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Quem tem fé vai a pé! Guia para aproveitar a Lavagem do Bonfim em Salvador

Por Redação

Foto: Valter Pontes/ Secom-PMS

 

A Lavagem do Bonfim, que remonta alguns séculos, é uma das maiores tradicionais festas do relicário de ritos profanos de Salvador. Na segunda quinta-feira após o Dia de Reis, baianos e turistas se misturam em uma procissão que começa na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, poucas horas após o alvorecer, até a Basílica do Senhor do Bonfim, no topo da Colina Sagrada. Nesta quinta (11), os mais de 6 km são tomados por um manto branco e o Bahia Notícias reuniu algumas dicas para quem deseja acompanhar um dos ápices do sincretismo religioso local - e uma enorme demonstração do quão profano o baiano pode ser.

 

VESTIMENTA

A primeira dica é crucial: use branco. No máximo em uma combinação com uma cor clara (azul, por exemplo, aparece com frequência e olha que nem é uma referência direta ao 2 de fevereiro). Acompanhar à distância (ou de cima) evidencia que estar integrado à festa é estar vestido a caráter.

 

Dê preferências a roupas leves e um tênis. Não é tão simples percorrer tantos quilômetros sob o sol escaldante do verão de Salvador e achar que não vai lidar com as consequências disso.

 

Recomendamos também chapéu ou boné. Em todos os casos, é imprescindível usar protetor solar. Não ache que o astro-rei vai te poupar por estar cumprindo o percurso sagrado para milhares de pessoas.

 

ACESSO

Para quem deseja se integrar aos cortejos ainda no começo, lá na Conceição da Praia, descer a Ladeira da Preguiça ou o Elevador Lacerda são duas opções para quem quer “andar menos” (lembremo-nos que isso não combina com a Lavagem do Bonfim). Há quem use o Plano Inclinado Gonçalves e evite aquela primeira aglomeração no ato ecumênico que antecede a saída para a Colina Sagrada. Porém não dá pra dizer que acompanhou tudo se optar por essa estratégia.

 

Vir pela Avenida Contorno, seja descendo pela região do Dois de Julho ou pelo Campo Grande, vai incorporar alguns bons metros no já longo trajeto entre os dois pontos marcantes da Lavagem.

 

Há quem opte por vir pelo Túnel Américo Simas e se incorpore aos cortejos já após o Comércio.. Ele também é um dos pontos de saída para quem não desejar seguir até a Colina Sagrada. É bem comum ver, inclusive, ver gente que sai por ali e dá um jeito de chegar de carro na região da Avenida Dendezeiros. Só que, nesse caso, é mais simples para quem tem escolta, como políticos.

 

Na região da Cidade Baixa, há outros acessos, porém nenhum deles vai resumir exatamente o que sensação de cumprir os mais de 6 km entre a Conceição da Praia e a Igreja do Bonfim. Mas é uma ótima opção para pessoas com mobilidade reduzida, ou para quem  deseja cumprir apenas uma parte do percurso.

 

POLÍTICA

É sagrada, é profana e é política. A Lavagem do Bonfim costuma ser um termômetro para candidatos, ainda mais em ano eleitoral. Quem for passar por lá, vai ver claques e apoiadores dos principais nomes da cena local. Como é um evento soteropolitano e estamos em ano eleitoral, o prefeito Bruno Reis (União) vai estar com seus apoiadores e é provável que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tente transferir um pouco da popularidade dele para o vice-governador, Geraldo Jr. (MDB), apresentado como candidato do grupo para o Palácio Thomé de Souza.

 

Quando esses cortejos passarem, é preciso ficar mais atento (não é por serem políticos, obviamente). Quando acontecem alguns gargalos nas ruas, fica muito apertado e a claque faz questão de aglomerar no entorno dos políticos e isso pode assustar quem não está acostumado com a cena. Não é nada comparável com o Carnaval de Salvador, porém não custa ficar de olho para não ser “atropelado” pelos grupos.

 

Ainda será possível ver pequenas “moquecas” ligadas a partidos menores como o PSOL, que tem candidatura própria com Kléber Rosa, e PSB e PDT, que sempre estão presentes na Lavagem do Bonfim. No caso dos socialistas, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, deve estar incorporado a esse grupo. Porém não estranhe se houver uma continuidade entre os cortejos. O PSB caminha muito próximo ao PT e ao governo da Bahia e o PDT tende a estar mais próximo aos apoiadores do prefeito Bruno Reis - eles têm a vice-prefeitura, com Ana Paula Matos.

 

A direita mais radical normalmente, quando está presente, passa quase imperceptível. É um movimento popular, então os representantes desse agrupamento não têm tido tanta repercussão em Salvador e na Bahia, gerando apenas alguns gatos pingados.

 

SEGURANÇA

Quem foi para Manchester foi o Bahia. Estamos nas ruas de Salvador e todo cuidado é pouco. Pochetes voltaram à moda, mas nem todo mundo está acostumado a usar. Doleiras são recomendadas para evitar surpresas quando o “bicho pegar” na aglomeração. Deixar celulares, chaves e dinheiro nos bolsos é uma atitude bem amadora para quem quer curtir festejos populares baianos.

 

Muita gente opta por “sacochilas” para levar o protetor solar, água ou até um lanche. É uma opção relativamente segura, mas é preciso ficar muito ligado em qualquer item de valor, para evitar surpresas, principalmente nos momentos de aperto.

 

O cortejo é bem policiado e há muito tempo não há registros de episódios violentos. Porém, como a parte profana envolve bebidas alcoólicas, é de bom tom evitar esbarrar em uma pessoa sob efeito de álcool que pode transformar uma coisa simples em um episódio de tensão desnecessária.

 

HIDRATAÇÃO

É fácil ter acesso a ambulantes entre a Conceição da Praia e o Bonfim. Eles têm disponível água, cerveja, refrigerantes e, eventualmente, algumas barracas podem vender bebidas “quentes”. Como é muito quente, é importante manter a hidratação.

 

A prefeitura de Salvador informou que disponibilizará carros-pipa para refrescar a população durante o cortejo. No entanto, é bom levar uma garrafinha de água de casa para garantir que não falte a boa e velha hidratação.

 

Beber água é essencial. Mesmo que você beba outras coisas, como cerveja, se manter hidratado é uma garantia que você vai chegar inteiro à Colina Sagrada.

 

RESULTADO

Após percorrer os 6km, o baiano ou o turista podem ver, do alto da Colina Sagrada, o tal manto branco da Lavagem do Bonfim (que lembra até o Afoxé Filhos de Gandhy no Carnaval). Se você estiver com outro calçado que não um tênis confortável, pode ser que você tenha algumas bolhas nos pés. 

 

Caso consiga chegar ao topo da colina, há um bônus: o banho de folhas, que as religiões de matrizes africanas incorporaram ao calendário católico de Salvador. Ali, naquele momento, você vai ter certeza: quem tem fé vai a pé. E vale muito a pena!