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O Dia Nacional da Baiana de Acarajé será celebrado com festa em Salvador. A cidade recebe uma programação especial para valorizar um dos maiores símbolos da cultura, culinária e ancestralidade local e brasileira.
Além da missa ecumênica realizada na manhã deste sábado (25) na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, as baianas saem em um cortejo até a Praça da Cruz Caída, acompanhada do grupo Tambores e Cores.
As baianas também serão presenteadas com kits compostos por tabuleiros, sombreiros, trajes, além de utensílios para a produção das delícias da gastronomia tradicional, dados pela Prefeitura de Salvador. A distribuição acontece na sede da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM) e a previsão é que até o dia 1º de dezembro sejam doados 580 kits.
“Essa festa já acontece há 39 anos, antes mesmo da Abam, que tem 32 anos. Para a gente é sempre bom e esse ano está sendo melhor ainda, porque todos os anos eu fico desesperada pedindo a um e a outro uma colaboração para que a festa possa acontecer e esse ano vai ser diferente. Esse ano, 90% dos problemas foram resolvidos, pois a Prefeitura tomou à frente. Tem sido um apoio muito importante”, ressaltou a presidente da Abam, Rita Santos.
A partir do meio-dia, a sede da ABAM será palco de apresentações dos grupos Kangerê de Sinhá. Grupo D’Papo, Samba Trator e Viola de Doze.
Ainda em homenagem ao ofício, quem circular pelo Centro Histórico de Salvador, poderá conferir a mostra fotográfica “Crias de Dendê”, em exposição no Terreiro de Jesus, que destaca 50 baianos e baianas pelas lentes do fotógrafo Mário Edson.
PROJETO DIA DA BAIANA FELIZ
Neste ano acontece a primeira edição do projeto Dia da Baiana Feliz, uma ação da Abam que recebe o apoio da Prefeitura, por meio da Secult e da Secretaria Municipal da Repraração (Semur).
A campanha consiste na venda de voucher de R$10 que dará direito a um acarajé, com ou sem camarão, a ser trocado no Memorial das Baianas no dia 25 e em 16 tabuleiros de baianas espalhados por Salvador, no dia 26 de novembro.
O voucher poderá ser adquirido em tabuleiros, bares, restaurantes, diversos tipos de outros empreendimentos e por meio de QR Code em panfletos que estão sendo distribuídos no Memorial das Baianas. A renda será revertida para a Abam para apoio às baianas.
O deputado estadual Antônio Henrique Júnior (PP) quer tornar o acarajé patrimônio cultural do estado da Bahia. A proposta vem após a polêmica com a sanção da Lei 10.157/23, pelo governador carioca Cláudio Castro, que tornou o acarajé patrimônio cultural do Rio de Janeiro. O projeto, lá, é de autoria dos deputados Renata Souza (Psol), Dani Monteiro (Psol) e Átila Nunes (MDB).
Aqui na Bahia, a comida de origem africana já é patrimônio cultural de Salvador desde 2002 (Lei 6.138/2002). Ao justificar o projeto, o deputado Antônio Henrique Júnior diz que o acarajé é “um prato típico da culinária baiana” e, uma iguaria produzida e consumida em um complexo processo cultural que media os domínios sociais, simbólicos e cosmológicos do povo baiano, não sendo apenas um suporte identitário, mas também constituidor da vida social.
“Ele está presente em diversos contextos de sociabilidade como comida típica, quitute baiano, bolinho de santo, comida de origem africana e meio de sobrevivência. Seu consumo está diretamente relacionado ao dia a dia do baiano, que o consome após o trabalho, durante o percurso de volta para casa, ao final da tarde, nas praias, festas e largos. Configura-se também como ponto de encontro de redes, relações e grupos”, afirmou.
De acordo com o deputado, “o ofício das Baianas de Acarajé, neste contexto, é um patrimônio cultural que muito contribui para a caracterização da identidade do brasileiro e para suas práticas”. Desde 2005 o ofício de baiana de acarajé está inscrito no Livro dos Saberes como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. No entanto, em 2020 a Prefeitura de Salvador vetou o projeto de lei que declarava como Patrimônio Imaterial, Cultural e Histórico da Cidade de Salvador, o ofício das baianas de acarajé.
Como o deputado explica, a venda do acarajé é uma tradição antiga que passa de geração em geração e que garante o sustento de muitas famílias. “A patrimonialização do saber desse ofício é um processo que deve ser construído socialmente por diversos atores, inclusive essa Casa Legislativa, reconhecendo a devida importância deste alimento para cultura do nosso estado e a necessidade de preservá-lo”, concluiu.
A gastronomia da Bahia atravessou o oceano Atlântico e aportou em Portugal, conquistando o paladar dos portugueses, especialmente na cidade do Porto. O icônico acarajé, uma das estrelas da culinária baiana, agora é exportado e apreciado no exterior, graças à empreendedora Danielle Sales, proprietária da Tem Dendê Gourmet, uma empresa baiana especializada em quitutes como acarajés, abarás, vatapás e moquecas congeladas.
A capacidade de transportar o autêntico sabor da Bahia até Portugal foi possibilitada pela tecnologia de congelamento a vácuo da Tem Dendê Gourmet. Com isso, o chef Laurent Rezette, em solo europeu, teve a oportunidade de servir o acarajé durante a inauguração da Casa Brasiliana, um estabelecimento dedicado a produtos de origem brasileira no país.
A ação de levar o acarajé para Portugal foi realizada através do apoio do Instituto Mandarina, uma organização com objetivo de fomentar a geração de renda para pequenos empreendedores na Bahia. Danielle Sales, com o suporte da instituição, passou por formações em gestão e recebeu apoio financeiro para expandir ainda mais seu negócio.
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A prefeitura de Salvador publicou nesta sexta-feira (26) o adiameno da licitação que visava contratar uma empresa especializada para a realização de um censo socioeconômico das baianas de acarajé na cidade. O prazo final do certame agora será o dia 12 de abril.
A ação faz parte do Programa Nacional de Desenvolvimento Turístico em Salvador (Prodetur) e será tocada através de um financiamento da gestão municipal junto ao Banco Interamericano de Deselvolvimento (BID).
Os licitantes elegíveis devem apresentar suas propostas, desde que obedeçam qualificação técnica, regularidade fiscal, econômico-financeira e técnica, e habilitação jurídica.
O governador Rui Costa (PT) foi mais uma autoridade a lamentar a morte da baiana Cira do Acarajé, aos 70 anos. Ela faleceu nesta sexta-feira (4) no Hospital São Rafael, em Salvador, onde estava internada.
"Quero manifestar meu profundo pesar pela morte de Cira,uma das mais famosas baianas de acarajé de Salvador. Com seus deliciosos quitutes, encantou baianos e turistas de todo o mundo e será lembrada como um dos ícones da nossa culinária. Que Deus conforte seus familiares e amigos", disse o governador, em mensagem compartilhada no Twitter, no início desta tarde.
Antes dele, o prefeito ACM Neto (DEM) e o prefeito eleito Bruno Reis (DEM) já tinham se pronunciado, também lamentando o óbito (veja aqui).
Ao lado de Dinha e Regina, Cira foi uma das baianas de acarajé mais renomadas de Salvador. Com seus pontos de venda dos quitutes, no Rio Vermelho e em Itapuã, ela teve seu acarajé eleito como o melhor da capital baiana por 15 vezes pela premiação Veja Comer e Beber (saiba mais aqui).
Outra má notícia chegou ao tabuleiro das baianas de acarajé. Vivendo uma crise que afeta diversos setores econômicos, a categoria agora convive com a possibilidade de ter que arcar com o pagamento de cerca de R$ 160 mil - caso seja condenada - por conta da suspeita de irregularidades em um convênio firmado pela Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam) com a extinta Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do governo federal para a realização do projeto "Baianidade e Ancestralidade", em comemoração ao Dia da Consciência Negra, em 2010.
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), em instrução publicada do Diário Oficial da União desta quinta-feira (6), os indícios foram apontados porque a entidade não apresentou comprovação sobre a execução do projeto objeto do convênio e houve divergências entre o dinheiro gasto e os documentos apresentados. A associação deve enviar em até 15 dias as comprovações solicitadas.
O processo ainda será apreciado pelo tribunal. Caso comprovada a irregularidade, a associação poderá ter um prejuízo de exatos R$ 160.868,95 - que correspondem ao débito acrescido de juros -, além de, dentre outras penas, ser multada, ter o nome do responsável incluso no Cadastro informativo de créditos não quitados do setor público federal (Cadin) e ser impossibilitada de participar de licitações da administração pública federal por até 5 anos.
Procurada pelo Bahia Notícias, a Abam negou a existência de irregularidades. A presidente da associação, Rita Maria Ventura, disse à reportagem que o projeto foi sim realizado e que há registros que comprovam.
"O evento foi realizado, foi o 20 de novembro. Temos registros em jornais, em sites e no YouTube. Na hora de montar a prestação de contas é que foi feito errado", explica, afirmando que embora o convênio tenha sido firmado pela associação que preside, outras entidades foram beneficiadas pelo recurso. "Esse é um dinheiro que não usei sozinha. Várias entidades usaram o dinheiro. Todos fizeram o evento", completou.
Duas atividades foram contempladas pelo convênio do projeto "Baianidade e Ancestralidade": a 2ª Lavagem da Estátua de Zumbi e o 2º Encontro Nacional das Baianas de Acarajé. Eles foram realizados em locais do Centro Histórico, como a Praça da Sé, o Forte da Capoeira, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a Praça da Cruz Caída.
Sobre a existência de recursos para o pagamento do valor ou de uma possível condenação, Rita Ventura foi enfática: "Claro que não [tem dinheiro]". "Não tem vendas, na maioria, 35% das baianas não estão trabalhando. Muitas são do grupo de risco e 80% são da praia. As que têm condições estão fazendo drive-thru e não são nem 10%", afirmou. A dificuldade é tanta que uma campanha virtual foi iniciada por ela para ajudar as profissionais.
Ao ser questionada acerca das receitas da Abam nesse período de pandemia, a presidente comentou que o dinheiro não tem entrado há um bom tempo. "São R$ 12 [por mês]. Ninguém tem condições e não tem pagado desde antes da pandemia, ainda mais agora", conta, afirmando que o pouco dinheiro que chega é direcionado para o custeio e manutenção da sede localizada no Pelourinho.
O BN também conversou com o advogado da Abam, Matheus Braga. Como apontado pela presidente da entidade, de acordo com ele, "uma falha documental, já identificada, motivou o pedido de prestação de contas por parte do Tribunal de Contas da União". "Toda a documentação para esclarecer a legalidade das ações desenvolvidas pela Abam já está sendo concluída e será apresentada dentro do prazo determinado pelo TCU", disse, alegando que o convênio foi totalmente executado.
"O esclarecimento dos pontos indicados pelo órgão é de total interesse da associação, que prima pela continuidade das ações culturais com o apoio do poder público, que são de grande importância para a Abam, sobretudo nesse momento de pandemia", comentou o jurista.
A pedido da Associação Nacional das Baianas do Acarajé (Abam) foi criada uma campanha, lançada nesta segunda-feira (17), no Espaço Cultural da Barroquinha, sobre a valorização do Ofício das Baianas de Acarajé. O projeto contou com o apoio do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura e com diversas parcerias como Margareth Menezes, que cedeu sua imagem e voz para o documentário, além da agência de publicidade NBS, que ajudou a articular e engajar apoiadores em Salvador para a produção dos produtos.
Durante a coletiva de imprensa de lançamento da campanha que aconteceu nesta segunda, o superintendente do Iphan na Bahia, Bruno Tavares, explicou que o objetivo principal da iniciativa é manter a "tradição e ancestralidade" das baianas de acarajé. Ele destacou que "essas são as duas coisas que precisam ser prezadas" no momento de produção do alimento. Tavares ainda afirmou que sem a tradição e a ancestralidade o acarajé é apenas um "bolinho de feijão". Para ele, como se trata de algo cultural, esses dois aspectos destacados são fundamentais para a criação da comida de matriz africana.
Também presente na coletiva, a presidente da Abam, Rita Santos afirmou que a campanha é "muito importante para as baianas" e para preservar o ofício das baianas de acarajé, que se tornou Patrimônio Cultural do Brasil desde 2005. Além disso, Rita informou que são poucas as baianas que vendem de fato acarajé, e durante um ano só conseguiu entregar o selo a 20 baianas. "As baianas precisam estar dentro do contexto. Existe um decreto municipal da prefeitura dizendo que a baiana tem que estar de bata, saia e torso e se não estiver ela recebe uma multa. Mas isso não é fiscalizado pela prefeitura", explica Rita.
Como resultado da campanha, a presidente da Abam espera que a população passe a "cobrar e vigiar" as profissionais de Salvador. "Salvador é o lugar onde tudo nasceu e tudo está se perdendo. A campanha chega como um resgate para as verdadeiras vendedoras baianas que lutaram para que o acarajé tivesse o nome que tem. Está difícil achar uma baiana tradicional na cidade", aponta Santos.
O diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial Hermano Queiroz ressaltou na coletiva que "as baianas são os nossos patrimônios vivos". E sobre o registro do ofício das baianas de acarajé, ele destacou que é "um dos bens culturais mais representativos do Brasil".
"O registro é um instrumento de luta política e garante direitos para as baianas. O acarajé não é uma comida qualquer, ele é um símbolo identitário do nosso estado e do Brasil".
Já o secretário de Cultura e Turismo de Salvador Cláudio Tinoco falou sobre a importância de fazer com que a campanha chegue até os turistas. "Pessoas que pretendem vir a Salvador normalmente faz buscas, então nada melhor do que eles encontrarem a campanha e quando forem consumir o acarajé, eles já podem entender a importância de se dirigir à baiana tradicional".
O secretário ainda informou que os vídeos e as peças publicitárias serão disponibilizadas nas redes sociais da prefeitura.
No Dia Nacional das Baianas de Acarajé, comemorado neste sábado (25), a Biblioteca Virtual Consuelo Pondé, vinculada a Fundação Pedro Calmon, fará a entrega do website “A Bahia tem Dendê” à Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares (Abam). No evento, que acontecerá no Pelourinho, haverá também entrega de uma reportagem especial e pré-lançamento do mini documentário sobre o ofício das baianas. Durante o dia, às 10h, será realizada uma missa especial na Igreja de Nossa Senhora Rosário dos Pretos em homenagem ao Dia das Baianas. Após a missa, às 11h30, os participantes seguirão em cortejo pelas ruas do Pelourinho com destino ao Memorial das Baianas, localizado no Monumento da Cruz Caída. No ato, será lançada a reportagem especial Tabuleiro de Histórias que ficará disponível nos sites da Biblioteca Virtual e da "A Bahia tem Dendê". A reportagem contém uma série de depoimentos da história de vida, dilemas, felicidades e desafios das Baianas de Acarajé de Salvador. Além disso, ocorrerá o ato de entrega do projeto de lei que solicita o tombamento do ofício das baianas a nível municipal. O projeto é proposto pelo vereador Silvio Humberto (PSB) e em breve entrará em votação na Câmara Municipal. Considerada símbolo histórico do estado da Bahia e do País, a Baiana de Acarajé já foi reconhecida como patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2005.
A culinária francesa, considerada uma das mais famosas do mundo, é conhecida por suas massas de pães, brioches e croissants. Em Paris, uma cozinheira dedica seu tempo a outro tipo de massa. Uma feita de feijão fradinho descascado, velha conhecida dos baianos. A baiana Mariele Góes tem feito na cozinha da sua casa o acarajé como conhecemos na Bahia. Os clientes, em sua maioria, são estrangeiros curiosos em provar a iguaria e brasileiros com saudade de casa. “Quando a gente mora fora sozinho nós percebemos como sentimos falta de certas coisas, como a comida”, diz a cozinheira, que produz cerca de 70 acarajés por vez, para venda direta, encomenda ou para degustação na sua residência.
Mariele Góes segunrando um acarajé | Foto: Reprodução / Facebook
Conta a lenda africana que o acarajé foi um presente de Iansã para as mulheres que precisavam prover o próprio sustento. Mariele começou a cozinhar a iguaria sem acreditar muito que seria capaz de faze-la. “Eu achava que acarajé era impossível de se fazer em casa”. A baiana descobriu que estava equivocada, fez um restaurante improvisado em casa e hoje explica o que é alimento e a lenda que o envolve para quem prova. “Se Iansã não quisesse que eu vendesse acarajé, já teria dado errado. Já que estou fazendo, eu faço certo”, conta a baiana que respeita todos os rituais e a receita que envolvem a massa. “Uma vez me perguntaram o motivo de eu não botar coentro na massa do acarajé. ‘Rapaz, aí você se entende com Iansã’, foi o que respondi”, completa Mariele, que se preocupa em fazer até o famoso molhinho de pimenta que acompanha a comida exatamente igual ao dos tabuleiros.
Para produzir acarajés na França, a cozinheira precisa de pelo menos 3 dias. O primeiro deles é apenas para a compra dos ingredientes nos bairros da capital francesa. De um lado para outro em Paris com as sacolas na mão, a baiana vai até lojas chinesas atrás da pimenta e do camarão. Vai a lojas africanas para comprar o dendê e ao bairro indiano para achar o feijão fradinho. “Dei uma sorte danada que encontrei uma loja que vende o feijão sem casca”, revela a cozinheira que já teve de descascar o feijão fradinho grão por grão para fazer a receita. Com um ingrediente vindo de cada lugar do mundo, a massa do acarajé francês fica miscigenado que nem nossa gente. Talvez essa semelhança é o que garante que a execução de Mariele seja bem avaliada. “Já me falaram que o acarajé que faço aqui é melhor que os que têm no Rio de Janeiro. Não sou baiana [de acarajé], mas nasci em Salvador. Não podia ser diferente”, conta a cozinheira rindo.
O acarajé francês | Foto: Reprodução / Facebook
Mariele nem sempre foi cozinheira. Antes de ir para a França estudar alta culinária, a baiana era jornalista e trabalhava na revista Veja - antes, ela também foi repórter do Bahia Notícias. “No final das contas as profissões são parecidas com o ritmo corrido, com a pressão e a adrenalina”, conta Góes, que está no país estrangeiro há 1 ano e fazendo acarajés há 4 meses. O custo grande dos cursos e algumas decepções fizeram ela desistir da alta culinária e ressignificar a gastronomia trabalhando em casa. O plano da cozinheira é de expandir a produção de acarajés, porém, hoje, a cozinha do apartamento comporta uma produção de 70 unidades por vez. Cada bolinho é vendido por Mariele por 8 euros. “O preço é menor que um lanche no MCDonald's e vem com bastante camarão e vatapá”. Além do acarajé, a cozinheira também prepara opções de sobremesa como um pudim de Tapioca vendido a 10 euros. Quem procura o acarajé na França precisa correr. Facilmente o quitute se esgota. “As pessoas já se articulam e encomendam o acarajé com antecedência”.
Em comemoração ao dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado no último dia 25 de julho, a Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam) distribuirá os bolinhos de graça, na Praça da Cruz Caída, no Pelourinho. A distribuição acontecerá neste domingo (30), a partir das 10h, no Festival do Acarajé, que integra a programação especial “Julho das Pretas”, da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM-BA). Durante o evento, será realizada a “Roda de Conversa das Pretas”, com foco no debate sobre empoderamento feminino, sororidade, sexismo, preconceito e racismo. As baianas de acarajé distribuirão gratuitamente o famoso bolinho de feijão frito no azeite de dendê e apresentarão o verdadeiro samba de roda das baianas. A baiana de acarajé, recentemente, foi classificada como profissão no Código Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho, a partir de um estudo. A categoria, desde 2009, pedia o reconhecimento da profissão, exercida por mais de 3,5 mil pessoas.
A próxima edição do Masterchef Brasil, exibida na terça-feira (6), na Band, contará com duas celebridades baianas. De acordo com informações da coluna Outro Canal, assinada por Lígia Mesquita na Folha de S. Paulo, Daniela Mercury e a cozinheira Dadá serão juradas em uma prova na qual os competidores devem reproduzir receitas típicas baianas, como caldo de sururu e acarajé.
O projeto tem o objetivo de proporcionar à população baiana, estudiosos da história da Bahia e ao público interessado em conhecer a cultura do Estado uma roda de conversas com baianas de acarajé, pesquisadores e historiadores. Os pesquisadores Florismar Menezes Borges, Vagner José Rocha Santos e Jaime Sodré farão palestras sobre o tabuleiro da baiana e a cultura regional. Para completar a roda, as baianas Dulce Mary e Tânia Nery contarão suas histórias de vida e trabalho.
O projeto conta ainda com o lançamento de um e-book sobre o ofício das baianas de acarajé com depoimentos das profissionais sobre o modo de fazer os bolinhos e os significados culturais envolvidos no trabalho. A obra traz também textos de pesquisadores da área, uma reportagem assinada por Meire Oliveira e uma entrevista de Rita Maria Ventura dos Santos, presidente do Conselho Executivo da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Respectivos e Similares (Abam).
O livro estará disponível no website desenvolvido dentro da biblioteca para tratar do projeto e assuntos correlatos. A plataforma terá aba institucional da Abam e link direto para o Oyá Digita - plataforma online que mapeia as baianas de acarajé no Brasil e no mundo. Além de trazer mais de 60 textos, entre artigos, teses e dissertações, letras de cancioneiros brasileiros sobre o acarajé e as baianas e links para gravações disponíveis na rede.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Margareth Menezes
"Cultura não é supérfluo".
Disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes após o ministro Fernando Haddad anunciar um corte histórico de R$ 25 bilhões em despesas do Governo.