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“O público preto quer se ver”, destaca Val Benvindo sobre especial Humor Negro do Multishow

Por Alexandre Brochado

Fotos: Magali Moraes

O especial de comédia Festival Humor Negro foi lançado na última segunda-feira (19) no Multishow e Globoplay, buscando ressignificar a expressão e levar representividade a pessoas pretas. Em entrevista ao BN Hall, a idealizadora do projeto, jornalista e produtora executiva Val Benvindo falou como surgiu a ideia do festival até chegar a um produto audiovisual.

 

 

“Em 2019 eu tive essa ideia, já trabalhava com produção de alguns humoristas daqui [de Salvador], como Tia Má, como Thiago Almasy e Sulivã Bispo, do 'Na Redea Curta'… enfim, estava lavando os pratos e pensei que poderia existir um festival com humoristas negros e que deveria usar o nome de ‘humor negro’. Tive essa ideia, mas pensei também que isso poderia ser muito clichê e que alguém poderia ter pensado o mesmo. Pesquisei, vi que não tinha e decidi fazer. Tive a ideia em setembro de 2019 e ficou disponível no teatro em dezembro daquele ano, quase no Natal”, explicou. 

 

A produção audiovisual conta com grandes comediantes negros que utilizam do humor para falar de situações que enfrentam no dia a dia. Entre os nomes, estão os baianos Tia Má, Sulivã Bispo, João Pimenta e Jhordan Mateus, além da brasiliense Niny Magalhães.

 


Niny Magalhães, João Pimenta, Sulivã Bispo, Evaldo Macarrão, Jhordan Mateus e Tia Má
 

 

De acordo com Val, ela criou o festival com o intuito de repensar a ideia de “humor negro”, já que as pessoas ao longo da história utilizaram os termos "negro" e "preto" sempre de uma forma pejorativa. “Sabemos que algumas coisas são muito difíceis de dizer assim: ‘vamos extinguir essa palavra’. Mas talvez ressignificar ela seja mais fácil e andei pensando nisso. Essa ideia foi plantada em mim desde que o Instituto de Mídia Étnica foi criado por Paulo Rogério, Valeria Lima e vários comunicadores jovens, na época, e o slogan era ‘vamos denegrir a mídia’, e denegrir significa tornar negro. Então era tornar a mídia negra”, citou.

 

 

Através do festival, a comunicadora quis proporcionar um lugar onde pessoas pretas pudessem rir e não ser alvo das piadas, com um humor feito por pessoas negras. 

 

“No ano seguinte [em 2020], quando faria a segunda edição do evento, veio a pandemia e recebi uma ligação de Pedro Tourinho me chamando para fazer uma parceria com a Conspiração Filmes. Ele já tinha uma parceria e me perguntou o que achava de levar o Humor Negro para o audiovisual. Começamos a conversar, passamos por uma série de reuniões com a Conspiração, tivemos pitches com vários players...  Até que nesse ano tivemos um pitch com o Multishow, que se mostrou bastante interessado, entendendo a importância do que estávamos fazendo e de termos mais de 50% da equipe composta por pessoas pretas, em lugares de muito destaque”, destacou.

 

O festival Humor Negro foi gravado no Teatro Vila Velha, em Salvador, tendo a Bahia como berço do projeto. Para a jornalista, utilizar o palco do Vila Velha como cenário da gravação é algo representativo devido à história que o espaço carrega, lugar em que companhias de teatro já faziam humor negro. “Cresci indo assistir o Bando de Teatro Olodum no Teatro Vila Velha, era um dos meus programas preferidos. No verão ou em qualquer momento do ano que eles tivessem qualquer peça eu estava ali, e muitas peças são peças de humor. Conheço o humor negro desde sempre na minha vida. Não estamos inventando modas, estamos dando continuidade”, avaliou.

 

Ao BN, Val ressaltou ainda a importância dos trabalhos dos artistas baianos para a cultura brasileira. Segundo ela, é necessário mostrar a potência da Bahia no ramo artístico, saindo do eixo Rio/São Paulo. “As pessoas tendem a achar que coisas que fazemos no Nordeste são regionais. Mas não, são coisas nacionais, pois o Nordeste está inserido no Brasil”, afirmou. 

 

“O público preto quer se ver, é urgente. Todas as produções pretas que temos visto nos últimos anos são produções que vemos que as pessoas gostam, que elas consomem e vão atrás. [...] As pessoas querem se enxergar e precisam ser representadas. [...] Cobram muito que pessoas pretas falem sobre coisas importantes, mas falar sobre isso é necessário e pesado, muitas vezes adoecem. É necessário também falar sobre nossas coisas corriqueiras, como família, jeito, cabelo, sexo… porque somos muita coisa, somo diversos”, concluiu.

 

 

 

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