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O Memorial Maria Odília, que homenageia a história da baiana e primeira médica negra do Brasil, segue aberto para visitação pública e gratuita, de terça à sexta-feira, das 10 às 17h, por meio de agendamento online obrigatório; já os agendamentos de grupos devem ser feitos por e-mail, indicando nome da instituição/escola, data, horário e número de pessoas interessadas.
A vice-prefeita de Salvador e secretária municipal de Saúde, Ana Paula Matos, ressalta a relevância do Memorial e reforça o convite para que estudantes e demais moradores da capital baiana visitem e conheçam o legado de Maria Odília. “A ESPS é um orgulho de Salvador, reunindo o que há de mais moderno para promoção da educação em saúde, e além disso, conta com o Memorial Maria Odília, para que de uma forma interativa, lúdica e muito especial, todos possam conhecer a história incrível e o legado incomensurável dessa grande mulher que nos enche de orgulho”, convida.
MEMORIAL
A exposição interativa, com curadoria de Mariana Jaspe, revela, por meio de vídeos, fotos, arte e documentos históricos, a trajetória percorrida por Maria Odília, enaltecendo seu pioneirismo que inspirou e inspira tantas outras mulheres até os dias atuais. Nascida em 1884 em São Félix, no Recôncavo Baiano, Maria Odília é a mais antiga médica negra que se tem registro historiográfico no Brasil. Com 13 anos, mudou-se de Cachoeira para Salvador, onde se matriculou no Ginásio da Bahia, formando-se bacharela em ciências e letras; com os estudos também passou a dominar o francês, grego e latim. Em 1904, seguindo os passos do pai e de um dos irmãos, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a única mulher entre os 48 alunos da turma.
A Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), onde está inserido o Memorial Maria Odília, fica na Rua Miguel Calmon, nº 75, Comércio. O equipamento vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foi inaugurado pela Prefeitura de Salvador em 15 de dezembro de 2023, 114 anos após Maria Odília formar-se no curso de Medicina.
Popularizar a história do “Dois de Julho” e transformar a região do Centro Antigo de Salvador em ponto turístico são os principais objetivos citados pelo presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, ao falar da criação do memorial e documentário sobre a Independência da Bahia.
“A ideia é fazer com que a população conheça melhor a história do ‘Dois de Julho’ e também transformar essa região em um ponto turístico. A Lapinha e Soledade são bairros maravilhosos, toda essa área precisa ser reativada. A cidade precisa vir mais aqui”, destacou.
Em relação aos projetos, Guerreiro explicou que o documentário é sobre a perspectiva popular em torno da data. “Vão ser entrevistadas pessoas que participam do desfile, os quebra ferro que são os que puxam o carro, os fiéis, as pessoas que são apaixonadas pelo caboclo. É todo um trabalho para mostrar que essa festa é a mais popular da cidade”, afirmou.
Ainda de acordo com ele, o projeto do memorial foi concluído, entretanto, está com a questão do orçamento pendente.
A Revolta dos Búzios, cujos 220 anos foram celebrados como tema do Carnaval do governo do Estado este ano, seguirá sendo lembrada ao longo de 2018. Zulu Araújo, diretor geral da Fundação Pedro Calmon (FPC), revelou ao Bahia Notícias que a instituição na qual atua, junto com outras dez entidades culturais e educacionais como Ufba, Uneb e a Secretaria de Cultura, formam uma comissão que organiza uma série de eventos e ações para celebrar o movimento protagonizado pelos baianos entre 1798 e 1799, também conhecido como Conjuração Baiana e Revolta dos Alfaiates. “Primeiro, a gente vai relançar atualizado o dossiê sobre a morte deles quatro [os soldados Luiz Gonzaga e Lucas Dantas e os alfaiates João de Deus e Manoel Faustino, mártires da Revolta dos Búzios]. São dois dossiês absolutamente precisos sobre as atrocidades que foram cometidas”, contou Zulu, lembrando que os heróis foram punidos com a morte, não só pela revolta, mas pelos ideais que pregavam. “Igualdade, liberdade e fraternidade não eram ideais de negros apenas, tanto é que o símbolo da bandeira deles era ‘Apareça, não se esconda’. Ou seja, eles defendiam salários iguais, defendiam a abolição da escravatura, e defendiam a independência do Brasil de Portugal”, contextualizou, lembrando que o lançamento dos dossiês deixará explicita a “crueldade do sistema colonial brasileiro”, já que a punição exemplar incluiu enforcamento, esquartejamento, exposição dos corpos em praça pública durante uma semana, além de amaldiçoar os descendentes dos mártires, até sua terceira geração.
Os heróis da Revolta dos Búzios foram enforcados, esquartejados e expostos em praça pública | Foto: Divulgação
Zulu conta ainda que em agosto haverá uma grande performance na Praça da Piedade, remontando as lutas e seus cenários. “As ruas de nosso Centro Histórico funcionavam como um corredor da morte. Você julgava e prendia na Casa de Câmara e Cadeia, que é a Câmara Municipal; passava pela rua Chile hoje, mas que chamava a rua do Tira Chapéu; entrava na rua do Cabeça, que tinha esse nome porque ali as pessoas iam perder a cabeça, ser degoladas; passavam a noite no Largo dos Aflitos, que era o local onde eles espiavam suas culpas antes de no outro dia de manhã ir para a Praça da Piedade. E passava por onde na Praça da Piedade? Pela rua da Forca, aqueles que iam ser enforcados”, lembra o diretor da Fundação Pedro Calmon, destacando como motivo das ações o “apagamento histórico” de tais acontecimentos. “A colônia portuguesa e a elite baiana fizeram questão de apagar isso da história baiana e do Brasil. Porque na verdade essa luta daqui foi mais importante que a Inconfidência Mineira, que era uma luta de comerciantes com relação ao reino de Portugal. A Revolta dos Búzios não, era uma luta pelos ideais da Revolução Francesa”, argumenta.
Além do relançamento dos dossiês e da performance, o movimento ganhará um memorial na Assembleia Legislativa da Bahia. “Eles [os heróis da Revolta dos Búzios] na verdade representaram os primeiros deputados da Bahia, os primeiros representantes do nosso povo. Naquela época eles já falavam como parlamentares”, explica Zulu. E para atrair os mais jovens e as crianças para conhecer sua história, será lançado ainda um game sobre esta temática. “Através dessa forma lúdica, eles vão poder identificar, saber, conhecer, aquilo que significou a Revolta dos Búzios”, avalia ele, destacando que proposta das entidades envolvidas nestas ações não é apenas falar do passado. “Nós queremos deixar muito claro que não somos saudosistas, não estamos querendo celebrar a dor e o sofrimento, isso aí é parte da nossa história. Nós queremos celebrar o presente. E o presente diz o seguinte: se assassina no Brasil hoje mais de 30 mil jovens negros. Ou seja, a falta de respeito pela vida continua presente e a gente mata mais gente hoje no Brasil do que em uma guerra - e mais negros, sem dúvida nenhuma. São 77,8%”, denuncia Zulu, criticando a naturalização do assassinato de negros e a comoção seletiva diante da morte, que é diferente para vítimas brancas e de classe média. “Se morre na favela todo final de semana 30, e não há nenhuma comoção. É como se não fosse gente. Então o que nós estamos querendo chamar a atenção é disso, a revalorização da vida. É preciso que a gente entenda que os seres humanos, independente da cor da pele, todos eles são seres humanos e esses garotos são nosso futuro”, pontua, lembrando que após muita luta os quatro jovens, Luiz Gonzaga e Lucas Dantas, João de Deus e Manoel Faustino, foram reconhecidos e estão hoje no panteão dos heróis nacionais, como mártires da Revolta dos Búzios.
A HQ narra a história de Irmã Dulce desde seu nascimento, em 1914, ao falecimento, 1992 | Foto: Divulgação
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Wilson Witzel
"O presidente Jair Bolsonaro deve ter se confundido e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos, seja por confusão mental, diante de suas inúmeras preocupações, seja por acreditar que eu faria o que hoje se está verificando com a Abin e a Polícia Federal. No meu governo, a Polícia Civil e a Militar sempre tiveram total independência".
Disse o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, ao negar que manteve qualquer tipo de relação, seja profissional ou pessoal, com o juiz Flávio Itabaiana, responsável pelo caso de Flavio Bolsonaro (PL), e jamais ofereceu qualquer tipo de auxílio a qualquer pessoa durante seu governo, após vazementos de áudios atribuidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).