vicente neto

Com a mutilação da pista do Corsário, Salvador vive um momento de carência de uma pista de nível de BMX. Mesmo assim, a Bahia está no radar da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) para receber o Pan-Americano da modalidade. Segundo o diretor-geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Vicente Neto, o governo do estado corre contra o tempo para iniciar as obras do equipamento olímpico e poder sediar a competição internacional.

"Nós fomos procurados pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) para trazermos em 2024 o Pan-Americano. Acabamos de fazer uma etapa do Brasileiro na Praia do Corsário e a Prefeitura de Salvador, em função da obra do calçadão na região, vai utilizar um pedaço da pista. Então, temos dois problemas que são trazer o Pan-Americano para cá e perder um pedaço da pista por conta da obra da prefeitura", afirmou em entrevista ao Bahia Notícias.

De acordo com o presidente da Federação Baiana de Ciclismo (FBC), Oscar Sobrinho, o Brasil ganhou o direito de sediar o Pan de BMX. No entanto, a Bahia assumiu a ponta para receber a competição continental devido ao ótimo desempenho da baiana Paôla Reis, primeira ciclista do país a garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.

"Como nós temos a primeira atleta do ciclismo brasileiro nas Olimpíadas, eu pedi a [Jorge Luiz] Vasconcellos, que é o presidente da Confederação, que pudesse segurar para a Bahia sediar esse evento. O governo quer muito fazer a instalação desse equipamento, o que seria maravilhoso para a gente", contou o dirigente ao BN.

Apesar da moral recebida pela entidade nacional, a Bahia tem um prazo para definir os detalhes da pista e iniciar as obras de construção. O Pan-Americano de BMX está programado para acontecer em setembro de 2024. No entanto, a sede precisa ser escolhida até o final deste ano.

"Não podemos dormir no ponto. Estamos na luta, porque em dezembro o presidente da Confederação tem que bater o martelo onde será a disputa. Se já começar a construir, ele consegue segurar, porque são muitos estados interessados em sediar também", ressaltou. 

Segundo Vicente Neto, o governo avalia dois terrenos que pertencem ao poder público. Um deles fica localizado na avenida Gal Costa, na proximidade entre os bairros de São Marcos e Sussuarana. O outro é na Avenida 29 de Março, que liga a Avenida Paralela à Avenida Aliomar Baleeiro, mais conhecida como Estrada Velha do Aeroporto. Além de evitar custos com desapropriações, os locais são bem vistos pela FBC.

"São lugares que seriam interessantes para a gente. Porque para evento internacional, a pista precisa estar a 'x' metros do aeroporto, de hotel. Temos que atender algumas normas específicas", destacou Sobrinho.

Vicente Neto é o diretor-geral da Sudesb | Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

HOMOLOGAÇÃO DE PISTA OLÍMPICA

A nova pista não precisa estar construída para ser homologada como olímpica e poder receber competições internacionais. Oscar Sobrinho explicou o que é necessário para definir o nível do equipamento, que abriria o caminho para Salvador ser confirmada como palco do Pan.  

"Para uma pista ser homologada como olímpica, tem que fazer a contratação de uma pessoa de nível internacional para fazer essa pista. Uma vez fazer o contrato com essa pessoa, a gente tem a chancela que essa pista será nos moldes olímpicos, então aí a gente consegue. Não precisa nem meter mão na pista, só ter o lugar e contratar o cara, pronto. Damos a dimensão para ele, que faz o projeto e pronto, a gente consegue", detalhou.

PISTA DO CORSÁRIO

Por causa da requalificação da orla de Salvador, a Prefeitura da capital precisou fazer modificações na pista Tertuliano Torres de Bicicross, localizada na Praia do Corsário. Com isso, o equipamento não é sequer cogitado como um plano B na candidatura como sede do Pan-Americano.

"A pista de bicicross do Corsário hoje já não atenderia um evento internacional", declarou Sobrinho. "A Prefeitura precisou fazer algumas modificações. Por exemplo, para fazer um evento precisamos dar um espaço para as equipes fazerem os boxes, isso a gente perde com a construção da nova orla. A arquibancada que sempre colocamos móvel, perdemos esse espaço também. Mas quando tivermos evento, a gente consegue colocar a arquibancada na parte do calçadão, pedindo liberação da Prefeitura. Os boxes também vão para outra área que é de estacionamento. A gente perde o estacionamento de ônibus das equipes e agora temos que procurar outro lugar. Por isso não atende", explicou.

Foto: Divulgação / Sudesb

Porém a pista não será demolida. Sobrinho indicou que a FBC assumirá o equipamento, que deverá passar por reforma.

"Já batemos o martelo que vamos ficar com a pista. Isso já foi uma vitória. Ela vai ter as mesmas dimensões. Vai ser toda reformada e melhorar bastante. É mais um espaço de iniciação esportiva, mas não para competições", falou.

OUTRA PISTA OLÍMPICA NA BAHIA

Além da novidade em Salvador, a Bahia está perto ganhar outra pista olímpica no interior do estado. Um novo equipamento já está sendo construído em Castro Alves, município localizado a 190 km da capital baiana. No entanto, de acordo com o mandatário da FBC, ela também não seria cogitada para abrigar o Pan-Americano de BMX.

"É como falei, tem a necessidade de aeroporto e hotelaria. Com isso, Castro Alves não consegue atender", pontuou. "É uma pista que pode atender a nível nacional, como um Campeonato Brasileiro. Mas uma competição de nível internacional com atleta de ponta, tem que ter hotel cinco estrelas, tem todo um aparato contratual que temos que seguir", completou.

Além de poder receber competições nacionais, Sobrinho destacou outro importante papel da nova pista de Castro Alves para a modalidade.

"A pista de Castro Alves está sendo construída nos moldes olímpicos também. Nós não contratamos ninguém, estamos fazendo com recursos próprios e nossos próprios técnicos. Mas vai ser uma pista muito boa para atender a nível nacional", disse. "É uma pista que não vai faltar espaço, por exemplo, para Paôla treinar. Hoje ela não tem espaço de treinamento de qualidade e a gente precisa dar, não só a ela, mas também para outros atletas, a oportunidade. Então assim, o governo acaba gastando muito levando ela para outros lugares para treinar", continuou.

Paôla Reis | Foto: Reprodução / Navada Photography

A pista do interior tem como função revelar novos talentos. 

"Em Castro Alves não vai faltar talento. Eu conheço o potencial de atletas que tem naquele lugar. É um berço do mountain bike. O mountain bike não se faz com crianças de oito anos, mas o bicicross, você faz, né? Os grandes ciclista de mountain bike vieram do bicicross, aí de repente, acabam tomando outro rumo, outros gostam e ficam. Mas ali é o início de tudo, a base", falou o dirigente.

Sobrinho prevê que a pista deverá ficar pronta para receber os atletas em 90 dias. Após o trabalho de terraplanagem, as rampas começarão a ser moldadas.

"Já está na fase de corte, ou seja, está fazendo toda a terraplanagem para que depois a gente possa fazer as rampas. Nós estamos com a previsão de daqui a 15 dias fazer iniciar o processo das rampas", informou. "São 60 dias de construção de rampas, aí a gente inaugura. Porque o resto, vestiário, cercamento, isso aí fazemos depois. Mas essa parte de rampa, para os meninos começarem a treinar, é 90 dias para estamos com essa pista pronta", finalizou.

A canoagem baiana está em vias de ganhar mais um centro de treinamento. De acordo com o diretor-geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Vicente Neto, as obras estão bem avançadas, entrando na fase de finalização.

"Nós fizemos três centros de canoagem em funcionamento que são Ubaitaba, Ubatã e Itacaré. Iniciamos a construção dos núcleos de Itajuípe, esse já está quase pronto", afirmou em entrevista ao Bahia Notícias. "Está aguardando a finalização da obra e a agenda do governador", completou.

Vicente Neto é o diretor-geral da Sudesb | Foto: Leandro Aragão / Bahia Notícias

O Núcleo de Itajuípe é um dos cinco equipamentos do interior prometidos à canoagem baiana. Os outros são em Ibotirama, Camamu, Santo Estêvão e Maraú. A abertura do processo de licitação foi anunciado em setembro do ano passado. Ainda segundo Vicente Neto, os próximos da fila são Camamu e Ibotirama.

"Ibotirama está em construção também. Itajuípe está quase pronto e Camamu também. Esses três estão em construção, os outros dois estão em processo licitatório", disse. "Teremos núcleo também em Santo Estêvão, ainda iniciando o processo de construção", completou.

Além das construções dos Núcleos de Canoagem, Vicente Neto ainda destacou que São Félix também ganhará uma estrutura para a prática da modalidade.

"Temos uma parceria com São Félix, que já tinha uma ação ali de canoagem, mas não tinha estrutura. Vamos começar a fazer a estrutura. O que foi prometido está em curso. Três núcleos estão em construção e dois em processo de licitatório", finalizou.

A Bahia possui outros três Centros de Canoagem. O primeiro foi inaugurado em Itacaré, o segundo em Ubaitaba e o terceiro foi erguido em Ubatã. As três obras foram motivadas após as primeiras medalhas conquistadas pelo canoísta baiano Isaquias Queiroz, sendo duas pratas e um bronze nos Jogos Olímpicos Rio-2016. Já nas Olimpíadas de Tóquio 2020, ele ficou com o ouro no C1 1.000m.

O novo formato da Copa 2 de Julho promoveu a realização de uma etapa seletiva no interior que classificou 13 equipes. Eles se juntarão aos  outros 27 times, nacionais, internacionais e também a seleção brasileira sub-15 na disputa da fase final da competição de base. Os jogos acontecerão na Região Metropolitana de Salvador, do Recôncavo Baiano e de Feira de Santana. O diretor-geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Vicente Neto, destacou o investimento feito pelo governo que viabilizou a logística das viagens.

"Destaco a participação do interior do estado que chegaram nessa fase. São equipes que nunca participaram de edições anteriores da Copa 2 de Julho. Os dirigentes disseram aqui que isso só foi possível porque garantimos as condições e logística para que os times conseguissem chegar aqui. É muito caro para os times das cidades do interior, conseguir manter equipes, pagar treinador, arbitragem, realizar competições e ainda se deslocar na direção da Região Metropolitana para jogar. Como garantimos o financiamento, propiciamos a ampliação. Isso é importante e um fato inovador", afirmou em entrevista ao Bahia Notícias.

Os classificados do interior foram: Ds Academy (Vitória da Conquista); Seleção de Castro Alves (Castro Alves); Seleção de Xique-Xique (Irecê); Itabuna (Ilhéus); Santa Rita (Barreiras); Seleção de Eunápolis (Porto Seguro); Seleção Meninos Felizes (Jacobina); Seleção de Dom Basílio (Caetité); Seleção de Ruy Barbosa (Ruy Barbosa); Seleção de Paulo Afonso (Ribeira do Pombal); Seleção de Barra (Ibotirama); Academia Zuarte (Riachão do Jacuípe); Seleção de Sento Sé (Filadélfia).

De acordo com Vicente Neto, o investimento na competição girou em torno de R$ 1,8 milhão, entre recursos dos governos federal e estadual.

"São números grandiosos que propiciaram chegarmos até aqui com qualidade e faremos nessa fase final algo bem diferente. Em termos de nível técnico, a própria participação da seleção brasileira sub-15 eleva o nível técnico da competição e vai mostrar para esses meninos que é o caminho da profissionalização, para eles estarem em breve assinando contrato com grandes clubes. Responsabilidade grande e a certeza de uma competição realizada no nível que a Bahia merece", comentou dirigente da autarquia.

A bola vai rolar na Copa 2 de Julho a partir do próximo domingo (2), data de celebração da Independência da Bahia que neste ano chega ao bicentenário. Enquanto a final da competição está prevista para o dia 13 de julho.

"Outro que destacaria, é termos encaixado a Copa 2 de Julho no âmbito das comemorações do Bicentenário. Isso garante para a Copa 2 de Julho projeção nacional, um sentido diferente histórico e cívico para o esporte da Bahia", ressaltou Vicente Neto.