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Ex-diretor da Abin confirma na CPMI que adulterou relatório enviado ao Congresso a pedido de G. Dias

Por Edu Mota, de Brasília

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, confirmou aos membros da CPMI do 8 de janeiro, nesta terça-feira (1º), que retirou, a pedido do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, o nome dele de um relatório da agência enviado ao Congresso Nacional. 

 

Questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), se teria cometido uma ilegalidade, o ex-diretor da Abin diz que obedeceu ordens de um superior e seguiu lei da agência, que estabelece que quem determina o encaminhamento das informações é o ministro-chefe do GSI. 

 

“Não adulterei o relatório. Nós produzimos dois relatórios. O primeiro, uma planilha que continha alertas encaminhados pela Abin a grupos que continha alertas encaminhados por mim, pessoalmente, ao ministro-chefe do GSI. Após entregar o ministro determinou que fosse retirado o nome dele do relatório. Ele determinou que fosse feito, eu obedeci a ordem, já que temos artigo da lei da Abin que quem determina as informações encaminhadas é o ministro-chefe do GSI. Eu atendi uma ordem, e não havia da minha parte nenhum interesse em esconder que o ministro recebeu informações, e ele recebeu essas informações de mim”, afirmou Saulo Moura da Cunha.

 

A adulteração dos relatórios consta no conjunto de documentos da Abin sobre o 8 de Janeiro entregues ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Os relatórios foram enviados aos parlamentares da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, que identificaram a retirada dos registros que comprovam que o general Gonçalves Dias havia sido informado dos crescentes riscos de tumulto e de invasão de prédios públicos por meio de mensagens enviadas ao seu celular.

 

O início da oitiva do ex-diretor da Abin, Saulo Moura da Cunha, começou após duas horas de discussões e debates em torno da negativa do ministro Flávio Dino em entregar imagens e sobre o vazamento de dados bancários do ex-presidente Jair Bolsonaro. Antes do depoimento, o presidente da CPMI do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), leu a decisão da ministra Rosa Weber para assegurar parcialmente o direito a ele de não responder às perguntas dos membros da CPMI. 

 

Nomeado em 1º de janeiro pelo presidente Lula, Saulo Moura da Cunha estava à frente da agência de forma interina no dia dos atos golpistas. Moura Cunha deixou a Abin em março e ocupou cargo no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) até o mês de junho. O ex-diretor da Abi disse que apesar de ter o habeas corpus em seu favor, iria responder a todas as perguntas feitas por membros da comissão. 

 

O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência revelou, ao responder perguntas da relatoria, que o órgão produziu 33 alertas de inteligência entre os dias 2 e 8 de janeiro deste ano, quando ocorreu a depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes. Saulo Moura da Cunha afirmou que os alertas acompanharam o aumento do fluxo de ônibus e pessoas em direção a Brasília, embora não fosse possível identificar a “qualidade” dos passageiros, se eram extremistas ou não.

 

“Em um desses alertas, nós falamos que houve detecção de risco de invasão e depredações de prédios. No próprio dia 8, nós falamos da presença de pessoas que diziam estar armadas. Posteriormente, enviamos a identificação de algumas pessoas. Em tempo real, a Abin produziu esses alertas”, detalhou.

 

Saulo Moura da Cunha disse que a inteligência da Abin atuou para resguardar as instituições democráticas de direito e enfatizou que o plano de segurança estava a cargo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que era comandada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. “A operação do dia 8 estava a cargo da secretaria de Segurança Pública, que dispõe de setor de inteligência, e para a qual também enviamos os alertas”, explicou.