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Marca Bahia Notícias

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Inspirado no Fricote de Luiz Caldas, peruano é finalista do Prêmio de Música Contemporânea

Por Ailma Teixeira

Foto: Divulgação
Quando soube que a proposta do I Prêmio de Música Contemporânea da Bahia (PMCB) era unir a axé music com a música erudita, Emílio Otero, peruano de 45 anos, ficou confuso. "Vários colegas meus ficaram um pouco apreensivos, sem saber como era a mistura pra fazer uma espécie de fusão ou confusão entre uma coisa e outra. Ficou uma série de dúvidas porque, na verdade, era uma interpretação muito livre com o tema", desabafa. Sua interpretação, no entanto, pareceu adequada, já que Otero é o terceiro finalista da premiação, que acontece na próxima terça-feira (20), na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Como graduando da Faculdade de Música da Ufba, ele afirma que sabia do prêmio “antes mesmo de acontecer”. "Teve uma divulgação muito legal, um site muito bonito, muito claro. Eu fiquei sabendo pelo Facebook e na escola de música, também", conta. Da inscrição à composição de "Dança do Esquisito", foram várias pesquisas.
 
Otero ou Zé de Papel, pseudônimo usado pelo músico na premiação e na capoeira, buscou uma inspiração para além do estilo musical. "A minha obra é uma espécie de uma pequena biografia da axé music que começa antes do afoxé com a letra em iorubá, um pouco de referência ao axé [em referência à religiosidade afro-brasileira]. "Dança do Equilíbrio" se propõe a passar por toda a trajetória do ritmo baiano. "Minha música é como se fosse um universo em formação, é um pouco desconexa no início, tem referências meio soltas à cultura afro-baiana (...) Depois dessa passagem, a música começa a tomar forma e toma outros caminhos que o axé teve e no final eu entro num groove", detalha. Assim como a obra do quarto finalista, Héctor Garcés, a canção de Otero é inspirada na música Fricote, de Luiz Caldas, que ele classifica como polêmica. "É uma letra que hoje em dia é considerada um pouco politicamente incorreta", explica. 
 

Composição de Otero para um solo de clarineta
 
Na Bahia há quase 18 anos, Otero admite que a relação que mantém com o axé é "às vezes ruim, às vezes boa". "Eu acho que enquanto gênero, [o axé] já viveu os seus melhores anos, do ponto de vista da indústria musical", opina. A relação que o músico faz questão de destacar é com a capoeira e um pouco com o candomblé também. "O axé que eu acho muito importante porque foi o que deu origem ao termo. Na minha peça, eu amplio um pouco, como se fosse 30 anos em muitos séculos de música", esclarece. Já com a música erudita, a relação vem desde a sua formação. "Eu tenho uma relação muito longa com a música erudita. Eu não gosto muito dessa palavra, que é um pouco polêmica no mundo da música contemporânea, mas que se usa muito por falta de opção melhor. Porque erudito seria uma coisa muito estudada, meio elitista de um ponto de vista intelectual e, na verdade, é uma música mais livre de gêneros", explica. Com estilo definido como eclético, Otero afirma que é justamente o erudito seu estilo preferido de tocar. 
 
Mesmo não sendo um instrumentista que costuma se apresentar, o músico toca clarineta, violão e piano. "Eu toco pra mim, estudo para saber um pouco dos instrumentos, em geral", simplifica. Ainda assim, já teve composições suas - talento que desenvolveu em 2011, num curso de extensão na faculdade - em eventos, concursos, editais e até mesmo tocadas pela Orquestra Sinfônica da Ufba. Na noite de entrega do I PMCB, Otero terá sua obra "Dança do Esquisito" apresentada, gravada e distribuída digital e gratuitamente para todo o público.

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