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Ateliê Mão de Mãe: empresários baianos retratam ancestralidade através do crochê

Por Alexandre Brochado

Foto: Edgar Azevedo

Com a ideia de valorizar a arte como um todo, mas principalmente a arte artesã, feita por mãos masculinas ou femininas, foi que o casal de empresários baianos Patrick Fortuna e Vini Santana se juntaram à artesã Luciene Brito para criar o Atêlie Mão de Mãe. A marca surgiu durante a crise sanitária do coronavírus e já foi destaque no São Paulo Fashion Week. 


Desfile do Ateliê Mão de Mãe no São Paulo Fashion Week

 

Atualmente, o ateliê é composto por três pessoas: Patrick, que faz a direção criativa e é diretor de projetos; Vini, que divide a direção criativa e é diretor de marketing; e Luciene Brito, que é a principal designer e chefe da linha de produção.

 


Patrick Fortuna (Foto: Reprodução / Instagram)


Vini Santana (Foto: Reprodução / Instagram)


Luciene Brito (Foto: Reprodução / Instagram)

 

Em entrevista ao BN Hall, Patrick contou que trabalha com moda há 20 anos e que começou em um shopping center de Salvador como supervisor, mas foi durante a pandemia de Covid-19 que a ideia de criar a marca surgiu. “Eu e o Vini estávamos nos conhecendo e, nessa loucura de se as coisas iam fechar ou não por conta da pandemia, ele me disse que a mãe dele, Luciene, que fazia artesanato desde os 14 anos e nunca trabalhou para o sistema formal, precisava morar com ele e não sabia como fazer. Eu falei para o Vini: ‘você pode ver o que sua mãe faz e pensar em formas de complementar a renda’. A partir disso o Vini teve a ideia de pedir a mãe para criar algumas peças de crochê, fazer alguns shorts e biquínis, e assim surgiu o Ateliê Mão de Mãe. Em fevereiro de 2020 foi criado o perfil no Instagram e em março começamos a postar, ganhando grande notoriedade”. 

 

O empresário explicou que o diferencial da marca é ter uma identidade muito pessoal, além da comunicação que desenvolveram, fator que ele atribui ao sucesso repentino. 

 

Um tempo após a criação da marca, Patrick e Vini foram morar juntos e foi em um dos quartos do apartamento que criaram um pequeno ateliê para receber clientes e produzir os editoriais. Com o trabalho desenvolvido por eles e a comunicação nas redes sociais, as peças do Ateliê Mão de Mãe foram parar nos olhares de personalidades brasileiras, como Fernanda Paes Leme, que apareceu de surpresa ao lado de uma amiga no ateliê.

 

Fernanda Paes Leme (Foto: Reprodução / Instagram)


Camila de Lucas (Foto: Reprodução / Instagram)


Debora Secco (Foto: Reprodução / Instagram)

 

Até que, no final de 2020, a marca foi convidada para participar do Projeto Sankofa, que visava o acolhimento, reconhecimento e valorização de microempreendedores afroindígenas. Através do projeto, os empresários tiveram a oportunidade de mostrar o trabalho por um período, se desvinculando depois “por questões de compatibilidade de ideias”. “O Sankofa nos fez ter contato com as mídias nacionais. A partir disso fizemos duas participações no São Paulo Fashion Week, uma que foi digital, através de um fashion filme gravado na capital paulista. Já a segunda apresentação foi presencial, com um desfile que recebeu o título da maior clipagem do São Paulo Fashion Week e a segunda maior visibilidade, a primeira foi uma outra marca de Salvador”, apontou. 

 

 

 

Entre as personalidades nacionais que vestiram a marca durante esses dois anos da empresa está a cantora Pabllo Vittar. Patrick disse que a parceria com a cantora surgiu através de uma pauta que seria capa da revista Elle. Segundo ele, o estilista entrou em contato com o ateliê e eles mandaram algumas peças, dentre elas foram escolhidas um biquíni e outra peça, que a cantora acabou usando em um show.

 

 

 

“O Ateliê Mão de Mãe tem a diversidade como uma pauta, a marca nasce de um casal gay com uma mulher solteira, que foi abandonada pelo marido e criou seus quatro filhos através da arte. Então valorizamos essa diversidade e acredito que precisamos valorizar essas pessoas que chegaram na moda e ganharam espaço, sendo revolucionárias, tendo a ver muito com os valores da marca. Para nós é fundamental acreditar e apoiar essas pessoas, assim como elas nos apoiaram, que estamos apenas começando”, afirmou.

 

Questionado sobre o destaque do crochê na moda após personalidades terem aparecido usando peças do segmento, como a Jade Picon que utilizou um biquíni de crochê na primeira semana do programa, Patrick disse que em relação a esse tipo de peça existe muito a questão do hype. “Lembro no início de 2020, quando a Rafa Kalimann estava no BBB e foi a primeira que usou looks de crochê, que ainda não estava na moda, mas ela usava várias peças dentro da casa, então acho que querendo ou não quem gosta de crochê admira o trabalho independente. Eu gosto de crochê desde sempre porque minha avó fazia, o Vini gosta porque a mãe dele faz desde os 15 anos, a minha tia que trabalha conosco no ateliê faz desde os 12 anos de idade… cresci nesse meio e acredito que essa valorização que nos propomos a fazer e essa retratação vem de um movimento que é de berço, algo que nos foi ensinado quando éramos crianças”. 

 


Rafa Kalimann usando Ateliê Mão de Mãe (Foto: Reprodução / Instagram)

 

Se baseando nessa ancestralidade e cultura passada entre gerações que o Ateliê Mão de Mãe vem se preparando para as novidades de 2022. Neste ano, a marca está desenvolvendo uma nova coleção para a edição do São Paulo Fashion Week, que deve estrear de abril para maio, por meio do digital. O empresário não quis dar spoiler, mas revelou que essa coleção fala muito da Bahia, do recôncavo, das artes manuais.

 

Outra novidade é o editorial feito em Salvador com profissionais locais, como o fotógrafo Edgar Azevedo. “A marca tem uma premissa muito grande de fortalecer profissionais afrodescendentes e indígenas, acreditamos que nós precisamos nos unir e quando começamos a pensar nessa coleção, chamamos o Edgar para uma conversa e ele nos ajudou com muitas ideias de fotografia. “O  nome da coleção é ‘Profundo’ e fala muito sobre os mares e rios, como a gente vive deles e quanto de benefício devolvemos a eles. Fazemos uma crítica muito sucinta em relação aos dejetos e lixos, com a forma que as pessoas lidam com os mares e as praias e a coleção é toda pautada em cima disso. Uma coleção que fala também sobre o misticismo do mar, que nós somos pessoas solares e sentimos vontade de ir à praia, mas precisamos cuidar daquilo que também é nosso, uma reflexão sobre nossa relação com a natureza”, declarou Patrick.



Editorial da coleção "Profundo" (Fotos: Edgar Azevedo)

 

A marca possui dois pontos de venda fixo, um em São Paulo, na Bemglô, que é uma loja colaborativa, e o ateliê que funciona na casa dos empreendedores, que atualmente possui um espaço maior, em um pergolado na varanda do apartamento. A partir de março, o Ateliê Mão de Mãe também terá uma arara exposta na Trancoseando, que é uma flagship em Trancoso que trabalha com artesãos de todo nordeste. Além disso, os atendimento são feitos também pelo site e Instagram.

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