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intervencao militar
Apesar de admitir que a segurança pública na Bahia possui um "quadro muito desafiador”, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, descartou a possibilidade de uma intervenção federal na Bahia para conter a escalada de violência no estado. A declaração foi dada neste domingo (24), após a cerimônia que concedeu a medalha da Ordem do Mérito, no grau de Grã-Cruz, ao Padre Júlio Lancellotti, em São Paulo.
Dino afirmou que esse tipo de intervenção só deve ser feita quando há falta de atuação do governo do Estado. “Não se cogita por uma razão: o governo do estado está agindo. A intervenção federal só é possível quando de modo claro, inequívoco, o aparato estadual não está fazendo nada”, disse.
Segundo o ministro, o governo federal segue em diálogo com o governo estadual para tentar estabilizar a situação no estado. “Nós temos conversado com o governador [Jerônimo Rodrigues], com o secretário de segurança [Marcelo Werner], para que haja um aperfeiçoamento, um aprimoramento dessas ações. Infelizmente as organizações criminosas se fortaleceram muito nos últimos anos, aumentaram o acesso às armas em todo o Brasil, por conta de uma política errada que havia no nosso país”, declarou Flávio Dino.
O ministro falou ainda que as organizações criminosas se fortaleceram na Bahia nos últimos anos, e que houve também o aumento do acesso a armas - o que justifica o acordo assinado, em agosto, pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e a Polícia Federal, criando a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), dos governos estadual e federal.
VIOLÊNCIA
Após a morte de um policial federal no dia 15 de setembro, foi deflagrada na Bahia uma operação policial que já contabiliza ao menos 14 mortes em situações apresentadas como confronto. O policial participava da Operação Fauda, conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) da Polícia Federal (PF) e da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) contra uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e armas, homicídios e roubos.
Em agosto, a líder quilombola e ialorixá Mãe Bernadete, de 72 anos de idade, foi assassinada, no Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Além da investigação pelas autoridades locais, a Polícia Federal também abriu um inquérito sobre o caso. Três homens foram presos por suspeita de participação no crime.
Flávio Dino disse que no momento o governo federal está apoiando as ações que ajudem a solucionar os casos de homicídio, como forma de tentar conter a violência no estado. “O mais importante neste instante, sem dúvida, não é propriamente a realização de julgamentos, são boas investigações, boas ações, para que a gente consiga ter uma situação estável pelo menos na Bahia. Hoje, sem dúvida é um dos maiores desafios da segurança pública no Brasil”, ressaltou o ministro da Justiça.
O deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) comentou nesta terça-feira (19), a declaração do prefeito Bruno Reis (União), que saiu em defesa da intervenção militar como medida para frear a escalada da violência no Estado.
Durante entrevista ao Bahia Notícias, o petista disse que respeita a opinião de Bruno Reis, mas que discorda. Rosemberg ainda destacou o papel da polícia no combate à criminalidade quando comentou que o secretário de Segurança Pública (SSP), Marcelo Werner, vai estar na AL-BA nesta quarta-feira (20) para prestar esclarecimentos aos deputados sobre a atuação da polícia no estado da Bahia.
“Respeito as opiniões, mas discordo da opinião dele. Acho que a Polícia Militar e a Polícia Civil têm cumprido um papel extremamente relevante no combate à criminalidade. Houve uma situação mais acentuada que hoje já está sob controle”, destacou o deputado.
O parlamentar ainda disse que não vê necessidade de intervenção nesse momento, já que, na opinião dele, o histórico delas não foram positivos, citando como exemplo o Rio de Janeiro.
“Não vejo nenhuma necessidade nesse momento de intervenção. Até porque as intervenções que aconteceram, o histórico delas não foram históricos positivos. Vejamos o exemplo do Rio de Janeiro que aconteceu, que realmente ao invés de resolver a situação criou um pânico e criou uma situação de aumento da violência naquele momento e só foi resolvido depois do término da intervenção no Rio de Janeiro. Aqui na Bahia nós estamos trabalhando, se criou uma ampliação de policiais, se criou um centro de tecnologia dos mais avançados da América Latina, uma rearrumação das estruturas policiais no estado da Bahia como um todo”, pontuou Rosemberg.
Durante a conversa, o petista também lamentou o crescimento das organizações criminosas nos últimos anos, tanto na Bahia quanto em outros estados.
"Hoje nós estamos vivendo um processo de reorganização das organizações criminosas nacionalmente. É lamentável que nos últimos anos as organizações criminosas se estabeleceram com o nível de organização como se empresas fossem de caráter nacional, construindo organizações subsidiárias nos estados, ou seja, por falta de uma política nacional de segurança pública. Então, esse quadro que está posto aqui, ou em outro estado, é que levou a esse descontrole. Essa situação, na minha opinião, pontual, a Polícia Militar e a Polícia Civil já têm resolvido, têm trabalhado nesse sentido”, destacou o deputado.
Durante a inauguração do Terminal de Eletrocarga do BRT da Estação Rodoviária, na manhã desta segunda-feira (18), o prefeito Bruno Reis (União) defendeu a intervenção militar como medida para frear a escalada da violência no Estado. O chefe do Executivo Municipal também disse esperar que o governo restabeleça a segurança no bairro de Valéria que, na última sexta-feira (15), foi palco da Operação Fauda, que resultou na morte do policial federal Lucas Caribé Monteiro e deixou outros dois agentes feridos.
“A gente espera que o governo do Estado possa restabelecer a segurança pública e possa garantir o pleno funcionamento dos serviços do transporte como, também, outros serviços que, infelizmente, a prefeitura está com dificuldade em prestar por conta desse momento de briga entre as facções”, cobrou Bruno Reis. As escolas de Valéria e adjacências não abriram hoje, deixando mais de dois mil alunos sem aulas. O transporte público também está reduzido e os ônibus só estão circulando até a Prefeitura-Bairro.
Durante coletiva à imprensa, o prefeito também revelou qual seria a sua estratégia para conter a violência, se fosse governador da Bahia. “Eu pediria o apoio do Exército. Sob a minha liderança, o meu comando, em toda comunidade que eu conseguisse acabar com a guerra das facções, eu deixaria o Exército lá atuando para garantir a tranquilidade e avançar em outras [comunidades]. Buscar apoio, pedir reforço do Exército e da Polícia Federal, não acho que isso seja nenhum ato de fraqueza ou de falta de atitude e postura, eu não vejo nada demais nisso”, frisou.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.