também passa pela gestão dos baianos. Ao todo, desde a fundação da República, a Bahia teve três representantes no mais alto posto da Casa. Após a redemocratização, em 1988, o único foi o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, que assumiu a cadeira entre os anos de 1995 e 1997. O ex-presidente faleceu em 1998.
Já antes de 1988, outros dois ocuparam a presidência. O baiano Paulo Guimarães, que era médico, ao ser proclamada a República, foi eleito deputado ao Congresso Nacional Constituinte de 1890-1891, sendo presidente de 1903 a 1906. O parlamentar exerceu seu mandato até o fim da 1ª Legislatura e sendo seguidamente reeleito à 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª Legislaturas. Faleceu em 1909.
O segundo baiano foi o também médico Arthur Rios, presidente da Casa entre 1896 e 1898. Foi eleito para o Congresso Nacional Constituinte de 1890-1891 e exerceu seu mandato até o fim da 1ª Legislatura. Reeleito para a 2ª e 3ª Legislaturas, foi presidente da Câmara dos Deputados nesta última. Solicitou renúncia do cargo de presidente da Câmara dos Deputados a 29 de maio de 1897, a qual foi concedida pelo plenário da Casa; mas, logo depois, a 03 de junho do mesmo ano, foi eleito novamente seu presidente.
Tomou posse no Senado Federal em 1898 na vaga aberta pela renúncia do senador Severino Vieira. Foi reeleito senador em 1903 para um mandato de nove anos, que não chegou a completar, pois faleceu em 1906.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.