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Marca Bahia Notícias

Notícia

'Mestres Navegantes' comemora 10 anos com lançamentos de filmes e discos

Foto: Samuel Macedo

Para celebrar os 10 anos do projeto Mestres Navegantes, o músico Betão Aguiar prepara uma série de lançamentos. Este novo pacote “Mestres Navegantes” contempla uma coletânea - MESCLA BR - com sete músicas das diferentes edições produzidas por nomes como Curumin, Pio Lobato, Strobo, Felipe Cordeiro e Mahal Pita; o curta “Chegança, no jardim das belas flores”, sobre as Cheganças femininas de Arembepe e Saubara; a chegada dos 28 discos do projeto às plataformas de streaming. 

 

Ainda será lançado o primeiro longa-metragem do acervo, que acompanha os blocos Ilê Aiyê, Bankoma e o Cortejo Afro, durante os bastidores do Carnaval de 2020. Segundo Betão, diretor do documentário, o objetivo é estrear no circuito de festivais primeiro e depois realizar o lançamento oficial.  

 

São Luiz do Paraitinga (SP), Cariri (CE), Pará, Bahia fizeram parte da jornada investigativa musical de Betão Aguiar nos últimos dez anos. Para além da música, ancestralidade, herança, nossas raízes indígenas e afrobrasileiras, riqueza e diversidade cultural, passado, presente e futuro estão impressos nas canções que foram entoadas, nas imagens filmadas e fotografadas desses mestres que falam de um Brasil profundo e verdadeiro. 

 

“O projeto Navegantes é um projeto importantíssimo, até porque eu acho que o Brasil tem essa dificuldade em registrar a sua história, sua cultura. Acontece, mas são poucos os registros. E o Mestres Navegantes faz esse registro de uma cultura popular que está sempre em movimento, sempre mudando”, diz Curumin, músico que acompanha de perto o projeto desde o início.  

 

Para o MESCLA BR, um encontro entre gerações contemporâneas, paulistas, cearenses, paraenses e baianos: mestres da cultura popular emprestam suas cantigas para serem reinterpretadas por artistas e produtores que admiram e entendem que neles se encontram o fundamento da cultura brasileira. 

 

“Não houve um recorte específico, mas escolhi os nomes pensando nos diferentes sabores de produção, como cada um poderia vestir a música e nos encontros que se dariam a partir dela”, diz Betão. Como o de Mestre Curió, por exemplo, e o produtor multimídia Mahal Pita, que escolheu para produzir a música “Seu Pastinha”, presente na mais recente edição dedicada à Bahia, no disco “Capoeira Angola 1”. “Foi uma dádiva e um desafio. Uma canção quase que centenária, cantada de forma irretocável. Quando ouvi senti que algo me reencontrava, sincronizou com absolutamente tudo o que estava fazendo, com a minha nova pesquisa em torno do Samba Reggae e do Pelourinho. Mestre Curió, um griô de voz inconfundível, é praticamente um toaster jamaicano. A partir daí só tentei deixar a música eletrônica mais perto dos nossos mestres, ancestrais que são”, conta Mahal. 

 

Também na ponte entre Ceará e Pará, em um diálogo tão recorrente e aspiracional entre artistas dos dois estados. Felipe Cordeiro e Klaus Sena escolheram “Forró do Remoído”, da Banda Pife Carcará, enquanto o duo Strobo optou por visitar o “Bendito de entrada” dos Penitentes e Inselenças do sítio Cabeceiras, de Barbalha. Um dos encontros mais inusitados do álbum que mescla os cantos religiosos dos mestres cearenses com o vigor dançante das guitarradas digitais características da banda de Belém. 

 

O filme “Chegança No Jardim das Belas Flores”, dirigido por Betão Aguiar e Bruno Graziano, é uma homenagem à força das mulheres baianas e sua resistência, aqui representadas por Mestre Fiinha, da Chegança Feminina Barca Nova de Saubara e por Dona Bete, da Chegança Feminina de Arembepe - dois grupos femininos de Marujada não eram aceitos pelos homens. 

 

Existem no Brasil centenas de grupos e mestres que preservam esta encenação, que nos remete ao tempo dos marujos, suas histórias, batalhas e conquistas nos mares da colonização portuguesa. “Eu espero que elas não deixem parar. Hoje estou aqui, mas amanhã posso não estar. Então, que minha neta faça o meu papel de mestre ou de general. E que puxe também suas filhas e netas. Que elas dêem continuidade, não deixem parar. É isso o que eu espero do futuro”, diz Mestre Fiinha. Em 2018, a Chegança foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial do estado da Bahia. 

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