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Lázaro Ramos relembra crítica em estreia de 'Ó Paí, Ó': "Filme com o pior título, ninguém vai entender"

Por Bianca Andrade

Foto: André Carvalho / BN Hall

O filme 'Ó Pai, Ó' se tornou um grande símbolo da população soteropolitana, sem a pretensão de ser. Apesar de retratar a realidade dos moradores do Pelourinho, um dos bairros mais importantes da capital baiana, Lázaro Ramos garante que a ideia inicial do filme nunca foi levar para o Brasil uma representação do estado. 

 

Em meio à estreia de 'Ó Pai, Ó 2', que chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 23 de novembro, o ator, que dá vida a Roque nas telonas, conta que foi difícil fazer com que as pessoas que não eram daqui entendessem a questão da sensibilidade e da estética do projeto do Bando de Teatro Olodum.  

 

Questionado pelo Bahia Notícias sobre o medo de acabar levando para os cinemas uma representação caricata do ser soteropolitano para o país, Lázaro relembrou as críticas iniciais que o filme recebeu. 

 

"Desde que 'Ó Paí, Ó' existe, tem uma questão de sensibilidade e estética que muita gente não nota. Aí eu vou fazer aquela trajetória porque nós somos um grupo ativista. Eu lembro que quando o filme estreou, a primeira crítica dizia assim 'Estreou hoje o filme com o pior título nacional, ninguém vai entender o que está sendo dito'. Algumas pessoas disseram, 'Mas isso não representa a Bahia', como se o 'Ó Paí, Ó' tivesse a pretensão de representar toda a Bahia, nunca teve. Tem uma terceira coisa que acontece, que dizia assim, 'Nossos personagens são caricatos', quando na verdade tinha um apuro estético na avaliação dessas atrizes e atores aqui ao construir esses personagens", pontua. 

 

Foto: Bianca Andrade/ Bahia Notícias

 

Para Lázaro, não houve o medo de levar algo considerado caricato pela identificação do público, que se reconheceu em Roque, em Boca, Dona Joana, Cosme, Reginaldo, Yolanda e por aí vai. 

 

"No primeiro filme os personagens começam na rua ou seja, é que nem várias pessoas que estão nas ruas da Bahia buscando sua sobrevivência, sua existência, que precisam ser showman para chamar a atenção. Aí as pessoas botam um nome de caricato, buscando uma estética que não é a nossa. A estética do 'Ó Paí, Ó' é essa porque a rua é assim. Porque as pessoas ao buscar a sua sobrevivência, elas estão precisando chamar a atenção falando alto, com um jeito grande, e na sua comunicação é assim. O primeiro filme tem uma outra sofisticação."

 

No retrospecto do primeiro filme, o artista relembra que apesar de todo humor e musicalidade, 'Ó Paí, Ó' conta uma história e chama atenção para temas importantes que acontecem todos os dias nas ruas da cidade. "O terceiro ato (do primeiro filme) termina com o assassinato das crianças dizendo, ó, a gente chamou a atenção que entreteve aqui, mas o assunto que a gente quer falar é esse. Por isso esse filme permaneceu, porque tem uma sofisticação e que não tá no livro de Robert McKee. Grande cara que mapeia arcos dramáticos e cinematográficos. E isso teve uma força, se estabeleceu e permaneceu". 

 

Lázaro, que já estreou como diretor nas telonas, analisa o cenário completamente diferente do 1º filme e afirma que após a consolidação do longa, não há mais medo de parecer algo para o eixo. "O segundo filme, eu acho que esse grupo aqui não volta com medo disso não. Eu acho que esse grupo aqui volta com a certeza de que isso é valioso para o público e representa algumas pessoas e toca o coração de algumas pessoas".

 

Para o artista, o maior desafio de 'Ó Paí, Ó 2' foi justamente se reinventar e trazer algo diferente para continuar deixando a marca no coração do público.

 

"A maior preocupação que esse grupo teve foi como não ficar obsoleto nas pautas que o filme trata. Essa era a maior preocupação. Não parecer que os personagens ficaram no passado, não parecer que esse grupo de trabalho não pensou no que aconteceu no Brasil nos últimos 15 anos, por isso novas pautas entram como saúde mental, criação de filhos e adolescência, o uso da tecnologia para a sobrevivência. E acho que esse grupo conseguiu muito bem, pela recepção do filme ontem em Salvador e em São Paulo também. As pessoas se identificaram e se sentiram representadas."