Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Política

Notícia

Potencial do afroturismo é tema de debate com Freixo e especialistas na Câmara dos Deputados

Por Edu Mota, de Brasília

Foto: Billy Boss/Agência Câmara

A pedido do deputado Bacelar (PV-BA), a Comissão de Turismo da Câmara realizou audiência para debater a importância de alavancar o turismo no País a partir de ativos da cultura negra, o chamado “afroturismo”. Participaram da audiência representantes do governo, como o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, a coordenadora de Afroturismo do órgão, Tânia Neres, a coordenadora de articulação interfederativa do Ministério da Igualdade Racial, Melina de Lima, entre outros especialistas do setor.

 

Organizador do debate, o deputado Bacelar destacou que o turismo brasileiro pode crescer ainda mais com a aposta no afroturismo.  

 

"As nossas heranças negras e diversidade cultural podem contribuir bastante para o nosso turismo. Devemos explorar nossas maiores riquezas que são: samba, maracatu, congadas, carimbó, capoeira, moda afro-brasileira, feijoada, moqueca, acarajé, blocos afros, festas populares, terreiros e muitos outros patrimônios materiais e imateriais", disse o deputado.

 

Bacelar disse que solicitou a realização do debate por acreditar que o maior investimento no afroturismo vai levar o País a receber mais visitantes que outros países. Para ele, os turistas que escolhem visitar o Brasil já buscam naturalmente conhecer nossa cultura, história e gastronomia, além das belezas naturais.

 

“As pessoas querem ter contato com a cultura local. O turismo de sol e sal, eu gosto, mas tem no mundo todo. Agora, você chegar, por exemplo, à cidade de Salvador, ir a um templo religioso - como o Ilê Axé Opô Afonjá - que é uma pequena aldeia africana com museu, culinária, artesanato, vestuário, oficina, música, dança, religião... Não tem parque, no mundo, que consiga superar isso”, afirmou o deputado baiano.

 

"As viagens também estão entre as prioridades das pessoas negras no Brasil e a preferência dos afroviajantes é por capitais da região Nordeste e com forte presença da história negra", acrescentou.

 

Durante a audiência, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, lembrou que o setor turístico corresponde hoje a 7,8% do PIB brasileiro, e além de contribuir para aumentar esse percentual, o desenvolvimento do afroturismo, para ele, ajudará no combate ao racismo estrutural que existe no país.

 

“Mais do que não tolerar o racismo, a gente tem que fazer da igualdade racial um produto, uma identidade e uma visão que nos traga emprego, crescimento e desenvolvimento. Nenhum país pode buscar desenvolvimento convivendo com o racismo. E é muito potente o que a gente pode fazer no afroturismo: é mais do que lazer, é mais do que uma viagem. O turismo é um modelo de desenvolvimento econômico e social, gerador de emprego e renda e compatível com aquilo que a gente quer ver no século 21”, afirmou Freixo.

 

Na mesma linha do presidente da Embratur, a coordenadora de articulação interfederativa do Ministério da Igualdade Racial, Melina de Lima, o desenvolvimento do afroturismo é um importante fator de preservação da história do povo negro. Melina falou na audiência sobre o programa Rotas Negras, do ministério, que busca desenvolver “circuitos afrocentrados” em 188 municípios.

 

“É importante entender que o afroturismo é feito por nós, pessoas pretas. Ter essa história recontada por nós e ressaltando a beleza, a realeza e a potência do povo negro é o melhor caminho para preservar a nossa própria história”, disse Melina de Lima.

 

Já a coordenadora de Afroturismo, diversidade e povos indígenas da Embratur, a baiana Tânia Neres, destacou na audiência que ampliar a compreensão sobre o afroturismo é vital para que sua prática se torne uma opção viável para quem planeja suas viagens ou passeios.

 

“Já existem muitas empresas de turismo especializadas em passeios e experiências em Comunidades Quilombolas, visitas Terreiros de Candomblé, Caminhada Negra, revisitando pontos turísticos das cidades com intuito de apresentar lugares, estátuas e histórias que foram apagadas”, salientou Tânia.

 

A Coordenação de Diversidade, Afroturismo e Povos Indígenas foi criada no mês de maio pela Embratur, e, para assumir o cargo, foi chamada a baiana Tânia Neres, uma das pessoas que mais vem se destacando no desenvolvimento do afroturismo nacional, segundo Marcelo Freixo. Tânia, que já ocupou o cargo de Gerente Comercial da Bahiatravel, foi duas vezes eleita entre as 100 pessoas mais poderosas do setor pela Revista Panrotas, além de ter feito parte do Comitê de Afroturismo de Salvador e participado do projeto Destinos Turísticos Inteligentes (DTIs).

 

A coordenadora da Embratur defende que o afroturismo está se desenvolvendo como um dos maiores movimentos no mercado mundial contra o racismo.

 

“Afroturismo é a história que a história não conta. O afroturismo é movimento, é comportamento. Estamos pensando seriamente num turismo mais inclusivo, antirracista, onde todos os equipamentos do setor possam nos enxergar e deixar que ocupemos todos os espaços. Quando você conhece, viaja ou se movimenta dentro de espaços onde existe um protagonismo negro, você está fazendo afroturismo. Quando você come acarajé, você está fazendo afroturismo. Afroturismo é gastronomia, música, dança, cultura”, afirmou Tânia.