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Marca Bahia Notícias

Notícia

Anelis Assumpção defende 'própria existência' em 'Taurina' e transforma traumas em canções

Por Lara Teixeira

Foto: Divulgação / Caroline Bittencourt

A cantora e compositora paulista Anelis Assumpção apresenta nesta sexta-feira (26), em Salvador, a turnê do seu terceiro disco autoral "Taurina", no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho, a partir das 20h. O show de abertura ficará por conta de Saulo Duarte, que irá apresentar o seu novo trabalho "Avante Delírio", num trio com Zé Nigro e Curumin. 

 

Anelis é do signo de Touro, mas em conversa com o Bahia Notícias explicou que a escolha do título do álbum vai além do questão astrológica. “Eu tinha pensando em outros nomes, mas quando foi chegando a etapa final da produção do disco, eu fui reconsiderando. Comecei a pensar que eu queria que tivesse muito uma associação com um animal. Percebi como características do signo de touro estavam presentes no disco, mas isso também me incomodava, eu não queria que ficasse parecendo uma coisa somente astrológica, fazendo uma referência ao que é mais forte do signo como comida e tal”. 

 

“Aí eu comecei a ligar o bicho a ‘Taurina’, que é quase um bicho inventado na minha cabeça. Não é a mulher do signo de touro e nem tão pouco é uma vaca, ela é quase um centauro, só que no feminino, mas é uma vaca e não um cavalo. E eu fui juntando essas referências da vaca, em como nós convivemos com ela, porque tem tanta simbologia através desse bichos... No oriente por exemplo existe uma interpretação bem diferente da nossa, toda a exploração desse animal, tudo que a gente usa dele. Acho que fui juntando tudo, até chegar na ‘Taurina’”, explica a cantora.

 


Capa do álbum 'Taurina', de Anelis Assumpção — Foto: Pintura de Camile Sproesser

 

Anelis é filha do cantor Itamar Assumpção, e iniciou sua carreira aos 18 anos fazendo backing vocals na banda do pai. Antes de começar a se apresentar como solista em 2007, integrou o grupo DonaZica ao lado de Iara Rennó e Andréia Dias. A cantora acredita que o novo álbum tem muito a ver com o momento em que ela entende a sua "própria existência, independente das memórias" do passado. 

 

"Acho que nos meus três trabalhos eu comecei a criar coragem para me desligar da banda que eu tinha e entender como eu iria funcionar sem ser na sombra do meu pai, ainda que na memória da existência dele. Desde o meu primeiro disco eu venho descobrindo isso. Eu acho que nesse terceiro, eu sinto esse viés um pouco mais pessoal. Antes eu ainda estava pedindo um pouco mais de licença, e agora já estou mais íntima. Nesse momento eu tô de um jeito mais orgânico e mais madura para entender que não preciso concorrer com esses fatores do passado”, fala Assumpção.

 

A artista perdeu a irmã em 2016, vítima de câncer. Serena também era cantora e a apoiava em suas criações. O disco apresenta uma música escrita por Serena, que foi musicada por Anelis, "Chá de Jasmin", e também uma canção escrita pela cantora dedicada à irmã, "Gosto Serena". 

 

"A partir do momento que ela morreu foi uma falta muito grande, um choque, uma perda, eu fiquei muito tempo imersa num vazio e buscar a memória e a presença dela fazia sentido para mim. As coisas se transformam a partir de um fato. Ela tinha escrito a letra e me pedido para fazer uma música, então quando ela morreu eu senti uma necessidade pessoal de realizar um pedido dela. Então eu musiquei aquela música dela e também fiz o 'Gosto Serena', uma música que eu fiz para uma irmã que eu perdi”, conta a artista. 

 

E essa experiência também tem reflexos nas outras composições da cantora neste terceiro disco. "Esse terceiro disco é um momento em que eu tenho mais a dizer sobre mim, eu já tenho uma trajetória mínima que em algum momento se mescla com essa história que eu herdo, mas tem uma parte que ela é muito minha. A minha relação com a minha irmã, por exemplo, com a doença e com a morte dela, o meu pai não viveu. Os meus filhos... tem uma parte da minha vida que eu não tenho memória com o meu pai, então eu fui entendendo que a minha existência traz traumas positivos e negativos e nem todos estão relacionados a ele, então eu acho que esse momento da 'Taurina', tem mais a ver com eu entender a minha própria existência independente das minhas memórias", completou Anelis.

 

 

Além de trazer aspectos pessoais, "Taurina" aborda de uma maneira “sutil” questões ligadas ao movimento feminista. Anelis celebra o fato do público estar enxergando o feminismo em suas letras, e acredita que isso acontece “porque as pessoas estão com um olhar mais apurado” para esse assunto. “Eu acho que é muito natural. Eu sempre falo a mesma coisa, eu sou uma feminista, então isso está na minha obra e no meu cotidiano, não de uma forma direta e proposital. Eu acho que a gente não precisa necessariamente ser direto em uma narrativa, nem mesmo para falar de amor, então isso é uma coisa que me instiga muito a escrever”.  

 

“Eu acho tudo muito sutil, e eu fico muito feliz que mais pessoas estão me dizendo que enxergam o feminismo nas minhas letras, e isso talvez esteja acontecendo porque as pessoas estão com o olhar mais apurado. Então, há uma nova interpretação sobre, então eu acho que quem me ouve, me lê, me escuta já está mais predisposto a isso, e consegue entender melhor algumas sutilezas. Eu fico feliz porque não consigo visualizar nada que tenha sido escrito de uma forma tão direta. Eu ainda prefiro os mistérios da poesia para falar sobre qualquer coisa”, declara Anelis. 

 

Assumpção revelou ao BN que todas as vezes que vem a Salvador é muito bem recebida, e se sente feliz por ser um lugar em que as pessoas acompanham o seu trabalho. “Eu adoro, venho muito fazer shows aqui, já fiz de todos os meus discos. Fiz show junto com a Márcia Castro, apresentando um tributo aos Novos Baianos, fiquei duas temporadas na Caixa Cultural fazendo uma homenagem ao meu pai. Eu adoro, toda vez que eu venho sou muito bem recebida, tem uma escuta para o meu trabalho que é muito gratificante”. 

 

SERVIÇO
O QUÊ:
 Anelis Assumpção apresenta ‘Taurina’ 
QUANDO: sexta-feira, 26 de outubro, às 20h
ONDE: Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho, Salvador-BA
VALOR: 1º lote - R$ 50 inteira e R$ 25 meia  

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