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Estudantes da UFBA protestam contra professora acusada de transfobia

Por Eduarda Pinto

Foto: Eduarda Pinto / Bahia Notícias

Alunos da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom) organizaram, nesta quarta-feira (13), um protesto contra uma professora da instituição acusada de racismo e transfobia. A ação, organizada pelos estudantes, ocorreu no campus de Ondina, durante a inauguração do primeiro prédio do Instituto de Humanidades, Artes & Ciências Professor Milton Santos, na presença do reitor Paulo Miguez. 

 

O protesto, organizado pelo movimento estudantil Correnteza, ocorreu em nome da aluna de produção cultural e cantora lírica, Luisa Liz, que teria sido alvo de transfobia durante uma aula da professora Jan Alyne Barbosa. Segundo a vítima, Jan Alyne teria desrespeitado os pronomes utilizados por ela, além de desconsiderar a sua contribuição com o conteúdo da aula. 

 

A cantora conta que, após ter o seus pronomes desrespeitados pela professora, foi convidada a se retirar da sala de aula. “Ela chamou um homem pra me retirar da sala que eu tenho direito de estar. Eu percebi o que estava acontecendo ali e qualquer um ia se abalar”. Liz afirma ainda que implorou pelo atendimento no colegiado da instituição. “O Colegiado fechou a porta na minha cara e eu tive que implorar ‘eu fui violentada!’”

 

Após o ocorrido, a aluna fez a denúncia contra a professora no colegiado da Facom e, posteriormente, abriu um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil da capital baiana. Durante o evento, Liz disse ainda que foi acolhida pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAE). Ao Bahia Notícias, ela afirmou que o objetivo do protesto é chamar a atenção da comunidade para a pauta trans e racial. “A cada fração de segundos existe alguma denúncia de transfobia, então é sobre lembrar e causar algum impacto. Não é só a oportunidade dos nossos corpos adentrarem essa universidade, precisamos adentrar e permanecer.”

 

Na ocasião, o reitor da universidade, Paulo Cesar Miguez de Oliveira, declarou repúdio a eventuais ações de racismo e transfobia na universidade e reforçou o trabalho da instituição para investigar o caso. “Uma atitude homofóbica e racista agride o espírito da universidade, agride as pessoas que estão aqui”, reiterou. 

 

Os alunos da universidade afirmaram ainda que o diretor da faculdade de comunicação,  Leonardo Costa, tentou impedir a denúncia contra a docente na ouvidoria. Sobre a acusação, Miguez afirma: “Nenhum de nós, nem da administração central, nem das unidades acadêmicas, temos autoridade para impedir que a Ouvidoria registre qualquer comportamento indevido”.

 

A professora Jan Alyne e o diretor Leonardo Costa ainda não se pronunciaram sobre o caso. 

 

POSICIONAMENTO DA REITORIA

Após a repercussão da caso, a Reitoria da UFBA publicou uma nota em que indica que "voz de cada um dos membros de uma comunidade tão ampla e diversa deve ser sempre objeto de acolhimento e tratamento respeitoso pelas instâncias diretivas em unidades e órgãos da Administração Central, e eventuais denúncias devem ser objeto de apuração criteriosa, seguindo os ritos administrativos previstos nos regimentos da Universidade".

 

"Qualquer forma de assédio é considerada não apenas uma agressão aos vitimados, mas ao próprio espírito desta Universidade. Esta instituição não compactua com a transfobia ou qualquer outra forma de discriminação. Tampouco será jamais conivente com processos de execução sumária e linchamento público de qualquer de seus membros - o que se configura na medida em que, de forma antidemocrática, lhes seja negado direito a ampla defesa e contraditório", sugere a instituição.

 

"Somente através da devida apuração de fatos, motivações e contextos sociais e psicológicos envolvidos em uma denúncia é que uma instituição do porte e responsabilidade social da UFBA pode alcançar juízos justos - e os ritos necessários requerem uma temporalidade certamente maior que a das redes sociais e do noticiário, espaços nos quais versões se multiplicam de forma açodada e, tantas vezes, injustas, seja com indivíduos, seja com a instituição", completa a Reitoria. (Atualizada às 11h05 de 14/09/2023)