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Davidson pelo mundo: Façam suas apostas, as cartas estão na mesa!

Por Davidson Botelho

Davidson pelo mundo: Façam suas apostas, as cartas estão na mesa!
Fotos: Divulgação

Numa era em que a dinâmica das viagens está em constante evolução, um fenômeno que se destaca pela sua mistura única de emoção e luxo é o turismo de jogo. Esta intrigante interseção entre lazer e jogos redefiniu as atrações turísticas e teve um impacto significativo nas economias dos países anfitriões. Das luzes deslumbrantes de Las Vegas aos opulentos casinos de Macau, esta abordagem turística tornou-se uma parte central da narrativa turística global.

 

Muitos brasileiros vão para o exterior para jogar em cassinos, uma vez que os jogos de azar foram proibidos no Brasil em 1946, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra. Até então, a exploração do jogo era permitida e estima-se que havia 71 cassinos no Brasil que eram responsáveis por cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos. Na época, a renda dos impostos pagos pelos cassinos era destinada à saúde pública, infraestrutura e segurança pública. 

 

 

O último giro legal de uma roleta no país foi realizado no cassino do Hotel Palace no Rio de Janeiro em 30 de abril de 1946. A proibição de cassinos teve um forte impacto econômico em cidades que dependiam, principalmente, do turismo ligado aos jogos, como Poços de Caldas, Lambari, Petrópolis e Caxambu. 

 

Após vários anos sem que as casas de jogos pudessem funcionar legalmente no Brasil, a prática do jogo foi readmitida pela Lei Zico (Lei 8.672/93) de 1993, que permitiu a abertura de casas de bingo (que ofereciam jogos de bingo e caça-níquel) para o financiamento de entidades esportivas. Cinco anos depois, a Lei Pelé (Lei 9.615/98) modificou a regulamentação dos bingos para destinar 7% do faturamento das casas às entidades que representavam as modalidades de esportes olímpicos e paraolímpicos. 

 

Em fevereiro de 2004, porém, as casas de bingos voltaram a ser proibidas no Brasil por intermédio de medida provisória no governo do então Presidente Lula. A proibição foi decidida tendo em vista a Lei Maguito (Lei 9.981/00), que revogava as permissões dadas às casas de bingo a partir de 31 de dezembro de 2001, com o objetivo de separar a regulamentação das atividades esportivas da normatização dos bingos e, também, diante do escândalo do jogo (que denunciava a cobrança de propinas para manter os estabelecimentos em funcionamento).  

 

A situação pode mudar radicalmente com o projeto de lei 442/91, aprovado em 24 de fevereiro de 2022 pela Câmara, e que deve ser votado em breve pelo Senado. O projeto de lei legaliza as atividades de jogos do bicho, bingos e cassinos no Brasil, assim como as de casas de apostas esportivas. Espera-se que essas atividades possam contribuir para a geração de empregos e para trazer novas oportunidades para a sociedade, principalmente para o turismo, da mesma forma que acontece em Las Vegas, nos Estados Unidos, e em Punta Del Este, no Uruguai. 

 

Os casinos são conhecidos por proporcionarem uma experiência emocionante e cheia de adrenalina, mas não podemos ignorar o impacto significativo que têm no setor turístico local. Em todo o mundo, destinos famosos pelos seus casinos atraem milhões de visitantes todos os anos, impulsionando a economia local e oferecendo uma infinidade de atracções para explorar.


Os casinos não apenas proporcionam uma experiência incrível aos visitantes, mas também têm um impacto profundo na economia local. São grandes geradores de empregos, oferecendo oportunidades diretas e indiretas em áreas como hotelaria, gastronomia e entretenimento.

 

Além disso, os casinos contribuem por meio de impostos e taxas governamentais, utilizadas para melhorar a infraestrutura e os serviços públicos, beneficiando toda a comunidade. Por exemplo, em 2019, a indústria dos cassinos nos Estados Unidos contribuiu com mais de 261 bilhões de dólares para a economia do país, de acordo com dados da American Gaming Association.

 

No mesmo período, esta indústria foi responsável por aproximadamente 1,8 milhão de empregos diretos e indiretos. Além disso, a presença de casinos num destino impulsiona o desenvolvimento da infraestrutura local. Com o aumento do número de visitantes, tornam-se necessários investimentos em novos hotéis, centros de convenções, shopping centers, restaurantes e outras comodidades para atender a demanda. Estas expansões não só melhoram a experiência dos turistas, mas também criam oportunidades de negócios para os empreendedores locais, gerando um ciclo positivo de crescimento econômico.

 

Esta diversidade fortalece a base turística de um destino, reduzindo a dependência de um único segmento e aumentando a resiliência global do sector. Um exemplo notável é Las Vegas, que se posicionou com sucesso como um destino de entretenimento completo, além do jogo. Os casinos oferecem uma grande variedade de shows, apresentações de renome internacional, restaurantes premiados e experiências temáticas únicas. Essa diversificação de atrativos ajuda a cidade a atrair turistas de diversos perfis, tornando-a um destino popular tanto para viagens de lazer quanto de negócios.

 

A presença dos casinos vai muito além do brilho e glamour. Em todo o mundo, as cidades abraçaram a indústria como uma engrenagem vital nas suas estratégias económicas e turísticas. No entanto, é importante equilibrar este crescimento com considerações de saúde pública, jogo responsável e regulamentação adequada. Quando bem geridos, os casinos podem ser um fator significativo no sucesso do turismo num destino, oferecendo benefícios económicos e uma experiência memorável aos visitantes.

 

O difícil é acreditar que no Brasil teremos maturidade e seriedade para gerir uma atividade que movimenta bilhões, mas pode andar do outro lado da calçada da subversão, quem sabe até de mãos dadas.

 

Boa viagem e boa sorte!