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Mais de 30 mulheres relatam assédio sexual de sócio de restaurante 33 Steakhouse

Por Redação

Foto: Reprodução

Mais de 30 mulheres relataram terem sido vítimas de assédio sexual praticado pelo relações-públicas Pedro Miguel de Oliveira Silva, 59 anos, no restaurante 33 Steakhouse, do qual é sócio.

 

Nesta semana veio à tona um assédio praticado por Pedro Miguel contra três adolescentes no estabelecimento, que fica no Salvador Shopping. O caso aconteceu no dia 3 de março e graças a mobilização feita em redes sociais pela mãe de uma delas, a publicitária Paloma Portela, 37, e pela irmã de outra vítima, a advogada Judith Cerqueira, 24, outras vítimas apareceram.

 

“Eu e Judith, após ser divulgado na mídia, recebemos contato de diversas meninas que passaram por isso”, informou Paloma ao jornal Correio. Ela disse ter sido procurada, também, por, ao menos, quatro ex-funcionárias do relações-públicas.

 

“Eu recebi contato de ex-funcionária que trabalhou com ele há mais de 12 anos, e ele já vinha cometendo esse tipo de ação”, relatou a publicitária. O número de vítimas, aliás, pode ser ainda maior. “Essas pessoas que denunciaram falaram que conhecem outras, de diversas idades”, destacou ela.

 

Uma mulher que se diz vítima de Pedro, relatou ao Correio duas ocasiões diferentes de assédio. A primeira acontece em 2020. “Estava jantando e tomando vinho com duas amigas no restaurante 33 e ele se apresentou como sócio e sentou perto da gente. Estávamos sentadas em umas poltronas", começou a contar. Assim como fez com as adolescentes, o suspeito abordou Cíntia e suas amigas oferecendo um convite para a ir à casa dele e passear de lancha.  

 

“Quando sentou, ele nos ofereceu uma garrafa de vinho e posteriormente nos convidou para ir ao apartamento dele, que disse que ficava em um village no Rio Vermelho. Mas não fomos”, disse. Mesmo com a recusa, segundo ela, o suspeito pediu seu número de telefone. “Eu dei, por educação.”

 

Após o episódio, a mulher retornou ao 33 Steakhouse só em janeiro deste ano. "Desta vez estávamos tomando vinho também numa mesa próxima à saída e ele nos abordou nos perguntando o que faríamos no outro dia”, relembrou ela, que recebeu, à véspera do Dia de Iemanjá, via WhatsApp, um novo convite de Pedro Miguel, novamente recusado.

 

A reportagem entrou em contato com Pedro Miguel por telefone e rede social, mas ele não atendeu nem respondeu às mensagens. Pedro foi afastado das atividades da empresa, onde está há 17 anos.

 

INVESTIGAÇÕES

A Polícia Civil informou que o homem já foi identificado, intimado e prestará esclarecimentos na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca). “Detalhes não podem ser divulgados neste momento”, enfatizou a PC.

 

De acordo Helaine Marina, pesquisadora na área de gênero, raça e classe ouvida pelo Correio,  mesmo que o termo ‘denúncia’ se refira à peça feita pelo Ministério Público ao juiz em casos de crimes de ação penal pública, pelo fato de se tratar de crime contra a dignidade sexual, caberia uma ação penal pública incondicionada à representação da vítima. “Basta que a autoridade policial tome conhecimento daquele crime, independentemente do consentimento da vítima”, explicou a advogada.

 

Caso a própria vítima queira dar ciência do caso às autoridades, ela tem à disposição, por exemplo, os números de telefone 180 e 190 e a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), que, em Salvador, conta com unidades nos bairros do Engenho Velho de Brotas e Periperi.

 

OUTRO LADO E BOICOTE DE CLIENTES

O 33 Steakhouse, por meio de sua assessoria, declarou que "a empresa e seus sócios repudiam qualquer tipo de assédio e está tomando todas as medidas cabíveis para o melhor esclarecimento da situação. Primamos pela excelência no atendimento, comprovados ao longo da nossa existência, pautados pelo bem servir aos baianos, e fiéis aos nossos valores bem como da sociedade."

 

Na oportunidade, o restaurante informou, ainda, que todas as imagens das câmeras de segurança foram fornecidas e que elas "mostram que a conversa não durou mais que dois minutos. Ele [o proprietário] se retirou assim que soube que elas eram menores... Talvez tenha ocorrido uma falha de interpretação."

 

Na quinta-feira (9), a empresa afirmou que “mantém a posição de repúdio e segue colaborando com as investigações, que correm em sigilo, por envolver menores, e devem ser apuradas com extremo rigor. Portanto, o relações-públicas, já afastado, esclarecerá os fatos às autoridades”.

 

Na internet, muitas pessoas têm anunciado boicote ao 33 Steakhouse e cobrado medidas ao Salvador Shopping. “Aguardar a decisão judicial pode demorar. Agora o boicote ao restaurante 33 Steakhouse pode iniciar imediatamente. A minha parte será feita”, comentou um usuário.

 

O restaurante, inclusive, desativou os comentários nas publicações em seu perfil no Instagram. Já o centro de compras tem dado a mesma resposta enviada à imprensa: "Não compactuamos com nenhuma forma de assédio. Entendemos que a denúncia já foi levada às autoridades competentes e o shopping está à disposição para colaborar com a investigação.”