Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Resenha BN: Criolo vira criança em show na Concha Acústica

Por Camilla Brito e Marília Moreira

Foto: Marília Moreira/Bahia Notícias
Criolo é Kleber Gomes, paulista de Grajaú, favela da periferia de São Paulo, que cresceu ouvindo rap, um apaixonado por poesia e que estudou o colegial com a D. Marina, sua mãe. Kleber também já foi Criolo Doido no início da carreira, com a estréia do álbum “Ainda há tempo”, de 2006. No último sábado (5), durante seu show na Concha Acústica, Criolo era uma criança.
 
Apresentado com a pompa devida por um exagerado Hagamenon Brito no palco, Criolo entra em cena sorridente, vestindo calças folgadas, uma camisa amarela e um patuá no pescoço. Conversou com a platéia, dançou, correu, riu e aplaudiu com reverência o público que não lotou o espaço, mas justificou a vinda do artista pela segunda vez só em 2012 – a primeira também na Concha e, diga-se de passagem, em plena greve da Polícia Militar.
 
Apesar dos muitos anos de carreira como rapper, o repertório do show é basicamente o álbum “Nó na Orelha”, lançado em abril de 2011. Canções como “Não Existe Amor em SP” e “Subirudoistiozin” e uma tréplica de “Cálice”, que Chico Buarque escreveu depois de ver no Youtube uma versão atualizada feita por Criolo, foram o ápice da noite. Se ouvir a tréplica de Cálice em vídeos da internet já é de arrepiar, ouvi-la em um show com dezenas de pessoas seguindo os versos de protesto em alto e bom som é de fazer chegar lágrimas aos olhos. Mesmo com o som da voz de Criolo um pouco abafado, quem conhecia as letras das músicas não hesitava em acompanhar o rapper na tortuosa sonoridade em rap de um dos clássicos da MPB: “Os saraus tiveram que invadir os botecos/ Pois biblioteca não era lugar de poesia/ Biblioteca tinha que ter silêncio/ E uma gente que se acha assim muito sabida”.

Se faltaram surpresas no setlist, sobrou energia. Aliás, muita dessa energia vem do DJ Dan Dan, músico e produtor que divide o microfone com Criolo. Seguro, ele diverte, provoca e aproxima a estrela do seu público. Não que Criolo não tenha desenvoltura, mas a áurea construída pela crítica de artista cool ainda se sobrepõe à imagem humilde do músico. No show da Concha, os dois cantores estavam acompanhados de uma excelente e harmônica banda e de um público heterogêneo e devotado. Mãos para lá e para cá eram movimentadas ao comando de voz dos rappers. Se na participação de Criolo na 33ª Noite da Beleza Negra ele estava visivelmente emocionado em estar ali, neste sábado, quem se emocionou foi o público com aquele que se tornou uma criança no palco. 

Compartilhar