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Entrevista

Raimundinho da JR diz que “G8 é independente porque não tem cacique por trás”, mas que vai colaborar com o governo

Por Carine Andrade

Foto: Carine Andrade / Bahia Notícias

Quem vê Raimundinho da JR ocupando uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) pode até pensar que foi fácil chegar onde ele chegou. De origem humilde, o baiano nascido em Ubaitaba, no sul do Estado, teve uma vida sofrida: se tornou o homem da casa ao perder o pai com apenas 13 anos, trabalhou como vendedor de picolé e também como feirante. Mesmo em meio às dificuldades, Raimundinho da JR tinha o sonho de ser caminhoneiro para dar continuidade ao legado do pai. Determinado, conseguiu comprar o seu primeiro caminhão após anos de trabalho. “O bichinho era tão velho que chovia mais dentro do que fora”, lembrou, em entrevista ao Bahia Notícias. O tempo passou e as coisas foram melhorando até que Raimundinho se tornou um conceituado empresário e “o maior comprador de caminhão Volvo do Nordeste”, conforme ele revelou à reportagem. “Não foi fácil. Teve muita determinação, luta e perseverança”, completou. 

 

Eleito para o primeiro mandato pelo Partido Liberal (PL), o parlamentar diz que seguirá ajudando as pessoas carentes, conforme vem fazendo há 45 anos. “Eu continuo ajudando as pessoas. Eu nunca parei, não é agora que eu estou na política, como deputado, que irei parar. Eu sempre ajudei as pessoas como empresário porque eu não esqueço as minhas origens”, afirmou. 

 

Nessa entrevista, Raimundinho da JR fala da responsabilidade que assumiu com o povo baiano que, nas eleições de 2022, elegeu 24 novos parlamentares, proporcionando uma renovação de 40% na Casa Legislativa. O deputado também explica o projeto um tanto polêmico, de sua autoria, em que ele defende a regulamentação dos paredões (festas muito comuns em bairros populares); a formação do grupo independente G8 na Assembleia Legislativa; e suas ideias e projetos para alavancar a economia do Estado.   

 

Qual a avaliação que o senhor faz do seu mandato até aqui? Conseguiu viabilizar os seus projetos, pautas e discussões ou acha que, de repente, deixou a desejar em alguma área e não foi tão produtivo quanto esperava? 

Veja bem, para mim tudo é novidade. Nesse primeiro mandato, primeiro ano, é um ano de adequação, um ano de ajuste, a gente vai tomando conhecimento das coisas e o Parlamento, nós estamos aqui para que a gente possa somar com o Governo do Estado e trazer, cada vez mais, melhorias. Eu como venho da área empresarial estou aqui lutando, ao lado do nosso governador Jerônimo Rodrigues, buscando atrair novas empresas, novas indústrias. Como eu sou do ramo de transporte, do ramo de galpão e de outras áreas também, estou aqui de coração aberto para somar e buscar a realidade que o povo baiano precisa. Nós temos um projeto desafiador, já conversei com o governador Jerônimo a respeito de atrair para o Estado da Bahia o que tem hoje em Pernambuco, que movimenta a economia daquele estado, que é um polo têxtil. Mas não é um polo têxtil como tem aqui, que foi criado na Bahia, tem que ser um polo têxtil que tenha os incentivos [fiscais], que busque incentivar os empresários de outros estados para vir para a Bahia para gerar aqui 10, 15 mil empregos. A gente não pode pensar só na BYD, a fábrica de automóvel que está vindo pra Bahia, embora isso seja ótimo. Veja que a cidade de Pernambuco chamada Toritama, é uma cidade do Agreste, que tem uma estrutura precária [e tem o 2º maior polo têxtil do país]. Aqui nós temos água, temos ferrovia, aqui nós temos toda uma estrutura, o que falta são os incentivos.

 

Na sua opinião, o que faria o Estado mais competitivo para atrair essas novas indústrias?

Para a gente atrair os empresários dos outros estados, assim como a BYD está vindo para Bahia, que teve todos os incentivos possíveis dentro da legislação estadual, a gente precisa também fomentar outras indústrias e o polo têxtil vai gerar muito emprego, principalmente, na área feminina que é uma área que hoje a carência é muito grande para as mulheres. Para que a gente possa trazer esses investimentos para cá é preciso buscar colocar os profissionais para trabalhar, e a gente tem hoje o Senai/ Cimatec que é uma estrutura formidável. Eu tive o prazer de estar lá com o ministro [da Casa Civil] Rui Costa, com o ministro da Indústria e Comércio [Geraldo Alckmin] e eu vejo que nós temos um potencial muito grande. A gente precisa nessa Casa [Assembleia Legislativa] incentivar as indústrias de fora a virem para o nosso estado porque a Bahia está de portas abertas para atrair qualquer tipo de empresa que venha dentro da legalidade, dentro dos parâmetros que a gente precisa instalar aqui na Bahia. Eu tenho certeza que eu como deputado vou estar lutando ao lado do governador para buscar esses investimentos. Então, foi para isso que Raimundinho se elegeu deputado. Eu venho com a formação de empresário e quero ajudar a Bahia a crescer mais ainda porque eu acho que o governador faz o papel dele e nós parlamentares temos que buscar “pescar” e mostrar também o governo que a gente tem coisas para somar. 

 

O senhor apresentou um Projeto de Lei que sugere a regulamentação dos paredões. Explique um pouco sobre esse projeto. 

A gente sabe que, de forma errada, de forma irresponsável, os paredões não são bem vistos em lugar nenhum. Eles estão muito vinculados à questão da violência, das drogas, então se você coloca no interior, que você não tem atração [cultural], que você não tem nada, coloca o poder público, e a prefeitura realiza o evento em um local adequado, com segurança, com normas a serem cumpridas, eu sou favorável. Eu acho que todos nós precisamos nos divertir, agora não irresponsavelmente. Você colocar um paredão numa praça pública que você não tem um banheiro químico, você não tem um controle de quem está entrando armado, você não tem nada que ofereça segurança àquelas pessoas que ali estão, eu sou contra. Agora, sou a favor da legalização dos paredões para que a gente leve alegria para as pessoas. 

 

E como seria a programação destes eventos? Por que os paredões, além de estarem muito associados à violência, como o senhor já reconheceu, geralmente tocam músicas de artistas que utilizam palavras de baixo calão em suas composições e de desrespeito à pessoa humana, principalmente a mulher. O senhor é favorável que existam critérios na escolha desses artistas?

Eu acho que você pode trazer alegria com responsabilidade e com as músicas que não vão incentivar a baixaria, que não vão incentivar as drogas. Isso aí eu sou contra! Agora, se você trouxer uma qualidade, uma música decente, um sertanejo, uma música de vaquejada, que muitos do interior da Bahia curtem, eu sou favorável. Eu defendo que os paredões sejam feitos com responsabilidade, e sou contra os paredões feitos de forma aleatória. Eu não aprovo e jamais vou comungar com isso. Agora, se você tem um local, você tem um clube na sua cidade, um local que tenha banheiro químico, que tem a organização, que tem a segurança e as normas a serem cumpridas, como horário para começar e horário para terminar, não é de forma aleatória. Por exemplo, a nossa Bahia faz o maior Carnaval do planeta e teve um recorde de segurança com pessoas do mundo inteiro se divertindo, gente do mundo inteiro vem para Salvador. E por que que a gente também não pode legalizar de forma correta e segura os paredões? Um evento como esse pode movimentar a economia de cada cidadezinha pequena, agora desde que feito com responsabilidade.

 

Seu mandato defende muitas mudanças referentes às concessionárias Via Bahia e a Bahia Norte. Quais soluções o senhor propõe para melhorar a prestação dos serviços? 

Olha, veja bem, eu abri essa questão porque eu estou sentindo na pele, eu sou o usuário [das rodovias e BAs] passo todos os dias nas rodovia pedagiada, eu acho que não só temos a obrigação de pagar, nós temos a obrigação de cobrar respeito com o nosso contribuinte. Então, a Bahia Norte que hoje é uma rodovia pedagiada que cuida de várias rodovias da nossa Bahia em cidades circunvizinhas, está deixando muito a desejar. A Via Bahia já virou caso até de polícia, Procon e tudo mais; eu acho que a Via Bahia tinha que tomar uma posição mais enérgica. As outras [Bahia Norte] você pode dar um voto de confiança por dias melhores, mas a Via Bahia, eu acho que nós não temos mais tolerância. Essa Casa, nós estamos querendo junto com todos os parlamentares, que são unanimidade aqui, queremos fazer uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], mas a CPI a gente sabe que eles têm bons advogados, eles investem muito nisso e eu acho que eles se confiam muito nessa conta aí, mas nós contribuintes e nós parlamentar baianos que estamos sofrendo também igual ao contribuinte, nós não podemos nos calar. 

 

O senhor é conhecido por doar, todos os meses, o seu salário de deputado para uma instituição social. Como foi que surgiu essa ideia? Pretende continuar fazendo essa ação até o final do mandato?  

Às vezes, eu sou criticado na Casa, as pessoas às vezes ficam assim ‘poxa, Raimundinho, valoriza o salário do deputado’, mas quando eu olho para trás, Deus já me deu tanta coisa boa na minha vida que eu acho que esse salário que o povo me paga eu posso muito mais ajudar as pessoas que precisam. Deus já me deu tantas coisas maravilhosas na minha vida, eu sou um homem realizado profissionalmente, tenho dois filhos e três netos. Então, eu acho que eu posso muito mais contribuir com esse salário que resta na minha conta, que eu recebo aqui dessa Casa. Agora mesmo, a gente construiu uma casa de uma senhorinha que estava muito debilitada, a casa ia até cair, eu reformei a casa dela, você precisa ver a alegria e a felicidade dela com tão pouca coisa. Então, o meu salário já serviu para o [Hospital] Martagão Gesteira, para o Irmã Dulce Dulce, o Aristides Maltez, o Gaac [Grupo de Apoio à Criança com Câncer], eu já doei para essa senhora, eu levei 10 mil brinquedos agora para o Dia das Crianças e, no final desse mês agora, eu quero doar 100% do meu salário novamente para as pessoas especiais, uma associação que cuida das crianças especiais. Eu digo para você que Deus colocou cada um de nós numa missão e as coisas vêm para mim natural. Eu estive vendo algumas situações e as pessoas falando, eu vejo pela imprensa, eu vejo por uma coisa, eu vejo por diversas situações e chega até a mim. E quando comove o meu coração, eu não penso duas vezes. Essa foi uma promessa de quando eu ainda não estava deputado porque mesmo sem ser deputado, nós cuidamos há 16 anos de 60 velhinhos com recursos do grupo JR, sem ser deputado. Na epidemia, o grupo JR fez um trabalho social que nem o deputado eleito fez 10% do que eu fiz. 

 

Vamos falar um pouquinho sobre sobre o G8, o G8 original, que começou meio polêmico. O senhor acha que a criação de um outro G8, de certa forma, ofusca o grupo de vocês? Vocês querem mesmo uma secretaria no governo?

Veja bem, nós criamos o G8 com bastante tranquilidade, sem nenhum tipo de dizer assim, ‘vamos pressionar o governo’, até porque nós somos assim ó, a palavra independente é porque nós não temos cacique atrás da gente. Independente somos o primeiro bloco porque o que o governador pedir a gente não precisa perguntar aos caciques se pode fazer. Diferente do outro, o segundo G8, que não tem essa prerrogativa. Nós estamos junto com o Governo do Estado para ajudar, mais ainda, a Bahia. Então, existiu uma polêmica quando a gente falou o nome ‘independente’, isso não quer dizer que a gente vai querer pressionar o governo a nos dar uma secretaria porque nós estamos sobrevivendo [sem ela].

 

Então não tem faca nos dentes?

Em hipótese nenhuma, jamais! O governo Jerônimo, nós temos livre arbítrio com ele, nós dialogamos e jamais ninguém tocou em cargo com ele, somos um grupo que mostrou ao governador a nossa lealdade com ele, mesmo não tendo apoiado nas eleições de 2022.

 

Esse gesto é uma forma de sobreviver politicamente?

Quando eu fui eleito eu cheguei ao governador, apesar de não ter sido eleito pelo partido dele, porque eu precisava de uma sigla que eu tivesse condições de me eleger e na sigla do governador, eu já estive no passado com ele, eu tive 40 mil votos e não fui eleito. Dessa vez, eu tive menos um pouco e fui eleito. Porque eu tive um bom professor para me dizer aonde eu poderia estar, então quando eu fui eleito, eu disse: ‘Governador, o que o senhor precisar para ajudar a nossa Bahia, conte com Raimundinho’. Então, não tem nenhum constrangimento, eu quero deixar bem claro, eu fui eleito para ajudar o povo da Bahia. O que eu puder fazer para ajudar e somar com o povo da Bahia, eu tenho certeza de que com o G8 não será diferente. 

 

O senhor também quer ajudar o povo de Dias D’ávila, correto? Me conte um pouco sobre a sua pré-candidatura a prefeito. 

Assim como eu tenho um sonho de um dia poder gerar muito emprego para a Bahia, eu escolhi Dias D'ávila para morar. A nossa empresa é em Dias D'Ávila, eu moro em Dias D'Ávila, eu tenho um sonho de um dia, ao lado do governador Jerônimo, que eu sei que ele tem o partido dele lá também como aliado, que ele vai apoiar o PT lá na cidade, mas meu espaço eu já tenho plantado há muito tempo e continuarei como pré-candidato a prefeito se o povo assim escolher Raimundinho. Eu vou mostrar a diferença, que eu quero fazer o melhor por Dias D'Ávila, agora se o povo aceitar do jeito que está, eu continuo a minha vida aqui ajudando também da mesma forma a minha cidade. Essa decisão já está tomada, não vou dizer não, não vou desistir e continuarei lutando por Dias D'Ávila. Eu sempre tenho uma frase: Dias D'Ávila tem jeito! 

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