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Marca Bahia Notícias

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Nove indicados ao Oscar de melhor filme estão em cartaz nos cinemas do Brasil

Por Luiz Carlos Merten | Agência Estado

Com as estreias desta sexta-feira (21) de "12 Anos de Escravidão", de Steve McQueen, e "Clube de Compras Dallas", de Jean-Marc Vallée, completa-se a lista de nove indicados para o Oscar principal nos cinemas brasileiros. Sete estarão em cartaz no fim de semana, dois já saíram para dar espaço a novos lançamentos - "Capitão Phillips", de Paul Greengrass, e "Gravidade", de Alfonso Cuarón. Hollywood divulgou no outro dia sua lista de maiores bilheterias em 2013. O número 1 foi "Homem de Ferro 3", de Shane Black, que não é lá essas coisas. Dos filmes do Oscar, só um entrou na lista, e foi "Gravidade".

Todo mundo conhece as celebridades que desfilam pelo tapete vermelho e a Academia incentiva o glamour associado ao prêmio mais cobiçado e popular do cinema. O mais importante? Há controvérsia. O Oscar foi criado ainda nos anos 1920 e, com o tempo, se consolidou como o reconhecimento que uma indústria sólida como a do entretenimento nos EUA oferece a seus artistas e técnicos. Após a 2ª Grande Guerra, Hollywood começou a reconhecer que havia cinema além de suas fronteiras, e surgiu o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.

Se o tapete vermelho é bem conhecido, os integrantes da Academia - os votantes - são quase secretos. Sabe-se, por exemplo, que são homens (77%), brancos (94%) e que a idade média anda em 62 anos. Isso poderia fornecer, quem sabe, um perfil nitidamente conservador, mas já faz tempo que a Academia, concedendo liberdade de escolha a seus membros, se desalinhou da Casa Branca e de suas políticas. E uma coisa é certa - a Academia, consciente de suas atribuições, costuma esnobar os grandes sucessos, estabelecendo, como qualquer crítico, diferença entre filmes de mercado e de arte.

O melhor filme norte-americano do ano foi "Gravidade", mas se nem Stanley Kubrick ganhou o Oscar com "2001, Uma Odisseia no Espaço", não há muita surpresa em ver o favoritismo deste ano pender para "12 Anos de Escravidão". Embora o jornal USA Today sustente que a polarização entre "12 Anos" e "Trapaça", de David O. Russell, poderá favorecer "Gravidade", mais vale apostar nas chances de Steve McQueen, o diretor, homônimo do astro. Quer dizer - nas suas chances para melhor filme, porque é provável que, no final, "12 Anos" leve o prêmio principal, mas McQueen veja o Oscar de direção ser entregue a Cuarón, por que não?

No que não parece haver muitas dúvidas é que Matthew McConaughey e Jared Leto vão ganhar os Oscars de melhor ator e ator coadjuvante, por "Clube de Compras Dallas", e que Cate Blanchett e Jennifer Lawrence serão, respectivamente, a melhor atriz e a melhor coadjuvante, por "Blue Jasmine", de Woody Allen, e "Trapaça". São considerações de ordem geral. Cate pode muito bem ganhar, como vai, mas o prêmio de coadjuvante ficaria muito melhor atribuído a Julia Roberts, por "Álbum de Família", de John Wells, ou a Sally Hawkins, no filme de Woody Allen. Conjeturas à parte - e ainda haverá muito tempo e espaço até o dia 2 de março -, o público deve ver os indicados e fazer suas apostas.

Nunca houve um filme sobre a escravidão nos EUA como "12 Anos", e esse é o grande diferencial do longa de Steve McQueen. O diretor aborda a escravidão do ponto de vista econômico, social, mas também, e principalmente, do ponto vista físico - e sexual. Nunca as punições foram tão brutais. Nunca a capa civilizatória caiu tanto como nas sucessivas violações a que esse sinhozinho submete sua escrava. Uma das questões que o filme levanta se refere ao itinerário espiritual de Salomon, e talvez seja o motivo pelo qual, na sua batalha por dignidade e liberdade, ele não mate a pobre Patsey por piedade.

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