Artigos
Quarto dos Fundos
Multimídia
“É uma estratégia do PT”, afirma Luciano Simões sobre a ‘pulverização’ de candidaturas em Salvador
Entrevistas
"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador
intolerancia
O ex-procurador-geral da República, Augusto Aras, compartilhou um vídeo nas redes sociais apresentando um balanço das suas ações à frente da Procuradoria-geral da República (PGR) durante os últimos quatro anos.
Na gravação, o ex-procurador baiano destacou o combate à intolerância e ódio no país, que se intensificou nos últimos anos, como uma das ações prioritárias da sua gestão.
“Na gestão do PGR Aras, o MPF agiu preventivamente contra movimentos de intolerância e ódio no Brasil, tudo discretamente em respeito ao devido processo legal e sem escândalos. Mas, alguns segmentos da imprensa não quiseram divulgar isso”, escreveu em seu perfil no X, antigo Twitter. Confira:
Na gestão do PGR Aras, o MPF agiu preventivamente contra movimentos de intolerância e ódio no Brasil, tudo discretamente em respeito ao devido processo legal e sem escândalos. Mas, alguns segmentos da imprensa não quiseram divulgar isso. pic.twitter.com/o0UMrb8UfK
— Augusto Aras (@AugustoAras) October 27, 2023
No vídeo, Aras explica as formas que atuou para enfrentar os crimes de intolerância e ódio no Brasil, além de compartilhar o discurso do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em que foi citado como um dos responsáveis pela retomada da democracia no país.
“Em 2021, nós detectamos que havia um movimento em todo o Brasil para levar uma certa inquietação. Distribuimos em todo o Brasil, especialmente colegas do Ministério Público Militar e da União, e esta Procuradoria da República agiu firmemente junto ao Supremo Tribunal Federal para prender algumas lideranças que pregavam movimentos de intolerância e conseguimos manter sob controle”, diz um dos recortes da gravação.
Augusto Aras assumiu a vaga na PGR pela primeira vez em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por indicação do então chefe do executivo. Em 2021, ele foi reconduzido ao cargo por Bolsonaro.
Funcionários da Secretaria de Serviços Públicos de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, se recusaram a fazer a manutenção de um córrego que passa nas proximidades do Terreiro Oyá Matamba para não terem que entrar no centro religioso, localizado no bairro de Portão. A denúncia foi feita pela ialorixá Tiffany Odara, líder religiosa da casa.
De acordo com ela, após sucessivas solicitações, os servidores foram mobilizados até a localidade, mas ao verem que se tratava de um centro de religião de matriz africana, não prestaram o serviço requisitado. O corrégo em questão é um trecho do Rio Joanes e sempre causa enchentes e prejuízos para os moradores.
A situação causou uma repercussão e o apoio de movimentos sociais ao terreiro. Em nota, o Movimento Negro Unificado (MNU) disse se solidarizar com a líder religiosa em relação ao que categorizaram como um ataque de racismo, intolerância religiosa e transfobia - direcionada à ialorixá, que é uma mulher trans.
Outras entidades como a Rede de Mulheres Negras e o Centro de Estudos em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidade da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) também se manifestaram publicamente sobre o caso.
"A líder religiosa foi vítima de racismo e intolerância religiosa praticado por agente da Secretaria de Serviços Públicos (Sesp), órgão da prefeitura de Lauro de Freitas, que se recusou a cumprir suas funções públicas de fiscalizar problemas causados por um córrego que passa pelo Terreiro, trazendo danos recorrentes aos moradores, por se tratar de espaço onde fica o terreiro de Candomblé", disse o texto publicado pelo Centro de Estudos em Gênero da UNEB, que exige da prefeitura uma retratação.
Ao Bahia Notícias, a assessoria da prefeitura de Lauro de Freitas afirmou ter tratado com "responsabilidade e rigor que o tema requer, com o acompanhamento da Superintendência de Promoção da Igualdade Racial e Ações Afirmativas". "A prefeitura repudia todo ato de intolerância religiosa e a orientação para seus servidores é de respeito a toda diversidade e às religiões de matriz africana", acrescentou.
Sobre o problema do córrego, a gestão municipal disse que já tem um projeto pronto para a realização de uma obra que irá solucionar os alagamentos e "está contratando recursos junto ao FINISA, programa de financiamento exclusivo para saneamento da Caixa, para a realização dessa obra".
A organização brasileira da Logos Hope, a maior livraria flutuante do mundo, negou, neste sábado (26), que compactue com a nota da proprietária da embarcação, a OM Ships International, que classificou Salvador como “cidade conhecida pela crença em demônios” (lembre aqui).
A equipe do navio que chegou a capital baiana declarou lamentar “a nota emitida na Alemanha em nome da organização, como sendo a visão do navio Logos Hope e da OM no Brasil”. “Lamentamos profundamente o ocorrido e reiteramos nossos valores, sobretudo o respeito e a tolerância”, diz nota da Logos Hope no Brasil. A OM Ships International é uma entidade cristã com viés missionário. No Facebook, o perfil da OM Internacional pediu orações pelo navio ao desembarcar em Salvador.
A organização brasileira salientou que a postagem não foi oficialmente sancionada pela OM no Brasil. “Tão pouco pelo Logos Hope e não reflete, de nenhuma maneira, nossos princípios e valores que são a educação, a liberdade religiosa, o respeito, a tolerância e o amor ao próximo”, diz a empresa.
A retratação vem um dia após o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) anunciar que investigará a A OM Ships International, responsável pelo evento, por discriminação religiosa após as declarações (veja aqui). O Bahia Notícias procurou a OM Brasileira, mas não obteve resposta.
A ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, que faleceu na última quinta-feira (27), foi alvo de intolerância nas redes sociais. Em uma postagem publicada pelo G1 em seu perfil oficial no Instagram, alguns seguidores utilizaram-se de palavras ofensivas e homofóbicas em referência a líder religiosa. A notícia em questão, publicada no sábado (29), tratava-se sobre o cortejo realizado nas ruas de Salvador, o qual levava o corpo de Mãe Stella até o cemitério Jardim da Saudade.
Um dos perfis, identificado como pastor evangélico, escreveu diversos comentários em tom de deboche e associou a ialorixá ao satanás: “Satanás é descarado mesmo”, “como sempre macumbeiro sendo macumbeiros”, “como sempre, vocês pereceram por falta de conhecimento. Deus tem misericórdia das suas pobres almas, porém essa daí está angustia (sic) com os donos dela, são muitos demônios”, “nobres comedores e bebedores de sangue de galinha”.
Já outro perfil escreveu um comentário homofóbico, pelo fato de Mãe Stella ter mantido um relacionamento com outra mulher: “Agora estou entendendo o aumento considerável do número de homossexuais, acho que tem a ver com a troca dos orixás na feitura do santo… Coloca uma entidade feminina na cabeça do homem e uma masculina na cabeça da mulher. Ele passa a se ‘sentir’ mulher e ela passa a se ‘sentir' homem".
Os comentários preconceituosos foram duramente criticados. Além destes perfis no Instagram, outros perfis no Facebook também escreveram mensagens intolerantes, mas a publicação do portal de notícias por lá já tinha sido removida no momento da realização desta nota.
Veja os comentários:
Foto: Reprodução / Instagram
Foto: Reprodução / Instagram
Foto: Reprodução / Instagram
O apelido de Marcos Valadão, o Nasi do IRA!, trouxe problemas para o cantor nos idos dos anos 1970. À época, a alcunha era escrita com a letra “z”, e, por isso, confundida com o movimento nazista, embora nada tivesse a ver com ele. Na verdade os amigos o denominaram assim em referência ao nariz do artista. Em entrevista ao Bahia Notícias ele contou como lidou com a questão e criticou o extremismo presente no país, tanto no passado, como atualmente. “No início do sucesso do IRA! eu tive problemas, tanto com a extrema esquerda, como com a extrema direita. Skinheads me perseguindo, tentando me assediar, e também pessoas que entendiam isso [o nome Nazi] de forma errada. Hoje quando surge esse assunto, eu trato com um tremendo bom humor, dizendo o seguinte: ‘olha, seu eu sou nazista, eu devo ser um tipo interessante de nazista. Um nazista que é filiado a um partido de esquerda [Nasi é filiado ao Partido Comunista do Brasil - PCdoB], que é filho de orixá e canta blues. Então o nazismo deve ter mudado muito né’ (risos)”, contou o músico, destacando que atualmente tais comportamentos de manada ganharam gigantes proporções, por meio da tecnologia. “Sabe o que é isso? Infelizmente hoje as redes sociais são plataformas para qualquer imbecil falar qualquer idiotice”, afirmou, referindo-se ao fato de hoje alguns grupos classificarem o nazismo como um movimento de esquerda. “O que eu acho que algumas pessoas estão querendo dizer é sobre o extremismo, porque às vezes alguns extremos levam a isso, e historicamente, como aluno de história, a gente não pode esquecer que o Hitler usou de um partido trabalhista quando começou, nas cervejarias de Munique. Uma coisa não tem nada a ver com outra, mas a gente vive um caldeirão de ódio tão grande em nossa sociedade”, explicou o músico, que cursou História na graduação.
Nasi citou como exemplo do que considera extremismo o comportamento de setores da sociedade, após a morte da ativista e vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco. “O brutal assassinato dela foi palanque para alguns imbecis até culparem ela mesmo pelo assassinato. Então, se a humanidade chega nesse ponto... Se as redes sociais, que deveriam servir para informar, para abrir o debate, para clarear a mente das pessoas, diminuir as intolerância, viraram palanque para intolerante”, avalia o cantor, criticando um ator político que ganhou destaque no país por suas declarações polêmicas, a negação dos direitos humanos e um enorme engajamento na internet. “Quando você imaginaria que um fenômeno bizarro, como o Bolsonaro, poderia tomar tanta dimensão no país? Porque, infelizmente, a humanidade é um projeto que não deu certo. Por isso as pessoas de bem têm que se posicionar. Porque geralmente as pessoas que estão do lado negro da força estão com as armas em riste, e isso é um retrato”, disparou o cantor, para quem as “pessoas de bem” e que pregam a tolerância religiosa devem se manifestar para conter os discursos extremistas. “A gente vê o que está acontecendo, eu sei que ai no Nordeste e no Rio de Janeiro vários sacerdotes estão sendo assassinados, ou estão sendo aviltados... Isso é uma coisa terrível que faz parte de todo esse movimento facistóide que está inserido fortemente em redes sociais. Você pode ver inclusive como o Bolsonaro é bem assessorado em termos de redes sociais. Isso é um perigo muito grande. O Brasil vive um momento muito delicado, e, repito, as pessoas de bem têm que estar muito atentas e participativas”, reforça o cantor, que diante desta realidade, afirma que é possível fazer um paralelo entre a ditadura militar de 1964 e o atual momento no Brasil.
“Vou citar um somente na minha área. Quando nós começamos nossa carreira, por volta de 1974, qualquer composição inédita você precisava passar pelo crivo da censura federal, ou seja, botar sua música dentro da Polícia Federal, e ela tinha que ser aprovada para você poder executá-la em qualquer barzinho da vida. Não só o IRA! teve música censurada, mas o Camisa de Vênus teve, Voluntários da Paz, que era uma outra banda que eu tinha, enfim. E hoje a gente vive nessa perseguição artística muito grande. A gente vê aí exposições”, comparou o músico, afirmando que embora a censura e a ditadura não estejam implantadas de forma oficial, elas existem. “Primeiro, há um movimento muito grande de cunho social, ou mesmo de intolerância muito grande, que acaba levando uma universidade ou um museu a abandonar um determinado projeto, exposição ou manifestação artística. Então eu vejo um paralelo muito grande. Pode não parecer institucional, mas o efeito está muito próximo de ser o mesmo”, analisa o artista, que desembarca em Salvador nesta sexta-feira (23), com o show IRA! Folk, em cartaz na Sala Principal do Teatro Castro Alves.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.