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Marca Bahia Notícias

Notícia

Historiadora encontra possível texto inédito de Machado de Assis do século XIX

Foto: Divulgação

Uma historiadora descobriu um possível texto inédito de Machado de Assis, que até então tinha autoria desconhecida. De acordo com informações do jornal O Globo, o escrito em questão foi publicado na revista “O Espelho” de 6 de novembro de 1859 e trata-se de um perfil de três páginas sobre o imperador Dom Pedro II, intitulado "Pedro II. Esboço biographico".

 

A descoberta é da pesquisadora Cristiane Garcia Teixeira, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e foi publicado recentemente em um artigo na revista científica "ArtCultura". Segundo o jornal, na tese de mestrado da historiadora, em 2016, ela já tinha identificado alguns aspectos como a localização da página e das colunas do texto na publicação, além referências em propagandas, que davam pistas de que Machado seria o autor. 

 

Aprofundando as pesquisas sobre aspectos estilísticos e temáticos, Cristiane Teixeira percebeu indícios ainda mais fortes neste sentido. Segundo a pesquisadora, já nos parágrafos iniciais é possível notar características tipicamente machadianas, como o uso da narrativa em primeira pessoa e a chamada "pena da galhofa". “Essa estratégia de escrita do negaceio, que é muito característica dele, está presente já de cara. Ele diz que não vai tratar de política, mas o que ele faz o tempo todo no texto é falar sobre política”, explica a historiadora, ao O Globo.

 

Característico dos textos de Machado, a biografia do imperador traz várias ironias. “Ele fala das viagens do imperador com dinheiro público. Diz que quando pediam dinheiro para socorrer o pobre, mas faltava dinheiro para Dom Pedro II, o imperador pelo menos ‘dispensava palavras doces e sinceras’”, conta Cristiane. 

 

Ela percebeu ainda um conceito de "história" peculiar típico do autor, incomum para os intelectuais da época. Segundo a pesquisadora, apesar do escritor admirar os historiadores, ele ironizava a visão tradicional do processo histórico construído pelos grandes acontecimentos e grandes líderes, e zombava da grandeza atribuída ao imperador. 

 

“Tanto em outras crônicas assinadas por ele como nesse esboço biográfico, ele apresenta essa concepção histórica que equipara os pequenos aos grandes. A ideia de história comum na época era a concebida pelo IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), baseada nos grandes fatos do passado. E ele dizia que se esperasse alguma mudança no Brasil, ela viria dos trabalhadores, dos grandes não esperava nada”, conta.

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