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Mata Atlântica: Bahia derruba 49 campos de futebol por dia e lidera desmatamento em 2022

Por Leonardo Almeida

Foto: Reprodução / Ibama

Com o Brasil batendo recorde de desmatamento nos últimos anos, a Bahia conseguiu se destacar e derrubou 7.411,6 hectares (ha) de Mata Atlântica nos primeiros seis meses de 2022, sendo o estado que mais desflorestou o bioma no país. A estatística representa que os baianos desmataram um pouco mais de 49 campos de futebol por dia, sendo, com sobras, o pior estado no quesito de manutenção da Mata Atlântica. Os dados são do terceiro boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) e foram organizados pelo Bahia Notícias.

 

O município de Baianópolis, na Bacia do Rio Grande, foi o que mais derrubou vegetações de Mata Atlântica no Brasil, de forma isolada. A cidade desmatou 1.697 hectares do bioma no primeiro semestre deste, cerca de 2.056 campos de futebol. A distância de Baianópolis entre os demais municípios é tão grande que a área desmatada na cidade é igual a soma dos outros quatro mais “bem” colocados, que são Santa Rita de Cássia (BA), 440 ha; Porto Murtinho (MS), 440 ha; Corrente (PI), 415 ha; e Parnaguá (PI), 402 ha.

 

Baianópolis também liderou as estatísticas de desmatamento entre 2020 e 2021, derrubando mais de 1600 hectares de Mata Atlântica, equivalente a quatro campos de futebol por dia (veja mais aqui). Os outros municípios que mais desflorestaram vegetação do bioma no primeiro semestre de 2022 foram: Cotegipe (296 ha), Vitória da Conquista (233 ha) e Encruzilhada (211 ha).

 

 

O coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente e Urbanismo (Ceama) e do Núcleo Mata Atlântica (Numa), Yuri Lopes de Mello, se tem uma dificuldade em definir o bioma do oeste da Bahia, na Bacia do Rio Grande, e que a expansão do agronegócio o que vem agravando o desmatamento no local.

 

“Nós temos uma dificuldade em definir essa Mata Atlântica do oeste, porque na verdade são ‘manchas’ de Mata Atlântica. Já existem decisões dos tribunais que definiram que a vegetação da região não é efetivamente de Mata Atlântica. A região também é a grande fronteira agrícola da Bahia, nós temos um problema de desmatamento para além das ‘manchas’, é muito grave”, afirmou Mello.

 

De acordo com o Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente e Urbanismo (Ceama), do Ministério Público, na Bahia podem ser encontradas 11 áreas consideradas como de extrema importância biológica e 25 outras prioritárias para a conservação. Uma das áreas consideradas prioritárias, fica na região da Bacia do Rio Grande, mesmo setor onde fica o município de Baianópolis.

 

 

Imagem: Reprodução / Ceama

 

Mostrando que o agronegócio e a preservação ambiental, talvez, não andem tão lado a lado assim, o setor de agricultura foi responsável pelo desmatamento de 90,6% de Mata Atlântica na Bahia, de acordo com os dados do Boletim SAD. 2,7% ficou por conta da expansão urbana, 0,2% pela mineração e a porcentagem restante foi categorizada como outras motivações variadas

 

“Temos um problema muito grave que é o avanço da agricultura e da agropecuária no cerrado baiano, muito dele legalizado. É uma região [oeste] que não tem indústria, então o avanço do desmatamento deve ser por causa disso”, explicou o coordenador do Ceama.

 

Mello também explicou que a Mata Atlântica detém uma legislação específica, que, na maioria das vezes, não permite o desmatamento do bioma para o agronegócio.O gestor também criticou o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que é um dos fiscalizadores pela manutenção da reserva ambiental.

 

“A Lei de Proteção à Mata Atlântica proíbe a autorização de supressão de vegetação para a modificação do uso da terra, que é basicamente a atividade agropastoril. Na Mata Atlântica só pode ter autorização para atividades de ‘utilidade pública’ e ‘social’, que são atividades como construção de estradas, de aterros sanitários, não são atividades de agropecuária”, disse Mello.

 

“90% desse desmatamento que está aí é ilegal, se for Cerrado o Caatinga aí você pode dar a autorização para suprimir a vegetação nativa, desde que preserve a reserva legal, que é de 20%. No caso da Mata Atlântica, raramente vai haver essa autorização de supressão. A atuação do Inema não é tão eficiente, sendo considerado até em pesquisa recente”, completou o coordenador do Numa.

 

Em comparação com o mesmo período do ano passado, os baianos reduziram o desflorestamento da Mata Atlântica em, aproximadamente, 41%. Nos seis primeiros meses de 2021, a Bahia havia derrubado 12.553 hectares do bioma, o equivalente a desmatamento de 82 campos de futebol por dia. 

 

O Brasil, no geral, desmatou 21.302 hectares, uma queda de 10,67% em relação ao primeiro semestre do ano passado. O desmatamento no país corresponde à emissão de mais de 10,2 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, medida utilizada para calcular as emissões de gases de efeito estufa.

 

Atrás da Bahia, os estados que mais desmataram Mata Atlântica no primeiro semestre foram: Minas Gerais (5.535 ha), Paraná (1.607 ha), Piauí (1.364 ha), Santa Catarina (1.350 ha).

 

O DESMATAMENTO E A POLÍTICA NA BAHIA

Dos 37 deputados baianos analisados, 24 apresentaram uma performance “ruim” em questões relacionadas ao meio ambiente (veja mais aqui), de acordo com dados do Ruralômetro. A Bahia também é o estado com o maior número de deputados envolvidos em infrações ambientais, com cinco representantes. 

 

Além disso, o estado da Bahia é o quarto com maior número de deputados que são membros da bancada ruralista, com 16 integrantes, de acordo com site oficial da Frente Parlamentar Agropecuária.

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