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Artigos

Paulett Furacão
Quarto dos Fundos
Foto: Maísa Amaral / Divulgação

Quarto dos Fundos

Toda a tragédia que foi velejada pelos mares do Atlântico, ancorou erroneamente nas águas da ambição para construir um modelo de país que decidiu projetar um futuro de expugnação exclusiva, buscando através da escravidão das raças o seu principal atrativo. Após a bem-sucedida invasão do patriarcado europeu a poderosa fonte inesgotável de riquezas, chamada Pindorama, mais tarde rebatizada pelos invasores de Brasil, dizimou os povos originários, sequestrou as realezas africanas e perpetuou um sistema capitalista e higienista que perdura hodiernamente.

Multimídia

André Fraga admite dificuldade para mobilizar politicamente a militância ambiental na Bahia

André Fraga admite dificuldade para mobilizar politicamente a militância ambiental na Bahia
Em entrevista ao Projeto Prisma, nesta segunda-feira (17), o vereador soteropolitano André Fraga (PV), comentou sobre a falta de representação da militância ambientalista no legislativo baiano. “Houve um equívoco na forma como [o partido] se comunica”. “Toda pauta ambiental é o ‘segundo time’. Todo mundo fala muito bem, mas na hora de votar esquece. Eu acho que houve um equívoco do movimento ambientalista, de forma geral, na forma como se comunica”, afirma. 

Entrevistas

"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador

"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador
Foto: Reprodução / Instagram / Pedro Tourinho
Salvador se prepara para receber mais uma vez as celebrações do 2 de Julho, data que marca a luta pela independência do Brasil na Bahia, que em 2024 tem como tema "Povo Independente". Na semana passada o Bahia Notícias conversou com o secretário de Cultura e Turismo da capital baiana, Pedro Tourinho, para esquentar o clima dos festejos desta terça-feira. Para o titular da Secult, o povo de Salvador tem a independência forjada em seu DNA.

candomble

Anitta perde seguidores após anunciar clipe em terreiro: "Exu tirando do meu caminho o que não serve mais"
Foto: Instagram

Anitta teve uma queda no número de seguidores nesta segunda-feira (13) após abrir sua intimidade nas redes sociais e compartilhar com os fãs um pouco da religião que segue, o Candomblé.

 

Em um desabafo feito no Instagram, a Poderosa relatou ter perdido 100 mil seguidores após mostrar registros do próximo clipe, que trará ao público um pouco da vivência em terreiro.

 

"Perdi 100 mil seguidores depois de anunciar o clipe onde vou mostrar minha religião. Laroyê Exu tirando dos meus caminhos tudo que já não me serve mais. Nessa minha nova fase, escolhi qualidade e não quantidade. Axé", contou.

 

 

Ao compartilhar os registros do clipe 'Aceita', que será lançado no dia 15 de maio, a artista escolheu o texto sinopse da Unidos da Tijuca para o Carnaval de 2025, que irá homenagear Logun-Edé. Na época em que lançou o projeto 'Funk Generation', a artista explicou em coletiva o motivo que a fez gravar um clipe sobre a religião.

 

“Tive a ideia de fazer o vídeo sobre minha religião porque, para mim, ela tem muito a ver com a cultura do funk, que nada mais é do que a cultura afro, de força e superação. Espero que essa mensagem ajude na quebra de preconceitos religiosos.”

 

Esta não é a primeira vez que Anitta sofre ao falar sobre sua religião. A cantora, que decidiu deixar a igreja e seguir no candomblé após um episódio de intolerância, já foi alvo de ataques nas redes sociais ao compartilhar um registro ao lado de um pai de santo.

 

“Muito triste ver como Satanás manipula e cria ilusões na mente das pessoas para que elas acreditem que estão adorando o Deus altíssimo quando, na verdade, estão adorando o próprio Satanás”, escreveu um internauta.

 

Durante a gravação do clipe em 2023, a artista foi confrontada com mensagens que afirmavam que sua religião era "do demônio" e que apenas Jesus era a salvação. "O sangue de Jesus tem poder. O único que deve ser adorado é o Senhor Jesus", "o dia que ela morrer. Ela vai lembrar de JESUS, aí vai ser tarde demais!".

Terreiro de candomblé no Recôncavo se torna patrimônio cultural brasileiro
Foto: Divulgação

Um terreiro de quase cem anos situado em Cachoeira, no Recôncavo, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29). Com isso, o terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê se torna patrimônio cultural brasileiro.

 

O local já havia sido tombado como Patrimônio Imaterial da Bahia, em 2014. Conforme o G1, a inclusão como patrimônio nacional ocorreu durante a 103ª Reunião do Conselho Consultivo do Iphan. Por unanimidade, o órgão aprovou a inclusão do espaço religioso no rol de entidades nacionais contempladas devido ao valor histórico, cultural e ambiental da casa.

 

Por muito tempo, o terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê ficou conhecido como o terreiro de Mãe Judith, em referência à criadora do espaço, fundado em 1916. Atualmente, Pai Duda de Candola lidera o terreiro. O Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê fica na localidade da Terra Vermelha e é uma Casa de Santo da Nação Nagô.

 

O patrono do terreiro é o Orixá Xangô. As festas no local ocorrem entre julho e setembro, com outras atividades em dezembro. 

Homenageado Exu, A Dama busca combater intolerância: "Religião também é sobre isso"
Fotos: Ana Clara Pires / Bahia Notícias

Uma das atrações do Carnaval no Circuito Osmar (Campo Grande), A Dama se vestiu com uma fantasia em homenagem ao orixá Exu. Em conversa com a imprensa, a cantora disse que busca passar mensagem contra a intolerância religiosa. 


"Todo ano eu procuro representar o que eu sou, eu sou uma pessoa do candomblé, então hoje eu tô trazendo o Exu pra rua, para que as pessoas possam também entender que a religião também é sobre isso, é a gente poder expressar o que a gente realmente é sem ter medo, sem nada. E eu espero que seja uma passada de muita paz, eu sei que eu tenho muito carinho desse público que tá aqui hoje na Avenida, então é isso, eu tô muito feliz", comentou a pagodeira.


 

Ela também falou sobre a recém-anunciada gravidez de sua esposa Gabriela Messy e revela que a maternidade veio em um momento complicado em sua vida.


"Eu não posso falar muita coisa por uma questão espiritual, mas quando eu soube que eu ia ser mãe foi um momento muito triste da minha vida, uma fase que eu tava passando. Então saber daquilo me levantou. Eu agradeço muito a minha esposa, o que a gente fez realmente conseguiu dar certo dessa vez, eu estou muito feliz", comemorou. 

Vídeo: Mulher é vítima de intolerância religiosa no metrô de Salvador

Na tarde desta segunda (15), os passageiros que estavam seguindo da estação Pituaçu à Tamburugy, na linha 2 do metrô de Salvador, se depararam com uma grande confusão, aparentemente causada por intolerância religiosa. 


Uma moça que estava utilizando um colar de conta, tradicional do candomblé, foi agredida verbalmente, inclusive com gritos, por um homem que se incomodou com a presença dela no vagão. Visivelmente irritado, ele começou a se aproximar da mulher e iniciou uma série de falas, inclusive usando trechos bíblicos para repreender a guia, como é conhecido o colar e a religião dela. 

 


As manifestações religiosas dentro dos vagões do metrô de Salvador já são rotineiras, mesmo que não recomendadas pela empresa que administra o equipamento. Um dos passageiros que registrou as imagens, o jovem Tobias Muniz, afirmou que quando entrou no trem, a confusão já estava acontecendo e que o homem se aproximou da mulher e começou a provocar com falas intolerantes até que ela perdesse a paciência e começasse a se defender, inclusive tirando o colar para evidenciar e defender a sua religião.


Ainda segundo o rapaz, após a publicação do vídeo nas redes sociais, os seus seguidores compartilharam e ajudaram a encontrar a mulher, que juntos já estão em busca de uma solução para o caso, acionando o Ministério Público e contactando advogados.


Na publicação, Tobias repreende a falta de fiscalização e a recorrência de situações como esta. “Não é intolerância religiosa, é racismo religioso pois só religião de negro que está sendo alvo de violência. O povo de candomblé e das religiões de matriz africana não toleram mais isso dentro das dependências da empresa privada a qual somos clientes e pagamos por seus serviços diariamente”, disse.

 

Bruno Gagliasso é alvo de intolerância religiosa após foto de filho em terreiro na Bahia
Foto: Instagram

O ator Bruno Gagliasso está sendo alvo de ataques preconceituosos nas redes sociais após compartilhar um registro do filho Bless em um terreiro de candomblé na Bahia


Gagliasso esteve em Lauro de Freitas para a visita ao local e levou o herdeiro para conhecer o terreiro pela primeira vez. 

 

No texto compartilhado pelo ex-global, ele fala sobre a importância de viver o momento ao lado de Bless, porém, o momento especial em família se tornou uma dor de cabeça para o ator, que foi atacado. 

 


"Que Deus te dê sabedoria. Deus quer que vocês venham conhecer o verdadeiro pai, que Deus toda honra e toda glória, só e dele", disse uma internauta. 

 


“A Bíblia diz que devemos criar os filhos nos caminhos do Senhor Jesus para que eles não se desviem de Deus, quando não fazemos isso seremos cobrados por Deus no dia do juízo!", escreveu outro.

 


A intolerância religiosa é crime previsto em lei. Na atualização, sancionada em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o crime foi equiparado ao de injúria racial  e prevê pena de 2 a 5 anos para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.

 


O artista, que durante a visita foi suspenso como Ogan de Oxóssi, recebeu apoio de internautas. “Sou evangélica e super apoio as pessoas manifestarem a sua fé, pois todos são livres pra seguirem a crença que quiserem. Você é lindo e sua família também", escreveu uma fã. “Quem é do Axé diz que é. Parabéns por exaltar sua fé com Orgulho. Precisamos de mais atitudes assim para construirmos cada vez mais um Brasil de todos os Deuses!", destacou outro

Bruno Gagliasso leva filho pela 1ª vez em terreiro na Bahia: “Emocionante”
Foto: Instagram

A Bahia se tornou cenário de um momento importante para o ator Bruno Gagliasso. O ex-global, que é iniciado no Candomblé e frequenta um terreiro no estado, trouxe o filho Bless, para conhecer o local que ele frequenta há alguns anos, pela 1ª vez.

 

Bruno desembarcou na capital baiana na segunda-feira (13), e apesar de citar Salvador como endereço, o artista frequenta o terreiro Ilê Axé Opô Aganju, localizado no Alto da Vila Praiana, em Lauro de Freitas. 

 

"Ontem viemos a Salvador, trouxe meu filho Bless para vir a primeira vez no terreiro de candomblé que frequento há alguns anos, o Ilê Axé Opo Aganju, do meu pai Obarayi", escreveu ele que esteve acompanhado de Pedro Tourinho, Secretário Cultura e Turismo de Salvador.

 

 

 

No relato feito por Gagliasso, o ator conta que o momento foi ainda mais importante por ter sido suspenso Ogã de Oxossi, a cerimônia na qual a pessoa é colocada em uma cadeira e suspenso pelos ogãs da casa, médium responsável pelo canto e pelo toque, que ocupa um cargo de suma importância e de responsabilidade dentro dos rituais de Umbanda e Candomblé.

 

“A noite que por conta disso já seria emocionante, tornou-se ainda mais especial, pois recebi a honra de ser suspenso Ogã de Oxossi na casa. Uma alegria emocionante e a sensação de que estou apenas começando uma caminhada linda de aprendizado e axé. Okê Arô Oxossi", disse o artista.

Bembé do Mercado completa 134 anos de enfrentamento ao racismo e celebração à liberdade; veja programação
Foto: Reprodução/ Instagram Bembé do Mercado

Maior candomblé de rua do mundo, o Bembé do Mercado, realizado em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo, completa neste ano 134 anos de existência. A tradicional celebração, que neste ano tem 5 dias de festejos, comemora a abolição da escravidão com a assinatura da Lei Áurea, o evento será realizado até o domingo (14) no mercado da cidade.

 

Realizado desde o primeiro ano pós-abolição, em 13 de maio 1889, pelo sacerdote João de Obá, ele é reconhecido como Patrimônio Cultural Nacional desde 2019 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2012 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). O Bembé é um evento que tem como pilar a preservação da memória ancestral dos negros recém-libertos e dos negros livres que lutaram pelo fim da escravidão e também pela liberdade religiosa.

 

Dedicado ao culto de Oxum e Iemanjá, as comemorações giram em torno dos preceitos do candomblé, sendo dividido em cerimônias fundamentais como Ipadê de Exú - momento em que se saúda o orixá Exú, responsável pela proteção do mercado -; Orô de Iemanjá e Oxum - cerimônia em que as duas divindades são agraciadas com alimentos típicos -; Xirê do Mercado - festejo em que se saúda e dança para todos os orixás e a entrega dos Presentes destinados aos orixás das águas - momento de entrega dos balaios e oferendas na praia de Itapema com objetivo de agradecer a proteção e as bençãos recebidas.

 

A celebração é uma reafirmação da cultura afrobrasileira através de cantos sagrados, toques de atabaques, oferendas, vestes estampadas e coloridas, com a reunião de integrantes de diversos terreiros de Santo Amaro da Purificação e de outras regiões da Bahia, que se juntam no mercado da cidade para saudar os orixás e a ancestralidade africana. Os atos fortalecem ainda os laços entre terreiros e comunidades quilombolas, preservando o culto aos orixás como um importante alicerce no enfrentamento do racismo religioso na Bahia e no Brasil.

 

O evento atrai pessoas de todo o país e conta ainda com apresentação de manifestações culturais herdadas da diáspora africana como o Nego Fugido, encenação que retrata a violência da escravidão; o Lindro Amor, cortejo de mulheres criado para comemoração das festas de São Cosme e Damião; a Burrinha, a Puxada de Rede, grupos de sambas de roda, bumba-meu-boi, capoeira e o Maculelê.

 

Confira a programação:

Sexta-feira, 12 de maio:

10h - Roda de Saberes: O legado Ancestral e o Protagonismo Feminino - Histórico e Violações de Direito - Xirê das Pretas

14h - Sessão Especial na Câmara de Vereadores: Bembé do Mercado: A Economia da Cultura e o Desenvolvimento em Santo Amaro

14h - XI Cultura e Negritude - Roda de Saberes e Formação: Black Language is Black History Too: A Transnational Conversation About Literature and Culture

Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal da Recôncavo Baiano

16h - Roda de Saberes: Saberes dos Caboclos na Contemporaneidade

17h - Caminhada Axé do Bembé

18h30 - Apresentação do documentário “Boca da Mata”- Caboclo da Minha Aldeia” - Ilê Axé Omorode

19H - XI Cultura e Negritude - Roda de Saberes e Formação: Verbetes Sonoros, Uma Pedagogia do Terreiro

Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal da Recôncavo Baiano

19h30 - Associação de Capoeira Berimbau de Ouro - Acarbo / Maculelê

20h - Grupo de Maculelê os Gema Povivá

21h - Samba de Roda Tumba Lá e Cá

22h - Samba Criôla

23h - Samba de Roda Raízes de Santo Amaro

00h30 - Filhos de Gandhy

01h30 - Gerônimo

Local: Largo do Mercado

 

Sábado, 13 de maio:

08h - Associação de Capoeira Estilo e Malícia

Local: Largo do Mercado

09h - Roda de saberes Turismo Religioso

Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal do Recôncavo Baiano

11h - XI Cultura e Negritude - Conferência "Os Territórios e os Saberes Tradicionais: Lutas sócio- Políticas contemporâneas

Local: TV UFRB

12h - Samba Santinho

Local: Largo do Mercado

15h - Religiosidade e Diversidade: A presença LGBTQIAPN + na Religião de Matriz Afro

Local: Auditório do Cecult da Universidade Federal do Recôncavo Baiano

15h30 - Roda de Capoeira da Associação de Mestres do Recôncavo

16h - Samba de Roda Laíla

18h30 - Roda de Capoeira da Associação Cultural Sementes de Santo Amaro

19h - Apresentação da Cia Dança Novo Styllo - Terreiro Ilê Axé Ya Omin

19h - Saída do Cortejo dos Filhos de Gandhy na Praça da Purificação

20h - Celebração religiosa no barracão (Xirê)

21h30 - Chegada do Presente ao barracão

22h - Ato de assinatura de doação do Prédio Público para a Associação Bembé do Mercado

01h - Cortejo Afro

02h - Malê Debalê

03h - Samba 17

Local: Largo do Mercado

 

Domingo, 14 de maio:

08h - Celebração religiosa no barracão (Xirê)

08h30 - Ato de Inauguração do Busto João Obá

09h - Saída do presente da Praia de Itapema

Local: Largo do Mercado

10h - XI Cultura e Negritude - Roda de Saberes e Formação: Ancestralidade, Religiosidade e Cultura

Local: Associação dos Moradores de Itapema

11h30 - Ato de Assinatura da Ordem de Serviço da Obra de Requalificação de Itapema

Local: Itapema

Morre Dona Olga do Bate Folha, matriarca do mais tradicional terreiro de candomblé banto do Brasil
Foto: Arquivo AECC

Morreu, nesta terça-feira (25), aos 98 anos de idade, Olga Conceição Cruz, também conhecida como Nengua Guanguasense, matriarca do terreiro Mansu Banduquenqué, apelidado de “Bate Folha” e localizado no bairro da Mata Escura, em Salvador.

 

Moradora da Mata Escura desde muito jovem, Nengua Guanguasense era considerada como uma espécie de “arquivo vivo” da região e era reconhecida por transformar a roça do Bate Folha em um espaço de acolhimento da população local.

 

Dona Olga foi iniciada no candomblé aos 24 anos de idade, no dia 6 de fevereiro de 1949, e era a grande liderança espiritual feminina do Bate Folha, ao lado de Cícero Rodrigues Franco Lima, o Tata Muguanxi.

 

O sepultamento da líder religiosa acontecerá às 16h desta quarta-feira (26), no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas.

 


Foto: Arquivo Pessoal

 

BATE FOLHA

Instalado em uma ampla área remanescente da Mata Atlântica, com mais de 15 hectares, o Bate Folha é considerado o mais tradicional terreiro de origem banto do Brasil. Nascida entre a fusão das tradições oriundas de Angola e do Congo, a casa mais que centenária foi fundada em 1916 por Manoel Bernardino da Paixão, o Tata Ampumandezu.

 

O terreiro foi imortalizado no cancioneiro popular baiano pela música “Toté de Maianga”, escrita pelo compositor Gerônimo. Na música, o eu lírico narra: “vinha passando pela Mata Escura / No Bate Folha, ouvi uma canção / Que é pro santo poder sair da aldeia / Para chamar o orixá dessa nação”.

 

Apesar da música imortalizada na voz da ministra Margareth Menezes, o terreiro do Bate Folha, assim como toda casa de tradição banto, cultua divindades chamadas “inquices”, que são originadas de povos que ocupavam as regiões em que hoje ficam Angola e Congo. Elas são diferentes dos orixás, de origem iorubá, na Nigéria e no Benim.

 

Em 10 outubro de 2003, o Bate Folha foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia do Ministério da Cultura (MinC).

Após denúncia, prefeitura de Salvador interdita obra irregular que ameaçava terreiro Casa Branca
Foto: Reprodução / Instagram | Montagem: Tobias Muniz / Bahia Notícias

A prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), informou que realizou a interdição da obra de um prédio que vinha sendo construído em cima do primeiro terreiro do Brasil, a Casa Branca - Ilê Axé Iyá Nassô Oká- no Engenho Velho da Federação. Segundo a Sedur, a ação foi tomada na última quarta-feira (29), após a fiscalização encontrar materiais de construção no local.

 

Além disso, a pasta informou que a obra estava embargada desde setembro de 2022, após os candomblecistas do terreiro denunciarem a edificação por não ter alvará para a construção. Apesar do embargo, de acordo com frequentadores do terreiro, as obras foram retomadas neste ano, sem autorização da prefeitura. Em nota, o avanço da construção, portanto, foi negado pela Sedur.

 

“A construção já havia sido embargada em setembro de 2022, por não possuir alvará de construção e que vem realizando constantemente fiscalização na área.  Desde setembro de 2022, quando houve denúncia dessa obra, e foi embargada pelos fiscais do órgão, a construção não avançou. Caso a obra não possa ser regularizada, poderá sofrer as sanções cabíveis”, disse a Sedur.

 

A DENÚNCIA
Na terça-feira (28), nas redes sociais, o terreiro denunciou o avanço das construções e alegou que o prédio já estaria alcançando o quinto andar. Segundo a Casa Branca, a obra estava seguindo sem “qualquer acompanhamento técnico” e poderia desabar em cima do templo religioso iorubá. 

 

“Já está com cinco andares, desafiando autoridades. A construção segue sem qualquer acompanhamento técnico, e isso só aumenta os riscos. Situa-se em área contígua à casa religiosa, no alto. Ao desabar, e os riscos disso acontecer são óbvios, destruirá a Casa Sagrada do Orixá Omolu e matará filhas e filhos de santo da Casa Branca", afirmou.

 

 

O TERREIRO CASA BRANCA 
O Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi fundado em 1830 por mulheres africanas oriundas do antigo Império de Oió. Vendidas como escravas e traficadas para o Brasil, elas resolveram fundar um templo religioso iorubá em pleno centro de Salvador, no terreiro que ficaria conhecido como “o Candomblé da Barroquinha”. Até hoje, é considerada por estudiosos como a primeira casa candomblecista do país.

 

Hoje instalado no bairro do Engenho Velho de Brotas e mais conhecido como Terreiro da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká ganhou esse nome em homenagem à sua principal fundadora, a iorubá Iyá Nassó (Mãe Nassô).

 

Área da Casa Branca | Foto: Reprodução / Instagram

 

De acordo com a historiografia, todas as casas de candomblé de origem iorubá no Brasil têm origem direta ou indireta do Casa Branca, como são os casos do Ilê Iyá Omi Axé Iyá Massê (Terreiro do Gantois), marcado pela iyalorixá Mãe Menininha; e do Ilê Axé Opô Afonjá, que foi comandado pelas históricas Mãe Senhora e Mãe Stella de Oxóssi.

Terreiro mais antigo do Brasil, Casa Branca promove evento com samba para celebrar Dia Nacional do Candomblé
Foto: Divulgação / Ilê Axé Iyá Nassô Oká

Nesta terça-feira (21) se comemora oficialmente o Dia Nacional do Candomblé. Para comemorar a data, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká – mais conhecido como “Terreiro da Casa Branca” – decidiu promover, no próximo sábado (25), o evento “Os Batuques do meu Axé: do barracão de Tia Ciata ao de Mãe Neuza de Xangô”, com palestras, debates e roda de samba.

 

O evento está programado para se iniciar às 17h30, com a mesa de abertura formada por três sacerdotes candomblecistas: a iyalorixá Neuza Cruz, representante do Casa Branca; o tata de inquice Cícero Rodrigues; do terreiro bantu Bate Folha; e o doté Amilton Costa, da casa de candomblé fon Kwe Vodun Zo.

 

A partir das 18h, dá-se início ao debate “Racismo religioso e os ataques às religiões de matriz africana”, com as participações do professor de direito na UFBA Samuel Vida, da promotora de Justiça Lívia Vaz e de Isaura Genoveva Neta, integrante do Ilê Axé Iyá Nassô Oká.

 

A parte musical do evento está programada para começar às 20h, com o grupo Samba pra Rua, que receberá ainda a banda Gal do Beco como convidada especial.

 

O Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi fundado em 1830 por mulheres africanas oriundas do antigo Império de Oió. Vendidas como escravas e traficadas para o Brasil, elas resolveram fundar um templo religioso iorubá em pleno centro de Salvador, no terreiro que ficaria conhecido como “o Candomblé da Barroquinha”. Até hoje, é considerada por estudiosos como a primeira casa candomblecista do país.

 

Hoje instalado no bairro do Engenho Velho de Brotas e mais conhecido como Terreiro da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká ganhou esse nome em homenagem à sua principal fundadora, a iorubá Iyá Nassó (Mãe Nassô).

 

De acordo com a historiografia, todas as casas de candomblé de origem iorubá no Brasil têm origem direta ou indireta do Casa Branca, como são os casos do Ilê Iyá Omi Axé Iyá Massê (Terreiro do Gantois), marcado pela iyalorixá Mãe Menininha; e do Ilê Axé Opô Afonjá, que foi comandado pelas históricas Mãe Senhora e Mãe Stella de Oxóssi.

Presidente dos Filhos de Gandhy defende adoção de novas cores na fantasia do afoxé
Foto: Lula Bonfim / Bahia Notícias

O presidente do afoxé Filhos de Gandhy, Gilsoney de Oliveira, defendeu a adoção do verde e do amarelo na fantasia de 2023 do bloco. A escolha da direção vem sendo criticada por associados, que reclamam a exclusividade dos tradicionais azul e branco na mortalha. Para o dirigente, a reclamação é natural, mas não foge das tradições ligadas ao candomblé.

 

“Eu não avalio como crítica. A polêmica é importante porque cria conteúdo, cria mídia. Nós temos um entendimento religioso, onde as cores são pertinentes aos nossos temas, aos que nós pensamos e à leitura de todo um trabalho, todo um projeto. Neste ano, colocamos o verde e o amarelo porque estamos homenageando o caboclo. É o verde e o amarelo do Brasil, da esperança, da alegria de voltarmos depois de uma pandemia. As cores fazem parte do sagrado”, afirmou Gilsoney, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

Tradicionalmente, a cor principal do Gandhy é o branco, em homenagem a Oxalá. Entretanto, com o passar do tempo, para variar as fantasias a cada ano, o azul também foi adotado, fazendo uma referência a outro orixá: Ogum.

 

Em 2019, porém, uma grande polêmica foi instaurada, com uma fantasia branca, azul e amarela, sendo a última cor uma homenagem à orixá Oxum. Muitos associados reclamaram, afirmando que a adoção de uma terceira cor estaria descaracterizando o afoxé.

 

Em 2023, as cores verde e amarelo se somaram ao branco e azul da fantasia, gerando novas críticas dos associados. A escolha foi feita em homenagem a entidades do candomblé de caboclo, popular no Recôncavo da Bahia, e da umbanda. Até este ano, as temáticas anuais do Gandhy faziam referência às tradições candomblecistas dos terreiros mais antigos de Salvador, que cultuam apenas entidades iorubás.

 


Foto: Diogenes Neghet / Filhos de Gandhy

 

“Temos uma marca, que temos que respeitar: Mahatma Gandhi era ecumênico. Nós respeitamos todos. Somos afrodescendentes, temos a questão do candomblé, mas o Gandhy é um bloco ecumênico, respeita todas as religiões e todo entendimento religioso”, defendeu o presidente do Gandhy.

 

Gilsoney ainda lembrou que, neste momento, saudar os caboclos possui um simbolismo importante para o Brasil, que enfrenta uma crise humanitária envolvendo a etnia yanomami, da região norte do país.

 

“Essa questão dos indígenas, todos nós precisamos nos envolver na campanha. Porque olha o que está acontecendo com os yanomamis! Os indígenas fazem parte do início da nossa história. Os caboclos e os encourados fazem parte da religião. O Gandhy é para aglutinar, para aproximar e queremos o entendimento religioso, o entendimento sexual, de todas as vertentes. O Gandhy é contemporâneo e se obriga a levantar a bandeira da paz”, concluiu Gilsoney.

Dias D’Ávila: Terreiro de Candomblé é arrombado e tem itens furtados
Foto: Reprodução / Mais Região

Um terreiro de Candomblé foi alvo de arrombamento e teve objetos furtados em Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Nenhum suspeito foi localizado até a manhã desta segunda-feira (13). O fato ocorreu no terreiro Ilê Asè Airá Tolami, situado no bairro Santa Helena, no último sábado (11).

 

Segundo o Mais Região, parceiro do Bahia Notícias, a situação foi percebida quando um integrante do terreiro chegou ao local e constatou que as portas estavam arrombadas. Quando entrou também notou a ausência de aparelhos eletrodomésticos, alimentos e objetos de uso pessoal.

 

Na ação, grades também foram notificadas. O caso foi registrado na 25ª Delegacia de Dias D’Ávila, que investiga o crime. Acompanha o caso também a Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid). 

Chef baiana conta a história por trás da deliciosa tradição do caruru em setembro
Foto: Divulgação

Quem é baiano provavelmente já ouviu os versos da cantiga que diz “São Cosme mandou fazer/ Duas camisinha azul/ No dia da festa dele/ São Cosme quer caruru”. É certo também que muita gente fica eufórica em setembro, na ânsia pelos convites para se esbaldar nos tradicionais banquetes em homenagem a Cosme e Damião e aos Ibejis.

 

Na esteira dos festejos, após receber muitos pedidos por orientações sobre o preparo dos pratos típicos do período, a afrochef baiana Paloma Zahir, que comanda o Kissanga Restaurante, em Salvador, resolveu fazer mais do que ensinar os passos dessa gastronomia regada a dendê. Ela decidiu desvendar os mistérios por trás desse costume bem baiano, juntando cozinha, história, cultura, religião, tradição e solidariedade.

 

“[Elas perguntavam] ‘Paloma, como é que faz o caruru, como faz o vatapá? O xinxim o tempero não pega direito, tem algum toque, tem algum segredo?’. E aí eu parei pra pensar em como entregar um conteúdo com mais qualidade para as pessoas. Eu falei ‘pô, não quero ficar só dando direcionamentos curtos, vou formular uma coisa mais completa’. E aí, pelo fato de eu ser uma mulher de Axé, de ser iniciada no Candomblé, eu lembrei de como iniciou a tradição aqui do caruru de Cosme e Damião e toda essa questão também da fraternidade, de matar a fome das pessoas”, explica a cozinheira, que, neste sentido, resolveu criar o Workshop Caruru dos Ibejis, para apresentar dicas culinárias, mas também promover discussões sobre ancestralidade (saiba mais).

 

Totalmente virtual, o projeto será ministrado ao vivo, na próxima segunda-feira (20), a partir das 13h, por meio da plataforma Zoom. Para aqueles que não puderem acompanhar em tempo real, o conteúdo ficará disponível pelo período de um mês. O ingresso custa R$ 50 e a renda vai ser totalmente revertida para o Instituto Conceição Macedo, que apoia pessoas soropositivas na capital baiana. Além disso, o caruru preparado durante a atividade também será doado em quentinhas distribuídas nas ruas de Salvador, para pessoas em vulnerabilidade social. “Com toda essa pegada caótica que a gente está tendo na economia e como está mais difícil pra colocar comida na mesa, é uma forma também de eu estar entregando meu Axé às pessoas, em forma de comida, em forma de afeto”, pontua Paloma.

 


"É uma forma também de eu estar entregando meu Axé às pessoas", diz chef baiana que promove workshop sobre o tradicional caruru de Ibejis ou de Cosme e Damião | Foto: Divulgação

 


DICAS PARA MANDAR BEM NO CARURU 
Ao Bahia Notícias, a chef deu alguns macetes para fazer um caruru como manda a tradição, sem sair de um orçamento que caiba no bolso. “Partindo da situação econômica do país, uma dica coringa é você começar a comprar os ingredientes com antecedência”, alerta a especialista, garantindo “uma economia absurda” para aqueles que não deixam para adquirir os produtos em cima da hora. 

 

Outro ponto importante apontado por Paloma Zahir é evitar os excessos. “Em relação à questão de tempero, acho que as pessoas erram quando colocam mais itens do que o necessário. Porque comida baiana, principalmente o caruru de Cosme e Damião, dos Ibejis, que é uma comida votiva [comida preparada para oferecer a divindades], o tempero não é cheio de ingredientes”, adverte a cozinheira. “O único que leva mais tempero mesmo é o vatapá, com as oleaginosas, o amendoim e a castanha. Mas no caruru, no xinxim e outras coisas, o tempero é básico. Tem gente que eu vejo colocando coentro, colocando tomate, que são coisas que não devem ser utilizadas”, instrui.

 

Paloma explica ainda que na gastronomia baiana há uma base simples para o preparo da maioria dos pratos: cebola e camarão defumado. Mas não o crustáceo tingido com corantes, que custa mais barato, e sim aquele que passa por um processo de cura com fumaça de verdade. “O segredo do caruru é você ter um bom camarão. O camarão é um dos personagens principais na composição do tempero”, resume.

 


“O segredo do caruru é você ter um bom camarão", alerta a cozinheira | Foto: Divulgação

 

 

A HISTÓRIA POR TRÁS DO BANQUETE
Todo mundo já foi criança um dia, e, na Bahia, provavelmente já figurou entre os sete meninos servidos com o caruru de Cosme e Damião, ou dos Ibejis. A origem desta tradição, assim como o motivo da celebração no mês de setembro e o porquê de um banquete tão vasto em guarnições são algumas das informações que serão detalhadas no workshop. 

 

“Vou falar como iniciou a tradição, vou contar os itans, porque se originou essa tradição na Bahia, como tudo ocorreu, para as pessoas entenderem. Porque o pessoal tem muito a cultura de comer o caruru, mas não procurar saber o porquê. Por que ele é em setembro?  Como se iniciou?”, promete a afrochef. “Então, a questão é mesmo de trazer esses questionamentos e mostrar o quanto a cultura e a religião é potente ainda no nosso dia a dia”, pontua.

 

Para os leitores do BN, Paloma adiantou algumas explicações. Conta a lenda que Exu costumava entrar no palácio e devorar toda a comida servida ao rei Xangô. Contrariado, o orixá da justiça resolveu armar uma cilada com a ajuda de seus dois filhos gêmeos, os Ibejis, que propuseram um desafio para que o visitante parasse de “roubar” a comida do pai.

 

“Essa questão dos pratos vem do Itan, os contos africanos. O que acontece? Os Ibejis são os filhos de Oyá e Xangô. Teve uma certa vez que Exú desafiou Xangô em questão de dança, e aí Xangô colocou seus filhos, sem Exu saber. Então, a questão era, Exu disse que aguentava dançar por muito tempo. Xangô então colocou um dos Ibejis pra tocar. Ele tocava, tocava, tocava, e quando um ficava cansado o outro trocava de lugar. E Exu não percebia isso, porque, na verdade, ele estava comendo as coisas de Xangô. E aí ficou nessa questão e Exu não aguentou (risos) e perdeu”, conta Paloma.

 

Vencida a aposta, Xangô decidiu dar uma compensação aos filhos. “Aí, em comemoração a isso, Xangô perguntou aos Ibejis o que eles queriam. Eles falaram que queriam o que ele recebia, mas como Xangô comia amalá, com rabada e pimenta, que Ibejis não gostam, eles disseram que poderia ser o caruru mesmo”, narra a chef baiana, lembrando que a celebração não ficou restrita aos gêmeos. “Ele convidou também os outros orixás e cada um levou seu prato preferido, por isso que é o banquete. Tem o caruru de Ibeji; tem o vatapá, que é uma associação ao ipeté de Oxum; você vê a abóbora, que tem enredo com Iansã; o abará a Oxum também; arroz a Iemanjá; o milho branco a Oxalá; e por aí vai. Então, todos os orixás são representados ali naquele banquete. Por isso que o banquete é grande, porque todos os orixás estão ali em comunhão com Ibeji”, detalha os motivos pelos quais o caruru dos Ibejis é tão farto.

 

Os sete meninos, por sua vez, são representados pelos Ibejis, que não são apenas os dois gêmeos filhos de Xangô. “Tem uma legião de sete crianças, de sete divindades africanas, que não são cultuadas totalmente aqui no Brasil, porque a cultura foi se perdendo. Com o tráfico dos negros pela a travessia atlântica e aquela questão de você não ficar com pessoas da mesma região, então as culturas foram se dispersando, foram tendo uma fusão com a questão da resistência. Então aqui ficou só o culto a Ibeji no Ketu, ou Vunje na nação de Angola, Jeje, por essa questão. Então eles pegaram e cultuaram dois, que é Taiwo e Kehinde, mas tem as outras cinco divindades”, conta a chef. Os outros cinco são Idhoú, Alabá, Talabí, Adoká e Adosú, sobre os quais ela também vai falar no seu workshop.

 


Registro de Pierre Verger do Caruru de Sete Meninos

 


TRADIÇÃO NA BAHIA E ASSOCIAÇÃO COM COSME E DAMIÃO

Não é segredo para ninguém que existiu e ainda segue existindo preconceito contra as religiões de matriz africana no Brasil. Foi por isso, que na Bahia, o caruru dos Ibejis foi associado aos santos Cosme e Damião, celebrados pelos católicos em 26 de setembro.

 

“A gente tem os Ibejis, que são as duas crianças, e temos Cosme e Damião. Como já tinha essa cultura da comemoração do dia de Cosme e Damião, uma grande ialorixá aqui da Bahia fez isso [associar as divindades africanas aos santos], porque ela queria continuar a dar o caruru, que era uma tradição dos Ibejis, mas tinha a questão da perseguição religiosa”, explica Paloma Zahir. “Não gosto do termo sincretismo religioso, eu vejo isso como uma questão de resistência mesmo que os negros tiveram naquela época pra poder continuar a seguir com sua religião e sua culturas”, pontua.

 

 “Pra ter liberação desse culto, tinha que dizer que era de Cosme e Damião, já que ficava próximo da data de comemoração deles. Então, é mais uma maneira de fortalecer e seguir a tradição, e um jeito de burlar mesmo a perseguição”, destaca a cozinheira sobre a estratégia usada para manter um costume que era proibido pelas autoridades da época. “O que aconteceu foi que as crianças começaram a aparecer próximo da roça de Candomblé, e aí ela serviu o caruru, as crianças ficaram brincando, teve aquela profusão de crianças, e daí continuou essa cultura, essa tradição, até os dias de hoje. O caruru de Cosme e Damião, o caruru dos Ibejis, veio em celebração a matar a fome das crianças que estavam passando por necessidade. Foi uma maneira também que o Candomblé achou de ajudar ao próximo, ajudar os seus irmãos”, acrescenta. 

 

E foi assim que o célebre caruru se tornou um delicioso costume em setembro na Bahia. Especificamente, a festa é celebrada no dia 26 pelos devotos de Cosme e Damião e 27 por aqueles que cultuam os Ibejis, mas o hábito acabou se estendendo por todo mês de setembro.

 

Consumir os pratos típicos da culinária baiana virou tradição também às sextas-feiras. Segundo Paloma, isso é fruto de herança ancestral dos negros, pois é neste dia da semana que eles se reorganizam e fazem um banquete para entrar em comunhao entre si e comer bem. “As pessoas acham, erroneamente, que preto não pode ter fartura, mas os africanos têm fartura em sua essência. E a sexta-feira é o dia de estarem entre si, de lembrarem de onde vieram. Acaba sendo um momento de resistência”, conclui a chef, orgulhosa de ser mulher, preta, baiana e de Axé.

Terreiros poderão se inscrever em curso de gestão do patrimônio e salvaguarda
Foto: Sérgio Siqueira

O Coletivo de Entidades Negras (CEN), por meio do projeto "Itoju - Salvaguarda de Terreiros" está com inscrições abertas para pessoas interessadas em participar do "Curso de Gestão de Patrimônio Imaterial e Salvaguarda de Terreiros de Candomblé", que será certificado pela Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), através do grupo de pesquisa Milonga. As inscrições podem ser feitas por meio do preenchimento do formulário (disponível aqui) até o próximo domingo (7).

 

De acordo com a organização da atividade, os selecionados receberão e-mail de confirmação. A duração total das aulas é de 16 semanas, através de aulas online. A ambientação dos cursistas na plataforma virtual terá início no dia 8 de fevereiro e as aulas iniciam em 10 de fevereiro. 

 

O público-alvo prioritário da iniciativa, que disponibilizará número limitado de vagas para a seleção de pessoas não envolvidas inicialmente no escopo do projeto, inclui gestores públicos municipais, docentes e discentes de universidades, membros de todos os terreiros de candomblé registrados e tombados, além de membros de qualquer outro terreiro interessado em participar das aulas. 

 

O curso será dividido em quatro módulos, sendo eles: "Módulo 1 - A Gestão Da Cultura No Brasil Contemporâneo", "Módulo 2 - A Gestão Das Políticas De Patrimônio No Brasil", "Módulo 3 - O Patrimônio Imaterial Afro-brasileiro", "Módulo 4 - Elaboração de projeto/planos de trabalho para ações emergenciais de salvaguarda". 

 

Os participantes devem, ao final das aulas, estarem aptos a refletir sobre políticas de patrimônio cultural brasileiro a partir dos seus recortes étnico raciais, em especial a temática dos patrimônios negros, assim como compreender as dinâmicas do patrimônio imaterial e suas implicações para os patrimônios de terreiros de candomblé. 

Para duo OSHUN, 'Salvador é imagem mais vívida da resiliência dos nossos ancestrais'
Foto: Divulgação

Com letras que abordam temas como autoconhecimento, amor-próprio, feminismo, ancestralidade e questões sociais, as jovens Niambi Sala e Thandiwe formam o duo nova-iorquino OSHUN. O nome vem da orixá homônina, Oxum em português, e faz referência à deusa yorubá das águas doces. Ou talvez fosse melhor dizer reverência, já que elas até pedem que se escreva o nome todo em letras maiúsculas.

 

A aproximação com o candomblé, inclusive, é algo que se destaca no trabalho das duas, graças à influência, primeiramente, de seus familiares, conta Niambi em entrevista ao Bahia Notícias.

 

"Nós descendemos de pessoas com melanina que foram roubadas de suas terras e sistemática e forçadamente excluídas de sua cultura. Mas apesar desses esforços, nossas famílias nos incutiram nossa cultura africana desde o nascimento. Nós somos pessoas africanas na América. Nós somos filhas dos orixás e sempre fomos  só precisávamos nos reconectar com nossos ancestrais para lembrar", ressalta a cantora.

 

 

Neste contexto, elas estão animadas com o show em Salvador, no Commons Studio Bar, na noite deste sábado (16). Será a primeira apresentação do duo em solo baiano  a primeira passagem pelo Brasil foi em 2017 com show apenas em São Paulo. Agora, elas integram a programação do projeto Intercenas Musicais (veja aqui), que neste Novembro Negro conta ainda com shows da nigeriana Okwei Odili e da sergipana Héloa, na sexta (15).

 

Para Thandiwe, a forte presença do candomblé em Salvador é inspiradora, ainda que os registros de intolerância religiosa, especialmente contra as religiões de matriz africana, sejam frequentes.

 

Somente este ano, de acordo com o Ministério Público do Estado (MP-BA), foram feitas 165 denúncias de racismo na Bahia. Por intolerância religiosa, foram 48 ao longo de 2019. Destas, 43 foram contra religiões de matriz africana. A maioria aconteceu nos próprios locais sagrados, como monumentos e locais de culto de diferentes crenças.

 

Mesmo assim, Thandiwe ressalta que a cidade "é a imagem mais vívida da resiliência dos nossos ancestrais no mundo". “Nós torcemos para que um dia todas as crianças da África encontrem um lugar onde elas tenham a liberdade de expressar com orgulho as antigas tradições daqueles que vieram antes de nós”, complementa.

 

Uma das melhores lembranças que a dupla tem do Brasil é justamente a visita que fizeram ao “Vale dos Orixás”, o Santuário Nacional da Umbanda, em São Paulo. Neste retorno ao país, elas também pretendem “sentar aos pés” de líderes e curandeiros da comunidade do Candomblé.

 

 

Quanto à música, Thandiwe adianta que o público que garantiu ingresso para as apresentações em Salvador e na capital paulista poderá conhecer algumas novas canções.

 

A dupla viaja com a turnê de seu primeiro álbum, o “Bittersweet vol.1”. Antes disso, elas lançaram alguns EPs e singles, todos marcados pela mistura de hip hop e soul dentro da estética do afrofuturismo.

 

“Nossas principais influências são aquelas que abriram os caminhos para vivermos no nosso propósito. Em geral, são nossos parentes e familiares, lideranças políticas como Assata Shakur e Malcom X e, musicalmente, é Fela Kuti, Bob Marley, Missy Elliot, Lauryn Hill, The Soulquarians... A lista segue", cita Thandiwe.

 

Do Brasil, Niambi conta que algumas de suas artistas favoritas são a cantora Tássia Reis, o cantor Hodari, a banda Tuyo e o produtor Ecologyk. "Nós estamos ansiosas para aprender mais sobre a música brasileira agora que nós estamos aqui", admitiu.

 

Além de conhecer um pouco da atual cena musical do Brasil, elas também têm acompanhado, mesmo que de longe, a situação social do país. Com um viés político nas próprias canções, Thandiwe compara o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao norte-americano, Donald Trump: "Nós temos ouvido muita decepção do povo brasileiro sobre seu presidente. Nos EUA, nós lidamos com as consequências de um presidente sem educação e prejudicial, e pelo que pudemos compreender parece que muitos brasileiros se sentem da mesma forma. Nosso melhor conselho é deixar que esses desafios unam a juventude e as pessoas que não vão desistir da liberdade e igualdade. Essa dificuldade só fará o Brasil mais forte".

 

Os brasileiros ainda conhecem pouco de OSHUN, já que elas circulam na cena alternativa. Mas sem deméritos. O primeiro e o segundo lote promocionais para o show de Salvador, por exemplo, já esgotaram. Agora, os interessados em ouvir o duo ao vivo terão que pagar R$ 25 no ingresso, que pode ser adquirido pelo portal Sympla (veja aqui). De acordo com a assessoria do projeto, a casa de shows vai vender as entradas restantes por R$ 20 na hora do show.

 

A única recomendação é feita por Niambi: "venham hidratados, receptivos e prontos para se curar". A dupla sobe no palco a partir das 20h.

Pai Balbino realiza cerimônia para comemorar 60 anos de iniciação do Candomblé
Foto: Divulgação / Andrea Fiamenghi

Xangô Aganju do Babalorixá Balbino Daniel de Paula, conhecido como Obaràyí, irá celebrar junto aos seus filhos e a comunidade do Candomblé neste sábado (24), às 9h30, seus 60 anos de iniciação. 

 

A comemoração acontecerá junto com uma programação religiosa pela manhã, acompanhada de uma celebração cultural com a participação de Egbomi Vovó Cici e o Coral do Aganju, do Mogbá de Xangô e também do ator Érico Brás e do cantor Aloysio Menezes. 

 

No sábado, será apresentada de forma inédita a exposição "os 12 a?? do Rei" (vestes sagradas do Orixá), e também a mostra de fotos "Obaràyí: Uma história religiosa de 60 anos", que tem curadoria da Fundação Pierre Verger que ficará no Terreiro, aberta ao público até o final de setembro. 

 

Balbino foi iniciado em 1959, pelas mãos de sua mãe-de-santo, Mãe Senhora do Ilê Axé Opô Afonjá.

 

SERVIÇO
QUANDO:
Sábado, 24 de agosto
ONDE: Ilê Asè Opô Aganju, Rua Saketê, Lauro de Freitas
06h: Alvorada com Clarins
09h30: Entrega do Amalá a Xangô Aganju
10h30: Abertura da Exposição 12 a?? do Rei
11h30: Abertura da Exposição Obaràyí : uma história religiosa de 60 anos, da
Fundação Pierre Verger | 
 “O menino que não podia ver o Fogo”, com Egbomi Vovó Cici & Coral do Aganju |  Um poema para Xangô por Érico Brás | Canto para Obaràyí por Aloysio Menezes

SescTV exibe documentário brasileiro sobre tradição e religiosidade do candomblé na Bahia
Foto: Divulgação

O curta-metragem "Do que Aprendi com Minhas Mais Velhas" será exibido no dia 8 de agosto (quinta-feira), às 22h. Dirigido por Fernanda Júlia Onisajé e Susan Kalik, a produção mostra o culto do candomblé, religião de matriz africana, em que as sacerdotisas ou yalorixás ensinam aos seus filhos, os iniciados na religião, o significado dos orixás – ancestrais africanos que passaram a serem cultuados como divindades após sua existência na terra.

 

Vencedor do Prêmio Aquisição SescTV 2018, concedido no Cine Baru Mostra Sagarana de Cinema, o documentário foi filmado nos terreiros de candomblé na Bahia. Imersa nesse ambiente, a produção também mostra o cotidiano dos filhos de axé e a familiaridade das crianças com os ritos, cantigas e comidas oferecidas aos orixás durante as festas e as homenagens realizadas nos terreiros. 

 

O documentário faz parte da faixa + Curtas, que tem por objetivo fomentar o audiovisual e abrir mais uma janela de exibição para filmes com até 30 minutos de duração, produzidos no Brasil e no exterior. O curta-metragem será reapresentado nos dias 10 de agosto, sábado, às 23h30; 11 de agosto, domingo, às 22h30; 12 de agosto, segunda, às 22h; 13 de agosto, terça, às 24h; e 21 de agosto, quarta, às 23h30.

 

 

 

Evento gratuito discute influências do Candomblé na Capoeira 
Foto: Divulgação

Com a proposta de evidenciar a influência do Candomblé na Capoeira, Salvador recebe o evento gratuito “A benção aos meus mais velhos, respeito a matriz africana: princípios do Candomblé Angola como fundamentos da Capoeira”.


A iniciativa acontece de 24 a 26 de maio, com uma programação que inclui debates, oficinas e uma caminhada. Para a organizadora e formada na Capoeira, Márcia Andrade (Passarinho), o objetivo não é difundir uma crença religiosa obrigatória aos capoeiristas, mas ressaltar que ela é uma arte corporal que foi influenciada pelos ritos, costumes e cultura de quem a criou. “Nenhum capoeirista é obrigado a seguir uma religião A ou B, mas deve respeitar a origem daquilo que pratica”, destaca.


A abertura do evento acontece no dia 24, com uma roda de conversa no Terreiro Ganzua Mugambo Munogunzo, situado na Rua Direta do Arraial do Retiro.

 

SERVIÇO
“A benção aos meus mais velhos, respeito a matriz africana: princípios do Candomblé Angola como fundamentos da Capoeira”


Dia 24: Roda de Conversa
Onde: Terreiro Ganzua Mugambo Munogunzo – Rua Direta do Arraial do Retiro


Dia 25: Oficinas de percussão com o capoeirista e Tataa Xicarangoma Dainho Xequerê e de dança com a licenciada em dança e formada na capoeira Márcia Andrade (Passarinho).


Dia 26: Caminhada pela valorização da cultura de matriz africana
Onde: saindo do Conjunto ACM (Estrada das Barreiras) em direção ao Arraial do Retiro

Carnaval 2019: A Mulherada homenageia entidades femininas do Candomblé
Foto: Divulgação

Celebrando 18 anos de trajetória, o bloco A Mulherada desfilará no Carnaval de Salvador nesta quinta-feira (28), a partir das 17h, no Circuito Osmar (Campo Grande).


Com o tema “Mistérios da África – as yabás, orixás, mães e rainhas”, este ano, o bloco faz uma homenagem às raízes ancestrais das mulheres negras, simbolizadas no Candomblé, pelas Yabás. 


Nos desfiles, tais entidades serão representadas pelas orixás Iansã, Iemanjá, Oxum e Nanã. O Mini Trio também terá decoração nas cores azul, vermelha, amarela e lilás, que simbolizam as divindades.


O bloco desfilará com 60 percussionistas, 30 baianas, 40 rainhas afro, 30 mulheres compondo a Ala Feminista, além de carro alegórico em homenagem às Yabás, e um conjunto de 100 dançarinas. 

Acusado de machismo e assédio, Baco Exu diz ser vítima de ‘racismo institucional’
Foto: Divulgação

Uma onda de acusações contra o rapper baiano Baco Exu do Blues tomou conta das redes sociais esta semana. Dentre elas a de que o artista seria “abusador” e “machista". As alegações não são ligadas a nenhuma pessoa específica, mas começaram a viralizar nas redes sociais na última segunda-feira (14). Entre os relatos, estão que "pessoas do meio musical" não gostariam do artista por causa dos supostos casos de abuso. Um outro internauta apontou que em um show Baco teria gritado que "uma mina preta é vagabunda". Há também questionamentos sobre a religião do rapper. Em prints compartilhados no Twitter,  não é possível identificar quem foram os autores das declarações.


Após as acusações, nesta terça-feira (15), Baco decidiu se manifestar por meio de suas redes sociais, mesmo, segundo ele, contrariando as orientações de sua equipe. “Questionaram minha fé nos últimos dias, falaram sobre minha luta pelos negros e minorias, me acusaram de ser violento e de ter abusado de alguém, uma mentira que muda de forma, endereço e motivos a todo instante, uma acusação que não tem rosto”, disse o músico, em um storie no Instagram. "Poderia falar que é um boicote a um artista negro em ascensão, que é também sobre racismo institucional, mas isso vocês todos já sabem que acontece, não vou me estender sobre isso”, acrescentou Baco, que disse ter entrado em um “limbo de tristeza” por muitos fãs acreditarem “na onda de notícias falsas”. “Entendo também que mesmo sem fundamento é uma história de acusação caluniosa forte e de fácil credibilidade, já que mesmo sendo negro e minoria também sou homem e sim é muito complicado confiar em homens em situações como essa. Venho pedir senso em apurar os boatos, lembrem-se que estão lidando com uma vida, saibam o quanto uma afirmação a qual você não tem certeza ou prova alguma pode acabar com uma vida”, disse o rapper, informando que “medidas legais estão sendo tomadas”. Atualizado às 15h02.

Bule Bule lança livro ‘Orixás em Cordel’ na próxima semana no TCA
Fotos: Divulgação

O músico, repentista, escritor e poeta baiano Bule Bule lança, no dia 11 de abril, em Salvador, o livro “Bule Bule – Orixás em Cordel”. O evento de lançamento, que conta com noite de autógrafos, acontece às 18h30, no foyer do Teatro Castro Alves. Publicada pela Pinaúna Editora, com ilustração de Klévisson Viana e prefácio do compositor, cantor e instrumentista Mateus Aleluia, obra une dois elementos da cultura brasileira e nordestina, a literatura de cordel e as religiões de matriz africana. “A escolha desse tema foi uma oportunidade ao descobrir que há cento e tantos anos que o cordel circula no Brasil e, mesmo com muitos grandes mestres que conviveram com os temas variados e viveram dessa arte majestosa de criar títulos e personagens, ninguém ainda tinha escrito, levando a sério, um trabalho de matriz africana, como esse. Alguns tinham feito tipo brincadeira, gozação... Mas levando a sério, a religiosidade, ninguém tinha feito. Eu acho que vai ser um elemento mágico para abastecer essa lacuna que o mercado ainda tem”, explica Bule Bule. Além do lançamento do livro, o projeto, que contou com apoio do Governo do Estado, por meio do Fundo de Cultura, Fundação Pedro Calmon e Secretarias da Fazenda e de Cultura do Estado da Bahia, prevê ainda rodas de conversas com o autor em terreiros de Candomblé de Salvador, Lauro de Freitas e Cachoeira.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
Lançamento do livro “Bule Bule – Orixás em Cordel”
QUANDO: Quarta-feira, 11 de abril, às 18h30
ONDE: Foyer do Teatro Castro Alves – Salvador (BA)
VALOR: Entrada gratuita, sujeita à lotação do espaço

Cultura afro-brasileira ganha livro escrito a partir de encontros entre crianças e anciãs
Foto: Divulgação

A partir da linguagem oral, a ancestralidade da cultura afro-brasileira ultrapassou barreiras entre gerações, ganhando as páginas do livro “Histórias que Agbá me Contou”, lançado na última terça-feira (12), em Salvador. A publicação foi produzida coletivamente por 17 crianças de 4 e 5 anos, da Escola Municipal José Lino, localizada no Pelourinho. “Aqui no Museu Nacional da Cultura Afro Brasileira, que é o Muncab, tem um grupo de voluntariado [Sociedade Amigos da Cultura Afro Brasileira (Amafro)], que já desenvolve um projeto chamado Erê e já fez ações em várias escolas. Este ano eles convidaram a nossa”, conta a professora Maria Patrícia Soares, responsável por mediar o trabalho, que foi coordenado pela professora Maria Augusta Rosa Rocha, mentora do projeto junto com o Amafro, do qual ela também é integrante.


Maria Patrícia explica que o desenvolvimento do que veio a ser o livro se deu a partir das “histórias contadas por Agbás, senhoras velhas de terreiros de candomblé e de fundações que tratam da cultura afro-brasileira”. Foram dez reuniões semanais, nas quais as crianças opinavam sobre o que gostariam de ouvir e recontar. “Os meninos disseram que queriam histórias sobre os animais, sobre a natureza, de medo. Depois disso, a cada dia tinha uma contadora, a primeira delas, da Fundação Pierre Verger, Dona Cicí, que contou a história do ‘Veganami’. E aí as crianças iam me dizendo as coisas e eu escrevia junto com eles, recontando o que Vovó Cicí contou”, lembra a professora. Fruto deste trabalho coletivo, o livro traz quatro histórias, que ganharam ilustrações dos pequenos alunos: “Veganami - o Bichinho Guloso”, “O Mito de Passinho”, “A Rivalidade entre Oramila e Ossain” e “Etu”. 

 


Lançamento aconteceu nesta terça-feira (12), no Muncab | Foto: Divulgação


A professora explica ainda que a construção do livro tem muito a ver com o que já se trabalha na instituição de ensino na qual ela leciona. “O tema no nosso projeto político-pedagógico é ‘O Menino do Pelô’, voltado para atender as questões de pertencimento desta criança que mora no Pelourinho. Então, o ‘Histórias que Agbá me Contou’ veio casar perfeitamente com o que a gente já trabalha, que é a valorização da cultura afro-brasileira, a valorização e o sentimento de pertencimento na comunidade, o sentimento de reconhecimento, como uma criança negra, que tem história, que seus familiares moravam e construíram o Pelourinho”, diz Maria Patrícia Soares, destacando a importância do projeto para desconstruir paradigmas e preconceitos amplamente disseminados na sociedade brasileira. “Em geral as escolas só trabalham com a cultura europeia. A gente tem livros que falam de Branca de Neve, de Cinderela, então a gente está falando com propriedade agora das histórias de nosso povo, de nossos ancestrais. Para nós é muito significativo, do ponto de vista até de quebrar esse preconceito da questão do que vem do terreiro. A gente precisa ver as belezas que vêm do terreiro”, avalia a professora.


O livro “Histórias que Agbá me Contou” teve uma tiragem de 200 cópias, que serão distribuídas entre as instituições que participaram do projeto, a Secretaria de Educação e as famílias das crianças.

Documentário sobre candomblé e ancestralidade estreia em Salvador
Foto: Divulgação

Obra sobre tradição, amor e religiosidade, o documentário “Do que aprendi com minhas mais velhas” estreia neste domingo (11), às 18h, na Sala Walter da Silveira, em Salvador. Após a exibição, ocorrerá um bate-papo com a líder comunitária e religiosa Makota Valdina e a Egbomi Vanda Machado (Ilê Axé Opô Afonjá), sobre a sabedoria feminina e seus olhares sobre o mundo. Dirigido por Fernanda Júlia Onisajé e Susan Kalik, o média-metragem aborda a maneira como a fé no Candomblé é transmitida de geração em geração. No filme, Nenguas, Yalorixás e Egbomis contam como aprenderam com seus mais velhos e como ensinam aos seus mais novos. “A mais velha foi aquela que percorreu maior parte do caminho. É mediadora entre os mais novos, as divindades e os ensinamentos do processo iniciático. É por meio da experiência dessas Yás que nós mais novos aprendemos”, explica Fernanda Júlia. 

 

SERVIÇO
O QUÊ: Exibição do documentário “Do que aprendi com minhas mais velhas”
QUANDO: Domingo, 11 de junho, às 18h
ONDE: Sala Walter da Silveira - Barris - Salvador (BA)
VALOR: Entrada gratuita

Santo Amaro: Resistência negra e abolição da escravatura são celebradas no Bembé
Foto: Divulgação

Para celebrar os 128 anos da abolição da escravatura e a resistência negra, Santo Amaro, no Recôncavo baiano, recebe mais uma edição do Bembé do Mercado desta quarta-feira (10) até o domingo (14). Além de comemorar a liberdade, o evento reúne centenas de adeptos do candomblé e vários terreiros da região, que durante cinco dias realizam grandes encontros e cerimônias em praça pública, culminando com a entrega de oferendas para Iemanjá, na praia de Itapema. Esse ano, o Bembé vai homenagear os terreiros de Umbanda e o terreiro Tumba Junsara pelos seus 98 anos, representado pela senhora, Iraildes Maria da Cunha-Mam’Eto Nkisi Mesoeji. A programação terá também palestras, debates, além de manifestações religiosas e culturais como Nêgo Fugido, Maculelê e Jogada de Rede. O evento terá ainda shows de nomes como Cortejo Afro, Ana Mametto e Rebeca Tárique. Na ocasião, a Fundação Palmares vai realizar também o lançamento da cartilha – África ao Brasil. 

Instituto Geográfico e Histórico da Bahia promove seminário sobre sincretismo
Fotos: Divulgação

O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) promove, nesta quarta-feira (19), das 14h às 18h, o seminário "Okê Arô! São Jorge e Oxóssi – Notas sobre Sincretismo e Candomblé na Bahia". O evento, que é gratuito e dá direito a certificado aos participantes, reunirá especialistas como os professores Nilo Cerqueira, Miguel Assunção e Adelson de Brito, para analisar o fenômeno do sincretismo entre o santo católico e o orixá. Na ocasião, os presentes irão evidenciar as semelhanças e diferenças entre eles, além de detalhar a história de cada um. Os interessados em comparecer podem fazer a inscrição através da internet (clique aqui).

Com as cores e movimentos dos Orixás, mostra ‘Panteon’ é aberta nesta terça em Salvador
Foto: Reprodução / Francisco Santos

A exposição “Panteon”, do artista plástico baiano Francisco Santos, será aberta nesta terça-feira (14), às 19h, na Galeria Mansarda do Palacete das Artes. Em cartaz até 16 de abril, a mostra, que tem como objetivo divulgar a cultura afro, retratando a saga dos deuses do Panteon, conta com 20 obras em acrílico sobre tela. “Os orixás têm cores, danças; representam o sol, a chuva, os mares, os rios, as matas, os trovões e tempestades, ... a terra. Tem seu dia da semana, indentificado pela ferramenta que ele segura nas mãos. É composto de masculino e feminino; e é isso que vamos mostrar”, avalia o artista, destacando que cada obra apresenta um elemento da natureza. 

Natural de Santo Amaro da Purificação, Francisco teve o primeiro contato com a arte aos sete anos. Cursou Belas Artes, é professor, restaurador, estilista e artista plástico. Possui obras documentadas em revistas, jornais, livros, cartazes e documentários. Seus trabalhos são vistos em museus, galerias, acervos particulares nacionais e internacionais e, especialmente, em entidades negras e Terreiros de Candomblé.


Serviço
O QUÊ: Exposição “Panteon”, de Francisco Santos
QUANDO: Abertura no dia 14 de março, às 19h. Visitação até o dia 16 de abril. De terça a sexta, das 13h às 19h. Sábado, domingos e feriados, das 14h às 19h
ONDE: Galeria Mansarda do Palacete das Artes
VALOR: Grátis

‘Odoiyá’: espetáculo de dança une candomblé e tecnologias para celebrar Yemanjá
Foto: Divulgação
Estreia no dia 3 de junho, no Espaço Cultural da Barroquinha, às 19h, o espetáculo “Odoiyá”, que une dança e tecnologia para reverenciar Yemanjá. A montagem gratuita, concebida pela bailarina e professora Bel Souza, fica em cartaz até o dia 12 de junho, às sextas, sábados e domingos. A proposta é promover a interação do espectador com aspectos simbólicos dos rituais do candomblé, utilizando projeções mapeadas e elementos sonoros, táteis e olfativos. “A montagem possibilitará uma leitura que vá além da simples ilustração. Para isso, usaremos materiais simples e que fazem parte do cotidiano como papelão reciclado, projeção de vídeo e espelhos”, explica Ruy Souza Filho, que assina a ambientação plástica. Antes de cada apresentação, às 18h30, o público poderá conferir a exibição da animação “Iemanjá Yemoja: A criação das ondas”, de Célia Harumi Seki, que utiliza elementos lúdicos para apresentar a narrativa da mitologia africana.
 
Serviço
O QUÊ: Espetáculo Odoiyá
QUANDO: 3 a 12 de junho. Sextas, sábados e domingos, às 19h
ONDE: Espaço Cultural da Barroquinha
QUANTO: Grátis
Indicado ao título de Patrimônio Imaterial pelo Iphan, Bembé celebra cultura e ancestralidade
Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
Reconhecido como Patrimônio Cultural pelo Governo do Estado da Bahia, no ano de 2012, o Bembé do Mercado, que acontece entre 11 e 15 de maio, em Santo Amaro da Purificação, pleiteia agora sua inclusão na lista federal dos bens imateriais. Em abril, a festa de 127 anos de tradição recebeu o parecer favorável da Câmara de Patrimônio Imaterial do Instituto de Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan) e aguarda o parecer final, para concluir o processo de registro. “Vai ser importante, vai dar uma visibilidade maior ao Bembé. Na realidade eu acho que tem que continuar na luta, pra ver se com isso não vai ser tanto sacrifício pra gente conseguir fazer. Eu tenho a impressão de que com isso vai acender uma luz, porque a festa que já é importante, vai ficar mais importante ainda”, avalia o secretário de cultura de Santo Amaro, Rodrigo Velloso, sobre a festa que reúne mais de 40 comunidades de santo, além de manifestações culturais, para lembrar o 13 de maio de 1888, quando foi assinada a abolição da escravatura no Brasil. Ele destacou ainda as dificuldades para encontrar patrocínio na iniciativa privada, já que alguns empresários não veem com bons olhos vincular sua marca a manifestações relacionadas à religião, sobretudo às de origem africana, que são as mais marginalizadas.
 
A festa popular do Bembé reúde mais de 40 terreiros de candoblé na Praça do Mercado | Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
 
Com o tombamento do Ipac e a possível salvaguarda do Iphan, o Bembé - o único candomblé de rua do mundo – ganha reconhecimento institucional, mas já foi lembrado também nos versos de Caetano Veloso, um famoso filho da terra. “Dia 13 de maio em Santo Amaro/ Na Praça do Mercado/ Os pretos celebravam/ (Talvez hoje inda o façam) / O fim da escravidão/ Da escravidão/ O fim da escravidão/ Tanta pindoba! / Lembro do aluá/ Lembro da maniçoba/ Foguetes no ar/ Pra saudar Isabel/ Ô Isabé/ Pra saudar Isabé”.

Filho de Santo Amaro, Caetano compôs a música "13 de maio", que fala sobre o Bembé do Mercado: 

 
 
Este ano a celebração tem como tema Orum Ayê, a força dos Orixás, e contará com homenagens a Silvonilton Encarnação da Mata, pai de santo do Ilê Axé Oxumaré; à ebomi Nice da Casa Branca e à cidadã santamarense Olívia Santana. A programação prevê apresentações diárias de expressões tradicionais da cultura, como maculelê, capoeira e samba de roda, das 19h às 21h. Já os rituais religiosos cumpridos pelos babalorixás e ialorixás, acontecem sempre às 21h30, na Praça do Mercado, exceto na sexta-feira (13), quando a comunidade de santo não bate tambor. No passado, o evento contava com shows musicais de médio e grande porte, mas com a salvaguarda do Ipac, a organização da festa vem mantendo a tradição sua mais completa essência. No último dia do evento, domingo (15), às 9h, o povo de santo se reúne no Largo do Mercado e segue em direção à praia de Itapema, situada no município de Santo Amaro, onde depositará as oferendas à Iemanjá. O retorno é previsto para as 14h, quando a programação é encerrada com um almoço.
‘Nasce com o dever do combate à intolerância religiosa’, diz diretora sobre filme baiano
Foto: Reprodução / Facebook
No mês em que se discute o preconceito religioso – o 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa -, tem pré-estreia, em Salvador, a animação baiana Òrun Aiyé. O curta-metragem, que conta a história da criação do mundo por Oxalá, será exibido no dia deste Orixá, nesta sexta-feira (15), às 19h, no Cine Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. O evento contará ainda com uma exposição fotográfica de Diane Luz, com o processo criativo do filme, além de um pocket show da cantora Savannah Lima, com participação especial de Hannah Macedo.
 
A ideia para a temática do filme surgiu de uma lacuna existente no audiovisual infantil. De acordo Jamile Coelho, uma das diretoras, ao lado de Cíntia Maria, sua geração não teve referências de personagens negros quando criança. “Não se ver na tela gera uma cadeia, porque da criança faz o adulto. E toda construção cultural que acontece dentro desse processo faz com que você não se enxergue. Então se hoje a gente está vendo mais filmes com protagonistas negros, a gente ainda tem poucas referências no que diz respeito à animação”, explica a cineasta, acrescentando que “foi dessa lacuna que a gente sentiu essa necessidade, para que nossos filhos não tivessem que passar pela mesma situação, de não se enxergar”.
 

Filme conta a história da criação do mundo por Oxalá | Foto: Divulgação 
 
De forma lúdica e carregada de simbolismos, a produção propõe dar visibilidade e desmistificar preconceitos relacionados à cultura afro-brasileira. “O tempo todo as pessoas falam de Adão e Eva como mito, e quando você fala da criação do mundo através dos Orixás elas costumam dizer que é fábula. Não é fábula, se Adão e Eva existiram, a criação do mundo através dos Orixás também existe. É respeitar essa diversidade, porque a gente vive em um país laico”, afirma a diretora, contando ainda que desta forma surgiu Luna, uma das personagens principais do filme, que ouve a história do Griô sobre universo dos deus africanos, fazendo com que as crianças do Candomblé também se enxerguem.
 
A opção técnica para a realização do curta foi o stop motion, com confecção de bonecos de massa, que são movimentados e fotografados quadro a quadro. “Stop motion é uma arte muito cara. Para se ter uma ideia, aqui no Brasil, o primeiro longa feito com essa técnica foi ‘Minhocas’, há uns dois anos e meia; e o segundo está sendo produzido agora, o ‘Bob Cuspe’. É uma técnica que está tendo ascensão no país, mas, por ser muito artesanal, se torna muito cara”, explica Jamile Coelho, contando ainda que “Òrun Aiyé” levou um ano de produção  e quatro de pré-produção. Apesar do tempo, custo e dificuldade do trabalho, ele foi reconhecido com a conquista Festival Brasil Stop Motion – principal do gênero na América Latina - , na categoria “Novos Talentos”.
 

Uma das diretoras, Cíntia Maria, manuseia bonecos de massa usados em stop motion | Foto: Divulgação
 
Destaca-se no curta-metragem, ainda, a escolha dos dubladores, com nomes como Carlinhos Brown (Oxalá), Jorge Washington (Orunmilá), João Miguel (Olodumaré), Carlos Betão (Bira), Fábio de Santana (Oduduwa) e a atriz Fernanda Crescêncio (Luna). E foi na divulgação da participação de Brown no filme, que a equipe do filme, formada apenas de 20% de adeptos do Candomblé, teve um exemplo da importância do debate sobre tolerância religiosa. Em sua página e em uma postagem do Bahia Notícias (clique aqui), alguns internautas fizeram comentários depreciativas aos orixás, comparando-os com demônios. “No início do processo de divulgação do filme aconteceu intolerância, mas foi uma coisa muito pontual, não foi com a proporção que aconteceu agora. É complicado você ver que em pleno século XXI existem pessoas com mentalidade tão pequena”, comentou a diretora sobre o fato, revelando que tomará medidas judiciais para punir os agressores.
 
“A gente vai continuar fazendo. Queiram ou não queiram, vai existir sim filme falando de Orixá”, disse Jamile Coelho, lembrando nomes de pessoas homenageadas com a obra, a exemplo de Mãe Gilda de Ogum, morta após ser vítima de intolerância pela Igreja Universal do Reino de Deus; e da griô que contou a história para o roteirista Thyago Bezerra, Yá Mukumby, que teve três gerações de sua família assassinadas por conta do preconceito. “Então, o filme já nasce com o dever do combate à intolerância religiosa. Eu não gosto nem de dizer intolerância, porque acho que o que você tolera é o que você não gosta. Eu acho que você tem que ter respeito religioso. A partir do momento que você respeita a sua religião, você respeita a religião do outro”, afirma a cineasta.
 
Serviço
O QUÊ: Pré-estreia de “Òrun Aiyé”,
QUANDO: Sexta-feira, 15 de janeiro, às 19h
ONDE: Espaço Itaú de Cinema - Glauber Rocha, na Praça Castro Alves
QUANTO: Grátis (convite deve ser trocado por entradas a partir das 18h, no dia da exibição)
Espetáculo ‘Exu, A Boca do Universo’ tem apresentação única no Teatro Sesc Pelourinho
Foto: Divulgação
O espetáculo teatral “Exu, A Boca do Universo”, dirigido por Fernanda Júlia, faz apresentação única na Arena do Teatro Sesc-Senac Pelourinho, no dia 21 de novembro, às 21h. A peça é uma celebração à vida, que narra os feitos de Exu, rompendo com os preconceitos estabelecidos pela sociedade ocidental e a imagem errônea atribuída ao orixá. Durante a apresentação, que utiliza uma dramaturgia músico-poética, o público poderá conhecer as várias facetas de Exu, que no candomblé rege a comunicação e a liberdade. Os ingressos custam R$10 (inteira) e R$5 (meia).
 
Serviço
O QUÊ: “Exu, A Boca do Universo”
QUANDO: Sexta-feira, 21 de novembro, às 21h
ONDE: Arena do Teatro Sesc-Senac Pelourinho
QUANTO: R$10 (inteira) e R$5 (meia)
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia devolve objeto sagrado após 95 anos
Foto: Divulgação
Nesta quarta-feira (28), a Cadeira de Jubiabá será devolvido pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia ao Terreiro Mokambo. Será o primeiro objeto sagrado ao povo do Candomblé a ser devolvido. A solenidade de entrega, com as cautelas naturais de um comodato, será às 10h, na sede do IGHB, na Piedade. Já às 19h acontece a Entronização e Sacralização da cadeira no terreiro e no Memorial Kisimbiê, no Trobogy.

A sessão acontece no mesmo dia da morte de Severiano Manuel de Abreu, Jubiabá, que morreu em 1937. Zelador de Nkisi, no dia 05 de outubro de 1920 teve sua casa, no Alto da Cruz do Cosme, invadida pela polícia, prática recorrente e muito comum no auge da perseguição policial aos Candomblés na década de 1920 que levou a cadeira de comando como se fosse um troféu, há 95 anos.

"De todos os símbolos do Candomblé, um dos mais emblemáticos é a Cadeira de Comando do líder espiritual da casa", explica o Babalorixá Taata Anselmo Santos Minatojy, líder espiritual do Terreiro Mokambo, que foi fundado em 1996.
Baianos produzem curta em stop motion com mito da criação do universo contado por Orixás
Foto: Divulgação
O curta-metragem em stop motion “Òrun Àiyé”, que remonta o mito da criação do universo a partir do ponto de vista dos Orixás, está em fase de produção. O filme, dirigido pelas cineastas Jamile Coelho e Cintia Maria e realizado pela produtora baiana Estandarte Produções, conta com uma narração de 12 minutos, carregada de simbolismos da cultura afro-brasileira, com o objetivo de ser instrumento de educação, combate ao racismo e à intolerância religiosa. Os temas serão abordados a partir da contação de histórias, tendo a figura do historiador Ubiratan Castro de Araújo (1948-2013) como o griôt – narrador das lendas envolvendo deuses africanos como Olodumaré, Oxalá, Orunmilá, Ododuwa, Nanã e Exu.
 

Curta é realizado por produtora baiana | Foto: Diane Luz
 
A animação é inclusiva e, por meio de recursos como audiodescrição, subtitulação e janela de Libras, estará disponível para o público surdo e cego, além de estar em mais cinco línguas – português, inglês, francês, espanhol e yorubá. Na produção do filme, participam nomes como o doutor em Música pela UFRJ, Guilherme Maia na direção musical; Léo Furtado e Mônica Terra Lima, na cenografia; o músico e produtor musical, André T. na mixagem e desenho de som; Mateus Di Mambro, na animação (2D); o grafiteiro Eder Muniz (Calangos), nos painéis; e o artista plástico, Leonardo Muela (Minhocas), na confecção dos bonecos.  A animação conta com recursos do Edital de Apoio para Curta-metragem - Curta-afirmativo: Protagonismo da Juventude Negra na Produção Audiovisual, parceria entre a Secretaria de Audiovisual do Ministério da Cultura e a Fundação Palmares lançada em 2013, além do Edital de Patrocínio 2014 da Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás).
Projeto resgata técnica de bordado richelieu na Bahia; peças serão expostas no Icba
Foto: Eloi Corrêa/ GOVBA
No próximo dia 20 de agosto, as peças elaboradas por participantes do projeto “Richelieu e Bordados Ancestrais” será exposta no Instituto Goethe (Icba), no Corredor da Vitória. O projeto visa retomar a tradição que garantiu a sobrevivência de ex-escravas, que passaram a ganhar a vida como bordadeiras, após a abolição. Através da técnica francesa, as ex-escravas atendia as famílias abastadas de Salvador. O bordado, com técnica semelhante a uma renda, está presente nos trajes cerimoniais das religiões de matriz africana e nas vestimentas típicas das baianas. Com o tempo, deixou de ser produzido na cidade. O projeto, apoiado pela Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre), foi implementado em uma rede de seis terreiros de candomblé, capitaneados pelo Ilê Axé Ya Onira. O programa formou núcleo produtivo e núcleos comerciais com os outros terreiros, que contam com investimentos de R$ 181 mil da Setre, captados através do edital de Apoio aos Empreendimentos de Economia Solidária de Matriz Africana, lançado ano passado. No total, são beneficiadas 30 mulheres, a maioria integrante dos terreiros que integram o projeto. Elas aprenderam os diferentes tipos de bordados e, a partir de agora, funcionarão como multiplicadores para outros membros de suas comunidades.  De acordo com o babalorixá Roberto de Iansã, que preside a Associação Filhos de Bárbara e coordena a iniciativa, a técnica estava quase em extinção na Bahia. “Atualmente, ainda temos que comprar roupas feitas nos estados de Sergipe e Ceará. Por isso, acredito que as nossas alunas tenham um campo de trabalho grande”, diz. O projeto também conta com apoio da Petrobras. A técnica do richelieu consiste em, manualmente, cortar certos espaços vazios do tecido e, entre eles, construir bordados, vazando áreas estratégicas ao redor. O nome vem do Cardeal Richelieu, uma das figuras mais poderosas da corte do rei Luis XIII (século XVII). Conta-se que, naquela época, o cardeal chegou a criar oficinas para o preparo de peças destinadas à monarquia. No próximo dia 22, o público poderá adquirir as peças feitas pelas artesãs em uma feira que vai acontecer na sede do Ilê Axé Yá Onira, das 10 às 15h, com preços acessíveis. 

Temporada do espetáculo 'Orí' faz circulação por dez terreiros de candomblé de Salvador
Foto: Divulgação
O espetáculo solo “Orí”, do ator e diretor Thiago Romero, estreia temporada nesta sexta-feira (10), às 15h, no auditório do Centro Cultural do Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. A peça, que é o terceiro solo de Romero, segue em circulação por outros nove terreiros de candomblé de Salvador até o dia 27 de julho. A montagem de Orí (o olho por onde eu vejo deus é o mesmo olho por onde ele me vê) foi inspirada no estudo dos itans da Mitologia dos Orixás se apoiando na figura do Yawô (filho de santo no candomblé já iniciado), para falar dos processos de encontro com o orixá e as relações do indivíduo com as religiões de matriz africana. Este encontro estabelece relações entre corpo-espaço-tempo, conservando as simbologias mais marcantes de certos processos ritualísticos de iniciação do asé. “O espetáculo promove um diálogo entre a ancestralidade africana e a contemporaneidade. Ao mesmo tempo que mostra o processo de encontro de uma pessoa com seu orixá, dentro do candomblé, o público verá projeções e música eletrônica. Queremos mostrar a beleza dessa religião de matriz africana”, destaca Romero. Para o artista, o projeto é um ato político e tem como objetivo descentralizar o teatro, expandir o circuito da arte.

Confira as datas das demais apresentações:
11 de julho (sábado), 16h - Ilê Oiá Odi Koroadê (Escada)
12 de julho (domingo), 15h - Ilê Axé Obá Kesu Ifá (Paripe)
15 de julho (quarta), 16h - Ilê Axé Ajunsu Benoy (Alagados)
16 de julho (quinta), 16h - Terreiro Tumbeci (Tancredo Neves)
17 de julho (sexta), 15h - Terreiro Mokambo (Vila Dois de Julho)
18 de julho (sábado), 16h - Ilê  Asé de Mãe Nanã (Mirantes de Periperi)
19 de julho (domingo), 15h - Ilê Axé Omo Omin (Parque São Bartolomeu)
23 de julho (quinta), 16h - Ilê AséOminija (Sussuarana)
24 de julho (sexta), 16h - Ilê Asé Kalé Bokun (Plataforma)
25 de julho (sábado), 16h - Terreiro do Gantois (Federação)
 
Serviço
O QUÊ: Estreia do espetáculo Orí [ o olho por onde eu vejo deus é o mesmo olho por onde ele me vê]
QUANDO: 10 de julho, sexta-feira, às 15h
ONDE: Auditório do Centro Cultural do Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário de Salvador
QUANTO: O espetáculo é gratuito
Mariene de Castro se manifesta em rede social, após garota candomblecista ser apedrejada
Foto: Divulgação
Após o episódio em que a garota Kaylane Campos, de 11 anos, levou uma pedrada na cabeça ao sair de uma cerimônia de Candomblé, no Rio de Janeiro, a cantora baiana Mariene de Castro se manifestou contra a intolerância religiosa nas redes sociais. “Quero falar de uma coisa... Não vou poder me silenciar. Pois essa pedrada também pega em mim, desde pequena. E não me venha dizer que isso é papo de negro querendo chamar atenção. Isso é o retrato da história do Brasil. Governantes ,celebridades, autoridades e intelectuais, pessoas de bem, que são dessa religião depedrada. Não podemos continuar escondendo nossas faces, nossas guias, nossos santos, nosso canto sagrado. A ignorância não nos pertence. Eu não vou deixar de vestir branco, nem de cantar pra meus santos. Não sou a favor de guerra em nome de Deus. Só me respeite. Sou filha de Deus”, escreveu a artista, que é filha de Oxum e praticante da religião de matriz africana. 
Baiano faz ‘Arrastão di Yemanja’ em Milão; Candomblé não pode ser ‘avacalhado’, diz
Foto: Jamile Amine
O cantor, ator e percussionista baiano Kal dos Santos vive na Itália desde 1990 e, há 14 anos, divulga a cultura baiana na Europa, através do “Arrastão de Yemanja”. Em 2015 o evento será realizado neste domingo (24), e, como nas edições anteriores, levará às ruas de Milão o culto à rainha do mar, originalmente celebrado em Salvador no dia 2 de fevereiro. A ideia de remontar a tradicional festa baiana no velho continente veio com muita naturalidade. “Sempre tive essa coisa da cultura. Minha mãe era mãe de Santo, sou crescido no terreiro do Candomblé, não quero catequisar ninguém, mas a ideia é trazer a cultura de forma respeitosa. Aqui não tem gente fazendo de conta que dá Santo, religião é uma coisa séria, não vejo nenhum padre no meio da rua fazendo esse tipo de coisa, então porque o Candomblé tem que ser avacalhado? Então, Há 14 anos saio com essa coisa. Na primeira vez que eu decidi ir pra rua os brasileiros diziam que era loucura, mas eu segui. Aqui não tem mar, mas tem o Naviglio [sistema de canais que atravessa a cidade], então pensei ‘tá bonito, vou trazer pra cá’”, conta Kal.
 
Cortejo parte de Porta Genova e segue até Naviglio, ponto turístico de Milão / Foto: Jamile Amine

A não equivalência da data com a festa celebrada no Brasil tem um motivo muito simples, é que no hemisfério norte o inverno é rigoroso, em fevereiro, e dificultaria um cortejo pelas ruas cobertas de neve e com baixas temperaturas. O percurso do Arrastão começa em Porta Genova e segue por um dos mais belos pontos turísticos Milaneses: o Naviglio. E a novidade para este ano é que o evento será aberto com uma sessão de sopros, além das tradicionais manifestações de capoeira, dança, samba de roda e percussão. Mas as atividades culturais, que culminam no cortejo, já começaram na última sexta-feira (22), com um seminário de percussão, e seguiram no sábado (23) com um seminário de dança afro-brasileira e o projeto “Le Donne in Canto”, com vários concertos onde as mulheres têm destaque e executam o que Kal chama de “música universal com base brasileira”.

Confira vídeo de edição anterior do cortejo:
 
Apesar da tradição que leva mais de uma década, o artista destaca as dificuldades de manter o evento, que tem pouca adesão da comunidade brasileira e apoio financeiro insuficiente.  “Tenho que segurar a onda sozinho para organizar tudo. Tem gente de outra parte da Itália que vem, mas outras que trabalham comigo em outros projetos não têm mais interesse em fazer esse tipo de coisa. Até o último momento a gente não sabe quem vem, no final funciona, mas é uma loucura, uma tensão da zorra. Até as camisas eu estampo em casa. Parei até de fazer a comida típica que eu costumava fazer para integrar as pessoas, isso para eu poder me liberar, senão não fica uma loucura”, conta Kal dos Santos, que há três anos conseguiu o apoio da prefeitura de Milão, e não tem mais que pagar uma taxa pelo “serviço de ordem”, para que policiais acompanhem o cortejo e garantam a segurança. Para 2015, através desta parceria ele conseguiu garantir também 700 euros com o representante do Conselho de Zona, que ainda não foram pagos, mas servirão para cobrir algumas despesas, como o deslocamento de parceiros. 
 

A polícia local acompanha o cortejo para garantir a segurança durante o evento / Foto: Jamile Amine
 
Apesar das dificuldades, ele não pretende deixar de celebrar a cultura brasileira no velho mundo. “Acredito nessa coisa. Neguinho gosta de oba-oba, se você faz brega, pega na bundinha, aí vem, mas minha trajetória é mais longa, é a coisa que acredito, nunca fiz isso no Brasil. Mas a cultura não morre. Italianos dizem que quando veem que eu estou organizando algo, participam de olhos fechados porque sabem que tem qualidade. E é legal que tem italianos que depois de ver o Arrastão decidem visitar a Bahia para conhecer a manifestação original”, diz Kal dos Santos, que desde 1991 está à frente da Associação Cultural Mitoka Samba, orquestra de percussão afro-brasileira que promove a difusão da cultura através de projetos como laboratório de percussão e de criação de instrumentos musicais. Mas a festa para Yemanja não é a única manifestação típica brasileira lembrada por Kal. Nos seus 25 anos de Itália, o baiano já celebrou o dia do Índio, a abolição da escravatura, Zumbi dos Palmares e várias outras datas do calendário cultural do Brasil. Mas, com a dificuldade de encontrar apoio para realizar tantos eventos, decidiu manter apenas algumas datas consideradas por ele realmente muito importantes, como Yemanja e São João. “Continuo na luta. Há 17 anos faço festa junina com quadrilha, comida típica”, conta Kal dos Santos, que mal concluiu o Arrastão e já começa os preparativos para o São João.

Veja galeria de fotos de edição anterior do Arrastão de Yemanja:
Fotógrafa representa cultura afrobaiana no Uruguai e busca patrocínio para expor na Itália
Foto: Reprodução/Facebook
A fotógrafa Andréa Magnoni, nascida no Paraná e radicada em Salvador, representa a cultura afrobaiana durante a Semana de La Fotografia de Colonia, que acontece entre 29 de abril e 29 de maio, no Uruguai. Ela participa do evento com a exposição "O Renascer na Casa de Exu", que conta com 30 fotografias e retrata a devoção ao orixá muitas vezes atribuído erroneamente ao diabo católico. "De brasileiros somos eu e mais uma fotógrafa apenas, entre 24 fotógrafos de várias partes do mundo. O convite aconteceu por parte de Fernando Perdomo, renomado fotógrafo de moda no Uruguai e integrante da Tres Gatos Colectivo Fotografiko, organizador do evento, e surge a partir das fotos afro-diaspóricas que faço nos terreiros aqui de Salvador", conta Magnoni. O contato com o fotógrafo uruguaio se deu através de um contato em comum no Facebook. A partir dali ele começou a acompanhar o trabalho de Andéa e, quando começou a pesquisar sobre fotógrafos que desenvolviam trabalhos diferenciados e de destaque, decidiu convidá-la para expor.


A fotógrafa leva a cultura afrobaiana para o Uruguai, através da exposição "O Renascer na Casa de Exu"/ Foto: Andréa Magnoni
 
Já o objeto da exposição foi escolhido apos a fotógrafa participar de uma festa na Casa do Mensageiro, onde o pai de Santo Babá Rychelmy Esutoobi esta à frente. De acordo com Andréa, "a exposição surge da captação das fotos feitas nas festas de saída de Yawô (filho de Santo recém iniciado) na Casa do Mensageiro, que é uma casa devota de Exu, por causa do Pai de Santo que é filho dele. Por isso o nome: O Renascer na Casa de Exu". A fotógrafa ficou motivada pelo inusitado ao encontrar um babalorixá filho de Exu, já que "mesmo dentro do Candomblé é raro de acontecer, por causa do sincretismo que esse Orixá tem com o diabo católico. Muitos Pais e Mães de Santo vem dessa formação cristã e acabavam não iniciando os filhos de Exu para esse Orixá", explicou, destacando ainda uma outra motivação para retratar o tema: a beleza do ritual de saída de orixá.
 
Após a exposição fotográfica, Andréa Magnoni ministrara uma palestra, dentro da Semana de La Fotografia de Colonia. "A princípio seria apenas a exposição, mas quando enviei as fotos, eles ficaram encantados com a temática e me chamaram para palestrar sobre esse tipo de fotografia", lembra, a fotógrafa cuja mostra segue por várias cidades uruguaias até o fim de 2015. Além disso, parte da exposição será lançada em junho, no espaço cultural de Tommaso Santostasi, em Roma, na Itália, mas ela ainda não sabe se poderá comparecer ao evento, por falta de orçamento. "Tommaso queria muito [que ela estivesse presente], mas já estamos sofrendo pra conseguir grana para ir aqui pro Uruguai, pois o evento é sem fins lucrativos, eles só conseguiram hospedagem e alimentação, mas as passagens não. Um amigo resolveu fazer um documentário sobre isso, demos o nome de 'Passando Chapéu - Made in Brasil', que fala da saga de todos os artistas que são convidados pra mostrar seu trabalho no exterior e esbarram no mesmo problema: dinheiro para as passagens! Estamos fazendo rifa, vamos fazer uma festa para angariar fundos, enfim, estamos passando o chapéu, então pra Roma eu só vou se conseguir algum patrocínio, Tommaso está segurando a abertura da exposição justamente pra ver se eu consigo ir pra lá", conta Magnoni, que pretende expor este trabalho também no Brasil.
 
Após expor no Uruguai, Magnoni quer levará parte da exposição para Roma / Foto: Andréa Magnoni
 
"A intenção é trazer a exposição pra cá também. Ela estreia em Roma, e assim que eu conseguir algum patrocínio, providencio a impressão do material para que os brasileiros tenham acesso a ela. Além disso, eu quero muito que essa exposição seja acompanhada sobre debates sobre o tema", explica a fotógrafa, que nesta quarta-feira (13) lançou, no Espaço Cultural da Barroquinha, a exposição "Mo Júbà - Um olhar sobre o Mensageiro", como parte da mostra comemorativa dos dez anos da Casa do Mensageiro.
Espetáculo baiano 'Exu, a boca do universo' circula por 27 cidades do país
Foto: Andrea Magnoni
O espetáculo “Exu, a boca do universo”, que completa um ano desde sua estreia, inicia nesta quarta-feira (12), em Taguatinga (DF), uma temporada com 33 apresentações em 27 cidades brasileiras. A peça dirigida pela baiana Fernanda Júlia, integra o projeto Palco Giratório Sesc 2015, passando pelo Distrito Federal, Ceará, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rondônia, além de Feira de Santana e Paulo Afonso, no interior da Bahia. A peça mostra as diversas facetas de Exu, através de uma dramaturgia músico-poética. Exu é exposto de forma diferente do senso comum e dos preconceitos arraigados na cultura ocidental sobre o orixá que rege a comunicação e a liberdade no candomblé. 
Livro sobre Bembé do Mercado é lançado nesta segunda
Foto: Divulgação
O livro ‘Bembé do Mercado’, sobre a manifestação religiosa realizada todos os anos no dia 13 de maio, no município de Santo Amaro, em comemoração à abolição da escravatura, será lançado nesta segunda-feira (24), às 17h, na sala Katia Mattoso, na Biblioteca Central dos Barris. A manifestação religiosa reúne todos os anos, desde 1889, adeptos do candomblé, a comunidade de pescadores e comerciantes, que fazem oferendas em agradecimento aos orixás Iemanjá e Oxum. A cerimônia de lançamento integra a 12ª edição do ‘Conversando com a sua História’, uma iniciativa do Centro de Memória da Bahia e da Fundação Pedro Calmon, cujo objetivo é preservar e difundir a memória histórica, trazendo à comunidade discussões e abordagens atuais sobre os temas programados. O evento contará com a presença de Etelvina Rebouças, Diretora de Preservação do Patrimônio Cultural do IPAC e Roberto Pellegrino Filho, gerente de Patrimônio Imaterial do IPAC. Na ocasião, também serão debatidas políticas de salvaguarda da cultura afro-brasileira.

A publicação é o sétimo volume da coleção ‘Cadernos do IPAC’, que o Instituto vem publicando desde 2009. ’Bembé do Mercado’ trata da manifestação religiosa Bembé do Mercado, Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2012. O livro tem como base os estudos realizados pelo IPAC e que subsidiaram o registro do Bembé do Mercado. Conta com 160 páginas, mais de 170 imagens entre fotografias, mapas e infográficos e é acompanhado de um vídeo documentário de 52 minutos. Também conta com depoimentos de participantes e organizadores da festa, a exemplo de Maria Umbelina Santos Pinho, a Mãe Belinha.
 
Serviço
O QUÊ: Lançamento do livro ‘Bembé do Mercado’.
QUANDO: 24 de novembro, segunda-feira, às 17h.
ONDE: Biblioteca Central dos Barris
QUANTO: Gratuito
Terreiros de candomblé do Recôncavo são declarados Patrimônio Cultural do Estado
Foto: Lázaro Menezes
Dez terreiros de candomblé localizados nos municípios de Cachoeira e São Félix, na região do Recôncavo, serão inscritos no Livro de Registro Especial dos Espaços Destinados a Práticas Culturais Coletivas do Estado. O decreto que autoriza o registro será assinado nesta quarta-feira (19), pelo governador Jaques Wagner.  Os terreiros ´Aganjú Didê´, ´Viva Deus´, ´Lobanekum´, ´Lobanekum Filha´, ´Ogodó Dey´, ´Ilê Axé Itayle´, ´Humpame Ayono Huntóloji´ e ´Dendezeiro Incossi Mukumbi´, localizados em Cachoeira; e ´Raiz de Ayrá´ e ´Ile Axé Ogunjá´, situados em São Félix serão os primeiros do país a receber o registro, que possibilita a proteção não somente da estrutura física, mas de toda a simbologia que envolve o lugar, incluindo os rituais e a culinária. A decisão de registrar os terreiros como Patrimônio Cultural se sustenta em estudos que resultaram em um dossiê com cerca de 100 páginas, composto de laudo antropológico, com relatórios sobre história dos terreiros e chegada de povos africanos no país; iconografia e historiografia das cidades de Cachoeira e São Félix.
O presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), órgão ligado à Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Turismo e Cultura (Sedes), e responsável pela gestão da Cultura na capital, Fernando Guerreiro, assinará, nesta terça-feira (21), às 9h, junto com o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, o protocolo de intenções para instalação de um busto em homenagem à yalorixá Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda.
 
A homenagem foi idealizada pela filha biológica de Mãe Gilda, a yalorixá Jaciara dos Santos. Segundo ela, a peça pretende marcar a história de vida da sua mãe e não deixar que a manifestação de intolerância religiosa que resultou no seu falecimento seja esquecida. Mãe Jaciara deseja que o busto “seja um marco da luta contra a intolerância religiosa”.
 
A assinatura do documento acontecerá no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, no Canela, durante a realização do Ato Cultural de Celebração do dia 21 de Janeiro - Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. O evento, promovido pela União de Negros pela Igualdade (Unegro), marca a passagem dos dez anos de vigência da Lei 6.464/04, de autoria da então vereadora Olívia Santana (PCdoB), que criou o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa em Salvador.
Culinária inspirada nas oferendas aos orixás é tema de restaurante em São Paulo
A culinária religiosa da Bahia é tema da terceira temporada da chef Bel Coelho no restaurante Dui, em São Paulo. O menu degustação é inspirado nas entidades do candomblé, como o prato Exu, um "pintxo" (tipo de tapa), feito de cupim com farinha de dendê, geleia de mal e cachaça e aroma de fumo. O projeto, intitulado Clandestino, acontece uma vez por semana no segundo andar do restaurante e a cada temporada tem uma temática diferente.  

Curtas do Poder

Ilustração de uma cobra verde vestindo um elegante terno azul, gravata escura e língua para fora
Quem acompanhou a Faroeste viu o que um pseudo cônsul pode fazer. Na história de Porto Seguro, tem dois verdadeiros. Imagine o que ainda não vai render. E olha que a história nem chegou em Salvador. Mas a vida segue também fora do Judiciário. Por exemplo: o Soberano está cada vez menor, enquanto o Ferragamo está cada vez mais investindo em um perfil "pau pra toda obra" (lá ele!). Mas se o Dois de Julho não foi lá tão bonito, tem coisa ainda mais triste fora do cortejo. Saiba mais!
Marca Metropoles

Pérolas do Dia

Luciano Simões

Luciano Simões
Foto: Gabriel Lopes / Bahia Notícias

"Estou sabendo é dos partidos que estão firmes".

 

Disse o presidente do União Brasil em Salvador, deputado estadual Luciano Simões sobre o apoio de partidos a candidatura de Bruno Reis. 

Podcast

Projeto Prisma entrevista deputado estadual Luciano Simões Filho nesta segunda-feira

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O deputado estadual Luciano Simões Filho (União) é o entrevistado do Projeto Prisma nesta segunda-feira (15). O podcast é transmitido ao vivo a partir das 16h no YouTube do Bahia Notícias.

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