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pagodao baiano
Presente no Festival de Verão Salvador 2024 na noite deste sábado (27), a drag queen baiana Nininha Problemática falou sobre o veto ao pagodão baiano como música do Carnaval. Segundo a artista, este é veto é uma atitude racista, que exclui parte da cultura baiana.
"O pagodão faz parte da cultura baiana, faz parte da musicalidade regional essa invenção pra mim é racismo velado. Porque é a música de preta música e da periferia e as pessoas não querem deixar a gente tocar nos eventos públicos, não querem pagar pra ter, mas não deixam de ouvir", alegou.
Em seguida, ela revelou que os artistas da periferia precisam ter espaço. "Seja nos grandes festivais pagos pela prefeitura, pagos pelo governo do Estado ou nos eventos privados porque a gente é a cara da cidade", finalizou.
O Kannalha, O Poeta, O Polêmico, A Dama, O Biruta, O Maestro, O Erótico, O Mago, O Karrasco... Além do swing baiano em comum, é nítida a utilização do artigo antes do nome artístico escolhido pelos cantores da chamada “nova geração do pagode baiano”.
Mas se a utilização do artigo antes de nome próprio não faz parte do vocabulário baiano, o que explica a tendência no gênero musical?
Foto: A Dama, O Maestro e O Biruta / Montagem BN
Em conversa com o Bahia Notícias, o professor Matheus Oliver, doutor em Linguística pela Universidade Federal da Bahia, explica que há as duas possibilidades no português brasileiro e a tendência de usá-las ou não.
“O português que chegou aqui no último ano do século XV, em 1500, não usava artigo diante de nomes próprios. Os portugueses não usavam isso, é uma inovação pós-chegada de Portugal ao Brasil”, conta o professor.
De acordo com Oliver, os primeiros dados de uso do artigo antes do nome próprio no português europeu são do século XVII. Atualmente, o português europeu sempre usa o artigo.
Apesar de incomum no dialeto nordestino, Oliver reforça que, no Brasil, o uso do artigo virou uma marca a partir da década de 1970 com a presença parcial no dialeto dos habitantes dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
“No Nordeste isso não é uma regra, o uso não é muito grande. De pouquíssimos anos pra cá, a gente tem visto essa tendência, tanto na oralidade das pessoas, quanto em músicas”, analisa Oliver.
A hipótese levantada por Matheus, em parceria com o doutor em Linguística pela Unicamp, Victor Veríssimo, é de que o uso do artigo aparece para imitar o que a sociedade tende a visualizar como norma de prestígio.
“Desde os anos 1960, a linguística já sabe que uma das coisas que fazem com que uma variação seja usada por um outro dialeto é o prestígio social. E Rio de Janeiro e São Paulo têm prestígio social”, explica Oliver.
O professor ainda exemplifica os jornais televisivos como parte influenciadora do dialeto durante as tentativas de fazer com que o jornalismo se aproxime da oralidade. Quando o eixo Rio-São Paulo utiliza massivamente o artigo diante do nome próprio, as afiliadas começam a usar também, às vezes inconscientes daquilo que é considerado a norma de maior prestígio da sociedade brasileira.
“Além disso, ainda vem youtubers, influenciadores... Com a expansão da internet no Brasil inteiro, os mais famosos são do eixo Rio-São Paulo. Então as pessoas tendem a imitar, a colocar no seu próprio padrão de fala, conscientemente ou não, esse tipo de variação”, opina Oliver.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Wilson Witzel
"O presidente Jair Bolsonaro deve ter se confundido e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos, seja por confusão mental, diante de suas inúmeras preocupações, seja por acreditar que eu faria o que hoje se está verificando com a Abin e a Polícia Federal. No meu governo, a Polícia Civil e a Militar sempre tiveram total independência".
Disse o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, ao negar que manteve qualquer tipo de relação, seja profissional ou pessoal, com o juiz Flávio Itabaiana, responsável pelo caso de Flavio Bolsonaro (PL), e jamais ofereceu qualquer tipo de auxílio a qualquer pessoa durante seu governo, após vazementos de áudios atribuidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).