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Um dia antes das invasões do 8 de Janeiro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) registrou temor de “corpo mole” da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por conta da “volta da turma do Bozo“. A informação é do site Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias. Segundo a publicação, na véspera dos ataques, o então chefe da agência, Saulo Moura da Cunha, enviou a seu sub, Leonardo Singer, mensagens no celular solicitando atenção às manifestações que ocorreriam no dia seguinte.
Na mensagem do dia 7 de janeiro, Saulo Moura pediu a Singer o contato de Marília Ferreira Alencar, então subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Em seguida, escreveu:
“É só para abrir o canal. Mas você continua falando e passando nosso material [relatórios], ok? Já há um temor de que as forças do GDF farão corpo mole em função da volta da turma do bozo”, escreveu o então diretor da Abin, referindo-se ao policiamento que seria feito pela Polícia Militar.
Na ocasião, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, acabara de reassumir o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
A coluna questionou Saulo sobre se, além de seu sub na Abin, ele havia alertado outros órgãos do governo federal sobre o risco de “corpo mole” da PM. O ex-diretor da agência preferiu não comentar o episódio.
Desde a noite da sexta-feira (5/1), a Abin enviou 12 alertas a autoridades públicas, dos governos federal e do DF, que compunham um grupo de WhatsApp. Entre elas, servidores da Polícia Militar.
Os relatórios apontavam para o risco de “atos violentos”, mas não mencionaram atuação da PMDF. Procurada, a Abin disse não ter informações sobre se a agência chegou a externar preocupação com “corpo mole” da Polícia Militar.
Nesta quinta-feira (17/8), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou que a PMDF tinha “profunda contaminação ideológica”. Os sete oficiais investigados foram presos na manhã desta sexta-feira; entre eles, o atual comandante-geral da corporação, coronel Klepter Rosa Gonçalves.
A coluna revelou, em julho, que a PGR investigava a influência de Bolsonaro sobre a PMDF. Chamou a atenção o fato de o comando da corporação colocar policiais de sobreaviso no 8 de Janeiro, quando o correto, na visão de investigadores, seria colocá-los de prontidão ante as ameaças detectadas.
O coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime disse que o Exército dificultou prisão dos bolsonaristas radicais que invadiram as sedes dos três poderes da República no dia 8 de janeiro, em Brasília. A declaração foi feita em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta quinta-feira (16).
A CPI está investigando os ataques perpetrados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra os edifícios-sede na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. Na quarta-feira (15), a Comissão aprovou a convocação do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), para prestar depoimento. O deputado federal Fábio Felix (PSOL), autor do requerimento, afirmou: "O general Heleno foi mencionado várias vezes por alguns dos golpistas investigados como alguém que incentivou [os ataques]".
Durante o depoimento na CPI, o coronel da PM disse que que participou da operação para desmobilizar o acampamento dos extremistas. Entretanto, a polícia foi impedida de entrar no local por uma linha de choque do Exército.
"Tinha uma linha de choque do Exército com blindados. E por mais interessante que parecesse eles não estavam voltados para o acampamento, eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”, disse Naime.
Segundo o coronel, a situação só foi pacificada após uma reunião entre coronéis da PM, o ex-interventor federal Ricardo Cappelli e o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto. Naime afirmou que recebeu ordens para manter a presença policial na Esplanada e mobilizar tropas para remover o acampamento na manhã do dia 9 de fevereiro.
Naime ocupava o cargo de chefe do Departamento Operacional da PMDF durante os ataques terroristas em Brasília. Ele foi preso em 7 de fevereiro, após a Polícia Federal (PF) realizar a operação Lesa Pátria, que investiga a omissão de militares na contenção dos vândalos e suspeitas de colaboração com atos de terrorismo.
‘PARECIA UMA SEITA’
Sobre a situação dos acampamentos, o coronel disse que “parecia uma seita”, onde os acampados “viviam em um mundo paralelo”. Ele disse ainda que chegou a ouvir de um homem que extraterrestres ajudariam as Forças Armadas em um almejado golpe de Estado contra o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Aquele pessoal do acampamento vivia em um mundo paralelo. Eu estive algumas vezes no acampamento, conversei com algumas pessoas e escutei relatos, assim, que falei: ‘Cara, não é possível que essa pessoa está me falando isso’. Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que ele estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iriam ajudar o Exército a tomar o poder. Eles consumiam só informações deles, era só o que era falado no carro, estavam em uma bolha”, relatou o militar aos parlamentares.
O coronel conta também que a corporação chegou a ser notificada sobre casos de tráfico de drogas e prostituição dentro do acampamento bolsonarista, além de um movimento de arrecadação diária de dinheiro por PIX.
"Tínhamos conhecimento da ‘Máfia do PIX, de lideranças que ficavam ali. Não temos nomes, mas elas ficavam no acampamento pedindo para que as pessoas fizessem PIX para manter o acampamento”, explicou Naime.
POUCOS POLICIAIS
Durante o depoimento, o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT-DF), questionou o ex-comandante sobre a quantidade insuficiente de policiais militares envolvidos na contenção do ato golpista. Vigilante alegou que documentos obtidos pela CPI indicaram que somente 200 policiais, que ainda estavam em treinamento, foram mobilizados, enquanto o restante da tropa ficou em estado de alerta.
Naime afirmou que não esteve envolvido no planejamento da operação, já que estava de folga naquele dia. Ele explicou que é comum mobilizar alunos em treinamento para atividades policiais, desde que acompanhados por profissionais mais experientes.
"Me causa estranheza ter usado somente alunos. Precisa fazer uma revisão nessas escalas, ver se isso realmente aconteceu. Isso foge completamente do nosso padrão. Usar os alunos é normal, mas sempre acompanhado de policial com experiência”, disse.
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Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.