Artigos
Moraes x Robespierre: Um Breve Paralelo
Multimídia
Diego Coronel avalia que Jerônimo precisa "equilibrar" agenda para atender demandas de deputados
Entrevistas
"É um povo que tem a independência no DNA", diz Pedro Tourinho sobre tema do 2 de Julho em Salvador
othon hotel
O ouvidor-geral da Câmara Municipal de Salvador, o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), informou que está notificando os órgãos públicos responsáveis e o grupo privado responsável por um empreendimento em parte do local onde funcionava o Othon Palace Hotel, em Ondina. Em sessão plenária nesta segunda-feira (26), o edil informou que recebeu denúncia de que estaria sendo um imóvel residencial nas intermediações do local.
Conforme antecipado pelo Bahia Notícias, na década de 70, o então prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães, colocou na escritura do terreno que, exclusivamente, no local que está o antigo Othon só deveria ser erguido “um hotel de turismo de classe internacional".
“A escritura daquele terreno, da década de 70, a Prefeitura de Salvador destinou o local para ser erguido um hotel de classe internacional. Tive a oportunidade de ter acesso a essa documentação. Portanto, creio que esta Casa deve convocar os responsáveis. E aqui é preciso destacar um ponto crucial: em caso de destinação diversa do que está exposto na escritura de doação, a responsabilidade não é apenas institucional, mas também pessoal”, afirmou Vasconcelos.
O vereador também que, em caso de manutenção da construção nos arredores do antigo Othon. Além disso, edil disse que a cláusula que aborda a exclusividade da área para a construção de um hotel é uma “salvaguarda” para garantir que o acordo na escritura seja honrado.
“O procurador-geral do Município será responsabilizado pessoalmente por qualquer desvio de finalidade. Essa cláusula não é apenas uma formalidade, mas uma salvaguarda para garantir que o compromisso firmado no passado seja honrado, assegurando que a área permaneça destinada ao que foi originalmente determinado. A construção atualmente em andamento coloca em risco não apenas o cumprimento desse compromisso”, diz Vasconcelos.
Dois milhões, duzentos e dez mil, setecentos e sessenta cruzeiros novos. Esse foi o montante pago pela compra do terreno pela empresa Hotéis Othon S/A, cedidos pela prefeitura de Salvador, à época, comandada pelo prefeito Antônio Carlos Peixoto Magalhães, em 1970. A questão fica por conta dos fins do empreendimento de área de mais de 27 mil m²: um hotel. No espaço foi erguido o Bahia Othon Palace, referência no setor de hotelaria na capital baiana ao longo de décadas.
Vendido por R$ 109 milhões, incluindo impostos, taxas e dívidas, o prédio onde funcionava o Bahia Othon Palace Hotel, no bairro de Ondina, em Salvador, foi adquirido em leilão privado pela empresa imobiliária Moura Dubeux, recentemente (veja mais). Porém, o destino será para a construção de um resort de uso misto, com estúdios, quarto e sala, dois quartos, salas comerciais, lojas e restaurantes. Uma grande parte do empreendimento estará voltada para hospedagem, o que contribuirá para o turismo da cidade.
O projeto ainda contemplará um residencial de luxo, que receberá o nome de Mansão Othon, em homenagem ao antigo hotel, e contará com apartamentos com cinco suítes e 500 m². O Valor Geral de Vendas (VGV) do complexo é de R$ 615 milhões. Ainda de acordo com a imobiliária, parte de seu terreno será um residencial de alto padrão, com três suítes de 130 m² e quatro suítes de 180 m². O VGV do complexo é de R$ 485 milhões.
A rede Othon Palace funcionava em Salvador desde 1975, mas encerrou as atividades no ano de 2018 e demitiu 240 funcionários.
O novo projeto, então, diverge da escritura inicial de compra e venda do imóvel, assinada por ACM no período, que foi obtida pelo Bahia Notícias, com exclusividade. Registrado no dia 30 de março de 1970, no 4º Ofício, o documento aponta que "no terreno ora vendido somente poderá ser edificado e explorado um hotel de turismo de classe internacional". "Utilizando-o, exclusivamente, aos fins do hotel", completa a escritura, que formaliza a transferência do terreno da prefeitura para o grupo.
Vendida para a empresa Hotéis Othon S.A, que tinha como diretor-presidente Othon Lynch Bezerra, também foi representada no documento pelos gerentes à época Alberto Brito Bezerra e Victoriano Gonçalves Perez. Dos mais de 27 mil m², 9,7 mil m² seriam de terrenos da União, situado na Praia de Ondina. O espaço também fazia divisa com Salvador Praia Hotel, local já demolido pela mesma construtora para a criação de um empreendimento (relembre aqui).
O documento também aponta que a Hotéis Othon teria vencido a concorrência para a alienação da área. O metro quadrado do hotel foi repassado pelo valor de oitenta cruzeiros novos e dez centavos, também sendo isento do imposto municipal da época "inter-vivus", de acordo com o documento - atualmente o imposto é conhecido como ITIV e tem o mesmo propósito. A escritura é assinada pelo tabelião Luciano de Carvalo Marback.
CENÁRIO DA ÉPOCA
O momento foi marcado por algumas vendas de espaços para a criação de hotéis. Vendidos pelo poder público ao capital privado, tanto o Meridian, quanto o Sofitel Quatro Rodas, foram marcos no segmento de Salvador. Apesar disso, por questões distintas, ambos sofreram com incertezas e, em meados dos anos 2000, acabaram fechando.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
ACM Neto
"A gente não está focado em quantidade de prefeitos. É impossível, estando na oposição há 18 anos como nós estamos, pensar em quantidade de prefeitos. O que a gente pode, sim, é pensar em um grande desempenho nos principais colégios eleitorais da Bahia".
Disse o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente do União Brasil ACM Neto ao indicar que seu grande objetivo no partido para as eleições municipais de 2024 é que a legenda saia das urnas sendo o que mais "administra pessoas no estado".