Uma jovem senhora de 60 anos: parabéns UPB
Nascida como União dos Prefeitos da Bahia e conhecida pela sigla UPB, mudou de nome no correr da vida e agora, no dia 13 de agosto de 2024, ela vai faz 60 anos de existência. Todavia ela, a UPB, preferiu um nome de casada: União dos Municípios da Bahia. A razão do nome original, além de ser contemporânea com o momento da fundação, dizia respeito a uma visão que se estabelecia no final dos anos 1950 e início dos anos 1960: a importância dos prefeitos para a solução dos problemas das cidades que surgiram no pós II Grande Guerra.
O Brasil, como diversos outros países do mundo, deu um salto do interior para a cidade; do rural para o urbano. Com a explosão das cidades, que recebiam cada vez mais pessoas, tornou-se necessário um repensar dos municípios e suas funções. Até então os municípios brasileiros, com uma preponderância de vivências rurais eram comandados, na maioria dos rincões, por coronéis, que ditavam as ordens de poder e pouco ofereciam em serviços.
Porém este quadro teve que mudar rapidamente em dois momentos extremos no Brasil: o início da segunda República, com a criação do Estado Novo e, depois, como se disse, com o fim da segunda guerra e o processo de industrialização que decorre deste momento.
A UPB nasce no início do governo Lomanto Junior, um declarado e conhecido municipalista. Com ele, outros nomes de peso enfrentavam os temas municipais: Henrique Brito, pai do deputado e secretário Sergio Brito, Yves de Oliveira e Diogo Lordelo de Mello, entre outros. Nomes de relevo para época e para a história dos municípios, ainda que esquecidos no tempo atual.
Contudo o nascimento da UPB tinha por objetivo criar uma relação de proximidade com a sede de governo. Afinal, naquele tempo, sem computador, internet, telefones com difíceis operações, era muito complicado falar e operar com os governos estaduais e federais. Os municípios mais distantes viviam uma relação terrível para serem atendidos pelas lideranças, em qualquer órbita de governo. Neste sentido é que uma entidade que pudesse receber os prefeitos, auxiliá-los a falar com os membros do governo estadual e eventualmente encaminhar projetos e informar sobre os projetos existentes trazia um ótimo apelo.
Mas um fato concorria contra o sucesso completo da UPB. Ainda existia uma entidade governamental que servia para apoiar os municípios em seus projetos e estudos na Bahia, conhecida como o departamento de municipalidades. Neste caso era um pedaço do governo que atuava junto as prefeituras – principalmente. Este órgão publico existiu com diferentes nomes, chegando ao tempo do governador João Durval com duas presenças: a Interurb e o Consórcio Rodoviário Intermunicipal, que apoiavam fortemente a atividade dos municípios. Com estas entidades a UPB, meramente associativa, tinha uma apresentação muito pálida.
Todavia, com o início do governo de Waldir Pires, uma grande mudança acontece. O fim das entidades governamentais destinadas a apoiar os municípios e, uma nova sede da UPB, funcionando na mesma rua da governadoria, trazia a chance de uma nova forma de representar os prefeitos e, por consequência, os municípios. Foi então que os serviços técnicos especializados começaram a surgir; originalmente o serviço de engenharia, o jurídico e prestação de informações, depois outros muito importantes como a comunicação social e treinamentos.
No transcorrer das últimas décadas a UPB assumiu a condição de representante municipalista, não atendendo somente o interesse dos prefeitos. Aqui cuida de olhar para todos os municípios. De outro lado, tem sido precursora na formação de técnicos e especialistas em temas de interesse da vida municipal. Também, busca, na defesa de bandeiras caras as municipalidades, um olhar para a qualidade da administração municipal. A UPB se inscreve no panteão das entidades de grande peso e representação regional existentes no Brasil, avançando para ganhar reconhecimento ampliado e falando com a própria nação. Hoje a jovem de 60 anos se apresenta como uma bela entidade, capaz de fazer com que a voz dos prefeitos alcance diversos pontos da Bahia e do Brasil.
*Isaac Newton Carneiro é professor e doutor em Planejamento e Desenvolvimento Urbano
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