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“Eles sentiam prazer no que estavam fazendo”, diz único sobrevivente da chacina de motoristas de app

Por Camila São José / Leonardo Costa

Fórum Ruy Barbosa, em Salvador | Foto: Camila São José / Bahia Notícias

O único sobrevivente da chacina de motoristas de app, que ocorreu na madrugada de 13 de dezembro de 2019, por volta das 4h, na localidade conhecida como “Paz e Vida”, na entrada do bairro de Santo Inácio, em Salvador, Nivaldo Santos Vieira, detalhou os momentos de pânico vividos por ele, que teve uma arma colocada no olho e outra na orelha. 

 

Durante o seu depoimento, no júri que acontece no Fórum Ruy Barbosa, na capital baiana, nesta quarta-feira (19), ele disse recebeu a chamada no aplicativo por volta das 5h30 e que foi levado pelos suspeitos para um corredor de barracos, onde observou que já tinha marcas de sangue e roupas jogadas, o que o fez pensar em cativeiro. “Eu tenho certeza que morreu mais gente ali”, contou. 

 

Nivaldo ainda detalhou o momento em que foi encaminhado para a segunda casa pelos cinco acusados, sendo que foi agredido por 4 acusados, apenas Jel, apelido de Jefferson, não bateu: “mandava em tudo ali”. 

 

De acordo com ele, no segundo barraco estava Alisson amarrado (com cabo de rede de internet, nas mãos e pés) e amordaçado, e ao lado dele tinha um corpo com um saco na cabeça. A pessoa morta era um motorista, de nome Sávio. 

 

No seu relato, Nivaldo ainda falou que após Jeferson, apontado como líder por Nivaldo, pedir o dinheiro que ele tinha conseguido no dia, os sete reais, Amanda ficou pulando no corpo de Nivaldo, agredindo. Com isso, o cabo de rede que prendia suas mãos afrouxaram. Não contente com a cena, Amanda olhou para o sobrevivente e falou: “Você vai morrer hoje e eu vou morrer depois. A gente se encontra lá no inferno”. 

 

Nivaldo ainda levou uma pancada de facão no ouvido direito dada por um rapaz que ele identifica como “baixinho”. Depois disso, enquanto ele orava o salmo 121, deixaram uma pistola em cima da geladeira, Genivaldo pegou e Nivaldo se jogou na mata conseguindo fugir. “Poca, poca, poca”, diziam os acusados.

 

Quando chegou ao final da mata, Nivaldo notou que era uma empresa e pediu socorro. “A ficha do segurança só caiu quando ele ouviu os tiros”, afirmou Nivaldo. 

 

Nivaldo ainda disse que não tinha costume de rodar durante a madrugada. “Como era final de semana, uma sexta-feira, eu decidi rodar. Como eu não tinha nada em casa, de comer, 20 reais e o carro sem gasolina, eu fui rodar. Apareceu uma chamada boa para Camaçari e aí eu neguei, porque o pagamento era em cartão e eu precisava do dinheiro”, lembrou. 

 

Para o sobrevivente, “eles sentiam prazer no que estavam fazendo” e “riam muito a todo momento”. 

 

Quando questionado pela defesa se Amanda estava no momento em que conseguiu fugir, Nivaldo afirmou que ela tinha saído para buscar outro motorista e que no momento estavam apenas o rapaz com manchas no rosto e o baixinho “Nonon”. 

 

Junto com comparsas, Amanda é acusada de ter montado uma emboscada e simular chamadas em aplicativos de viagem para atrair motoristas até o bairro. Ao chegarem, as vítimas foram espancadas e torturadas até a morte. Os quatro motoristas assassinados foram identificados como Alisson Silva Damasceno dos Santos, Daniel Santos da Silva, Genivaldo da Silva Félix e Sávio da Silva Dias. O quinto motorista, Nivaldo dos Santos Vieira, conseguiu fugir e sobreviveu à chacina.