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2 de fevereiro
Milhares de soteropolitanos e turistas se reúnem nas imediações da Colônia de Pescadores do Rio Vermelho, em Salvador, nesta sexta-feira (2) para as celebrações da Festa de Iemanjá.
O festejo a Rainha do Mar é um dos mais tradicionais da Bahia. Assim como ocorre em outras festas populares na capital baiana, casas de eventos e bares que ficam nos arredores das comemorações promovem festas particulares que simbolizam o "sagrado e o profano".
Em 2024, a tradição que é um marco do Rio Vermelho completa 101 anos. Todos os anos, milhares de pessoas vão até o local para homenagear a Rainha das Águas com flores, perfumes e outros adereços.
O presente principal é um dos destaques da festa. Colocado na Casa do Peso para que devotos possam colaborar com os balaios, que são levados até o mar para que possam ser despachados.
Foto: Anderson Ramos / Bahia Notícias
Foto: Anderson Ramos / Bahia Notícias
Foto: Anderson Ramos / Bahia Notícias
Foto: Anderson Ramos / Bahia Notícias
No Dia de Iemanjá, celebrado em 2 de fevereiro, a orixá é homenageada como a Rainha das águas, sendo uma figura popular nas religiões de matrizes africanas. Na Bahia, estado que se estabeleceu como berço do Candomblé e da Umbanda no Brasil, a devoção a Iemanjá é bastante significativa, além de sua presença em representações culturais, como músicas escritas por grandes artistas (Gal Costa, Caetano e Dorival Caymmi) e artes manuais.
Influenciados pelo histórico da região, diversos artistas populares baianos foram inspirados a homenagear a Orixá por meio do artesanato, utilizando a criatividade e diferentes materiais para dar vida à Rainha do Mar.
“A Bahia é o local que mais concentra artesãos e artistas populares que representam esta entidade por conta do processo histórico que a levou a ser a região do Brasil com o maior número de pessoas de origem africana. E embora cada artista ou artesão imprima a sua própria identidade, as diferentes Iemanjás que encontramos por lá carregam consigo algumas características específicas que nos permitem identificá-la. O vestido, quase sempre em tons de azul, e o espelho na mão direita são alguns desses elementos”, revelou Lucas Lassen, curador e diretor criativo da Paiol, uma das principais lojas de artesanato de tradição e arte popular do país. Na Paiol, Lucas tem sido responsável por trazer visibilidade e sustentabilidade para artesãos de todo país.
Conheça alguns destes artistas:
Jan Araújo
Nascido em Salvador, mas criado em Lençóis, na Chapada Diamantina, Jan Araújo começou no artesanato por influência de seu pai, que também é ceramista. Aos 26 anos, decidiu deixar o ofício para explorar outras áreas, mas acabou retornando ao setor em 2011. Embora não siga uma religião de matriz africana, o artista afirma que a relação com os orixás faz parte do cotidiano baiano. Para realizar as representações das entidades africanas, incluindo a de Iemanjá, Jan desenvolveu um estilo próprio, inspirado nas obras da artista baiana Eliana Kertész, reconhecida por esculturas de mulheres volumosas.
“Eu gosto desta ideia de peças gordinhas e, no meu caso, eu acho que a cerâmica favorece este formato. Por isso, a minha Iemanjá é assim, mais cheinha, mas continua carregando os elementos que remetem ao movimento do mar”, completa.
Aless Teixeira
Conhecido como Aless, os primeiros trabalhos de Alessandro Teixeira, foram por volta dos 16 anos. Também influenciado pelo pai, que é artesão, o artista utiliza vários materiais para compor suas obras, como latão, cobre e diferentes tipos de metais. Sua relação com os orixás vem de sua religião, o Candomblé, onde ele é como um sacerdote de Iemanjá, além de ser responsável pelo toque dos atabaques e pelas oferendas durante rituais litúrgicos. Em seu trabalho, para dar vida à mãe das águas, o artesão prefere manter as características originais da entidade.
“[...] no meu trabalho, eu gosto de manter as características litúrgicas, não só com ela, mas com qualquer entidade religiosa. Acho que é importante manter as características originais”.
Karla Issa
Soteropolitana, Karla Issa iniciou no artesanato com 15 anos, quando começou a fazer suas roupas e produzir colares com estética africana. Mais tarde, ela se formou em Assistência Social, profissão que exerce até hoje e que divide o tempo com os trabalhos artesanais. No Candomblé, a artista é Ekedi, um posto feminino de alta importância. Utilizando materiais reciclados para fazer a sua arte, ela se inspira na liturgia religiosa, produzindo escapulários e oratórios, utilizando retalhos de couro, caixas de fósforo e técnicas de pintura. As peças mais procuradas por seus clientes costumam ser de Iemanjá.
Mestre Gerard e Elson
Mestre Gerard, nascido em Barra, no oeste da Bahia, ensina seu ofício autodidata a dezenas de artesãos em seu ateliê-escola no terreiro Pai Xangô das Cachoeiras. Utilizando o barro dos rios locais, ele cria esculturas que refletem o sincretismo religioso, retratando duas imagens em uma, como Oxóssi com a bravura de São Jorge e as vestes de Nossa Senhora das Candeias com as de Iemanjá. Além de artesão, Gerard é Babalorixá do terreiro, onde mora e ensina gratuitamente. Seu primeiro discípulo, Elson Alves, destacou a importância do artista em seu aprendizado e compartilhou a celebração especial para Iemanjá em 2 de fevereiro.
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A Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman) já está com equipes no bairro do Rio Vermelho, promovendo ações de manutenção nas vias de acesso e trechos do bairro que se prepara para receber, no próximo dia 2 de fevereiro, a festa de Iemanjá. O evento é um dos mais importantes e populares festejos religiosos da cidade, realizado sempre no mesmo dia, desde a década de 1920, e reúne milhares de devotos e turistas nas imediações da Praia da Paciência.
De forma preventiva, as equipes realizam a limpeza dos coqueiros na orla, ruas, praças e largos da região. A Operação Tapa Buracos promove a manutenção da malha viária, proporcionando segurança no tráfego de pedestres. Há também revisão do sistema de drenagem, com limpeza manual das caixas de sarjeta (bocas de lobo), desobstrução da rede e recuperação de dispositivos, como reposição de tampas, grelhas, piquetes e balizas.
Os agentes fazem, ainda, o reparo pontual de calçadas públicas em concreto e em pedra portuguesa. “Os serviços de pintura na escultura e na Casa de Iemanjá, além da construção do barracão para entrega dos presentes na Colônia de Pescadores Z1, vêm sendo tradicionalmente realizados pela Seman nos últimos anos”, completou o titular da Seman, Lázaro Jezler.
O ator Danton Mello e sua esposa Sheila Ramos, marcaram presença na festa do promoter Ginno Larry, em homenagem a Iemanjá, na quarta-feira (2).
O evento ainda contou com Ricardo Chaves e sua esposa, Patrícia Linhares, além de Lucas, cantor de axé dono do single ‘Deu Liga’. Também estiveram presentes Levi Alvim, DJ Leo Melo, Márcia Short, e os músicos Robson Morais e Willy Teixeira, que agitaram a festa.
A comemoração do 2 de fevereiro promovida por Ginno Larry aconteceu no restaurante Pedra do Mar, localizado no Rio Vermelho.
Confira momentos da festa:
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Com a participação de baianos e turistas, gente de todas a cores e credos, além dos contrastes da liturgia e devoção das oferendas em contraponto ao descompromisso do profano expresso por como shows musicais e latinhas de cerveja, hoje a Festa de Iemanjá é um dos mais importantes eventos calendarizados realizados em Salvador. Ela, no entanto, remonta a uma tradição ancestral africana que cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil através da diáspora e que, ao longo do tempo, foi reformulada.
“Se você vai para a África, Iemanjá é cultuada no período de colheita do inhame e tem uma ligação direta com a alimentação que envolve a cidade toda. Então, é muito próximo ao que a gente vê no 2 de Fevereiro. Não é o inhame, mas é o mar. Ela é o mar. Para além de qualquer coisa, vão estar relacionados os marisqueiros, pescadores, vendedoras. Existe um circuito de pessoas que está preservado”, explica Luciana de Castro N. Novaes, ialorixá, professora, historiadora, mestre em Estudos Étnicos e Africanos pela Ufba e em Arqueologia pela UFS, além mergulhadora científica de águas profundas, doutora em Ambientes Aquáticos e doutoranda em Antropologia.
Luciana lembra que, na capital baiana, o evento oficial está registrado na década de 1920, a partir da colônia de pescadores do Rio Vermelho, por intermédio da ialorixá Julia Bugan, com o objetivo de pedir por fartura nas redes. “Havia uma queixa de que não havia peixes, que reduziu essa quantidade, e aí uma mulher misteriosa aparece dentro desse contexto para indicar essa criação para a Mãe D’Água. O termo Iemanjá neste momento ainda não existe, mesmo que exista a nível pessoal. A forma que essas pessoas vão entender isso ainda é como Mãe Iara, Mãe D’Água, esses são os dois principais nomes”, lembra a pesquisadora, destacando que a festa soteropolitana nasceu e ganhou contornos específicos, frutos das tradições africanas. “O princípio de culto às águas é universal, é global, está em todas as culturas, mas a nossa relação com o culto às águas está genuinamente ligada ao panteão africano”, afirma Luciana. “Dentro dos meus estudos, Iara nunca existiu entre as sociedades indígenas. Iara é uma corruptela nominal que desdobra do termo Ipupiara, que é um monstro marinho. Os Tupinambás aqui do litoral da Bahia não tinham uma relação positiva com o mar. O mar, a praia, era um espaço, vamos dizer assim, selvagem, um espaço que não era domesticado. Eles moravam após os cordões de areia das nossas dunas. Então, essa relação com o mar em específico está diretamente ligada à diáspora africana e a um culto já milenar às águas, tanto na África Ocidental, quando na África Central, de onde vieram os maiores fluxos linguísticos para produzir civilização nesse território americano”, detalha.
A historiadora conta ainda que o Rio Vermelho não foi o único local da cidade no qual existia o culto à Mãe D’Água, e que isso ocorria em diversos pontos da Baia de Todos-os-Santos. “Você vai ver pequenas grutas ainda em Ondina; eu vi uma notícia tenho que confirmar se é isso mesmo, sobre uma perto do MAM; tem uma perto da Ribeira, ou seja, havia uma construção específica, que era a gruta de pedras na beira do mar, em que havia esse culto”, revela Luciana. “Isso é inédito. É um objeto de pesquisa que eu venho namorando há alguns anos. O que eu consegui até agora concluir é que essas casinhas de pedra marcam uma transformação, que é, de fato, o controle dessa manifestação religiosa na esfera pública como um marcador de tradição africana. Então, oficialmente, o presente a Iemanjá surge na década de 1920, entretanto, minhas pesquisas dentro desse mundo aquático estão mostrando, desde o final do século XIX, principalmente nas primeiras décadas do século XX, pela figura de Artur Ramos, que havia já uma devoção às águas na praia da Boa Viagem. O que ele comenta é que no posterior à festa, meninos iam para os arrecifes, os corais, para coletar de tudo um pouco. Pentes, espelhos, bordados, tecidos e cartas. Essas cartas é que me fazem compreender que existe mais que uma correlação do que uma ruptura entre esses momentos que vão ser ao longo do século XX”, acrescenta.
Historiadora e arqueóloga, Luciana de Castro recua no tempo para explicar a origem do evento | Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias
RIO VERMELHO E O 2 DE FEVEREIRO
A consolidação do 2 de fevereiro como data e do Rio Vermelho como palco do que conhecemos como Festa de Iemanjá se deram por uma confluência de fatores, um deles o fato de neste período ocorrerem no bairro as festividades para Nossa Senhora de Santana. “No Rio Vermelho ganhou essa proporção, essa popularização, primeiro porque a gente está na parte litorânea fora da Baía de Todos-os-Santos, ou seja, já faz parte de um processo de extensão da cidade. A gente também tem que pensar que a festa surge através de pessoas, e a colônia de pescadores naquela região era algo forte, algo potente. A gente tinha ali a Casa de Peso, que hoje não existe mais e ficava perto da igreja de Nossa Senhora de Santana, havia um circuito complexo de trabalho, compra, venda. Fora que Nossa Senhora de Santana sempre foi muito popular, e foi uma freguesia também poderosa dentro desse contexto do final do século XIX”, explica a pesquisadora, destacando a conjuntura que favoreceu os contornos da festa. “Nesse sentido, o que acontece é que você transforma algo que é um princípio da vida humana, que é essa oferta, essa gratidão, conversação, em uma tradição. O que é uma tradição? Hora, dia, lugar, signos, é um conjunto. Então, a tendência é, de fato, difundir quando você tem algo organizado, seja uma festa ou uma ideia, um pensamento. Qualquer coisa, quando está muito redondo, acontece”, pontua.
Apesar da coincidência da data da festa com o momento em que se celebrava uma santa do cristianismo – hoje a festa de Nossa Senhora de Santana acontece em 26 de julho -, Luciana de Castro destaca que, entre 1920 e 1930, a Festa de Iemanjá adquiriu uma autonomia direta ao culto à orixá. “Você vê que o nome Festa de Iemanjá carrega uma nomenclatura iorubá que está dentro de um nome. É a única festa que não é sincrética. Não é a Festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, que você cultua Iemanjá, Oxum, Nanã. Não é o dia das mães ou o réveillon, que tem uma nomenclatura francesa. É a única festa que carrega na sua identificação pra quem é. Você vai lá não porque vai cultuar Nossa Senhora da Conceição, você vai para cultuar Iemanjá”, conclui.
EMBRANQUECIMENTO E APAGAMENTO DA HISTÓRIA
No ano passado a cidade vivenciou um momento controverso, após a prefeitura utilizar peças publicitárias nas quais a nomenclatura “Festa de Iemanjá” foi substituída por apenas “2 de Fevereiro”. Na ocasião, o Ministério Público estadual (MP-BA) recomendou que a administração municipal excluísse ou alterasse a propaganda (clique aqui). A promotora de Justiça Lívia Vaz defendeu que a manifestação é denominada como tal por conta de sua origem associada ao candomblé, e que, portanto, o desvirtuamento ofende a integridade dos legados cultural e identitário dos povos de terreiros de religiões afro-brasieiras. “Cabe ao poder público, portanto, preservar e garantir a integridade, respeitabilidade e a permanência dos valores da tradicional manifestação cultural e religiosa”, afirmou a promotora.
Diante da pressão, o poder público não só reverteu a propaganda, como a Justiça deu o pontapé inicial para que ela fosse reconhecida como Patrimônio Cultural de Salvador (clique aqui e saiba mais). “Precisava haver uma abertura de um processo que garantisse a patrimonialização da festa. Então, assim foi feito. Não foi por mim, mas outras pessoas importantes também se sentiram incomodadas com esse processo de desidentificação, de embranquecimento”, comentou a historiadora Luciana da Costa. “Você pode colocar seu palco, fazer sua festa, mas você não pode destituir este dia no calendário para nomear outra coisa”, acrescenta.
Propaganda da prefeitura reacendeu discussão sobre embranquecimento e desidentificação | Foto: Divulgação
APROPRIAÇÃO CULTURAL
Apesar de casos como o apagamento da identidade por meio de ações como a omissão de Iemanjá no nome do evento, Luciana destaca que nem tudo é apropriação cultural, mas grande parte das atitudes são fundamentadas pelo racismo estrutural da sociedade, expressas muitas vezes pelo desconhecimento e ignorância. “As pessoas que estão ali na Festa de Iemanjá, duvido muito que aquelas que pegam a fila, que vão deixar o presente ou colocar uma rosa estão em processo de apropriação cultural. Porque naquele momento ela está em uma relação íntima, pessoal, e não pública de massa, aparência ou estética. Ela está ligada aos seus desejos internos. Necessariamente, ela pode não estar em processo de apropriação cultural, mas ser racista”, avalia a historiadora. “O que eu penso sobre apropriação cultural é, por exemplo, transformar o 2 de Fevereiro, que é uma festa historicamente marcada pela liturgia, pelo religioso, como um festival musical. A apropriação cultural em festas públicas está para além das pessoas e alcança as empresas, que transformam isso dentro de uma lógica mercadológica e que negam”, explica a pesquisadora, definindo a apropriação cultural como “quando você transforma símbolos, signos e significados de uma outra cultura, dentro de uma interpretação que só atende a você, branco, e critérios não históricos”.
Citando o exemplo de mulheres que não são do Axé, mas se vestem de Iemanjá, ela pontuou que este é um momento de se observar. “Dentro desse específico ponto, é um momento de se pensar a apropriação cultural, porque quando se vende a festa, não se vende mais a festa. As redes sociais, o senso comum, o boca a boca vende como mais uma festa de largo, como mais uma lavagem, que é de fato a característica que da década de 1940 pra cá veio sendo construída”, avalia, destacando que a Festa de Iemanjá não pode ser entendida como propriedade de uma única religião, mas que é importante observá-la como festa pública com valor de patrimônio. Tendo isto em vista, ela explica que não existe um protocolo ou um “beabá” de como a pessoa se comportar para não ser racista, já que esta não é uma questão somente comportamental, mas também de consciência. “Pode ir de branco, colorido, pode ir de tudo, porque ali não é uma festa sagrada de caráter religioso particular, para uma religião específica, mas sim com contornos patrimoniais”, diz Luciana. “A gente percebe aquela pessoa que usa conta, a guia, o colar, porque é da religião, ou até simpatizante, ou aquele indivíduo que utiliza este dia para se fantasiar ou se integrar à multidão. No sentimento comunal, de partilha, já que a gente vive em ilhas dentro da cidade. Então as festas de largo e as lavagens têm esse principio da reunião da cidade. Você vai ver representantes de todos os bairros” afirma, lembrando que quem garante a manutenção da tradição, de fato, são as pessoas do Axé, os negros e pessoas com consciência étnico-racial. “A gente tem que parar de taxar o outro. Você não sabe o que está passando na cabeça daquela criança. Ela pode estar lá toda de sereia, de tudo, mas na cabeça dela é uma forma amorosa de relação. Agora, quando você abrir a boca, saiba falar, pra sua máscara não cair”, pondera.
Luciana destaca caráter íntimo no ato de participar de homenagem a Iemanjá Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
RACISMO INSTITUCIONAL
Outro ponto importante destacado pela antropóloga é o racismo institucional, manifestado através campanhas, que podem até ser bem intencionadas, mas que não dão conta de explicar a amplitude da tradição e acabam incentivando o preconceito. Um exemplo disto é a mobilização para o uso de oferendas ecológicas, sem que haja a preocupação em deixar claro para a população que a Festa de Iemanjá nasce justamente pelo culto à água e está pautada também na preocupação com o meio ambiente. “A problemática está muito no nível da esfera das políticas públicas, porque, por exemplo, existe, concordo, faço na minha casa o pensamento de um presente ecológico. A tendência é essa, mundial, global, a preocupação com o meio ambiente. Só que a festa é, na verdade, uma valoração aos ambientes aquáticos, entretanto, há uma política pública voltada massificamente para se pensar no que vai se entregar à divindade Iemanjá. No entanto, eu não vejo medidas, durante o ano todo, que afetem outra comunidade que não a afro-baiana”, questiona a pesquisadora. “Não existe uma preocupação com o esgoto, com o sistema pluvial, não tem preocupação nenhuma em como reduzir a quantidade de material poluído no mar. Então, mais uma vez eu consigo visualizar isso como uma prática de racismo institucional, em que você condena uma determinada parcela da população, única vez no ano, para simplesmente falar de toda uma problemática industrial e empresarial”, conclui.
O produtor musical e DJ Zimba Selektor irá lançar seu primeiro clipe "2 de fevereiro" neste sábado (2), durante uma festa no Red Depósito Bar, no Rio Vermelho, a partir das 19h.
O clipe, que foi fruto da parceria musical entre Zimba e Dropê Selva, foi filmado na festa de Iemanjá de 2018. O evento, em que a gravação será exibida, contará também com as participações de Mc Maomé do Cone Crew Diretoria, Dropê Selva, Vandal e o DJ Eduardo Brechó.
A faixa é uma fusão dos timbres modernos da música eletrônica com os timbres orgânicos, ancestrais e clássicos da Bahia. Um mix de trap, dancehall, percussão orgânica e samplers de cânticos do candomblé. “Podemos chamar de Bahia Bass”, aponta Zimba.
Beatmaker, produtor musical e cultural e DJ, o jovem Gabriel Aguzzoli (Zimbra) fez carreira e fãs pelas casas underground do Rio Vermelho, em Salvador. Além disso, o artista passou pelos festivais de música eletrônica do Brasil como o Universo Paralello (Pratigi – BA) onde se apresentou nas quatro últimas edições; Zuvuya (Brasília – DF); Ressonar (Lençóis – BA) e, também, no Carnaval de Salvador, comandando um trio elétrico no circuito Barra-Ondina, dividindo espaço com Karol Conká e Liniker.
SERVIÇO
O QUÊ: Zimba Selektor convida: Dropê Selva, MC Maomé (Cone Crew Diretoria), Vandal, DJ Eduardo Brechó
QUANDO: Sábado, 2 de fevereiro, às 19h
ONDE: Red Depósito Bar, Rua da Paciência, Rio Vermelho
VALOR: Gratuito
O Lálá Casa de Arte, situado no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, realizará a oitava edição do Festival Oferendas no dia de Iemanjá, 2 de fevereiro, a partir de 0h. Por causa da proibição da prefeitura, diferente dos anos anteriores, o evento não acontecerá com as atrações voltadas para a rua. “Com a impossibilidade de realizar o evento voltado para a rua, de acordo com sua vocação e tradição, resolvemos manter nossa celebração dentro do Lálá”, explica Luiz Ricardo Dantas, idealizador do festival, que contará com a participação de cerca de 100 artistas e colaboradores. “O Oferendas é um grande bordado feito a várias mãos, com a contribuição de artistas e público, um presente delicado e cuidadoso para Yemanjá. Não poderíamos interromper esta trajetória. Caso haja uma mudança de posicionamento dos órgãos municipais, voltaremos para a rua”, acrescenta.
Dentre os artistas participantes estão Marcia Castro, Illy, Josyara, Bárbara Eugênia, Giovani Cidreira, além dos DJs Catarina (BA), Riffs (BA), Rodrigo Bento (SP), Tutu Moraes (SP), Ubunto (BA-SP), Camilo Fróes (BA), el Cabong (BA), Jerônimo Sodré (BA) e Grace Kelly (Alemanha). Os ingressos custam R$50 para acesso em um dos turnos e R$80 para os dois turnos da festa.
Confira a programação:
Manhã
00h00 Preamar
00h30 DJ Patricktor4 e Mozart (PE)
01h00 Hiran (BA) e Convidados: Illy (BA)
02h00 Marcia Castro e Convidados
05h00 Performance Lavagem
Tarde
12h00 DJ Catarina (BA)
12h40 DJ Riffs (BA)
13h40 DJ Rodrigo Bento (SP)
14h40 Josyara (BA) e Convidadas: Bárbara Eugênia (SP), Julia Branco (MG), Giovani Cidreira (BA), Benke Ferraz (GO) e Anais Sylla (FR - Senegal)
16h00 DJ Tutu Moraes (SP)
17h00 Ubunto (BA-SP)
19h00 DJ Camilo Fróes e DJ el Cabong
20h00 DJ Jerônimo Sodré (BA) e DJ Grace Kelly (Alemanha)
As gravações da segunda edição de “Ó Paí, Ó” começam nesta sexta-feira (2) durante a Festa de Iemanjá (veja aqui). Em conversa com o Bahia Notícias, o ator Jorge Washington, que faz o personagem Matias no longa, contou o motivo de começarem as gravações durante a comemoração: “A gente agora dia 1 e dia 2 vai rodar umas cenas para garantir o 2 de fevereiro [Festa de Yemanjá], porque tem situações que acontecem dentro da trama que se passam no 2 de fevereiro. Então Monique Gardenberg (diretora do filme) preferiu vir agora, adiantar essas gravações, para quando rodar em agosto, setembro não precisar esperar 2019 para rodar o filme”. O ator ainda afirmou que o elenco será o mesmo, e o filme traz novas histórias sobre os personagens 10 anos depois. Questionado sobre a participação de Wagner Moura no filme, Jorge comentou: “Ele não vai estar no filme por conta de outros compromissos que ele está tendo, você sabe que ele está apegado com o filme dele né, do Mariguela, e com outros compromissos que ele já tem, por conta disso ele nao vai participar”. Jorge confirmou a participação de Lázaro Ramos: Lázaro está tentando achar uma folga do ‘Mister Brown’ para tentar chegar para o dia 2”. O filme está previsto para ser lançado no segundo semestre de 2019.
Capiteneada pelo cantor Rafael Pondé, a “Oferenda Musical” chega a sua quinta edição, nesta sexta-feira, 2 de fevereiro, a partir das 16h, no Rio Vermelho, com programação gratuita e variada. O evento, que faz parte das celebrações ao Dia de Iemanjá, acontece na loja Midialouca, situada na Fonte do Boi, tendo como proposta a mistura de ritmos como pop, reggae, ijexá, samba e rock. O show de abertura fica por conta da banda Dendê S/A e o encerramento é com o DJ paulista Ian Nunes.
SERVIÇO
O QUÊ: Oferenda Musical com Rafael Pondé, Dendê S/A e DJ Ian Nunes
QUANDO: Sexta-feira, 2 de fevereiro, a partir das 16h
ONDE: Loja Midialouca (Rua Fonte do Boi, 81 – Rio Vermelho) – Salvador (BA)
VALOR: Aberto ao Público
Programadas para janeiro de 2017, mas atrasadas por conta da crise política e econômica no país (clique aqui e saiba mais), as gravações da segunda edição do filme “Ó Paí, Ó” terão início na Festa de Iemanjá, dia 2 de fevereiro, em Salvador. De acordo com informações da coluna assinada por Ronaldo Jacobina, no Correio, o longa-metragem de Monique Gardenberg contará com o mesmo elenco do primeiro filme, lançado em 2008, que inclui nomes como Lázaro Ramos, Dira Paes, Érico Brás, Tânia Toko e Lyu Arisson. Fica de fora da produção apenas Wagner Moura, que já tinha firmado outros compromissos. O novo longa, que ainda não tem data de lançamento prevista, gira em torno das peripécias dos protagonistas, que se esforçam para entregar uma grande oferenda a Iemanjá, com o objetivo de alcançar a graça da casa própria. Ainda segundo a publicação, após a filmagem das primeiras cenas o elenco se reunirá para ajustar o texto final, seguindo a proposta do Bando de Teatro Olodum, de modo a realizar uma criação coletiva. Depois disso, os atores começam os ensaios e retomam as gravações no Pelourinho.
Entre os artistas participantes, nomes, como Alessandra Vaghi, Coletivo Gia, Nely Oliveira, Raul Zito, Yuri Ferraz e Tuti Minervino. A mostra fica em cartaz até o dia 29 de fevereiro, com visitação gratuita das 9h às 19h, de segunda a sexta-feira. Neste dia 2, a galeria fica aberta até às 22h com shows de Baile Remoso, Afrocidade, Micah Gaugh, Henry Schroy, Jorge Amorim e Mestre Bira Reis, Maristela Muller, Orb+Annunakis e Enio e Trio Cabuloso. A programação é gratuita.
Exposição Em Balaios
Data: De 1 a 29 de fevereiro de 2016
Local: Galeria Luiz Fernando Landeiro Arte Contemporânea
Horário: Das 9h às 19h (segunda a sexta)
Visitação gratuita
Oferendas do Lálá
Atrações: Marcia Castro com Anelis Assumpção, Mãeana, Livia Nery, Lia Lordelo, Aíla; Mariella Santiago com Moreno Veloso, Bruno Capinam, Bem Gil, Zé Manoel, Anderson Silva; Metá Metá, DJ Mozaum e Odoyá Experience com Ava Rocha e Negro Leo; Bloco DHJ8, Coletivo Noz Moskada, DJ Riffs, Suzy 4 Tons & Dom Maths, DJ Tutu Moraes e DJ Jerônimo Sodré
Datas: 1º e 02/02
Local: Lálá, Rua da Paciência - Rio Vermelho
Horário: a partir das 19h, no dia 1º; e a partir das 12h, no dia 02
Entrada: Gratuita
Andréa Magnoni - Flores Pra Yemanjá
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Peu Tanajura lança seu projeto "Ligado em Modo Baiano"
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Ministério Público comemora seus 10 anos no dia de Iemanjá
O cantor Rafael Pondé se apresenta gratuitamente no Midialouca
O cantor Rafael Pondé aproveita a festividade e já entra no clima do carnaval, recebendo os artistas Serginho, Lutte e Mr. Armeng na varanda da loja Midialouca, com um repertório repleto de clássicos nacionais e internacionais do reggae. O Coletivo Noz Moscada, formado pelos DJ’s Daniel “O Preto”, Mura e Mangaio, também estará presente, dando continuação a festa.
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O Red River Café recebe Batifun, Titilo e Microtrio
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/iemanja eh black.png)
O restaurante Santa Maria recebe pelo 4º ano a Feijoada Yemanjá é Black
Diversos restaurantes também entram no clima. O Pós-Tudo servirá comidas típicas ao som da discotecagem do Dj Sankofa. A camisa pode ser comprada no restaurante ou no Boteco do França. Já o São Jorge Botequim recebe Mametto, em evento que começa às 12 horas e que conta com o show de abertura da banda Salada Mista. Para acompanhar o som, será servido um buffet de feijoada. O restaurante Santa Maria realiza pelo 4º ano a Feijoada Yemanja é Black, embalada pelo cantor Dão e sua Caravana Black e o grupo Samborim, com participação da cantora Célia Nascimento. O restaurante abrirá às 13h e o passaporte será uma camiseta exclusiva da Negrif, custando os valores de R$ 60 (individual) e R$ 100 (casadinha) até o próximo dia 30.
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/daganja.png)
Daganja se reúne a outros artistas para homenagear a rainha do mar
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/bailinho.jpg)
As bandas Rio Vermelho e Bailinho de Quinta se reúnem para animar a festa de Yemanjá da Amarv Rio Vermelho (Associação dos moradores e amigos do Rio Vermelho) como uma forma de conhecer e apoiar os moradores do bairro. A banda Rio Vermelho se apresenta das 12h às 15h, seguida do Bailinho de Quinta das 15h às 17h. O Amigos do Rio Vermelho acontece na praça brigadeiro faria rocha, e as camisas podem ser adquiridas pelo valor de R$30 no restaurante Sabor de Casa.
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/lala.jpg)
O Lalá Multiespaço realiza o Festival Oferendas
O Lalá Multiespaço conta com uma programação repleta de atrações, começando desde o dia anterior, com o Cortejo Oferendas, puxado pelo grupo Tambores do Mundo. O cortejo levará o público para a Casa dos Pescadores a fim de presentear a rainha do mar. Na tarde do dia 2, o espaço realiza diversas apresentações nas suas janelas, levando o som para a rua. Participam do evento dos grupos De Hoje a Oito, Coletivo NozMoskada, os DJs Suzy 4Tons e Do Maths, Riffs e Munch, Tutu Morais (Santo Forte – SP), Carol Morena e Lord Breu, além da cantora Mariella Santiago, que fará um show contando com participação de Juçara Marçal e do cantor Kalu. Os ingressos estão sendo vendidos pelo valor de R$60.
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/dubliners.jpg)
O Dubliners Irish Pub faz programação gratuita para o 2 de fevereiro
O Dubliners Irish Pub também inicia sua programação a partir do meio dia com Coutto e Orquestra. Às 14h, é a vez da banda Cabruêra, seguido às 16h pela banda Toco y me voy. Às 20h, entra Pali Ojc e, às 21h, a cantora Re Bastos. Para finalizar, a banda The Pool Boys se apresenta às 22h. Os DJ’s OX e Sankofa também fazem parte do evento.
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DJ Roger N Roll é um dos convidados para a festa na Casa de Pedra
A Casa de Pedra recebe, além do Cassoulet preparado pelo chef Cleber Chiovetto, a banda de percussão Tambores do Mundo e o Dj Roger N Roll, com participação de convidados. O público receberá uma pulseira que permite a entrada e saída do ambiente na hora que quiser. Os ingressos podem ser adquiridos na loja Colomy, no Rio Vermelho.
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O cortejo do Bereguede Transeunte tem saída às 9h da Rua da Paciência
O Commons Studio Bar começa a comemoração com o cortejo do Bereguede Transeunte, com saída às 9h da manhã da Rua da Paciência seguindo para o bar. Já dentro do espaço, haverá uma feijoada, acompanhada de bebidas e picolés, ao som da discotecagem dos DJs Camilo Froés e El Cabong, do Baile Esquema Novo.
Ministério Publico Saúda Yemanjah
YeahManJah! – Rafael Pondé e convidados
Roberto Mendes e Lazzo
Daganja, Barlavento, Fervoh e DJs John Oliver e Rodrigo Fiuzza
Bailinho de Quinta e Banda Rio Vermelho
Festival Oferendas – De Hoje a Oito, Coletivo NozMoskada, DJs Suzy 4Tons e Don Maths, Riffs e Munch, Tutu Morais (SP), Carol Morena e Lord Breu, Mariella Santiago part. Juçaral Marçal e Kalu
II Ieman’jam – Cabruêra, Toco Y Me Voy, Coutto Orquestra, Pali, Eric Assmar Trio, DJs Sankofa, Big Bross e Ox
Feijoada Yemanjá é Black – Dão & Caravana Black, Samborim part. Céllia Nascimento
Cortejo Bereguedê Transeunte + DJ’s Camilo Froés e El Cabong
I Love RV de Yemanjá – Roger N Roll, Lucio K e convidados
Show YeahManJah! Rafael Pondé e convidados (Serginho – Adão Negro, Lutte e Mr. Armeng) + Coletivo Noz Moscada
Peu Tanajura apresenta Ligado em Modo Baiano + Lançamento do single Com Tudo Baiana + Feijoada de Mãe Preta
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.