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Marca Bahia Notícias

Notícia

Com obra sincrética, baiano celebra a axé music no I Prêmio da Música Contemporânea

Por Ailma Teixeira

Caio de Azevedo | Foto: Reprodução / Facebook
“Celebrar a euforia de culturas diferentes”, foi a razão que levou Caio de Azevedo, 22, a participar do I Prêmio da Música Contemporânea da Bahia. Soteropolitano e mestrando em música pela Universidade Federal da Bahia, Azevedo é o primeiro finalista da competição. “Com essa proposta fantástica de juntar o axé com a música de concerto contemporânea, eu resolvi mergulhar nessa busca pra achar onde é que estaria essa outra música que seria a fusão entre as duas”, complementa. A premiação será realizada na próxima terça-feira (20), às 18h, na Reitoria da Ufba.
 
Único finalista baiano, Azevedo acredita não ter como nascer em Salvador sem se relacionar com a axé music. “Ela está presente a todo tempo. A axé music é mais do que um ritmo musical, acho que ela é uma questão de pertencimento”, define. O compositor, que também é violoncelista e pianista, compôs “Oya, Laudamus: O Tempo, a Emersão”, uma obra que se propõe a percorrer a história do ritmo e da cultura envolta ao axé da Bahia. “Eu faço uma espécie de passeio por todos esses cantores. Gerônimo, Margareth, Ivete... Pra perceber que eles não são indivíduos isolados do axé, eles fazem parte do todo. Eu faço um catado de melodias e jogo tudo num caleidoscópio maluco da mente e esta aí a minha homenagem”, explica. Gerônimo, inclusive, inspirou o pseudônimo de Azevedo: Pseugerônimo, que nasceu a partir de uma brincadeira de amigos, justamente pela obra do finalista não se restringir à axé enquanto música.
 


Para aqueles não íntimos da música erudita, a peça de Azevedo pode muito bem parecer complexa. Segundo o próprio compositor, “ela transborda uma profunda empatia entre a relação e a personificação da axé music”. Azevedo criou um universo em que a cantora – integrante da Camará que interpretará a obra na premiação – será a personificação do ritmo. “Eu faço uma relação entre o carnaval e uma espécie de ressurreição, então, eu lido com o abismo entre o trio [elétrico] e a multidão. Uma relação de divindade, de procissão e do homem e do infinito”, elabora. Os instrumentos de corda e a própria cantora foram ressignificados pelo compositor como instrumentos de percussão. Outro ponto que Azevedo destaca é o sincretismo presente, inclusive, no próprio título da peça. “Oya é Iansã, Laudamus vem da liturgia católica, uma missa que diz ‘Te Deum Laudamos’, que significa ‘Louvai ao Senhor’, esclarece”.
 
Violoncelista da Orquestra Principal do Neojibá, Azevedo está em contato com a música de concerto o tempo todo. Em 2014, o jovem foi premiado no concurso Lindembergue Cardoso e já se apresentou com alguns grupos de câmaras, de cordas e mesmo na Reitoria, onde sua peça será apresentada. “O espaço é de uma tradição desse carnaval, dessa junção, dessa mistura de música contemporânea. Eu acho que a reitoria é o templo pra celebrar tudo isso”, admira. Agora, Azevedo concorre a um dos três prêmios em dinheiro, nos valores de 1,5 mil, 3 mil e 5 mil reais; e à encomenda de uma obra a ser estreada pela Orquestra Sinfônica da Bahia.

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