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Policiais acusados de terem torturado um colega de corporação foram alvos de mandados de prisão temporária foram realizados na manhã desta segunda-feira (29) contra . Os 14 agentes policiais teriam passado oito horas torturando um soldado em curso de formação do Batalhão de Choque no Distrito Federal.
Danilo Martins, soldado, afirma que foi agredido e humilhado para que desistisse do curso. De acordo com ele, as agressões começaram após a sua recusa e se estenderam por mais de oito horas, envolvendo não só torturas físicas, como também psicológicas.
O policial afirma ter recebido gás lacrimogêneo e gás de espuma em seu rosto, além de ter sido obrigado a tomar café com sal e pimenta, e ter sido agredido com pauladas e chutes no joelho, rosto e estômago. “Eles colocaram gás nos meus olhos, depois pediram para eu correr ao redor do batalhão cantando uma música vexatória. E depois disso me colocaram para fazer flexão de punho cerrado no asfalto”, afirma o soldado.
De acordo com reportagem do G1, Danilo também é escritor e atleta, e já venceu uma competição internacional de futebol dentro da corporação. Ele também costuma compartilhar sua rotina nas redes sociais. Segundo ele, isso pode ter motivado as agressões.
Em entrevista ao site, Danilo ainda afirma que o seu diagnóstico foi de insuficiência renal, rabdomiólise - ruptura do músculo esquelético, ruptura no menisco, hérnia de disco e lesões lombar e cerebral. Ele precisou passar seis dias internado após as agressões.
O comandante do patrulhamento tático foi afastado e os celulares dos envolvidos foram apreendidos pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Além disso, foram cumpridos 14 mandados de prisão temporária contra policiais e o curso foi suspenso até o fim das investigações do caso.
O tenente Marco Teixeira, apontado como o líder das agressões, se desligou voluntariamente da coordenação. Teixeira, no entanto, nega que Danilo tenha sido torturado ou forçado a assinar a desistência. “Não há que se falar em tortura”, afirmou o tenente.
O secretário de segurança do Distrito Federal, Sandro Avellar, ainda não se pronunciou. Ele está em viagem oficial a Taiwan. No entanto, o secretário executivo da pasta, Alexandre Patury, afirmou que “a secretaria não tem compromisso com erros, tudo tem que ser investigado, mas não dá para imputar responsabilidade sem avançar nas investigações, sob risco de cometer injustiça”.
Uma mulher foi presa preventivamente, nesta sexta-feira (01), sob acusação de torturar sua filha adolescente, no município de Itacaré. O crime ocorreu no último sábado (24) na residência das envolvidas.
Segundo a Polícia Civil, a mãe queimou partes do corpo de sua filha com uma colher quente. Após o crime, a vítima fugiu de casa e entrou em contato com o Conselho Tutelar, sendo encaminhada para uma casa de acolhimento.
A vítima registrou a ocorrência na Delegacia Territorial (DT) de Itacaré e prestou depoimento logo em seguida. Após as diligências, foi solicitado ao Poder Judiciário o mandado de prisão preventiva contra a autora, acatado pelo Ministério Público da Bahia.
Com o cumprimento da ordem judicial, a mulher foi interrogada na unidade policial e, em seguida, passou por exame de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica (DPT), ficando à disposição da Justiça.
Um jovem de 22 anos morreu logo após internação em Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Porto Seguro, na tarde de quarta-feira (25). O homem foi deixado no local por um grupo de pessoa e possuía marcas de tortura e espancamento pelo corpo.
A vítima, identificada como Vítor Barbosa de Souza, 22 anos, foi atendida na unidade e chegou a receber cuidados médicos, mas não resistiu. Segundo o site Radar, parceiro do Bahia Notícias, a família afirma que Vítor era usuário de drogas e passou a viver nas ruas, trabalhando como lavador de carros.
Durante a internação do jovem, não foram colhidas informações sobre as pessoas que deixaram a vítima na unidade de saúde ou se elas estavam em um veículo. O caso foi registrado na 1ª Delegacia Territorial (DT) de Porto Seguro, que vai apurar o ocorrido. Segundo a polícia, as investigações já estão sendo realizadas para esclarecer as circunstâncias, autoria e motivação do crime.
Um homem de 47 anos que preferiu não se identificar registrou denúncia em Delegacia e no Ministério Público (MPT-BA) alegando que o ex-patrão o acusou de roubo, torturou e manteve em cárcere privado, na da BR 324 no município de Simões Filho, região metropolitana de Salvador. A vítima era funcionária da empresa há 25 anos e foi acusada de ter roubado 300 mil reais da empresa.
Segundo informações da TV Bahia, o suposto patrão negou ser proprietário da sucata e disse ser investidor do ramo, o homem identificado como Eduardo Gomes Pereira, negou as acusações feitas pelo ex-funcionário.
Segundo a vítima, ele foi arrastado até o escritório da sucata por três homens armados, onde foi espancado na frente de outros três funcionários e mantido em cárcere privado por cerca de oito horas. O irmão da vítima conseguiu ‘resgatá-lo’. O ex-funcionário afirma ainda que o ex-patrão ficou com o seu celular e seu carro no valor de 20 mil.
Após queixa na Polícia Civil o homem passou por exames periciais onde foram constatados edemas traumáticos e manchas roxas no rosto. O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público do Trabalho.
Wanderley Pimenta, 41 anos, nunca imaginou que um contrato de trabalho, assinado havia 12 dias, como vendedor em uma loja do Setor de Indústria de Taguatinga, se tornaria o maior trauma da sua vida. Na segunda-feira (12), o homem sofreu uma série de torturas, por cerca de três horas, de seu patrão, que estava com outros dois funcionários. A motivação seria um suposto furto que a vítima teria praticado – Wanderley nega a acusação.
O relato foi publicado pelo Metrópoles nesta quinta-feira (15) e o homem disse que soube da oportunidade de emprego por meio das redes sociais. Até então, o que parecia ser uma vaga de vendedor como qualquer outra virou um episódio traumático de violência. Segundo Wanderley, a confusão teve início após o patrão, identificado como Osmar Carvalho Correia, ter se recusado a adiantar o pagamento do salário.
“No dia anterior à tortura, ele me indagou o que eu precisava para fazer a barba, pois estava grande, e eu não podia trabalhar na frente da loja assim. Eu expliquei que tinha começado a trabalhar agora e não tinha condições de ir ao barbeiro ou dinheiro para comprar uma lâmina de barbear. Então, ele ficou de me adiantar um vale, mas depois negou”, conta Wanderley.
A reportagem conta que foi à loja, mas ninguém quis dar informações. Ao ser preso, Osmar permaneceu em silêncio. A defesa dele não foi localizada.
No mesmo dia, o funcionário conta que conversou com a esposa do patrão dele falando que iria levar uma furadeira e uma serra que estavam à venda na loja, e pediu que o valor dos materiais, em torno de R$ 600, fosse sendo descontado do salário dele. Com a autorização da mulher, ele levou para casa os equipamentos.
O que ele não imaginava, era que, no dia seguinte, Osmar o acusaria de ter furtado os itens. A vítima contou ter chegado à loja por volta das 8h. Nesse horário, conforme conta, ele foi levado aos fundos do estabelecimento pelo chefe e outro funcionário sob o pretexto de “pegar alguns pallets”.
Logo que chegaram ao local, o patrão fechou a porta e perguntou onde estava uma furadeira que o homem teria furtado um dia antes. “Quando a porta foi fechada, eles começaram com a tortura. Me deram um mata-leão, começaram a me bater e me estupraram com um cabo de vassoura. Eles ainda pegaram meu celular, me obrigaram a falar a senha, e transferiram o único dinheiro que eu tinha nas contas bancárias para eles”, detalha.
Wanderley conta que, durante a agressão, desmaiou e, quando acordou, estava com pés e mãos amarrados. O homem afirma que Osmar teria jogado água nele e começado a dar coronhadas com uma pistola .40 – o que teria causado fraturas em seu rosto. Ele ainda relata que recebeu chutes por todo o corpo.
A sessão de tortura teria continuado até as 11h, quando os homens colocaram a vítima dentro de um tambor e o levaram de carro até a QNM 34, onde o abandonaram.
Segundo Wanderley, outros funcionários da loja teriam testemunhado a sessão de tortura, porém, ninguém interferiu em defesa dele. “Foi péssimo, me senti constrangido, uma situação envolvendo estupro. Só espero que a Justiça seja feita”, ressalta.
Registros de câmeras de segurança da região mostram o momento em que os suspeitos abandonam Wanderley dentro do tambor. “Eu estava dentro do tambor amarrado, gritando por socorro, até que o funcionário de uma loja da rua viu toda a cena e me tirou de lá. Fui encontrado com um saco na cabeça e as roupas rasgadas”, detalha.
O homem relata que só conseguiu ir ao hospital no dia seguinte. Imagens cedidas à reportagem revelam que ele ficou com o rosto desfigurado e diversos hematomas pelo corpo.
A 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) investiga o caso. No total, três homens foram presos e, em depoimento, todos permaneceram calados. Se condenados, os suspeitos poderão responder pelos crimes de roubo, tortura e estupro. Eles foram levados para a carceragem da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
De acordo com Wanderley, os responsáveis pela loja não prestaram nenhum tipo de apoio a ele, e também não o pagaram pelos 12 dias trabalhados no local.
“Estou passando por dificuldades, fiquei vários dias sem me alimentar, estou sem condições de trabalhar por conta do dano psicológico. Todas as empresas que trabalhei nunca tive esse tipo de problema. Vou procurar a Justiça pelos meus direitos trabalhistas. Até meu celular, que comprei com tanto sacrifício, eles levaram”, lamenta o homem.
Devido às dificuldades em procurar um novo trabalho, após a recente agressão, a vítima está tentando ter acesso ao Bolsa Família e procura por instituições que possam doar cestas básicas para ele conseguir se alimentar.
“Minha mente está conturbada com essa situação. Estou indo na medida do possível. Não tinha como furtar uma coisa de uma loja que era cheia de câmeras, que mostram o que realmente aconteceu”, reforça Wanderley.
Vídeos de um casal sofrendo uma série de agressões na unidade do Carrefour, que ainda funcionava como Big Bompreço, ao lado do Shopping Salvador Norte, no bairro de São Cristóvão, em Salvador, se espalharam na internet no início desta sexta-feira (5).
Nas imagens, o casal identificado como Jamile e Jeremias, admite que furtou dois pacotes de leite em pó porque precisava levar para filha. Os agressores, que filmaram a ação, são seguranças do estabelecimento.
Em determinado momento um dos agressores chega a dizer: “Tire a mão sua desgraça”, quando Jamile tenta se proteger dos tapas. Jeremias também é brutalmente agredido com socos.
Em nota, a Carrefour informou que as imagens de segurança do estabelecimento estão a disposição da polícia para que haja a identificação dos autores e a que a equipe de segurança foi desligada.
Confira na íntegra o comunicado do grupo Carrefour:
Assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, empenhamos de forma imediata todos os esforços para apurar o ocorrido e tomar todas as medidas cabíveis. A primeira delas e fundamental foi, de forma proativa, realizar uma denúncia de agressão e lesão corporal à Polícia Civil, para que esse crime inaceitável seja rigorosamente apurado. Esta denúncia foi registrada eletronicamente, com número de protocolo 2023/0000257096-0, e encaminhada à 12ª Delegacia Territorial - Itapuã. Esta medida reforça o nosso compromisso de sermos incansáveis no combate a qualquer tipo de violência.
Em um vídeo que mostra o fato, é possível identificar que o agressor tem uma tatuagem na mão. No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências. Por isso, ontem mesmo desligamos a liderança e equipe de prevenção da loja. Reforçando nossa tolerância zero com a violência, inclusive nos cargos de gestão. Além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa, onde a violência ocorreu. Assumimos a nossa responsabilidade e tomamos medidas rápidas e duras.
É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando o contato da Jamille e do Jeremias para nos desculparmos pessoalmente, além oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário.
Um homem foi preso acusado de torturar e matar o companheiro, identificado como Adelino Batista de Oliveira Queiroz, na manhã desta terça-feira (25), em Itabuna. O homem confessou o crime.
A ação contou com policiais das Delegacias de Homicídios (DH), de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), além da 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Itabuna). De acordo com o coordenador da 6ª Coorpin, delegado Evy Paternostro, as equipes realizavam incursões assim que o homicídio foi constatado.
O corpo da vítima foi encontrado amarrado e amordaçado, com sinais de tortura. “O autor declarou em depoimento que a motivação do crime foi o fato da vítima tê-lo acusado de roubo”, detalhou o coordenador.
As equipes policiais ainda localizaram a motocicleta da vítima, que havia sido levada pelo homem após o crime. “Ele também subtraiu um celular, que ele confessou ter vendido, e R$ 250, em espécie”, acrescentou. Foi lavrada a prisão em flagrante e o homem está à disposição da Vara Criminal daquela Comarca.
A atriz Hannah Waddingham, intérprete da septã Unella, algoz de Cersei Lannister (Lena Headey) na célebre cena da caminhada da vergonha em “Game of Thrones”, revelou que o desfecho de sua personagem foi “amenizado”.
Segundo a Rolling Stone Brasil, a artista contou ao site Collider que na vingança empreendida por Cersei contra Unella foram cortadas algumas partes da tortura. "No roteiro, era para Unella ser estuprada pelo Gregor Clegane, o 'Montanha'. Mas, eles [os produtores] tiveram tantas reclamações sobre o estupro de Sansa Stark [Sophie Turner] na quinta temporada que optaram por não mostrar isso novamente”, revelou Waddingham.
Na passagem que foi ao ar, a personagem é amarrada e afogada com vinho por Cersei Lannister, quando, de repente, o lacaio entra na sala com tom ameaçador e fecha a porta. O take, então, é fechado, sem deixar claro o que teria acontecido.
"Acho que, possivelmente, mudaram de ideia quando eu estava voando para Belfast, porque de repente eu recebi novas ordens de que precisaria usar uma blusa de neoprene. Eu pensei que eles tinham me enviado as partes erradas", relembrou a atriz. "Quando cheguei lá, coloquei a blusa de neoprene e questionei o porquê. Então, me disseram que seria um afogamento ao invés disso [o estupro]", acrescentou.
A artista contou ainda sobre a grande dificuldade de gravar a cena. "Fui amarrada a uma mesa de madeira com grandes tiras adequadas por dez horas. E, definitivamente, foi o pior dia da minha vida. Até Lena ficou desconfortável em derramar líquido em meu rosto por tanto tempo", lembrou.
Depois de vetar a captação de recursos via Lei de Incentivo à Cultura, o novo nome da Lei Rouanet, para o plano anual do o Instituto Vladimir Herzog (clique aqui e saiba mais), o governo Bolsonaro vetou o projeto de um espetáculo teatral sobre a ditadura que buscava apoio da lei de incentivo.
De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, a companhia teatral BR116 submeteu o projeto para encenar a peça “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes, mas a proposta foi arquivada pela Secretaria Especial da Cultura, comandada por Mario Frias.
O espetáculo em questão trabalha em cima de uma metáfora das torturas ocorridas no regime militar no Brasil, a partir de um episódio histórico, quando Branca Dias foi condenada pela Inquisição por salvar um padre do afogamento.
Segundo o grupo de teatro, que atua há dez anos e nunca tinha tido problemas com aprovação de projetos na Rouanet, o governo federal não apresentou qualquer justificativa pela decisão. Procurada, a Secult não se manifestou sobre o caso.
Os relatos sobre os quatro anos que passou sob custódia do Estado - governado na época pelo regime militar -, das torturas sofridas e todo o percurso na clandestinidade política são alguns dos fatos que o autor baiano Emiliano José traz na autobiografia "O Cão Morde a Noite".
"Ele nasceu de uma iniciativa minha de ir, ao dia-dia, durante quase dois anos, publicando nas redes sociais como uma novela. É uma autobiografia que pega da minha infância, até o momento da minha saída da prisão. Cobre desde 1946 a 1974, quando concluí os quatro anos de prisão".
Nas mais de 400 páginas do livro, editado pela EDUFBA, memórias pessoais de um passado não tão distante vêm à tona e se cruzam com a história amigos com quem Emiliano José compartilhou momentos de luta. Alguns destes companheiros, assim como ele, também foram torturados.
"Eu percorro a trajetória, mas esse percurso nunca é solitário. É com muita gente, com circunstância, com a conjuntura, com muitos companheiros que viveram comigo e às vezes mais longamente, como é o caso do Theodomiro Romeiro dos Santos", conta Emiliano, citando o caso do primeiro civil condenado à pena de morte no período republicano Brasileiro, com base na Lei de Segurança Nacional.
"Conto da minha infância com detalhes, da minha juventude, a chegada à luta revolucionária, da minha militância, chego à minha prisão aqui na Bahia, passo pela tortura - essa é a primeira vez que conto em detalhes como foi minha tortura - e depois eu detalho o que foi a Galeria F na penitenciária Lemos de Brito", descreve.
Capa do novo livro de Emiliano José | Foto: Divulgação
Questionado sobre como a escrita pode ter funcionado para ele como uma forma de expôr seus traumas de alguma maneira mais sutil para si mesmo, ele comenta que começou a escrever sobre o tema há cerca de 20 anos, quando, ainda no jornal A Tarde, escrevia relatos sobre a ditadura militar. "Ali eu comecei a falar sobre a tortura."
"Quando li [pela primeira vez], publicado no jornal, o meu relato sobre a minha tortura, levei um choque", conta o escritor. "São feridas, eu costumo dizer isso, que não fecham. Elas estão lá, no nosso corpo e na nossa alma", comenta, dizendo que estas questões se relacionam com a condição humana e suas emoções.
Durante a conversa, por telefone, Emiliano também lembra de autores como Rachel Rosenblum, que falam sobre regimes autoritários e rememoração de momentos traumáticos. "Talvez a minha catarse, meu enfrentamento, seja contar, falar as coisas", revela.
Emiliano também opina sobre atitudes que neguem ou questionem a atuação da mão armada do Estado brasileiro contra opositores do regime instaurado no país com o golpe de 1964, como a ocasião em que o presidente Jair Bolsonaro pôs em dúvida as torturas sofridas pela ex-presidente Dilma Rousseff (entenda aqui).
"Me sinto enojado e indignado. O sujeito [Bolsonaro] simultaneamente é um farsante - ele sabe que ocorreu - e um covarde. Aliás, essa é a marca das ditaduras, elas são constituídas de covardes. Não houve combate, eles mataram centenas e centenas de pessoas na tortura", dispara Emiliano, argumentando que há uma frustração do presidente por não ter atuado diretamente nos atos de tortura de presos políticos. "Estou no combate contra este cidadão", completa.
Emiliano no lançamento da biografia de Waldir Pires | Foto: Divulgação
Aos 74 anos, Emiliano acumula uma história repleta de livros, ocupações e outros rótulos. Ele é autor de outras 15 obras literárias, foi deputado, além de ter atuado como jornalista e professor. Agora ele carrega o título de imortal. Acolhido pela Academia de Letras da Bahia (ALB), a mesma que já prestigiou nomes como João Ubaldo Ribeiro e Rui Barbosa, ele será empossado em março como o ocupante da cadeira de número 1.
"O Cão Morde a Noite" será lançado em fevereiro, através de um evento virtual. O prefácio do livro é do reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Carlos Salles, e a apresentação é do jornalista baiano Adilson Borges.
O ativista baiano Carlos Marighella (1911-1969) virou personagem de uma história em quadrinhos lançada pela Editora Draco. Além do filme, protagonizado pelo cantor Seu Jorge, o político terá sua vida retratada em uma série de três narrativas intituladas “Marighella #Livre”.
Segundo o portal Omelete, a obra de 64 páginas irá contar momentos vividos pelo ativista, como a prisão e tortura sofridas no ano de 1936, além das lutas contra o regime ditatorial no Brasil, com destaque para os anos de 1964 e 1969.
“Marighella #Livre” foi desenvolvida a partir da parceria do roteirista Rogério Faria, dos desenhistas Ricardo Souza (ZéMurai) e Jefferson Costa, além do cantor Phill Zr., responsável pela capa.
Confira alguns trechos da história:
Fotos: Divulgação
Em um artigo publicado no Jornal Estado de S. Paulo, a ex-secretária Especial da Cultura, Regina Duarte, tentou defender a si à sua gestão das inúmeras críticas recebidas nos poucos meses em que esteve no governo.
No texto, ela diz que sabia que ao aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro ela seria alvo, mas afirmou que tal certeza nunca lhe desencorajou. “Ao contrário, assumi a missão com a firme convicção de que, para contribuir com a cultura brasileira, teria que enfrentar interesses entrincheirados em ideologias cujo anacronismo não parece suficiente para sepultá-las”, defendeu, destacando que seu espanto se deu pela “total ausência de substância das sentenças condenatórias que me dirigem na praça pública das redes sociais – esse potente megafone usado por grupos organizados dentro e fora da classe artística”.
Ela disse ainda que não se viu no meio de um debate sobre políticas públicas voltadas para as artes. “Em vez de uma discussão franca, que seria saudável, por mais altos que fossem os decibéis, o que identifiquei foi só a ação coordenada de apedrejar uma pessoa que, há mais de meio século, vem se dedicando às artes e à dramaturgia brasileira”, disse ela, provavelmente em referência à ala ideológica olavista, que travou uma “guerra” virtual contra Regina, que segundo eles, flerta com a esquerda.
“Recuso-me a responder às manifestações de desaprovação vociferadas pelos mais exaltados. Há críticas que são refratárias ao argumento racional exatamente por extrapolarem qualquer juízo. Elas vicejam apenas no terreno pantanoso da maledicência. Recuso-me a adentrar essa arena onde meus pretensos algozes se movimentam com desenvoltura”, acrescentou a atriz, que no entanto, não respondeu sequer o questionamento de uma amiga, Maitê Proença, ao ser questionada justamente pela ausência de políticas públicas para o setor cultural durante a pandemia.
“Minha resposta tem sido a serenidade que deriva de uma paz de espírito que só pode ter quem age de acordo com sua consciência, fiel a seus princípios, sem se vergar diante de pressões, sem se preocupar em agradar ou desagradar a este ou àquele”, defendeu a artista, que avaliou que “o posto de projeção” que ocupou “parece ter servido de instrumento a enfurecidos gladiadores entrincheirados nos dois extremos do espectro político” e por isso foi criticada à esquerda e direita.
Segundo ela, o lugar intermediário que ficou não é de “conforto”. “Sei disso porque foi onde sempre estive, independentemente das circunstâncias. Nos anos 80, na pele da Viúva Porcina e integrante do elenco da novela Roque Santeiro, enfrentei a censura nos primórdios da redemocratização. Fui aplaudida. Duas décadas mais tarde, não me abstive de alertar a sociedade sobre a ameaça que representaria para o País um governo de matiz notoriamente socialista. Fui vaiada”, lembrou, em referência ao “eu tenho medo”, dirigido à campanha que levou Lula à presidência.
Ela disse ainda lamentar “a insistência em querer separar os brasileiros”. “Amo meu país, sim, e tenho deixado isso sempre bem claro, a ponto de, numa recente entrevista à TV, ter cantado a conhecida marchinha dos anos 70, que fala de “todos ligados na mesma emoção”. Nada a ver com defesa da ditadura, como quiseram alguns, mas com o sonho de brasilidade e união que venho defendendo ao longo de toda a minha vida”, afirmou Regina, a respeito da fatídica entrevista à CNN Brasil, na qual ela minimizou a ditadura militar, justificou a ausência de homenagens póstumas a grandes nomes da arte brasileira porque a secretaria “não pode virar um obituário” e ainda deu um “chilique” - como ela própria classificou - ao ser questionada sobre sua gestão na Cultura.
“E me desculpo se, na mesma ocasião, passei a impressão de que teria endossado a tortura, algo inominável e que jamais teria minha anuência, como sabem os que conhecem minha história. Dito isso, não será o veneno destilado nas redes sociais que me fará silenciar nem renegar amor à minha pátria.
O que mais me dói é ver o Brasil à mercê de uma ignóbil infodemia, termo cunhado para designar a pandemia de informações tendenciosas em que conta o viés de quem as veicula e não o factual isento, não a verdade”, afirmou, acrescentando que o país “precisa de uma política cultural que transcenda ideologias”. Entretanto, o fato de sua gestão não abraçar totalmente a ideologia bolsonarista, foi fundamental para a queda do cargo.
Brasileira radicada na Alemanha há cerca de 10 anos, a estilista Aline Celi incluiu protestos contra Jair Bolsonaro em um desfile de sua grife na Berlin Fashion Week, nesta segunda-feira (14). Na passarela, modelos seguravam cartazes com frases emblemáticas do presidente eleito traduzidas para o inglês, dentre as quais "o erro da ditadura foi torturar e não matar" e "ela não merece ser estuprada porque é muito feia".
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também foi alvo do protesto, lembrada pela controversa declaração de que "meninos usam azul e meninas usam rosa". "Isso é para lembrar que, mesmo eu não morando no Brasil, eu faço parte dessa cultura e para mostrar que, mesmo estando do outro lado do mundo, não concordo com o que está acontecendo no Brasil", destacou Celi, em entrevista à DW. A estilista brasileira já é conhecida por incluir em seus desfiles crítica social e política. "Moda não é superficial, moda não é só glamour. Com moda também podemos passar uma mensagem, moda também é política, moda também é economia", afirmou.
O general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), rebateu as acusações do cantor e compositor pernambucano Geraldo Avezedo, que no último sábado (19), em um show em Jacobina, afirmou que o militar foi um de seus torturadores durante a ditadura (clique aqui). "Cabe um processo, pois o tal Geraldo Azevedo me acusa de tê-lo torturado em 1969. Eu era aluno do Colégio Militar em Porto Alegre. Nunca vi uma mentira tão ridícula", contestou Mourão, em entrevista ao blog de Andréia Sadi, no G1.
Ainda à publicação, a assessoria de comunicação do cantor divulgou uma nota para se desculpar pelo equívoco. "No último fim de semana, Geraldo declarou em um show no interior da Bahia que o general Mourão era um dos torturadores da época de suas prisões. No entanto, o vice-presidente do candidato Jair Bolsonaro não estava entre os militares torturadores. Geraldo Azevedo se desculpa pelo transtorno causado por seu equívoco e reafirma sua opinião de que não há espaço, no Brasil de hoje, para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e que cerceia as liberdades individuais e de imprensa", diz o comunicado oficial.
Durante sua participação no Festival EcoArte Itaitu, em Jacobina, no último sábado (21), o cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo se manifestou politicamente contra Jair Bolsonaro (PSL) e seu vice, general Hamilton Mourão. “Olha, é uma coisa indignante, cara. Eu fui preso duas vezes na ditadura, fui torturado, você não sabe o que é tortura, não. Esse Mourão era um dos torturadores lá”, declarou o artista.
“Eu fico impressionado do povo brasileiro não prestar atenção nas evoluções humanas. Olha, eu não sei se isso aqui vai entrar em algum choque com a prefeitura, coisa e tal, mas é o meu sentimento de indignação em relação com o que pode acontecer com o Brasil”, acrescentou o músico, ganhando aplausos da plateia. “E essa alegria toda que está tendo aqui vai se perder, vocês estão sabendo disso. O Brasil vai ficar muito ruim se esse cara ganhar”, finalizou Geraldo Azevedo, emendando com a canção “Sétimo Céu”, que tem versos como “Pois quem tem amor/ Pode rir ou chorar”.
Confira o discurso de Geraldo Azevedo:
Geraldo Azevedo em show em Jacobina- BA.
— Tamine Lira (@taminebb) 22 de outubro de 2018
Vejam o que ele diz! pic.twitter.com/yGsxdquBlq
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.