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Anitta teve uma queda no número de seguidores nesta segunda-feira (13) após abrir sua intimidade nas redes sociais e compartilhar com os fãs um pouco da religião que segue, o Candomblé.
Em um desabafo feito no Instagram, a Poderosa relatou ter perdido 100 mil seguidores após mostrar registros do próximo clipe, que trará ao público um pouco da vivência em terreiro.
"Perdi 100 mil seguidores depois de anunciar o clipe onde vou mostrar minha religião. Laroyê Exu tirando dos meus caminhos tudo que já não me serve mais. Nessa minha nova fase, escolhi qualidade e não quantidade. Axé", contou.
Ao compartilhar os registros do clipe 'Aceita', que será lançado no dia 15 de maio, a artista escolheu o texto sinopse da Unidos da Tijuca para o Carnaval de 2025, que irá homenagear Logun-Edé. Na época em que lançou o projeto 'Funk Generation', a artista explicou em coletiva o motivo que a fez gravar um clipe sobre a religião.
“Tive a ideia de fazer o vídeo sobre minha religião porque, para mim, ela tem muito a ver com a cultura do funk, que nada mais é do que a cultura afro, de força e superação. Espero que essa mensagem ajude na quebra de preconceitos religiosos.”
Esta não é a primeira vez que Anitta sofre ao falar sobre sua religião. A cantora, que decidiu deixar a igreja e seguir no candomblé após um episódio de intolerância, já foi alvo de ataques nas redes sociais ao compartilhar um registro ao lado de um pai de santo.
“Muito triste ver como Satanás manipula e cria ilusões na mente das pessoas para que elas acreditem que estão adorando o Deus altíssimo quando, na verdade, estão adorando o próprio Satanás”, escreveu um internauta.
Durante a gravação do clipe em 2023, a artista foi confrontada com mensagens que afirmavam que sua religião era "do demônio" e que apenas Jesus era a salvação. "O sangue de Jesus tem poder. O único que deve ser adorado é o Senhor Jesus", "o dia que ela morrer. Ela vai lembrar de JESUS, aí vai ser tarde demais!".
Um terreiro de quase cem anos situado em Cachoeira, no Recôncavo, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29). Com isso, o terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê se torna patrimônio cultural brasileiro.
O local já havia sido tombado como Patrimônio Imaterial da Bahia, em 2014. Conforme o G1, a inclusão como patrimônio nacional ocorreu durante a 103ª Reunião do Conselho Consultivo do Iphan. Por unanimidade, o órgão aprovou a inclusão do espaço religioso no rol de entidades nacionais contempladas devido ao valor histórico, cultural e ambiental da casa.
Por muito tempo, o terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê ficou conhecido como o terreiro de Mãe Judith, em referência à criadora do espaço, fundado em 1916. Atualmente, Pai Duda de Candola lidera o terreiro. O Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê fica na localidade da Terra Vermelha e é uma Casa de Santo da Nação Nagô.
O patrono do terreiro é o Orixá Xangô. As festas no local ocorrem entre julho e setembro, com outras atividades em dezembro.
Uma das atrações do Carnaval no Circuito Osmar (Campo Grande), A Dama se vestiu com uma fantasia em homenagem ao orixá Exu. Em conversa com a imprensa, a cantora disse que busca passar mensagem contra a intolerância religiosa.
"Todo ano eu procuro representar o que eu sou, eu sou uma pessoa do candomblé, então hoje eu tô trazendo o Exu pra rua, para que as pessoas possam também entender que a religião também é sobre isso, é a gente poder expressar o que a gente realmente é sem ter medo, sem nada. E eu espero que seja uma passada de muita paz, eu sei que eu tenho muito carinho desse público que tá aqui hoje na Avenida, então é isso, eu tô muito feliz", comentou a pagodeira.
Ela também falou sobre a recém-anunciada gravidez de sua esposa Gabriela Messy e revela que a maternidade veio em um momento complicado em sua vida.
"Eu não posso falar muita coisa por uma questão espiritual, mas quando eu soube que eu ia ser mãe foi um momento muito triste da minha vida, uma fase que eu tava passando. Então saber daquilo me levantou. Eu agradeço muito a minha esposa, o que a gente fez realmente conseguiu dar certo dessa vez, eu estou muito feliz", comemorou.
Na tarde desta segunda (15), os passageiros que estavam seguindo da estação Pituaçu à Tamburugy, na linha 2 do metrô de Salvador, se depararam com uma grande confusão, aparentemente causada por intolerância religiosa.
Uma moça que estava utilizando um colar de conta, tradicional do candomblé, foi agredida verbalmente, inclusive com gritos, por um homem que se incomodou com a presença dela no vagão. Visivelmente irritado, ele começou a se aproximar da mulher e iniciou uma série de falas, inclusive usando trechos bíblicos para repreender a guia, como é conhecido o colar e a religião dela.
INTOLERÂNCIA NO METRÔ DE SALVADOR ???? Homem teria usado trechos bíblicos para agredir verbalmente uma mulher que usava um fio de contas
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) January 16, 2024
Saiba mais ?? https://t.co/NLNZjQqclw pic.twitter.com/wNX6tCU8r5
As manifestações religiosas dentro dos vagões do metrô de Salvador já são rotineiras, mesmo que não recomendadas pela empresa que administra o equipamento. Um dos passageiros que registrou as imagens, o jovem Tobias Muniz, afirmou que quando entrou no trem, a confusão já estava acontecendo e que o homem se aproximou da mulher e começou a provocar com falas intolerantes até que ela perdesse a paciência e começasse a se defender, inclusive tirando o colar para evidenciar e defender a sua religião.
Ainda segundo o rapaz, após a publicação do vídeo nas redes sociais, os seus seguidores compartilharam e ajudaram a encontrar a mulher, que juntos já estão em busca de uma solução para o caso, acionando o Ministério Público e contactando advogados.
Na publicação, Tobias repreende a falta de fiscalização e a recorrência de situações como esta. “Não é intolerância religiosa, é racismo religioso pois só religião de negro que está sendo alvo de violência. O povo de candomblé e das religiões de matriz africana não toleram mais isso dentro das dependências da empresa privada a qual somos clientes e pagamos por seus serviços diariamente”, disse.
O ator Bruno Gagliasso está sendo alvo de ataques preconceituosos nas redes sociais após compartilhar um registro do filho Bless em um terreiro de candomblé na Bahia.
Gagliasso esteve em Lauro de Freitas para a visita ao local e levou o herdeiro para conhecer o terreiro pela primeira vez.
No texto compartilhado pelo ex-global, ele fala sobre a importância de viver o momento ao lado de Bless, porém, o momento especial em família se tornou uma dor de cabeça para o ator, que foi atacado.
"Que Deus te dê sabedoria. Deus quer que vocês venham conhecer o verdadeiro pai, que Deus toda honra e toda glória, só e dele", disse uma internauta.
“A Bíblia diz que devemos criar os filhos nos caminhos do Senhor Jesus para que eles não se desviem de Deus, quando não fazemos isso seremos cobrados por Deus no dia do juízo!", escreveu outro.
A intolerância religiosa é crime previsto em lei. Na atualização, sancionada em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o crime foi equiparado ao de injúria racial e prevê pena de 2 a 5 anos para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.
O artista, que durante a visita foi suspenso como Ogan de Oxóssi, recebeu apoio de internautas. “Sou evangélica e super apoio as pessoas manifestarem a sua fé, pois todos são livres pra seguirem a crença que quiserem. Você é lindo e sua família também", escreveu uma fã. “Quem é do Axé diz que é. Parabéns por exaltar sua fé com Orgulho. Precisamos de mais atitudes assim para construirmos cada vez mais um Brasil de todos os Deuses!", destacou outro
A Bahia se tornou cenário de um momento importante para o ator Bruno Gagliasso. O ex-global, que é iniciado no Candomblé e frequenta um terreiro no estado, trouxe o filho Bless, para conhecer o local que ele frequenta há alguns anos, pela 1ª vez.
Bruno desembarcou na capital baiana na segunda-feira (13), e apesar de citar Salvador como endereço, o artista frequenta o terreiro Ilê Axé Opô Aganju, localizado no Alto da Vila Praiana, em Lauro de Freitas.
"Ontem viemos a Salvador, trouxe meu filho Bless para vir a primeira vez no terreiro de candomblé que frequento há alguns anos, o Ilê Axé Opo Aganju, do meu pai Obarayi", escreveu ele que esteve acompanhado de Pedro Tourinho, Secretário Cultura e Turismo de Salvador.
No relato feito por Gagliasso, o ator conta que o momento foi ainda mais importante por ter sido suspenso Ogã de Oxossi, a cerimônia na qual a pessoa é colocada em uma cadeira e suspenso pelos ogãs da casa, médium responsável pelo canto e pelo toque, que ocupa um cargo de suma importância e de responsabilidade dentro dos rituais de Umbanda e Candomblé.
“A noite que por conta disso já seria emocionante, tornou-se ainda mais especial, pois recebi a honra de ser suspenso Ogã de Oxossi na casa. Uma alegria emocionante e a sensação de que estou apenas começando uma caminhada linda de aprendizado e axé. Okê Arô Oxossi", disse o artista.
Maior candomblé de rua do mundo, o Bembé do Mercado, realizado em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo, completa neste ano 134 anos de existência. A tradicional celebração, que neste ano tem 5 dias de festejos, comemora a abolição da escravidão com a assinatura da Lei Áurea, o evento será realizado até o domingo (14) no mercado da cidade.
Realizado desde o primeiro ano pós-abolição, em 13 de maio 1889, pelo sacerdote João de Obá, ele é reconhecido como Patrimônio Cultural Nacional desde 2019 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2012 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). O Bembé é um evento que tem como pilar a preservação da memória ancestral dos negros recém-libertos e dos negros livres que lutaram pelo fim da escravidão e também pela liberdade religiosa.
Dedicado ao culto de Oxum e Iemanjá, as comemorações giram em torno dos preceitos do candomblé, sendo dividido em cerimônias fundamentais como Ipadê de Exú - momento em que se saúda o orixá Exú, responsável pela proteção do mercado -; Orô de Iemanjá e Oxum - cerimônia em que as duas divindades são agraciadas com alimentos típicos -; Xirê do Mercado - festejo em que se saúda e dança para todos os orixás e a entrega dos Presentes destinados aos orixás das águas - momento de entrega dos balaios e oferendas na praia de Itapema com objetivo de agradecer a proteção e as bençãos recebidas.
A celebração é uma reafirmação da cultura afrobrasileira através de cantos sagrados, toques de atabaques, oferendas, vestes estampadas e coloridas, com a reunião de integrantes de diversos terreiros de Santo Amaro da Purificação e de outras regiões da Bahia, que se juntam no mercado da cidade para saudar os orixás e a ancestralidade africana. Os atos fortalecem ainda os laços entre terreiros e comunidades quilombolas, preservando o culto aos orixás como um importante alicerce no enfrentamento do racismo religioso na Bahia e no Brasil.
O evento atrai pessoas de todo o país e conta ainda com apresentação de manifestações culturais herdadas da diáspora africana como o Nego Fugido, encenação que retrata a violência da escravidão; o Lindro Amor, cortejo de mulheres criado para comemoração das festas de São Cosme e Damião; a Burrinha, a Puxada de Rede, grupos de sambas de roda, bumba-meu-boi, capoeira e o Maculelê.
Confira a programação:
Sexta-feira, 12 de maio:
10h - Roda de Saberes: O legado Ancestral e o Protagonismo Feminino - Histórico e Violações de Direito - Xirê das Pretas
14h - Sessão Especial na Câmara de Vereadores: Bembé do Mercado: A Economia da Cultura e o Desenvolvimento em Santo Amaro
14h - XI Cultura e Negritude - Roda de Saberes e Formação: Black Language is Black History Too: A Transnational Conversation About Literature and Culture
Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal da Recôncavo Baiano
16h - Roda de Saberes: Saberes dos Caboclos na Contemporaneidade
17h - Caminhada Axé do Bembé
18h30 - Apresentação do documentário “Boca da Mata”- Caboclo da Minha Aldeia” - Ilê Axé Omorode
19H - XI Cultura e Negritude - Roda de Saberes e Formação: Verbetes Sonoros, Uma Pedagogia do Terreiro
Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal da Recôncavo Baiano
19h30 - Associação de Capoeira Berimbau de Ouro - Acarbo / Maculelê
20h - Grupo de Maculelê os Gema Povivá
21h - Samba de Roda Tumba Lá e Cá
22h - Samba Criôla
23h - Samba de Roda Raízes de Santo Amaro
00h30 - Filhos de Gandhy
01h30 - Gerônimo
Local: Largo do Mercado
Sábado, 13 de maio:
08h - Associação de Capoeira Estilo e Malícia
Local: Largo do Mercado
09h - Roda de saberes Turismo Religioso
Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal do Recôncavo Baiano
11h - XI Cultura e Negritude - Conferência "Os Territórios e os Saberes Tradicionais: Lutas sócio- Políticas contemporâneas
Local: TV UFRB
12h - Samba Santinho
Local: Largo do Mercado
15h - Religiosidade e Diversidade: A presença LGBTQIAPN + na Religião de Matriz Afro
Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal do Recôncavo Baiano
15h30 - Roda de Capoeira da Associação de Mestres do Recôncavo
16h - Samba de Roda Laíla
18h30 - Roda de Capoeira da Associação Cultural Sementes de Santo Amaro
19h - Apresentação da Cia Dança Novo Styllo - Terreiro Ilê Axé Ya Omin
19h - Saída do Cortejo dos Filhos de Gandhy na Praça da Purificação
20h - Celebração religiosa no barracão (Xirê)
21h30 - Chegada do Presente ao barracão
22h - Ato de assinatura de doação do Prédio Público para a Associação Bembé do Mercado
01h - Cortejo Afro
02h - Malê Debalê
03h - Samba 17
Local: Largo do Mercado
Domingo, 14 de maio:
08h - Celebração religiosa no barracão (Xirê)
08h30 - Ato de Inauguração do Busto João Obá
09h - Saída do presente da Praia de Itapema
Local: Largo do Mercado
10h - XI Cultura e Negritude - Roda de Saberes e Formação: Ancestralidade, Religiosidade e Cultura
Local: Associação dos Moradores de Itapema
11h30 - Ato de Assinatura da Ordem de Serviço da Obra de Requalificação de Itapema
Local: Itapema
Morreu, nesta terça-feira (25), aos 98 anos de idade, Olga Conceição Cruz, também conhecida como Nengua Guanguasense, matriarca do terreiro Mansu Banduquenqué, apelidado de “Bate Folha” e localizado no bairro da Mata Escura, em Salvador.
Moradora da Mata Escura desde muito jovem, Nengua Guanguasense era considerada como uma espécie de “arquivo vivo” da região e era reconhecida por transformar a roça do Bate Folha em um espaço de acolhimento da população local.
Dona Olga foi iniciada no candomblé aos 24 anos de idade, no dia 6 de fevereiro de 1949, e era a grande liderança espiritual feminina do Bate Folha, ao lado de Cícero Rodrigues Franco Lima, o Tata Muguanxi.
O sepultamento da líder religiosa acontecerá às 16h desta quarta-feira (26), no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas.
BATE FOLHA
Instalado em uma ampla área remanescente da Mata Atlântica, com mais de 15 hectares, o Bate Folha é considerado o mais tradicional terreiro de origem banto do Brasil. Nascida entre a fusão das tradições oriundas de Angola e do Congo, a casa mais que centenária foi fundada em 1916 por Manoel Bernardino da Paixão, o Tata Ampumandezu.
O terreiro foi imortalizado no cancioneiro popular baiano pela música “Toté de Maianga”, escrita pelo compositor Gerônimo. Na música, o eu lírico narra: “vinha passando pela Mata Escura / No Bate Folha, ouvi uma canção / Que é pro santo poder sair da aldeia / Para chamar o orixá dessa nação”.
Apesar da música imortalizada na voz da ministra Margareth Menezes, o terreiro do Bate Folha, assim como toda casa de tradição banto, cultua divindades chamadas “inquices”, que são originadas de povos que ocupavam as regiões em que hoje ficam Angola e Congo. Elas são diferentes dos orixás, de origem iorubá, na Nigéria e no Benim.
Em 10 outubro de 2003, o Bate Folha foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia do Ministério da Cultura (MinC).
A prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), informou que realizou a interdição da obra de um prédio que vinha sendo construído em cima do primeiro terreiro do Brasil, a Casa Branca - Ilê Axé Iyá Nassô Oká- no Engenho Velho da Federação. Segundo a Sedur, a ação foi tomada na última quarta-feira (29), após a fiscalização encontrar materiais de construção no local.
Além disso, a pasta informou que a obra estava embargada desde setembro de 2022, após os candomblecistas do terreiro denunciarem a edificação por não ter alvará para a construção. Apesar do embargo, de acordo com frequentadores do terreiro, as obras foram retomadas neste ano, sem autorização da prefeitura. Em nota, o avanço da construção, portanto, foi negado pela Sedur.
“A construção já havia sido embargada em setembro de 2022, por não possuir alvará de construção e que vem realizando constantemente fiscalização na área. Desde setembro de 2022, quando houve denúncia dessa obra, e foi embargada pelos fiscais do órgão, a construção não avançou. Caso a obra não possa ser regularizada, poderá sofrer as sanções cabíveis”, disse a Sedur.
A DENÚNCIA
Na terça-feira (28), nas redes sociais, o terreiro denunciou o avanço das construções e alegou que o prédio já estaria alcançando o quinto andar. Segundo a Casa Branca, a obra estava seguindo sem “qualquer acompanhamento técnico” e poderia desabar em cima do templo religioso iorubá.
“Já está com cinco andares, desafiando autoridades. A construção segue sem qualquer acompanhamento técnico, e isso só aumenta os riscos. Situa-se em área contígua à casa religiosa, no alto. Ao desabar, e os riscos disso acontecer são óbvios, destruirá a Casa Sagrada do Orixá Omolu e matará filhas e filhos de santo da Casa Branca", afirmou.
O TERREIRO CASA BRANCA
O Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi fundado em 1830 por mulheres africanas oriundas do antigo Império de Oió. Vendidas como escravas e traficadas para o Brasil, elas resolveram fundar um templo religioso iorubá em pleno centro de Salvador, no terreiro que ficaria conhecido como “o Candomblé da Barroquinha”. Até hoje, é considerada por estudiosos como a primeira casa candomblecista do país.
Hoje instalado no bairro do Engenho Velho de Brotas e mais conhecido como Terreiro da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká ganhou esse nome em homenagem à sua principal fundadora, a iorubá Iyá Nassó (Mãe Nassô).
Área da Casa Branca | Foto: Reprodução / Instagram
De acordo com a historiografia, todas as casas de candomblé de origem iorubá no Brasil têm origem direta ou indireta do Casa Branca, como são os casos do Ilê Iyá Omi Axé Iyá Massê (Terreiro do Gantois), marcado pela iyalorixá Mãe Menininha; e do Ilê Axé Opô Afonjá, que foi comandado pelas históricas Mãe Senhora e Mãe Stella de Oxóssi.
Nesta terça-feira (21) se comemora oficialmente o Dia Nacional do Candomblé. Para comemorar a data, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká – mais conhecido como “Terreiro da Casa Branca” – decidiu promover, no próximo sábado (25), o evento “Os Batuques do meu Axé: do barracão de Tia Ciata ao de Mãe Neuza de Xangô”, com palestras, debates e roda de samba.
O evento está programado para se iniciar às 17h30, com a mesa de abertura formada por três sacerdotes candomblecistas: a iyalorixá Neuza Cruz, representante do Casa Branca; o tata de inquice Cícero Rodrigues; do terreiro bantu Bate Folha; e o doté Amilton Costa, da casa de candomblé fon Kwe Vodun Zo.
A partir das 18h, dá-se início ao debate “Racismo religioso e os ataques às religiões de matriz africana”, com as participações do professor de direito na UFBA Samuel Vida, da promotora de Justiça Lívia Vaz e de Isaura Genoveva Neta, integrante do Ilê Axé Iyá Nassô Oká.
A parte musical do evento está programada para começar às 20h, com o grupo Samba pra Rua, que receberá ainda a banda Gal do Beco como convidada especial.
O Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi fundado em 1830 por mulheres africanas oriundas do antigo Império de Oió. Vendidas como escravas e traficadas para o Brasil, elas resolveram fundar um templo religioso iorubá em pleno centro de Salvador, no terreiro que ficaria conhecido como “o Candomblé da Barroquinha”. Até hoje, é considerada por estudiosos como a primeira casa candomblecista do país.
Hoje instalado no bairro do Engenho Velho de Brotas e mais conhecido como Terreiro da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká ganhou esse nome em homenagem à sua principal fundadora, a iorubá Iyá Nassó (Mãe Nassô).
De acordo com a historiografia, todas as casas de candomblé de origem iorubá no Brasil têm origem direta ou indireta do Casa Branca, como são os casos do Ilê Iyá Omi Axé Iyá Massê (Terreiro do Gantois), marcado pela iyalorixá Mãe Menininha; e do Ilê Axé Opô Afonjá, que foi comandado pelas históricas Mãe Senhora e Mãe Stella de Oxóssi.
O presidente do afoxé Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, defendeu a adoção do verde e do amarelo na fantasia de 2023 do bloco. A escolha da direção vem sendo criticada por associados, que reclamam a exclusividade dos tradicionais azul e branco na mortalha. Para o dirigente, a reclamação é natural, mas não foge das tradições ligadas ao candomblé.
“Eu não avalio como crítica. A polêmica é importante porque cria conteúdo, cria mídia. Nós temos um entendimento religioso, onde as cores são pertinentes aos nossos temas, aos que nós pensamos e à leitura de todo um trabalho, todo um projeto. Neste ano, colocamos o verde e o amarelo porque estamos homenageando o caboclo. É o verde e o amarelo do Brasil, da esperança, da alegria de voltarmos depois de uma pandemia. As cores fazem parte do sagrado”, afirmou Gilsoney, em entrevista ao Bahia Notícias.
Tradicionalmente, a cor principal do Gandhy é o branco, em homenagem a Oxalá. Entretanto, com o passar do tempo, para variar as fantasias a cada ano, o azul também foi adotado, fazendo uma referência a outro orixá: Ogum.
Em 2019, porém, uma grande polêmica foi instaurada, com uma fantasia branca, azul e amarela, sendo a última cor uma homenagem à orixá Oxum. Muitos associados reclamaram, afirmando que a adoção de uma terceira cor estaria descaracterizando o afoxé.
Em 2023, as cores verde e amarelo se somaram ao branco e azul da fantasia, gerando novas críticas dos associados. A escolha foi feita em homenagem a entidades do candomblé de caboclo, popular no Recôncavo da Bahia, e da umbanda. Até este ano, as temáticas anuais do Gandhy faziam referência às tradições candomblecistas dos terreiros mais antigos de Salvador, que cultuam apenas entidades iorubás.
Foto: Diogenes Neghet / Filhos de Gandhy
“Temos uma marca, que temos que respeitar: Mahatma Gandhi era ecumênico. Nós respeitamos todos. Somos afrodescendentes, temos a questão do candomblé, mas o Gandhy é um bloco ecumênico, respeita todas as religiões e todo entendimento religioso”, defendeu o presidente do Gandhy.
Gilsoney ainda lembrou que, neste momento, saudar os caboclos possui um simbolismo importante para o Brasil, que enfrenta uma crise humanitária envolvendo a etnia yanomami, da região norte do país.
“Essa questão dos indígenas, todos nós precisamos nos envolver na campanha. Porque olha o que está acontecendo com os yanomamis! Os indígenas fazem parte do início da nossa história. Os caboclos e os encourados fazem parte da religião. O Gandhy é para aglutinar, para aproximar e queremos o entendimento religioso, o entendimento sexual, de todas as vertentes. O Gandhy é contemporâneo e se obriga a levantar a bandeira da paz”, concluiu Gilsoney.
Um terreiro de Candomblé foi alvo de arrombamento e teve objetos furtados em Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Nenhum suspeito foi localizado até a manhã desta segunda-feira (13). O fato ocorreu no terreiro Ilê Asè Airá Tolami, situado no bairro Santa Helena, no último sábado (11).
Segundo o Mais Região, parceiro do Bahia Notícias, a situação foi percebida quando um integrante do terreiro chegou ao local e constatou que as portas estavam arrombadas. Quando entrou também notou a ausência de aparelhos eletrodomésticos, alimentos e objetos de uso pessoal.
Na ação, grades também foram notificadas. O caso foi registrado na 25ª Delegacia de Dias D’Ávila, que investiga o crime. Acompanha o caso também a Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid).
Quem é baiano provavelmente já ouviu os versos da cantiga que diz “São Cosme mandou fazer/ Duas camisinha azul/ No dia da festa dele/ São Cosme quer caruru”. É certo também que muita gente fica eufórica em setembro, na ânsia pelos convites para se esbaldar nos tradicionais banquetes em homenagem a Cosme e Damião e aos Ibejis.
Na esteira dos festejos, após receber muitos pedidos por orientações sobre o preparo dos pratos típicos do período, a afrochef baiana Paloma Zahir, que comanda o Kissanga Restaurante, em Salvador, resolveu fazer mais do que ensinar os passos dessa gastronomia regada a dendê. Ela decidiu desvendar os mistérios por trás desse costume bem baiano, juntando cozinha, história, cultura, religião, tradição e solidariedade.
“[Elas perguntavam] ‘Paloma, como é que faz o caruru, como faz o vatapá? O xinxim o tempero não pega direito, tem algum toque, tem algum segredo?’. E aí eu parei pra pensar em como entregar um conteúdo com mais qualidade para as pessoas. Eu falei ‘pô, não quero ficar só dando direcionamentos curtos, vou formular uma coisa mais completa’. E aí, pelo fato de eu ser uma mulher de Axé, de ser iniciada no Candomblé, eu lembrei de como iniciou a tradição aqui do caruru de Cosme e Damião e toda essa questão também da fraternidade, de matar a fome das pessoas”, explica a cozinheira, que, neste sentido, resolveu criar o Workshop Caruru dos Ibejis, para apresentar dicas culinárias, mas também promover discussões sobre ancestralidade (saiba mais).
Totalmente virtual, o projeto será ministrado ao vivo, na próxima segunda-feira (20), a partir das 13h, por meio da plataforma Zoom. Para aqueles que não puderem acompanhar em tempo real, o conteúdo ficará disponível pelo período de um mês. O ingresso custa R$ 50 e a renda vai ser totalmente revertida para o Instituto Conceição Macedo, que apoia pessoas soropositivas na capital baiana. Além disso, o caruru preparado durante a atividade também será doado em quentinhas distribuídas nas ruas de Salvador, para pessoas em vulnerabilidade social. “Com toda essa pegada caótica que a gente está tendo na economia e como está mais difícil pra colocar comida na mesa, é uma forma também de eu estar entregando meu Axé às pessoas, em forma de comida, em forma de afeto”, pontua Paloma.
"É uma forma também de eu estar entregando meu Axé às pessoas", diz chef baiana que promove workshop sobre o tradicional caruru de Ibejis ou de Cosme e Damião | Foto: Divulgação
DICAS PARA MANDAR BEM NO CARURU
Ao Bahia Notícias, a chef deu alguns macetes para fazer um caruru como manda a tradição, sem sair de um orçamento que caiba no bolso. “Partindo da situação econômica do país, uma dica coringa é você começar a comprar os ingredientes com antecedência”, alerta a especialista, garantindo “uma economia absurda” para aqueles que não deixam para adquirir os produtos em cima da hora.
Outro ponto importante apontado por Paloma Zahir é evitar os excessos. “Em relação à questão de tempero, acho que as pessoas erram quando colocam mais itens do que o necessário. Porque comida baiana, principalmente o caruru de Cosme e Damião, dos Ibejis, que é uma comida votiva [comida preparada para oferecer a divindades], o tempero não é cheio de ingredientes”, adverte a cozinheira. “O único que leva mais tempero mesmo é o vatapá, com as oleaginosas, o amendoim e a castanha. Mas no caruru, no xinxim e outras coisas, o tempero é básico. Tem gente que eu vejo colocando coentro, colocando tomate, que são coisas que não devem ser utilizadas”, instrui.
Paloma explica ainda que na gastronomia baiana há uma base simples para o preparo da maioria dos pratos: cebola e camarão defumado. Mas não o crustáceo tingido com corantes, que custa mais barato, e sim aquele que passa por um processo de cura com fumaça de verdade. “O segredo do caruru é você ter um bom camarão. O camarão é um dos personagens principais na composição do tempero”, resume.
“O segredo do caruru é você ter um bom camarão", alerta a cozinheira | Foto: Divulgação
A HISTÓRIA POR TRÁS DO BANQUETE
Todo mundo já foi criança um dia, e, na Bahia, provavelmente já figurou entre os sete meninos servidos com o caruru de Cosme e Damião, ou dos Ibejis. A origem desta tradição, assim como o motivo da celebração no mês de setembro e o porquê de um banquete tão vasto em guarnições são algumas das informações que serão detalhadas no workshop.
“Vou falar como iniciou a tradição, vou contar os itans, porque se originou essa tradição na Bahia, como tudo ocorreu, para as pessoas entenderem. Porque o pessoal tem muito a cultura de comer o caruru, mas não procurar saber o porquê. Por que ele é em setembro? Como se iniciou?”, promete a afrochef. “Então, a questão é mesmo de trazer esses questionamentos e mostrar o quanto a cultura e a religião é potente ainda no nosso dia a dia”, pontua.
Para os leitores do BN, Paloma adiantou algumas explicações. Conta a lenda que Exu costumava entrar no palácio e devorar toda a comida servida ao rei Xangô. Contrariado, o orixá da justiça resolveu armar uma cilada com a ajuda de seus dois filhos gêmeos, os Ibejis, que propuseram um desafio para que o visitante parasse de “roubar” a comida do pai.
“Essa questão dos pratos vem do Itan, os contos africanos. O que acontece? Os Ibejis são os filhos de Oyá e Xangô. Teve uma certa vez que Exú desafiou Xangô em questão de dança, e aí Xangô colocou seus filhos, sem Exu saber. Então, a questão era, Exu disse que aguentava dançar por muito tempo. Xangô então colocou um dos Ibejis pra tocar. Ele tocava, tocava, tocava, e quando um ficava cansado o outro trocava de lugar. E Exu não percebia isso, porque, na verdade, ele estava comendo as coisas de Xangô. E aí ficou nessa questão e Exu não aguentou (risos) e perdeu”, conta Paloma.
Vencida a aposta, Xangô decidiu dar uma compensação aos filhos. “Aí, em comemoração a isso, Xangô perguntou aos Ibejis o que eles queriam. Eles falaram que queriam o que ele recebia, mas como Xangô comia amalá, com rabada e pimenta, que Ibejis não gostam, eles disseram que poderia ser o caruru mesmo”, narra a chef baiana, lembrando que a celebração não ficou restrita aos gêmeos. “Ele convidou também os outros orixás e cada um levou seu prato preferido, por isso que é o banquete. Tem o caruru de Ibeji; tem o vatapá, que é uma associação ao ipeté de Oxum; você vê a abóbora, que tem enredo com Iansã; o abará a Oxum também; arroz a Iemanjá; o milho branco a Oxalá; e por aí vai. Então, todos os orixás são representados ali naquele banquete. Por isso que o banquete é grande, porque todos os orixás estão ali em comunhão com Ibeji”, detalha os motivos pelos quais o caruru dos Ibejis é tão farto.
Os sete meninos, por sua vez, são representados pelos Ibejis, que não são apenas os dois gêmeos filhos de Xangô. “Tem uma legião de sete crianças, de sete divindades africanas, que não são cultuadas totalmente aqui no Brasil, porque a cultura foi se perdendo. Com o tráfico dos negros pela a travessia atlântica e aquela questão de você não ficar com pessoas da mesma região, então as culturas foram se dispersando, foram tendo uma fusão com a questão da resistência. Então aqui ficou só o culto a Ibeji no Ketu, ou Vunje na nação de Angola, Jeje, por essa questão. Então eles pegaram e cultuaram dois, que é Taiwo e Kehinde, mas tem as outras cinco divindades”, conta a chef. Os outros cinco são Idhoú, Alabá, Talabí, Adoká e Adosú, sobre os quais ela também vai falar no seu workshop.
Registro de Pierre Verger do Caruru de Sete Meninos
TRADIÇÃO NA BAHIA E ASSOCIAÇÃO COM COSME E DAMIÃO
Não é segredo para ninguém que existiu e ainda segue existindo preconceito contra as religiões de matriz africana no Brasil. Foi por isso, que na Bahia, o caruru dos Ibejis foi associado aos santos Cosme e Damião, celebrados pelos católicos em 26 de setembro.
“A gente tem os Ibejis, que são as duas crianças, e temos Cosme e Damião. Como já tinha essa cultura da comemoração do dia de Cosme e Damião, uma grande ialorixá aqui da Bahia fez isso [associar as divindades africanas aos santos], porque ela queria continuar a dar o caruru, que era uma tradição dos Ibejis, mas tinha a questão da perseguição religiosa”, explica Paloma Zahir. “Não gosto do termo sincretismo religioso, eu vejo isso como uma questão de resistência mesmo que os negros tiveram naquela época pra poder continuar a seguir com sua religião e sua culturas”, pontua.
“Pra ter liberação desse culto, tinha que dizer que era de Cosme e Damião, já que ficava próximo da data de comemoração deles. Então, é mais uma maneira de fortalecer e seguir a tradição, e um jeito de burlar mesmo a perseguição”, destaca a cozinheira sobre a estratégia usada para manter um costume que era proibido pelas autoridades da época. “O que aconteceu foi que as crianças começaram a aparecer próximo da roça de Candomblé, e aí ela serviu o caruru, as crianças ficaram brincando, teve aquela profusão de crianças, e daí continuou essa cultura, essa tradição, até os dias de hoje. O caruru de Cosme e Damião, o caruru dos Ibejis, veio em celebração a matar a fome das crianças que estavam passando por necessidade. Foi uma maneira também que o Candomblé achou de ajudar ao próximo, ajudar os seus irmãos”, acrescenta.
E foi assim que o célebre caruru se tornou um delicioso costume em setembro na Bahia. Especificamente, a festa é celebrada no dia 26 pelos devotos de Cosme e Damião e 27 por aqueles que cultuam os Ibejis, mas o hábito acabou se estendendo por todo mês de setembro.
Consumir os pratos típicos da culinária baiana virou tradição também às sextas-feiras. Segundo Paloma, isso é fruto de herança ancestral dos negros, pois é neste dia da semana que eles se reorganizam e fazem um banquete para entrar em comunhao entre si e comer bem. “As pessoas acham, erroneamente, que preto não pode ter fartura, mas os africanos têm fartura em sua essência. E a sexta-feira é o dia de estarem entre si, de lembrarem de onde vieram. Acaba sendo um momento de resistência”, conclui a chef, orgulhosa de ser mulher, preta, baiana e de Axé.
O Coletivo de Entidades Negras (CEN), por meio do projeto "Itoju - Salvaguarda de Terreiros" está com inscrições abertas para pessoas interessadas em participar do "Curso de Gestão de Patrimônio Imaterial e Salvaguarda de Terreiros de Candomblé", que será certificado pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), através do grupo de pesquisa Milonga. As inscrições podem ser feitas por meio do preenchimento do formulário (disponível aqui) até o próximo domingo (7).
De acordo com a organização da atividade, os selecionados receberão e-mail de confirmação. A duração total das aulas é de 16 semanas, através de aulas online. A ambientação dos cursistas na plataforma virtual terá início no dia 8 de fevereiro e as aulas iniciam em 10 de fevereiro.
O público-alvo prioritário da iniciativa, que disponibilizará número limitado de vagas para a seleção de pessoas não envolvidas inicialmente no escopo do projeto, inclui gestores públicos municipais, docentes e discentes de universidades, membros de todos os terreiros de candomblé registrados e tombados, além de membros de qualquer outro terreiro interessado em participar das aulas.
O curso será dividido em quatro módulos, sendo eles: "Módulo 1 - A Gestão Da Cultura No Brasil Contemporâneo", "Módulo 2 - A Gestão Das Políticas De Patrimônio No Brasil", "Módulo 3 - O Patrimônio Imaterial Afro-brasileiro", "Módulo 4 - Elaboração de projeto/planos de trabalho para ações emergenciais de salvaguarda".
Os participantes devem, ao final das aulas, estarem aptos a refletir sobre políticas de patrimônio cultural brasileiro a partir dos seus recortes étnico raciais, em especial a temática dos patrimônios negros, assim como compreender as dinâmicas do patrimônio imaterial e suas implicações para os patrimônios de terreiros de candomblé.
Com letras que abordam temas como autoconhecimento, amor-próprio, feminismo, ancestralidade e questões sociais, as jovens Niambi Sala e Thandiwe formam o duo nova-iorquino OSHUN. O nome vem da orixá homônina, Oxum em português, e faz referência à deusa yorubá das águas doces. Ou talvez fosse melhor dizer reverência, já que elas até pedem que se escreva o nome todo em letras maiúsculas.
A aproximação com o candomblé, inclusive, é algo que se destaca no trabalho das duas, graças à influência, primeiramente, de seus familiares, conta Niambi em entrevista ao Bahia Notícias.
"Nós descendemos de pessoas com melanina que foram roubadas de suas terras e sistemática e forçadamente excluídas de sua cultura. Mas apesar desses esforços, nossas famílias nos incutiram nossa cultura africana desde o nascimento. Nós somos pessoas africanas na América. Nós somos filhas dos orixás e sempre fomos – só precisávamos nos reconectar com nossos ancestrais para lembrar", ressalta a cantora.
Neste contexto, elas estão animadas com o show em Salvador, no Commons Studio Bar, na noite deste sábado (16). Será a primeira apresentação do duo em solo baiano – a primeira passagem pelo Brasil foi em 2017 com show apenas em São Paulo. Agora, elas integram a programação do projeto Intercenas Musicais (veja aqui), que neste Novembro Negro conta ainda com shows da nigeriana Okwei Odili e da sergipana Héloa, na sexta (15).
Para Thandiwe, a forte presença do candomblé em Salvador é inspiradora, ainda que os registros de intolerância religiosa, especialmente contra as religiões de matriz africana, sejam frequentes.
Somente este ano, de acordo com o Ministério Público do Estado (MP-BA), foram feitas 165 denúncias de racismo na Bahia. Por intolerância religiosa, foram 48 ao longo de 2019. Destas, 43 foram contra religiões de matriz africana. A maioria aconteceu nos próprios locais sagrados, como monumentos e locais de culto de diferentes crenças.
Mesmo assim, Thandiwe ressalta que a cidade "é a imagem mais vívida da resiliência dos nossos ancestrais no mundo". “Nós torcemos para que um dia todas as crianças da África encontrem um lugar onde elas tenham a liberdade de expressar com orgulho as antigas tradições daqueles que vieram antes de nós”, complementa.
Uma das melhores lembranças que a dupla tem do Brasil é justamente a visita que fizeram ao “Vale dos Orixás”, o Santuário Nacional da Umbanda, em São Paulo. Neste retorno ao país, elas também pretendem “sentar aos pés” de líderes e curandeiros da comunidade do Candomblé.
Quanto à música, Thandiwe adianta que o público que garantiu ingresso para as apresentações em Salvador e na capital paulista poderá conhecer algumas novas canções.
A dupla viaja com a turnê de seu primeiro álbum, o “Bittersweet vol.1”. Antes disso, elas lançaram alguns EPs e singles, todos marcados pela mistura de hip hop e soul dentro da estética do afrofuturismo.
“Nossas principais influências são aquelas que abriram os caminhos para vivermos no nosso propósito. Em geral, são nossos parentes e familiares, lideranças políticas como Assata Shakur e Malcom X e, musicalmente, é Fela Kuti, Bob Marley, Missy Elliot, Lauryn Hill, The Soulquarians... A lista segue", cita Thandiwe.
Do Brasil, Niambi conta que algumas de suas artistas favoritas são a cantora Tássia Reis, o cantor Hodari, a banda Tuyo e o produtor Ecologyk. "Nós estamos ansiosas para aprender mais sobre a música brasileira agora que nós estamos aqui", admitiu.
Além de conhecer um pouco da atual cena musical do Brasil, elas também têm acompanhado, mesmo que de longe, a situação social do país. Com um viés político nas próprias canções, Thandiwe compara o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao norte-americano, Donald Trump: "Nós temos ouvido muita decepção do povo brasileiro sobre seu presidente. Nos EUA, nós lidamos com as consequências de um presidente sem educação e prejudicial, e pelo que pudemos compreender parece que muitos brasileiros se sentem da mesma forma. Nosso melhor conselho é deixar que esses desafios unam a juventude e as pessoas que não vão desistir da liberdade e igualdade. Essa dificuldade só fará o Brasil mais forte".
Os brasileiros ainda conhecem pouco de OSHUN, já que elas circulam na cena alternativa. Mas sem deméritos. O primeiro e o segundo lote promocionais para o show de Salvador, por exemplo, já esgotaram. Agora, os interessados em ouvir o duo ao vivo terão que pagar R$ 25 no ingresso, que pode ser adquirido pelo portal Sympla (veja aqui). De acordo com a assessoria do projeto, a casa de shows vai vender as entradas restantes por R$ 20 na hora do show.
A única recomendação é feita por Niambi: "venham hidratados, receptivos e prontos para se curar". A dupla sobe no palco a partir das 20h.
Xangô Aganju do Babalorixá Balbino Daniel de Paula, conhecido como Obaràyí, irá celebrar junto aos seus filhos e a comunidade do Candomblé neste sábado (24), às 9h30, seus 60 anos de iniciação.
A comemoração acontecerá junto com uma programação religiosa pela manhã, acompanhada de uma celebração cultural com a participação de Egbomi Vovó Cici e o Coral do Aganju, do Mogbá de Xangô e também do ator Érico Brás e do cantor Aloysio Menezes.
No sábado, será apresentada de forma inédita a exposição "os 12 a?? do Rei" (vestes sagradas do Orixá), e também a mostra de fotos "Obaràyí: Uma história religiosa de 60 anos", que tem curadoria da Fundação Pierre Verger que ficará no Terreiro, aberta ao público até o final de setembro.
Balbino foi iniciado em 1959, pelas mãos de sua mãe-de-santo, Mãe Senhora do Ilê Axé Opô Afonjá.
SERVIÇO
QUANDO: Sábado, 24 de agosto
ONDE: Ilê Asè Opô Aganju, Rua Saketê, Lauro de Freitas
06h: Alvorada com Clarins
09h30: Entrega do Amalá a Xangô Aganju
10h30: Abertura da Exposição 12 a?? do Rei
11h30: Abertura da Exposição Obaràyí : uma história religiosa de 60 anos, da
Fundação Pierre Verger |
“O menino que não podia ver o Fogo”, com Egbomi Vovó Cici & Coral do Aganju | Um poema para Xangô por Érico Brás | Canto para Obaràyí por Aloysio Menezes
O curta-metragem "Do que Aprendi com Minhas Mais Velhas" será exibido no dia 8 de agosto (quinta-feira), às 22h. Dirigido por Fernanda Júlia Onisajé e Susan Kalik, a produção mostra o culto do candomblé, religião de matriz africana, em que as sacerdotisas ou yalorixás ensinam aos seus filhos, os iniciados na religião, o significado dos orixás – ancestrais africanos que passaram a serem cultuados como divindades após sua existência na terra.
Vencedor do Prêmio Aquisição SescTV 2018, concedido no Cine Baru Mostra Sagarana de Cinema, o documentário foi filmado nos terreiros de candomblé na Bahia. Imersa nesse ambiente, a produção também mostra o cotidiano dos filhos de axé e a familiaridade das crianças com os ritos, cantigas e comidas oferecidas aos orixás durante as festas e as homenagens realizadas nos terreiros.
O documentário faz parte da faixa + Curtas, que tem por objetivo fomentar o audiovisual e abrir mais uma janela de exibição para filmes com até 30 minutos de duração, produzidos no Brasil e no exterior. O curta-metragem será reapresentado nos dias 10 de agosto, sábado, às 23h30; 11 de agosto, domingo, às 22h30; 12 de agosto, segunda, às 22h; 13 de agosto, terça, às 24h; e 21 de agosto, quarta, às 23h30.
Com a proposta de evidenciar a influência do Candomblé na Capoeira, Salvador recebe o evento gratuito “A benção aos meus mais velhos, respeito a matriz africana: princípios do Candomblé Angola como fundamentos da Capoeira”.
A iniciativa acontece de 24 a 26 de maio, com uma programação que inclui debates, oficinas e uma caminhada. Para a organizadora e formada na Capoeira, Márcia Andrade (Passarinho), o objetivo não é difundir uma crença religiosa obrigatória aos capoeiristas, mas ressaltar que ela é uma arte corporal que foi influenciada pelos ritos, costumes e cultura de quem a criou. “Nenhum capoeirista é obrigado a seguir uma religião A ou B, mas deve respeitar a origem daquilo que pratica”, destaca.
A abertura do evento acontece no dia 24, com uma roda de conversa no Terreiro Ganzua Mugambo Munogunzo, situado na Rua Direta do Arraial do Retiro.
SERVIÇO
“A benção aos meus mais velhos, respeito a matriz africana: princípios do Candomblé Angola como fundamentos da Capoeira”
Dia 24: Roda de Conversa
Onde: Terreiro Ganzua Mugambo Munogunzo – Rua Direta do Arraial do Retiro
Dia 25: Oficinas de percussão com o capoeirista e Tataa Xicarangoma Dainho Xequerê e de dança com a licenciada em dança e formada na capoeira Márcia Andrade (Passarinho).
Dia 26: Caminhada pela valorização da cultura de matriz africana
Onde: saindo do Conjunto ACM (Estrada das Barreiras) em direção ao Arraial do Retiro
Celebrando 18 anos de trajetória, o bloco A Mulherada desfilará no Carnaval de Salvador nesta quinta-feira (28), a partir das 17h, no Circuito Osmar (Campo Grande).
Com o tema “Mistérios da África – as yabás, orixás, mães e rainhas”, este ano, o bloco faz uma homenagem às raízes ancestrais das mulheres negras, simbolizadas no Candomblé, pelas Yabás.
Nos desfiles, tais entidades serão representadas pelas orixás Iansã, Iemanjá, Oxum e Nanã. O Mini Trio também terá decoração nas cores azul, vermelha, amarela e lilás, que simbolizam as divindades.
O bloco desfilará com 60 percussionistas, 30 baianas, 40 rainhas afro, 30 mulheres compondo a Ala Feminista, além de carro alegórico em homenagem às Yabás, e um conjunto de 100 dançarinas.
Uma onda de acusações contra o rapper baiano Baco Exu do Blues tomou conta das redes sociais esta semana. Dentre elas a de que o artista seria “abusador” e “machista". As alegações não são ligadas a nenhuma pessoa específica, mas começaram a viralizar nas redes sociais na última segunda-feira (14). Entre os relatos, estão que "pessoas do meio musical" não gostariam do artista por causa dos supostos casos de abuso. Um outro internauta apontou que em um show Baco teria gritado que "uma mina preta é vagabunda". Há também questionamentos sobre a religião do rapper. Em prints compartilhados no Twitter, não é possível identificar quem foram os autores das declarações.
Após as acusações, nesta terça-feira (15), Baco decidiu se manifestar por meio de suas redes sociais, mesmo, segundo ele, contrariando as orientações de sua equipe. “Questionaram minha fé nos últimos dias, falaram sobre minha luta pelos negros e minorias, me acusaram de ser violento e de ter abusado de alguém, uma mentira que muda de forma, endereço e motivos a todo instante, uma acusação que não tem rosto”, disse o músico, em um storie no Instagram. "Poderia falar que é um boicote a um artista negro em ascensão, que é também sobre racismo institucional, mas isso vocês todos já sabem que acontece, não vou me estender sobre isso”, acrescentou Baco, que disse ter entrado em um “limbo de tristeza” por muitos fãs acreditarem “na onda de notícias falsas”. “Entendo também que mesmo sem fundamento é uma história de acusação caluniosa forte e de fácil credibilidade, já que mesmo sendo negro e minoria também sou homem e sim é muito complicado confiar em homens em situações como essa. Venho pedir senso em apurar os boatos, lembrem-se que estão lidando com uma vida, saibam o quanto uma afirmação a qual você não tem certeza ou prova alguma pode acabar com uma vida”, disse o rapper, informando que “medidas legais estão sendo tomadas”. Atualizado às 15h02.
Confira a resposta de Baco:
O músico, repentista, escritor e poeta baiano Bule Bule lança, no dia 11 de abril, em Salvador, o livro “Bule Bule – Orixás em Cordel”. O evento de lançamento, que conta com noite de autógrafos, acontece às 18h30, no foyer do Teatro Castro Alves. Publicada pela Pinaúna Editora, com ilustração de Klévisson Viana e prefácio do compositor, cantor e instrumentista Mateus Aleluia, obra une dois elementos da cultura brasileira e nordestina, a literatura de cordel e as religiões de matriz africana. “A escolha desse tema foi uma oportunidade ao descobrir que há cento e tantos anos que o cordel circula no Brasil e, mesmo com muitos grandes mestres que conviveram com os temas variados e viveram dessa arte majestosa de criar títulos e personagens, ninguém ainda tinha escrito, levando a sério, um trabalho de matriz africana, como esse. Alguns tinham feito tipo brincadeira, gozação... Mas levando a sério, a religiosidade, ninguém tinha feito. Eu acho que vai ser um elemento mágico para abastecer essa lacuna que o mercado ainda tem”, explica Bule Bule. Além do lançamento do livro, o projeto, que contou com apoio do Governo do Estado, por meio do Fundo de Cultura, Fundação Pedro Calmon e Secretarias da Fazenda e de Cultura do Estado da Bahia, prevê ainda rodas de conversas com o autor em terreiros de Candomblé de Salvador, Lauro de Freitas e Cachoeira.
SERVIÇO
O QUÊ: Lançamento do livro “Bule Bule – Orixás em Cordel”
QUANDO: Quarta-feira, 11 de abril, às 18h30
ONDE: Foyer do Teatro Castro Alves – Salvador (BA)
VALOR: Entrada gratuita, sujeita à lotação do espaço
A partir da linguagem oral, a ancestralidade da cultura afro-brasileira ultrapassou barreiras entre gerações, ganhando as páginas do livro “Histórias que Agbá me Contou”, lançado na última terça-feira (12), em Salvador. A publicação foi produzida coletivamente por 17 crianças de 4 e 5 anos, da Escola Municipal José Lino, localizada no Pelourinho. “Aqui no Museu Nacional da Cultura Afro Brasileira, que é o Muncab, tem um grupo de voluntariado [Sociedade Amigos da Cultura Afro Brasileira (Amafro)], que já desenvolve um projeto chamado Erê e já fez ações em várias escolas. Este ano eles convidaram a nossa”, conta a professora Maria Patrícia Soares, responsável por mediar o trabalho, que foi coordenado pela professora Maria Augusta Rosa Rocha, mentora do projeto junto com o Amafro, do qual ela também é integrante.
Maria Patrícia explica que o desenvolvimento do que veio a ser o livro se deu a partir das “histórias contadas por Agbás, senhoras velhas de terreiros de candomblé e de fundações que tratam da cultura afro-brasileira”. Foram dez reuniões semanais, nas quais as crianças opinavam sobre o que gostariam de ouvir e recontar. “Os meninos disseram que queriam histórias sobre os animais, sobre a natureza, de medo. Depois disso, a cada dia tinha uma contadora, a primeira delas, da Fundação Pierre Verger, Dona Cicí, que contou a história do ‘Veganami’. E aí as crianças iam me dizendo as coisas e eu escrevia junto com eles, recontando o que Vovó Cicí contou”, lembra a professora. Fruto deste trabalho coletivo, o livro traz quatro histórias, que ganharam ilustrações dos pequenos alunos: “Veganami - o Bichinho Guloso”, “O Mito de Passinho”, “A Rivalidade entre Oramila e Ossain” e “Etu”.
Lançamento aconteceu nesta terça-feira (12), no Muncab | Foto: Divulgação
A professora explica ainda que a construção do livro tem muito a ver com o que já se trabalha na instituição de ensino na qual ela leciona. “O tema no nosso projeto político-pedagógico é ‘O Menino do Pelô’, voltado para atender as questões de pertencimento desta criança que mora no Pelourinho. Então, o ‘Histórias que Agbá me Contou’ veio casar perfeitamente com o que a gente já trabalha, que é a valorização da cultura afro-brasileira, a valorização e o sentimento de pertencimento na comunidade, o sentimento de reconhecimento, como uma criança negra, que tem história, que seus familiares moravam e construíram o Pelourinho”, diz Maria Patrícia Soares, destacando a importância do projeto para desconstruir paradigmas e preconceitos amplamente disseminados na sociedade brasileira. “Em geral as escolas só trabalham com a cultura europeia. A gente tem livros que falam de Branca de Neve, de Cinderela, então a gente está falando com propriedade agora das histórias de nosso povo, de nossos ancestrais. Para nós é muito significativo, do ponto de vista até de quebrar esse preconceito da questão do que vem do terreiro. A gente precisa ver as belezas que vêm do terreiro”, avalia a professora.
O livro “Histórias que Agbá me Contou” teve uma tiragem de 200 cópias, que serão distribuídas entre as instituições que participaram do projeto, a Secretaria de Educação e as famílias das crianças.
Obra sobre tradição, amor e religiosidade, o documentário “Do que aprendi com minhas mais velhas” estreia neste domingo (11), às 18h, na Sala Walter da Silveira, em Salvador. Após a exibição, ocorrerá um bate-papo com a líder comunitária e religiosa Makota Valdina e a Egbomi Vanda Machado (Ilê Axé Opô Afonjá), sobre a sabedoria feminina e seus olhares sobre o mundo. Dirigido por Fernanda Júlia Onisajé e Susan Kalik, o média-metragem aborda a maneira como a fé no Candomblé é transmitida de geração em geração. No filme, Nenguas, Yalorixás e Egbomis contam como aprenderam com seus mais velhos e como ensinam aos seus mais novos. “A mais velha foi aquela que percorreu maior parte do caminho. É mediadora entre os mais novos, as divindades e os ensinamentos do processo iniciático. É por meio da experiência dessas Yás que nós mais novos aprendemos”, explica Fernanda Júlia.
SERVIÇO
O QUÊ: Exibição do documentário “Do que aprendi com minhas mais velhas”
QUANDO: Domingo, 11 de junho, às 18h
ONDE: Sala Walter da Silveira - Barris - Salvador (BA)
VALOR: Entrada gratuita
Para celebrar os 128 anos da abolição da escravatura e a resistência negra, Santo Amaro, no Recôncavo baiano, recebe mais uma edição do Bembé do Mercado desta quarta-feira (10) até o domingo (14). Além de comemorar a liberdade, o evento reúne centenas de adeptos do candomblé e vários terreiros da região, que durante cinco dias realizam grandes encontros e cerimônias em praça pública, culminando com a entrega de oferendas para Iemanjá, na praia de Itapema. Esse ano, o Bembé vai homenagear os terreiros de Umbanda e o terreiro Tumba Junsara pelos seus 98 anos, representado pela senhora, Iraildes Maria da Cunha-Mam’Eto Nkisi Mesoeji. A programação terá também palestras, debates, além de manifestações religiosas e culturais como Nêgo Fugido, Maculelê e Jogada de Rede. O evento terá ainda shows de nomes como Cortejo Afro, Ana Mametto e Rebeca Tárique. Na ocasião, a Fundação Palmares vai realizar também o lançamento da cartilha – África ao Brasil.
O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) promove, nesta quarta-feira (19), das 14h às 18h, o seminário "Okê Arô! São Jorge e Oxóssi – Notas sobre Sincretismo e Candomblé na Bahia". O evento, que é gratuito e dá direito a certificado aos participantes, reunirá especialistas como os professores Nilo Cerqueira, Miguel Assunção e Adelson de Brito, para analisar o fenômeno do sincretismo entre o santo católico e o orixá. Na ocasião, os presentes irão evidenciar as semelhanças e diferenças entre eles, além de detalhar a história de cada um. Os interessados em comparecer podem fazer a inscrição através da internet (clique aqui).
A exposição “Panteon”, do artista plástico baiano Francisco Santos, será aberta nesta terça-feira (14), às 19h, na Galeria Mansarda do Palacete das Artes. Em cartaz até 16 de abril, a mostra, que tem como objetivo divulgar a cultura afro, retratando a saga dos deuses do Panteon, conta com 20 obras em acrílico sobre tela. “Os orixás têm cores, danças; representam o sol, a chuva, os mares, os rios, as matas, os trovões e tempestades, ... a terra. Tem seu dia da semana, indentificado pela ferramenta que ele segura nas mãos. É composto de masculino e feminino; e é isso que vamos mostrar”, avalia o artista, destacando que cada obra apresenta um elemento da natureza.
Natural de Santo Amaro da Purificação, Francisco teve o primeiro contato com a arte aos sete anos. Cursou Belas Artes, é professor, restaurador, estilista e artista plástico. Possui obras documentadas em revistas, jornais, livros, cartazes e documentários. Seus trabalhos são vistos em museus, galerias, acervos particulares nacionais e internacionais e, especialmente, em entidades negras e Terreiros de Candomblé.
Serviço
O QUÊ: Exposição “Panteon”, de Francisco Santos
QUANDO: Abertura no dia 14 de março, às 19h. Visitação até o dia 16 de abril. De terça a sexta, das 13h às 19h. Sábado, domingos e feriados, das 14h às 19h
ONDE: Galeria Mansarda do Palacete das Artes
VALOR: Grátis
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/bembe2(2)(1).jpg)
Filho de Santo Amaro, Caetano compôs a música "13 de maio", que fala sobre o Bembé do Mercado:
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/orun1.jpg)
Filme conta a história da criação do mundo por Oxalá | Foto: Divulgação
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/cintia maria.jpg)
Uma das diretoras, Cíntia Maria, manuseia bonecos de massa usados em stop motion | Foto: Divulgação
A sessão acontece no mesmo dia da morte de Severiano Manuel de Abreu, Jubiabá, que morreu em 1937. Zelador de Nkisi, no dia 05 de outubro de 1920 teve sua casa, no Alto da Cruz do Cosme, invadida pela polícia, prática recorrente e muito comum no auge da perseguição policial aos Candomblés na década de 1920 que levou a cadeira de comando como se fosse um troféu, há 95 anos.
"De todos os símbolos do Candomblé, um dos mais emblemáticos é a Cadeira de Comando do líder espiritual da casa", explica o Babalorixá Taata Anselmo Santos Minatojy, líder espiritual do Terreiro Mokambo, que foi fundado em 1996.
![](http://admin.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/orixas2.jpg)
Curta é realizado por produtora baiana | Foto: Diane Luz
Confira as datas das demais apresentações:
![](http://admin.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/Arrastao%20de%20Yemanja%20-%20foto%20-%20Jamile%20Amine%20(4).jpg)
A não equivalência da data com a festa celebrada no Brasil tem um motivo muito simples, é que no hemisfério norte o inverno é rigoroso, em fevereiro, e dificultaria um cortejo pelas ruas cobertas de neve e com baixas temperaturas. O percurso do Arrastão começa em Porta Genova e segue por um dos mais belos pontos turísticos Milaneses: o Naviglio. E a novidade para este ano é que o evento será aberto com uma sessão de sopros, além das tradicionais manifestações de capoeira, dança, samba de roda e percussão. Mas as atividades culturais, que culminam no cortejo, já começaram na última sexta-feira (22), com um seminário de percussão, e seguiram no sábado (23) com um seminário de dança afro-brasileira e o projeto “Le Donne in Canto”, com vários concertos onde as mulheres têm destaque e executam o que Kal chama de “música universal com base brasileira”.
Confira vídeo de edição anterior do cortejo:
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/Arrastao de Yemanja - foto - Jamile Amine (7).jpg)
A polícia local acompanha o cortejo para garantir a segurança durante o evento / Foto: Jamile Amine
Veja galeria de fotos de edição anterior do Arrastão de Yemanja:
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/foto1(4).jpg)
A fotógrafa leva a cultura afrobaiana para o Uruguai, através da exposição "O Renascer na Casa de Exu"/ Foto: Andréa Magnoni
![](https://www.bahianoticias.com.br/ckfinder/userfiles/images/expo.jpg)
A publicação é o sétimo volume da coleção ‘Cadernos do IPAC’, que o Instituto vem publicando desde 2009. ’Bembé do Mercado’ trata da manifestação religiosa Bembé do Mercado, Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2012. O livro tem como base os estudos realizados pelo IPAC e que subsidiaram o registro do Bembé do Mercado. Conta com 160 páginas, mais de 170 imagens entre fotografias, mapas e infográficos e é acompanhado de um vídeo documentário de 52 minutos. Também conta com depoimentos de participantes e organizadores da festa, a exemplo de Maria Umbelina Santos Pinho, a Mãe Belinha.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luciano Simões
"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".
Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis.