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Marca Bahia Notícias

Notícia

Em meio à mobilização dos artistas, Marcia Castro fala sobre as manifestações no Brasil

Por Lara Maiato

Foto: Divulgação
Ao longo de todo o mês de junho, o Bahia Notícias tem publicado a mobilização dos artistas sobre os protestos que acontecem em todo o país. Já noticiamos que Tom Zé lançou a música “Povo Novo” e Leoni “As Coisas não Caem do Céu”, Caetano Veloso se pronunciou sobre os acontecimentos, Simoninha opinou sobre sua música “Vem pra Rua” ter se tornado hino do movimento, MC Fall gravou um clipe em meio às manifestações de Salvador... Porém, não parou por aí. Ainda nesta semana, Gilberto Gil e Marisa Monte também aproveitaram para falar a respeito. Durante o show no São João do Pelourinho, na véspera dos seus 71 anos, o baiano afirmou “já corri muito da polícia por essas ruas. Agora chegou a vez de vocês". Marisa também aproveitou um dos seus shows em Nova York para apoiar os protestos. De acordo com Jon Pareles do New York Times, a cantora disse “consegui ver algo que pode significar uma nova forma de democracia no país” e, em seguida, emendou com a música “Dizem (Quem me Dera)”, composta por ela e Arnaldo Antunes.

Em entrevista ao BN, a cantora Marcia Castro, que participou de manifestações em São Paulo e em Salvador e tem se mostrado ativa nas discussões a respeito nas redes sociais, avaliou um pouco esse momento que o país vive, a conflituosa relação entre os mais radicais (continuamente chamados de vândalos) e a truculência da polícia e os resultados que esse movimento já alcançou.
 
Qual a sua opinião sobre esse novo momento que está acontecendo no Brasil?
É um momento maravilhoso de manifestação das pessoas em relação a várias questões que estavam absolutamente adormecidas, anestesiadas. É extremamente saudável que isso esteja acontecendo agora e acho que pode acontecer muito mais. Eu espero que esse movimento intensifique essas cobranças em relação à máquina pública que é lenta e horrorosa.
 
Você participou dos protestos em Salvador e São Paulo. Qual a importância dos artistas nesse processo?
A voz do artista ecoa de um modo interessante para que o movimento tenha uma reverberação maior. Com a nossa voz, podemos dar não só um respaldo que a gente tem diante do nosso público e das pessoas que nos acompanham, mas também podemos trazer os olhares das pessoas para que a gente consiga abrir uma discussão maior em torno do que está acontecendo e disseminar as coisas que acontecem na nossa sociedade. E eu acho que a nossa função no mundo, artista também, passa por esse social, cultural, politico…
 
Como você avalia essa dualidade entre os que são considerados vândalos e a truculência da polícia?
Eu acho que a mídia não conseguiu encontrar outro nome e, por isso, estabeleceu “vândalos” para colocar várias pessoas dentro dessa nomenclatura, o que pra mim é terrível, pois nem todo mundo que se manifesta de modo mais agressivo é um vândalo. Não que eu concorde com isso ou ache que esse seja o melhor caminho, mas eu entendo que ele tem que ser visto e quem fizer uma análise mais aprofundada vai entender. Todas as manifestações que eu fui, foram pacíficas, mas eu acho que a própria polícia não está sabendo como lidar com essa situação. O pânico está tão grande da manifestação desembocar em algo mais agressivo ou que apresente um maior risco para as pessoas e para a própria polícia que eles já vem com uma resposta de uma gravidade muito maior do que o próprio movimento incita.
 
Essa semana a PEC 37 foi reprovada, os royalties do petróleo vão ser destinados à saúde e educação e a corrupção foi considerada crime hediondo. Como você observa os resultados alcançados pelo movimento?
O saldo até agora é positivo e vai ser ainda mais quando começar a abrir discussões sobre o que são essas propostas que estão se efetivando no plano politico. Eu particularmente apoiava a queda da PEC 37, mas faltou uma discussão maior sobre o que é essa PEC e diversos outros temas que estão sendo debatidos e votados no plenário do congresso nacional. É importante que a gente saiba um pouco mais dos temas porque nem todo mundo consegue fazer esse mergulho e é importante também estar atento para que coisas importantes não estejam sendo discutidas “a toque de caixa” porque a sociedade está cobrando uma resposta, e as pessoas nem sabem que resposta é essa. Então, por exemplo, a gente vai debater um tema muito importante agora que é a reforma política e é muito importante que não só a votação dessa reforma seja votada, o que claro é muito importante, mas que também as pessoas entendam um pouco o que é essa reforma e consigam se manifestar de um modo mais consistente e consciente. Eu acho que o saldo vai se tornar ainda mais positivo quando, a partir do momento em que as discussões se ampliarem, a gente possa conhecer mais a fundo os temas que estão sendo debatidos e cobrar também mais a fundo caso essas promessas caso não sejam cumpridas.
 

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