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Para Sakamoto, esquerda política precisa deixar amadorismo no uso das redes sociais

Por Ailma Teixeira

Foto: Ailma Teixeira / Bahia Notícias
A importância do uso das redes sociais para a militância de esquerda foi o grande mote da palestra do jornalista Leonardo Sakamoto, que participou da programação da 2ª Semana de Gênero e Diversidade da Ufba, na noite dessa segunda-feira (18), no auditório da Escola Politécnica da universidade. Na ocasião, Sakamoto lançou o livro “O que aprendi sendo xingado na internet”, espécie de guia sobre como sobreviver nas redes sociais em meio a polarização política que toma conta dos usuários. “Eu acredito que a gente ainda vai piorar bastante com relação ao entendimento do respeito ao outro, da empatia nas redes sociais antes de começar a melhorar, tomar consciência coletivamente de que a internet é uma plataforma que deveria ser usada pra o bem coletivo, não necessariamente pra atacar a dignidade das outras pessoas”, comentou, em entrevista ao Bahia Notícias.

Como crítico de esquerda que publica textos diários em um blog e os repercute através do Facebook, o jornalista e conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão é, cotidianamente, rechaçado na rede social. As ofensas, como apresentou à plateia, vão desde ameaças de morte por meio de comentários na internet até perseguições no supermercado. Com base no seu estudo e experiência, Sakamoto consegue vislumbrar essa guerra de ideias políticas no domínio das mídias digitais no período das eleições de 2016, que ele já classifica como a corrida eleitoral “mais suja do país”, superando a disputa presidencial em 2014. “Eu acredito que as próximas eleições serão cheias de ataques virtuais, de hordas, de perfis falsos programados ou operados simplesmente pra destruir e não pra promover debate”, analisa.

O jornalista explica que a previsão vem do interesse dos financiadores de campanha que, proibidos de realizar suas doações empresariais aos partidos, pretendem financiar consultorias que criam perfis para disseminar informações e militar contra e a favor de partidos. “Foi ótimo ter proibido isso. Contudo, um efeito colateral negativo é que agora muitas empresas já sinalizam que vão financiar exatamente esse trabalho de construção e desconstrução digital de si mesma e dos seus adversários na rede mundial de computadores porque é um dinheiro que não vai ser rastreado, que pode ser alocado, que ninguém vai descobrir”, pondera. Mas, apesar da perspectiva negativa, ele ressalta que este é o momento oportuno para que a esquerda do país deixe de lado o amadorismo nas redes sociais, a fim de produzir ideias coletivamente.

Sua expectativa é de que sejam criadas formas de aproximar a população do processo democrático e, ao mesmo tempo, melhorar o acesso a informação. ”A intenção é criar formas de aproximar a população do processo democrático e, ao mesmo tempo, melhorar o acesso a informação.  “A esquerda tem uma chance única de aprofundar a democracia e de construir uma narrativa mais justa que atue na efetivação dos direitos humanos e que considere a dignidade humana e a qualidade de vida nas grandes cidades e nas pequenas cidades e no campo como um norte a ser seguido”, resumiu.

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