Gilberto Gil: ‘Me preparei para a velhice e para a morte’

Às vésperas de completar 70 anos de idade, em 26 de junho, o cantor e compositor baiano Gilberto Gil falou de velhice, morte e também sobre o próximo disco, numa entrevista para o Estadão. Sempre mais tranqüilo que Caetano quando o assunto são essas coisas da vida, Gil garantiu: “Entro com tranquilidade em cada novo portal da vida, sendo que a morte é o último deles. Você entra em um, em dois, três, quatro, cinco... A morte é o último e faz parte da vida”. Mas também citou o velho parceiro, quando a pergunta se referia à velhice. “Caetano diz que quem não morre fica velho. E quem fica velho amadurece, passa a ter mais escopo, mais visão, mais clareza, quietude”, disse. 

 

Durante a entrevista, o compositor meditou sobre a diferença do processo criativo na juventude e na maturidade, sem optar por um por dois, e ainda comentou o novo disco de Gal Costa produzido por Caetano Veloso, ‘Recanto’. “Não me estranhou nada, primeiro porque é uma iniciativa do Caetano, faz parte da linha evolutiva dele, que acontece desde o ‘Estrangeiro’, ou se quisermos, desde o ‘Cê’”, disse. “E como fica Gal?”, pergunta o repórter. “A Gal está ali, ela sempre foi uma coadjuvante importante para Caetano, desde Domingo. Na turma baiana, esse par se fez logo, Gal e Caetano são uma parelha. Caetano não tem inibição nenhuma em colocar a Gal nesses trabalhos de coadjuvância”. 

 

Sobre o próximo trabalho, Gilberto Gil adiantou que este será aquele tão longamente planejado disco de sambas, mas não quis soltar muitos detalhes, alegando motivos quase supersticiosos. “Vou fazer o disco de sambas finalmente, mas já falei demais sobre isso, parece que quando falamos não acontece. Bom, posso te dizer que vou chamar o Moreno Veloso e meu filho, Bem, para produzir. E que terá um sambista importante. Vamos ver”, declarou.