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'Eu não quero ser vista como uma exceção', ressalta Karol Conka antes de shows em SSA

Por Ailma Teixeira / Jamile Amine

Foto: Divulgação
Com dobradinha em Salvador neste sábado (10), a rapper curitibana Karol Conka prepara um repertório com muita disposição, amor e, claro, tombamento. O primeiro show é gratuito e acontece, às 20h30, no encerramento da segunda edição do Canto Skol, na quadra do Apaxes do Tororó. Pago, o segundo será realizado na nova boate Zero, a partir das 23h, no Rio Vermelho. “Vou cantar as mesmas músicas, a música nova e vou brincar de Amy Winehouse no palco”, conta a rapper, em entrevista ao Bahia Notícias. “Vai ter a participação do público. Eu vou escolher alguém bem lindo e maravilhoso pra tombar comigo”, adianta.

Sua marca registrada desde o lançamento do hit “Tombei” em 2015, Karol explica o novo significado que deu a palavra, que ganhou o sentido de surpreender. “Tombamento é uma gíria usada pra causa, né. Causar impacto, causar surpresa e aí no meu caso, já que é pra causar, causei, é bem isso. Já que é pra impactar, impactei”, esclarece a cantora. Nesse caso, tombar é o que a curitibana de 29 anos vem fazendo desde então. Expoente da cena underground, Karol foi convidada a participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2016, ao lado de Elza Soares e MC Soffia – três gerações da música negra brasileira. Mas ela não se vislumbra com o momento. “Eu fiz tudo com o pé no chão, muito concentrada, mas sem espaço pra deslumbre. Foi muito bom poder representar meu povo, as mulheres naquele palco, saber que estava 1/3 do mundo me assistindo, mas eu estava certa de que aquilo ali é um momento, quem vai absorver mesmo é quem entende da causa”, pondera, ressaltando que ainda não atingiu o ápice. Não passou despercebido pela cantora que a participação foi cortada da retrospectiva com os melhores momentos da cerimônia. “Esse é um momento muito importante pra história da música, pra o Brasil e a gente está ali, mas a gente não estar na retrospectiva já mostra que não foi tudo isso. A gente ainda tem muita coisa pra fazer”, analisa.

O mesmo discurso se aplica a presença de mulheres no rap. Em outubro do ano passado, Karol declarou que o estilo musical era machista. Quase um ano depois e ela não mudou de opinião. Embora reconheça que seu sucesso musical lhe agregou respeito no meio, a rapper percebe que outras MCs ainda não recebem o mesmo tratamento. “No rap existem exceções. Então, quando tem poucas mulheres, elas viram exceções, eu não quero ser vista como uma exceção, sabe: “ah, ela canta rap, mas a Karol é uma exceção, a gente respeita ela porque é uma exceção”. Ela não é uma exceção, ela é mulher. Toda menina merece respeito”, frisa. Ela conta que acompanha os comentários proferidos por homens sobre mulheres do meio, principalmente novas MCs e percebe o quanto ainda há para conquistar. “Não falam de mim porque também não tem coragem, mas aí eles falam de outras MCs que estão chegando agora. Então, o machismo está ali. Quando uma menina fala de um assunto sério, é sempre vista como vítima ou ‘mimimi’, então isso é uma forma de racismo dentro do rap e isso ainda não acabou. Tem que continuar se firmando”, pontua.

Assim, com suas letras sobre empoderamento feminino, a cantora estabelece sua carreira no cenário do rap nacional. O reconhecimento vem através de ações como o convite para participar de um vídeo promocional de “The Get Down”, série da Netflix sobre o surgimento do hip hop nos anos 70. Ao lado de personalidades como Tony Tornado, Thaíde, Gerson King Combo, Rael e seu parceiro Tropkillaz, Karol apresenta o clipe “Mandamentos Black”. “Enviaram [a Netflix] um e-mail pra minha produção, eu aceitei e achei legal porque é uma marca grande, que não vai impor o que a gente tem que falar e geralmente é assim. Mas eles realmente querem o nosso trabalho lá e é um grande avanço quando você mistura dois mundos assim que estavam tão distante”, comenta, animada. Esse projeto é só uma das razões que Karol tem para comemorar. No próximo mês, a rapper lança seu novo álbum e já adianta que terá surpresas. “Eu me inspiro muito no meu dia a dia, nas coisas que gosto de ouvir, na minha própria musicalidade. O álbum está todo sendo produzido por Tropkilazz, vai ter parcerias muito maravilhosas e uma releitura de um clássico do rap nacional”, conta, sem divulgar muitos detalhes. O disco terá colaborações da funkeira MC Carol e de Gee Rocha, guitarrista do NX Zero.

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