Se coronavírus se espalhar, não há sistema de saúde que dê conta, diz médica em quarentena
Única infectologista na equipe médica que estava na operação de resgate de brasileiros em Wuhan, epicentro do novo coronavírus na China, coube à Ho Yeh Li orientar sobre medidas de proteção dentro do voo e explicar a oficiais chineses, em mandarim, que o embarque só ocorreria após avaliação médica.
"Vamos fazer exames nem que seja no pé da escada do avião", disse ao oficial, que, após resistência, concordou com o pedido. Coordenadora da UTI de infectologia do Hospital das Clínicas da USP, Ho afirma que a medida de quarentena em Anápolis (GO) é suficiente para descartar o risco de uma infecção desse grupo.
Médica Ho Yeh Li, coordenadora da UTI de infectologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foi a única infectologista a acompanhar a operação para trazer brasileiros que estavam em Wuhan. Nascida em Taiwan, veio ao Brasil com 10 anos e se naturalizou brasileira. É formada em medicina pela USP em 1997, com doutorado em doenças infecciosas e parasitárias pela mesma universidade. Segundo ela, embora a taxa de mortalidade até o momento seja de 2%, a rede de saúde não pode negligenciar o risco do novo coronavírus, uma vez que, por se tratar de vírus novo, pessoas estão suscetíveis.
"Se o vírus se espalhar como na época do H1N1, não há sistema de saúde que atenda tantos doentes", afirma.