Na Câmara, Campos Neto defende atuação do BC e diz que é preciso "perseverança" na luta contra a inflação
Por Edu Mota, de Brasília
O Banco Central vem trabalhando para obter uma recuperação econômica sustentável e inclusiva, com redução permanente dos juros apesar de um ambiente externo adverso, e conduz um processo de desinflação com baixo custo em termos de redução da atividade econômica, emprego e crédito. As afirmações foram feitas pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, que participou de audiência pública conjunta das comissões de Desenvolvimento Econômico, e de Finanças e Tributação.
O requerimento de convite ao presidente do BC foi formulado pelos deputados Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) e Mário Negromonte Jr. (PP-BA). A audiência foi presidida pelo deputado Mario Jr.
"Os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho seguem apresentando dinamismo maior do que o esperado. O combate à inflação tem avançado, mas é preciso perseverança nesse trabalho, pois a desinflação tem arrefecido e as expectativas encontram-se desancoradas", disse o presidente do Banco Central.
Segundo afirmou Campos Neto, a inflação dos últimos cinco anos tem sido baixa no Brasil, considerando-se o histórico do país. "O BC tem atuado de forma técnica e autônoma para cumprir as suas missões para redução da inflação", afirmou.
Na apresentação que fez no início da audiência, o presidente do BC salientou que o ambiente externo mantém-se adverso, em função das incertezas sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos. Campos Neto disse ainda que dificultam a situação internacional as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países.
"A nossa meta contínua de inflação bota o Brasil um pouco mais em conformidade com os outros países”, explicou. “Quando a inflação está ancorada, a gente tem um custo muito menor para combatê-la”, completou.
Campos Neto disse aos deputados presentes que, quando o Banco Central toma uma medida hoje, ela leva entre 12 e 18 meses para fazer efeito. Ele destacou que outros países na América Latina, como Chile, Colômbia e Peru, descumpriram mais vezes a meta de inflação do que o Brasil.
“A meta de 3% não é muito baixa? Não deveria ser maior? É importante frisar que quem determina a meta é o governo”, afirmou. “As pessoas vão entender ao longo do tempo que o Banco Central é técnico e trabalha com horizonte diferente e trabalha para atingir o mandato que é determinado pelo governo”, disse Campos Neto.