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kleiton ferreira
Além de juiz federal, o alagoano Kleiton Ferreira, que já atuou como advogado por uma década, também é escritor. Seu primeiro romance, “Espada da Justiça”, publicado pela editora Labrador, será lançado na Bienal do Livro da Bahia, que acontece em Salvador, no Centro de Convenções, no dia 27 de abril, às 14h.
A obra começou a ser escrita há quase 10 anos, quando Ferreira era juiz em Macaé. Natural de Arapiraca, em Alagoas, Kleiton Ferreira já morou no Rio de Janeiro, Paraíba e Sergipe. Hoje reside entre territórios: migrando entre sua terra natal e Propriá (SE), separadas por 70 km.
Ao apresentar um experiente juiz em crise de meia idade, afetado por problemas familiares — a história envolve o sofrimento de um pai ao ver a filha em um relacionamento abusivo — e relações acerca dos demais servidores, além de claro, as trivialidades do ofício, Kleiton discorre, de maneira sucinta e eficiente, sobre as pessoas que integram o sistema judiciário e as histórias testemunhadas nesse ambiente.
Recorrer à justiça é um direito de todo e qualquer cidadão brasileiro, e como o livro aborda, medicamentos de alto custo são solicitados por via judicial quando as esferas administrativas não são capazes de atender. Um dos casos que inspiraram Kleiton Ferreira foi o do “remédio mais caro do mundo”, o Zolgensma, que hoje custa R$6 milhões, mas já chegou a custar R$12 milhões. Também estão presentes apelos à previdência social por pensões e aposentadorias.
Foto: Divulgação
O protagonista do livro é Abraão, que tem 25 anos de magistratura como juiz federal e é bem quisto pelos servidores no trabalho, além de reconhecido como um profissional justo e compreensivo. Mesmo com a vida estável, esse homem começa a questionar sua condição de pai, marido e profissional quando Samanta, a filha adulta volta para casa tentando fugir do comportamento violento do marido. A paternidade de Abraão é um dos temas centrais nessa ficção jurídica. Com remorso pelas falhas e ausência ao longo da vida da filha, Abraão se culpa pelos maus tratos que ela sofreu.
A leitura de “Espada da Justiça” conduz o leitor sob a locução da deusa Dice, filha Zeus e Têmis, personificação da justiça e responsável pela punição aos maus juízes. Kleiton desenha entre algumas linhas os termos, hierarquias e ordens desenrolando o ‘juridiquês’.
“O livro passou por modificações severas no que diz respeito ao estilo de escrita. Antes era algo mais carregado de jargões, apesar da tentativa de evitá-los. Depois percebi que o tema jurídico poderia ser abordado de forma mais acessível. Mudei tudo, e como venho sempre aprimorando a escrita para torná-la mais leve e fácil, assim fiz. Hoje minha preocupação hoje é simplicidade”, conta.
Atualmente, Kleiton Ferreira trabalha de forma paralela em outros projetos. O escritor destaca uma ficção sobre um jovem que começa a escrever um diário e durante o processo é cooptado por uma célula nazista, além de uma antologia de contos, um romance histórico e uma comédia young adult. Também atua como narrador de audiolivros.
Um jeito assertivo, acessível, divertido e simples, e com uma linguagem de fácil entendimento. Assim o juiz federal Kleiton Ferreira, ligado ao Tribunal Regional Federal da Paraíba, conquistou as redes e acumula alguns milhares de seguidores com os vídeos das suas audiências na Corte.
Diante da postura adotada na magistratura, seguidores pediram para que ele comentasse o caso da juíza catarinense Kismara Brustolin, que aos gritos exigiu de uma testemunha chamá-la de excelência. A Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN) proíbe que magistrados comentem casos em julgamento. No entanto, Ferreira se pronunciou, sem avaliar o caso em questão, e disse que atitudes como essas o fizeram optar pela carreira de juiz e deixar a advocacia.
Viral na rede, juiz comenta caso da magistrada que gritou com testemunha: “Felizmente hoje tem transparência”
— BN Justiça (@bnjustica) November 30, 2023
Veja ?? pic.twitter.com/kyUl5MKmAu
“A única coisa que posso dizer é que na minha época, como advogado, quando acontecia isso eu voltava para o carro com vontade de chorar e ia para casa, não tinha para quem falar. tinha vergonha de falar em casa para mãe, para o pai. Felizmente, hoje, a gente tem uma transparência, a possibilidade de se chegar ao conhecimento da sociedade e isso é bom, isso dá um pitada de esperança. Além do que, você que está insatisfeito, pode fazer como eu, estude para passar na magistratura, para fazer sua parte, mudar, como eu fiz. Porque foi um dos motivos de eu ter saído da advocacia”, falou nos stories do Instagram.
Em contraponto à conduta da juíza Brustolin, nos vídeos partilhados nas suas contas do Instagram e Tik Tok, Ferreira, que é natural de Arapiraca (AL), mostra a rotina dos julgamentos ao lidar com pessoas sem se utilizar do “juridiquês”. O jeito descontraído e popular adotado pelo juiz federal ganhou “fãs”, principalmente concurseiros e estudantes de direito. No Instagram ele soma 265 mil seguidores e no Tik Tok são quase 109 mil.
“Sei que muitos de vocês sonham em ser juízes e juízas, e eu só tenho a dizer que não desistam. Se alimentem da motivação para além dos benefícios que eventualmente possam obter. Bebam da ideia de que milhões de brasileiros e brasileiras são detentores de direito fundamentais, e que a Justiça é a última trincheira para proteção dessas pessoas. Façam disso um motor para estudar, e depois que passarem, façam disso o propósito de vida, o sacerdócio. Se eu ainda estiver aqui ou lá, vou cobrar”, escreveu em uma das suas publicações.
Antes de vestir a toga, foi entregador e montador de móveis, carteiro, estagiário e advogado. Atualmente partilha a magistratura com a paixão pela literatura, já que também é escritor.
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