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Opinião: Atores escalados: teatro eleitoral de Salvador começa a se preparar para as urnas

Por Fernando Duarte

Opinião: Atores escalados: teatro eleitoral de Salvador começa a se preparar para as urnas
Foto: Montagem/ Bahia Notícias

A primeira semana de junho foi a escolhida pelos dois principais grupos políticos baianos para apresentar informalmente as chapas que disputam a prefeitura de Salvador em 2024. Em ambos os casos, não houve surpresas. Bruno Reis (União) manteve Ana Paula Matos (PDT) na vice e Geraldo Jr. (MDB) confirmou a expectativa de uma mulher petista como linha auxiliar no pleito ao indicar Fabya Reis para o posto. Com as cartas efetivamente na mesa, foi possível identificar algumas estratégias eleitorais que serão colocadas à prova até outubro.

 

Apesar de ter a máquina da prefeitura na mão e certo grau de favoritismo apresentado em pesquisas, Bruno optou por um evento mais simplório para anunciar a candidatura à reeleição. Foi numa segunda-feira, com a desculpa de ser uma coletiva de imprensa, reunindo caciques das principais legendas que o apoiam. Ali, como esperado, o prefeito já efetivou Ana Paula no posto de vice, sem dar espaço para que partidos aliados insistissem na substituição dela. Foi um marco temporal relevante, porém ligeiramente atrasado. Bruno já deveria ter assumido publicamente a candidatura à reeleição, mas cozinhou o processo em banho-maria, enquanto seguia com articulações nos bastidores. A costura por Ana Paula sempre ficou implícita e quem pensou o contrário ou se ludibriava ou fingia ser um bobo.

 

Se a discrição foi marcante no caso da chapa Bruno/ Ana Paula, o mesmo não se pode falar do lado adversário. Geraldo Jr. - que agora abandona eleitoralmente o Jr. e o apelido de Geraldinho - ocupou espaço midiático desde a noite de terça-feira, quando circularam os rumores do martelo batido sobre a vice, o anúncio oficial de Fabya na quarta e o mega evento na Arena Fonte Nova para apresentar a chapa. Em estratégia de marketing, o emedebista foi mais efetivo, ainda que, até aqui, esteja longe de desbancar o favoritismo do prefeito. O ato da noite de quinta-feira foi apoteótico e em clima de vitória, como se os prognósticos fossem de uma vitória em primeiro turno da oposição ao atual comandante do Palácio Thomé de Souza. Para agitar a militância - especialmente da esquerda - não dá pra avaliar como algo inútil. Convenhamos que o discurso derrotista que até então imperava nos bastidores parece ter sido completamente esquecido - ou empurrado para debaixo do tapete.

 

Vamos ver uma batalha discursiva entre "time que está ganhando não se mexe" e "esqueça o meu passado e foque no que represento agora". E, por mais que haja um nível expressivo de favoritismo do prefeito, não é desprezível a capacidade de mobilização da esquerda, que aparece tangencialmente representada por uma mulher preta e militante alçada à condição de vice depois de idas e vindas - e recusas e desistências. Com as cartas na mesa, fica mais fácil para o eleitorado identificar as estratégias de cada um dos grupos, mas também para adversários desconstruirem as imagens uns dos outros. Como há telhados de vidro de ambos os lados, vamos ver, em um primeiro momento, comedimento. No entanto, à medida que nos aproximarmos das urnas, não esqueçamos que há quem aposte na lógica do "pescoço pra baixo é canela", algo que já foi possível identificar em alguns atores dessa teatro de 2024.

 

Que comecem os jogos!